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Localização e extensão do território brasileiro

Como localizar o território brasileiro?

A localização quanto aos hemisférios

O território brasileiro pode ser localizado com base na divisão do mundo em hemisférios.
Considerando que no globo terrestre o Meridiano de Greenwich define o leste (ou oriente) e o
oeste (ou ocidente) e que a linha equatorial define o norte (ou setentrional) e o sul (ou
meridional). Em relação ao Meridiano de Greenwich, o Brasil se localiza completamente no
Hemisfério Oeste ou Ocidental. No que diz respeito à linha do Equador, o país apresenta a
maior parte de seu território no Hemisfério Sul ou Meridional e pequena parte no Hemisfério
Norte ou Setentrional.

A localização quanto às zonas térmicas

A maior parte do território brasileiro localiza-se na Zona Intertropical, definida pelos trópicos
de Câncer, no Hemisfério Norte, e de Capricórnio, no Hemisfério Sul. Essa zona é a parte do
globo mais iluminada e aquecida pelos raios solares, por isso no Brasil predominam os climas
quentes. O sul do estado de São Paulo, o extremo sul de Mato Grosso do Sul, a maior parte do
Paraná e os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul localizam-se na Zona Temperada do
Sul, onde as médias de temperaturas anuais são inferiores às da Zona Tropical. Trata-se de uma
região que no inverno do Hemisfério Sul fica sob a ação da massa de ar frio Polar Atlântica.
Essa massa de ar é responsável por quedas de temperatura e pelas geadas e formação de neve,
principalmente nas serras de Santa Catarina.

A localização no continente americano

A América é um continente que se estende desde as altas latitudes do Hemisfério Norte até as
altas latitudes do Hemisfério Sul. Em vista disso, foi dividida em América do Norte, América
Central e América do Sul. O Brasil está localizado na América do Sul e ocupa grande parte dessa
porção do continente. Suas terras estão, majoritariamente, abaixo da linha do Equador (figura
4).
A localização na América quanto às línguas oficiais

A partir do início do século XVI, a América começou a ser colonizada por povos europeus, que
ocuparam as terras dos habitantes indígenas e impuseram seu modo de vida e sua cultura.

A língua é um dos elementos culturais herdados dos colonizadores. Por isso, existem
atualmente no continente americano países de línguas neolatinas e países de língua inglesa e
holandesa como idiomas oficiais, além de línguas indígenas herdadas de grupos que
conseguiram sobreviver à conquista e à colonização europeia (figura 5). Quanto às línguas
oficiais e sua predominância, a América pode ser dividida em:

• América Latina, que é formada pelos países de língua neolatina;

• América Anglo-saxônica, que é constituída por países de língua inglesa. Essa divisão não é
rígida.

Existem países no continente americano que, embora tenham como língua oficial o inglês ou o
holandês, devem ser considerados pertencentes à América Latina. É o caso da República da
Guiana, da Jamaica e do Suriname, por exemplo, que, por causa de suas características
históricas e sociais, assemelham-se mais aos países latino-americanos. Como semelhança
histórica, podemos destacar o passado colonial, caracterizado pela exploração, ou seja,
organização da produção voltada para atender às necessidades da metrópole; implantação da
grande propriedade agrícola e monocultora e da exploração mineral; produção com base no
trabalho escravo indígena e do negro africano. Tendo por base essa classificação, o Brasil situa-
se na América Latina. Porção do continente. Suas terras estão, majoritariamente, abaixo da
linha do Equador

Pontos extremos do território brasileiro

Em virtude da vasta área do território


brasileiro, as distâncias entre seus pontos
extremos são grandes, tanto na direção norte-
sul (distância latitudinal) como na leste-oeste
(distância longitudinal)

Latitudes e diversidade de climas e paisagens


naturais

Há uma grande diversidade de climas e


paisagens naturais no território brasileiro. Isso
se deve, entre outros fatores, à sua longa
extensão de norte a sul, pois as diferentes
latitudes do território influenciam o clima de
acordo com a intensidade da energia solar
incidente ao longo do ano. O clima e outros
fatores geográficos regionais exercem
influência sobre os solos, as formas de relevo, a hidrografia e as formações vegetais (figura 7).
A formação do território brasileiro e a construção de espaços
geográficos
A formação territorial

