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O consumidor nunca esteve tão exigente quanto hoje.

Qualidade no
produto, bom atendimento e a experiência de compra e consumo são
fatores determinantes no momento de decisão de compra. No setor de
alimentação, especificamente na fabricação de linguiças e embutidos as
regras são as as mesmas, ou até maiores, justamente pelo fato de
trabalharmos com diversos sentidos: olfato, paladar, tato e visão. Afinal,
todos nós em primeiro momento comemos com os olhos e com o olfato,
não é mesmo?

Características importantes
Sabor, padrão de cor, boa consistência de massa e retenção de água são características
importantes na fabricação de linguiças, portanto, é extremamente necessário seguir as
recomendações descritas abaixo:

Utilizar os aditivos e condimentos conforme orientação do fabricante, evitando excesso


ou a falta destes, pois quando empregados de maneira errada podem causar defeitos de
fabricação e consequentemente devolução de mercadoria.

Escolha bem os seus Fornecedores


Escolher fornecedores de matérias-primas com qualidade, pois carnes mal conservadas
e em estado de deterioração (melada, esverdeada ou “carne cansada”) trazem defeitos de
fabricação, a contaminação será transmitida para o produto fabricado! Lembrem-se: os
aditivos e condimentos não corrigem as carnes deterioradas, apenas podem mascarar o
problema 2 ou 3 dias, mas certamente haverá devolução de mercadoria.

  Moedor de
Carne
Os discos e cruzetas da máquina de moer devem estar bem afiados para evitar que a
carne e gordura sejam esmagadas durante o processo de moagem. A gordura faz com
que a massa de linguiça fique esbranquiçada, deixando-a pouco atraente ao consumidor.
Água, Temperatura, Batida
e Descanso da Carne
A água utilizada na fabricação de linguiças deve ser empregada:
a) Gelada entre 6 a 10°C assim como a carne, esta é a temperatura ideal;
b) Bem gelada se a carne estiver quente acima de 10°C.
c) Natural ou temperatura ambiente se a carne estiver muito gelada abaixo de 5°C.

Temperatura da carne para a fabricação de linguiças:


0 a 5°C (imprópria para a fabricação): a matéria-prima muito gelada não permite a
reação da cura e demais ingredientes. Resultado: produto pálido inicialmente e depois
escuro em 2 dias, sem consistência e perda de água.

6 a 10°C (ideal): a matéria-prima e a água nesta temperatura favorecem a liberação de


proteínas (liga e retenção de água) e reação da cura.

Acima de 11°C (imprópria para fabricação): a matéria-prima quente acelera a reação da


cura (baixo residual para manter a cor) e dificulta a liberação de proteínas (liga e
retenção de água). Resultado: produto com ótima cor inicialmente e depois escurece em
poucos dias, sem consistência, perda de água e possível contaminação.

A batida e o descanso da carne:


A batida da massa, quando em máquina, deve ter duração de 2 minutos
aproximadamente, pois se misturar muito a massa pode esquentar além de a gordura
desmanchar-se sobre a carne deixando a linguiça esbranquiçada e sem consistência.

O descanso da massa deve ser por um período de 12 horas sob refrigeração (+ 5°C) para
que a cura reaja lenta e adequadamente na massa. Também a massa poderá descansar
em temperatura ambiente por no mínimo 4 horas antes de ser embutida. Nunca congelar
ou conservar a massa sob baixas temperaturas (abaixo de 2°C) antes de embutir, pois
assim dificultará a reação da cura e poderá causar uma massa pálida e posteriormente
escurecimento da linguiça.

Cura e Temperatura
Massas quentes devem ser acondicionadas em caixas plásticas pequenas sob
refrigeração e dispostas cruzadas uma sobre a outra para facilitar a ventilação da massa
e seu resfriamento. Massas muito geladas devem descansar por algumas horas em
temperatura ambiente e em seguida podem ser transferidas para a câmara fria até
terminar o processo de cura. Nunca acondicionar massa muito gelada sob baixa
temperatura, pois isso impedirá a reação da cura.

O embutimento da massa em tripas naturais ou artificiais somente deverá ser realizado


após o tempo de cura da massa, pois ao contrário a linguiça obterá sabor “metálico” ou
de “remédio” por causa do residual da cura. Outro defeito poderá estar relacionado à cor
da linguiça ser embutida sem descanso, certamente apresentará manchas escuras
superficiais.

NOÇÕES BÁSICAS PARA FABRICAÇÃO

CONSERVANTES (Sais de Cura)


1. Desenvolvimento de cor relativamente estável e características de carne curada;
2. Modificação do sabor e odor da carne fresca;
3. Redução da velocidade e desenvolvimento da rancidez, aumentando a estabilidade na
estocagem;
4. Inibição de crescimento de microorganismos.

FÉCULA DE MANDIOCA, PROTEÍNAS ANIMAL E VEGETAL (Soja)


1. Denominados de ligadores, enchedores emulsionadores e estabilizadores;
2. Aumentam a estabilidade da emulsão e o rendimento no cozimento;
3. Diminuem os custos de fabricação.

ANTIOXIDANTES (Fixadores)
1. Aceleram a reação de cura;
2. Reagem quimicamente com o nitrito diminuindo a concentração de nitrito residual;
3. Estabiliza a cor e o sabor.

SAL (Comum de Cozinha)


1. Agente bacteriostático;
2. Confere sabor;
3. Solubiliza as proteínas responsáveis pela formação da emulsão cárnea.

ESTABILIZANTES (Emulsificantes/ Fosfatos)


1. Aumenta a retenção de umidade do produto;
2. Diminui perdas durante o cozimento;
3. Melhora a cor, sabor e consistência do produto;
4. Permite maior retenção do suco da própria carne.

AÇÚCARES
1. Contribuem para o sabor e mascaram o sabor adstringente do sal;
2. Auxiliam a formação da cor avermelhada em produtos cárneos;
3. Aumentam a atividade de fermentação em produtos curados.

CONDIMENTOS (Temperos)
1. Conferem sabor e aroma aos produtos cárneos;
2. Caso não sejam empregados os cuidados necessários, as especiarias podem se tornar
veículos de contaminação dos produtos, além de apresentar uma variação de qualidade;
3. O emprego de óleos essenciais mostram vantagens sobre as especiarias naturais, por
serem praticamente estéreis e conferir uma melhor aparência ao produto.

ÁGUA OU GELO
1. Dissolvem os ingredientes não cárneos;
2. Permite que a massa cárnea se mantenha em baixas temperaturas;
3. Contribui para uma lubrificação da massa cárnea facilitando o embutimento.

Fonte: Edição – Setembro de 2012, Boas Práticas de Fabricação “Dicarne” Kerry


Ingredientes & Aromas. / Adaptação: Zafe.com.br

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