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RESUMO: As muitas "aventuras" vividas por aqueles que vieram para a recém
descoberta Terra de Vera Cruz, desde sempre foram definindo nosso país e suas
dimensões, o que por diversas vezes misturava os espaços territoriais, hoje definidos.
Apontar um ordenamento clássico tornou-se impossível, melhor definir esta
consolidação de limites, como uma metamorfose continental. A interessante formação
do polígono hoje denominado Brasil, teve diversos autores que apareceram conforme
citação cronológica que é apresentada. Pôde-se observar, portanto, o quão custoso foi o
conceito de criação da América Latina e, ainda, a suave hegemonia brasileira, neste
vasto aglomerado de terras, a fim de acertar seus limites, fronteiras e divisões.
Contextualizando o período, o texto busca sensibilizar o leitor das tendências de
liderança brasileira na América do Sul e das dificuldades de se tratar a segurança de um
território que já nasceu com características próprias e desafiadoras, no estabelecimento
de um conceito de defesa, correlacionado a um sutil conceito geopolítico. A negociação
buscando romper fronteiras, com fundação de comissões e de alguns mecanismos de
desenvolvimento e acordos internacionais, na tentativa de integrar o continente, através
de acordos, comunidades e tratados regionais, demonstra, ainda que de forma
subliminar, as capacidades nacionais de se desenvolver uma indústria de defesa em
nosso continente.
BRASILIA
NOVEMBRO 2022
2
Introdução
A América do Sul tem uma história comum de colonização, divididas pelo foco
dos conquistadores. Enquanto os espanhóis buscaram se instalar no Prata, no Caribe e
nos Andes, os portugueses optaram pelo litoral atlântico, a fim de praticar o
extrativismo e plantação, ambos disputando uma área de 17 819 100 km2 (+ 12% da
superfície da terra), que hoje representa algo em torno de 6% da população mundial.
traçado a partir das ilhas de Cabo Verde 370 léguas a oeste, pertenceriam à Portugal, já
as terras localizadas a oeste deste meridiano pertenceriam à Espanha (VIANNA, 1948).
Segundo Holanda (1960, p. 44) “Cametá, Ilha de Joanes (Marajó), Caeté, Cumá,
Itamaracá, Itaparica, Ilhéus, Paraíba do Sul e São Vicente foram adquiridas entre 1752 e
1754”. Em 1772 foi extinto o Estado do Grão-Pará e Maranhão, separando-se Maranhão
e Piauí do Pará. Por outro lado, uniram-se Pará e Rio Negro para formar o Estado do
Grão-Pará e São José do Rio Negro, com capital em Belém e diretamente subordinado à
Lisboa (JANCSÓ, 1994). Antes da Proclamação da Independência, ainda na época de
Dom João VI, ocorreram algumas mudanças na configuração do território brasileiro.
Foram elas: a separação da Capitania do Piauí da Capitania do Maranhão, em 1811; a
transferência da região do Triângulo Mineiro de Goiás para Minas Gerais, em 1816; a
criação da Capitania de Alagoas, em 1817, desmembrada da Capitania de Pernambuco;
a separação da Capitania de Sergipe da Capitania da Bahia, em 1820; e a transferência
da Comarca do Rio São Francisco para a Bahia, em 1827 (ESCOBAR, [entre 1936 e
1946]).
Outros dois estados ainda foram fundados. Em 1977, foi sancionada a lei que
criou Mato Grosso do Sul, desmembrando o estado do Mato Grosso e, em 1988, foi
criado o Estado do Tocantins desmembrado do Estado de Goiás.
Ainda segundo Cambeses, numa análise mais detalhada, percebe-se que foi
Francisco Bilbao quem primeiro utilizou este conceito, sendo retomado por Torres
Caicedo, figura de grande influência nos meios diplomáticos e culturais ibero-
americanos de Paris, que o difundiria. De acordo com a proposição formulada por
ambos, o termo abarcava o conjunto de países colonizados por Espanha, Portugal e
França na América Meridional.
José Maria Torres Caicedo (1830 - 1889) lançou bases para a formação de uma
liga latino-americana. Residindo em Paris (1856) fez diversas referências a América
Espanhola e a América do Sul enfatizando um apelo ao final do seu poema pela unidade
dos povos sul contra a América do Norte. O poema “Las dos Américas” foi publicado
em fevereiro 1857 no jornal El Correo de Ultramar e posteriormente, publicou (1861 e
1865) dois títulos, em Paris, “Bases para formação de uma Liga latino-americana” e
“União latino-americana, pensamento de Bolívar para formar uma liga americana, sua
origem e desenvolvimento”.
más extraordinaria del mundo entero (sic), todo para el futuro”, dada disponibilidade
de recursos que possuíam. Segundo acentuou, era “indudable que, realizada esta unión,
caerán en su órbita los demás países sudamericanos, que no seá favorecidos ni por la
formación de un nuevo agrupamiento y probablemente no podrán realizar en manera
alguna, separados o juntos, sino pequeñas unidades” (PERÓN, 1973, pp. 77-89).
próprio, mas o conjunto dos países do subcontinente, uma potência mundial, não só
econômica como também política.
Considerações finais
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