Os atuais limites e a extensão do território brasileiro resultaram de uma história que se iniciou
nos anos de 1500, com a chegada dos colonizadores portugueses, que passaram a se apropriar
de territórios indígenas. A formação territorial inicial do Brasil, como também a formação da
sociedade brasileira e, consequentemente, a construção de espaços geográficos não indígenas,
realizada por europeus e por luso-brasileiros, ocorreram entre o século XVI e a primeira
metade do século XVIII, durante o período em que predominou o mercantilismo, também
chamado capitalismo comercial. Assim, no século XVI, o território que viria a ser o Brasil foi
conquistado pelos portugueses e incorporado ao comércio mundial da época. Os interesses de
Portugal orientaram a ocupação do território e a construção inicial de espaços geográficos no
Brasil. Os conquistadores portugueses em associação com o Reino de Portugal procuraram
explorar produtos que lhes dessem lucros por meio do comércio, de acordo com os princípios
mercantilistas.

O início: século XVI

No início da colonização, os portugueses estabeleceram-se na faixa litorânea, explorando o


pau-brasil da Mata Atlântica. Introduziram a cultura de cana-de-açúcar e a produção do açúcar,
a cultura do tabaco e a criação de gado, iniciando a apropriação das terras indígenas (figura
10). Essas atividades econômicas foram responsáveis pela construção dos primeiros espaços
geográficos não indígenas no Brasil. Esse processo de construção e reconstrução de espaços
geográficos foi contínuo e ocorre até os nossos dias, pois se trata das transformações que a
sociedade realiza no espaço em que vive. Ainda no século XVI, os colonizadores organizaram
expedições oficiais, conhecidas como entradas, com o propósito de descobrir ouro e pedras
preciosas e escravizar indígenas. Partiam de Porto Seguro (sul do atual estado da Bahia) e das
imediações de Salvador, levando o povoamento do território para o interior.

O bandeirismo

Ao mesmo tempo que ocorria a implantação das atividades econômicas citadas, expedições
armadas de colonos e de indígenas já integrados aos conquistadores, conhecidas como
bandeiras, partiam da Vila de São Paulo em direção ao interior do território. O objetivo das
bandeiras era aprisionar indígenas e vendê-los como escravos. As bandeiras também são
conhecidas na nossa história como bandeirismo ou sertanismo apresador. Veja a figura 12.
Outras bandeiras, chamadas bandeirismo ou sertanismo minerador, partiam também da Vila
de São Paulo e tinham o objetivo de procurar ouro e pedras preciosas. Ocorreram, ainda,
bandeiras contratadas por donatários, que partiam de Salvador, Olinda e Recife para combater
e submeter à escravidão os indígenas que se opunham à conquista do interior, além de ter a
missão de capturar negros escravizados que tinham fugido das plantações e destruir quilombos
(povoações de escravos fugidos). Essa ação recebeu o nome de bandeirismo ou sertanismo de
contrato. No século XVIII, a economia da colônia tinha se interiorizado ainda mais, criando
novos espaços geográficos. Podemos observar que muitos povoados, depois transformados em
vilas e cidades, surgiram no interior do território graças à expansão das bandeiras, da atividade
mineradora e da pecuária.

Século XIX

No século XIX, três outras atividades econômicas se tornaram “motores” da construção do


espaço: a cultura do cacau no sul da Bahia; a cafeicultura no Rio de Janeiro e em São Paulo, que
atraiu muitos imigrantes estrangeiros e contribuiu para o povoamento dessas áreas cafeeiras e
para o crescimento urbano; e a extração de látex na Amazônia para a fabricação de borracha,
que atraiu populações do nordeste do território e estrangeiros.

Séculos XX e XXI: (re)construção de espaços geográficos

Lembramos que, em 1750, Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Madri, acertando as


fronteiras entre as terras portuguesas e espanholas na América do Sul. Como resultado da
interiorização da colonização, em 1822, o Brasil já apresentava praticamente a sua
configuração territorial atual (figura 16). No final do século XIX e início do XX, os governos
brasileiros, por meio de tratados e conversações diplomáticas com países e colônias europeias
vizinhos, resolveram pendências de fronteiras que ainda existiam. Assim, em 1904, o território
brasileiro assumiu os limites fronteiriços atuais.

O capitalismo industrial e as transformações do espaço geográfico brasileiro

A partir do século XVIII, desenvolveu-se na Inglaterra uma nova forma de organização


econômica que influenciaria mundialmente a economia e o ordenamento de espaços
geográficos. O capitalismo industrial, como ficou conhecido, substituiu a manufatura na
produção de mercadorias pela maquinofatura, graças às inovações técnicas no processo de
produção. Esse novo sistema econômico, que se propagaria para outros países, alterou a
concepção mercantilista de que a riqueza de um Estado se constituía pelo acúmulo de metais
preciosos por meio do comércio exterior, e defendia que a concentração de riquezas se
realizaria pela produção industrial e comercialização de mercadorias industrializadas. A
implantação do capitalismo industrial em diferentes países foi acompanhada pela consolidação
do trabalho assalariado e pela formação de novas classes sociais: a burguesia industrial,
proprietária das indústrias; e o proletariado, formado por trabalhadores assalariados. Apesar
das Revoluções Industriais ocorridas em alguns países europeus, nos Estados Unidos e no
Japão, entre os séculos XVIII e XX, o Brasil, mesmo após a sua independência política de
Portugal, em 1822, continuou como fornecedor de produtos primários para o mercado mundial
até meados do século XX. Interessava ao capitalismo industrial que os países periféricos
permanecessem como fornecedores de gêneros alimentícios a baixos preços — garantindo o
baixo custo da mão de obra operária na Europa, o que beneficiava os donos das indústrias — e
de outros produtos primários, como minérios e petróleo — para abastecer a indústria
europeia. No início do século XX, o Brasil ainda não havia se industrializado. Os espaços
geográficos mais dinâmicos do país — localizados em São Paulo e Rio de Janeiro (figura 18),
com a cafeicultura, e em Pernambuco e no litoral dos estados vizinhos, com a cana-de-açúcar
— continuaram sendo espaços fornecedores de produtos primários. A partir da década de
1930, novos espaços geográficos começaram a ser construídos e outros foram reconstruídos,
impulsionados por acontecimentos que transformaram não somente a organização espacial do
país, como também sua sociedade. Entre eles, destacam-se:

• a industrialização brasileira a partir de 1930, que se aprofundou entre as décadas de 1950 e


1970, nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, e se prolonga até os dias atuais em várias
regiões do território;

• a acelerada urbanização decorrente da industrialização, da modernização agrícola e da


migração de pessoas do campo para as cidades;

• o avanço da fronteira agropecuária, ou seja, do estabelecimento de áreas de cultivo agrícola


e de criação de gado no interior do território, criando novos espaços geográficos;

• o deslocamento da capital do país do Rio de Janeiro para Brasília, em 1960.

A regionalização do território brasileiro


Regionalização e região: o que são?

Regionalização é a divisão de um território em partes ou em unidades territoriais com base em


certos critérios ou princípios: de ordem natural ou física — formas de relevo, tipos de clima e
de formações vegetais etc. — e de ordem humana ou social — culturais, históricas,
econômicas, sociais, políticas etc. — ou ainda a combinação dessas ordens. Cada uma dessas
partes recebe o nome de região. E cada uma
dessas partes ou regiões apresenta características
comuns. A regionalização de um território
depende dos objetivos ou dos interesses de quem
assume essa tarefa ou esse estudo.

Brasil: regionalização oficial

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística


(IBGE), órgão do Governo Federal, com base em
uma combinação de aspectos de ordem natural e
humana (principalmente a econômica), dividiu o território brasileiro em cinco Grandes Regiões,
também chamadas de Macrorregiões. Essa é a regionalização oficial do nosso país. Veja a
figura . Estudaremos o Brasil com base nessa regionalização. Observe que os limites das regiões
correspondem às divisas territoriais dos estados brasileiros. O IBGE procedeu dessa maneira
para facilitar os estudos estatísticos oficiais do país que são de sua responsabilidade (número
de nascimentos e mortes da população, produção da agricultura, da indústria, vendas do
comércio e de muitos outros dados). De posse deles, os governos municipais, estaduais e
federal podem planejar e implementar ações no território para atender às necessidades da
população.

Regionalizações não oficiais

Existem outras divisões regionais do Brasil elaboradas tanto por geógrafos do IBGE como por
pesquisadores de universidades. Entre elas destacam-se: as Regiões de Influência Urbana, que
consideram os centros urbanos como fatores estruturantes do espaço em decorrência de
possuírem um setor de serviços diversificado do qual a população e as outras atividades
econômicas dependem.

Os complexos regionais ou Macrorregiões Geoeconômicas

Outra regionalização do país define três


Complexos Regionais ou Macrorregiões
Geoeconômicas: Amazônia, Nordeste e Centro-
Sul. Em 1967, o geógrafo Pedro Pinchas Geiger
adotou como critério para essa regionalização as
características econômicas dos espaços
geográficos. Veja a figura 21 para entender sua
proposta.

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