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Inovação e Sustentabilidade na

Agricultura Familiar
Objetivos da Aprendizagem
1. Explicar a contribuição de diferentes abordagens inovadoras da Agricultura Familiar
na construção da sustentabilidade em sistemas alimentares.

Inovação e Sustentabilidade na Agricultura Familiar


2. Identificar iniciativas e ferramentas da agricultura familiar que sirvam para transformar
os sistemas alimentares.

3. Relacionar os princípios e características fundamentais para a inovação em


experiências concretas nos territórios.

Conteúdo do curso
Há 3 tópicos neste curso.

Tópico 1
Abordagens inovadoras para a sustentabilidade

Tópico 2
Esquemas de avaliação

Tópico 3
Experiências de inovação nos territórios

Para saber mais, assista ao vídeo.

02
02
1.-Introdução
Neste curso apresentaremos diferentes princípios e experiências ou casos que mostram
como a agricultura familiar tem colocado em prática soluções inovadoras para transformar

Inovação e Sustentabilidade na Agricultura Familiar


os sistemas alimentares em direção à sustentabilidade.

Necessidade de Abordagens inovadoras O papel da


sustentabilidade para a sustentabilidade agricultura familiar
dos sistemas na sustentabilidade e
agroalimentares inovação

A transição dos sistemas agroalimentares pode ser gradual ou estrutural


e ocorrer de diferentes formas que, adaptadas a cada contexto, integram
diferentes partes: cadeias produtivas, abastecimento, ambiente alimentar e
consumo.

Os sistemas tradicionais foram mudando ao longo do tempo, as más práticas dos sistemas
convencionais têm causado múltiplos problemas de degradação e perda de recursos
naturais, colocando em risco a segurança alimentar e nutricional de milhares de pessoas
e afetando a base ambiental e social, econômica e simbólica para muitas comunidades. A
sustentabilidade dos sistemas agroalimentares deve equilibrar a rentabilidade econômica
e os benefícios sociais, sem afetar negativamente os recursos naturais.

A inovação agroalimentar deve ser abordada de forma sistêmica e interdisciplinar, envolver


múltiplos stakeholders e integrar suas diferentes e às vezes divergentes perspectivas e
formas de conhecimento.

A inovação em sistemas alimentares permite que indivíduos, comunidades


ou organizações promovam mudanças em práticas, padrões, mercados e
mecanismos institucionais, o que pode fomentar novas redes de produção, Sistemas alimentares:
processamento, distribuição e consumo de alimentos que, por sua vez, podem É a soma dos diversos
vir a ser questionados o status quo. Eles são considerados uma novidade em elementos, atividades
seus contextos e promovem a transição para sistemas alimentares sustentáveis e atores que, por meio
para a segurança alimentar e nutricional. de suas inter-relações,
possibilitam a produção,
a transformação, a
distribuição e o consumo
dos alimentos.

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Um exemplo de inovação é a agricultura digital que fortalece os sistemas alimentares,
promovendo o intercâmbio entre pequenos agricultores, bem como entre diferentes
atores nas cadeias de valor, favorecendo meios de subsistência equitativos e permitindo
a troca de experiências e conhecimentos. Para isso, o acesso às tecnologias digitais e à

Inovação e Sustentabilidade na Agricultura Familiar


formação deve ser amplo e simples.

A inovação inclui novas tecnologias, mas também processos de aprendizagem dinâmicos


que desafiam e mudam normas, práticas e relações para torná-los mais acessíveis e
inclusivos, especialmente para as pessoas mais pobres ou mais vulneráveis, incluindo
mulheres produtoras e jovens, esperando para serem mais adaptados ao ambiente local
condições.

Um “sistema alimentar sustentável é um sistema alimentar que garante a


segurança alimentar e nutricional para todas as pessoas de forma que as
bases econômicas, sociais e ambientais que permitem fornecer segurança
alimentar e nutricional às gerações futuras não sejam colocadas em risco”
(HLPE 2014, 34).

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As inovações requerem a interação entre movimentos sociais e as ciências
transdisciplinares. Os primeiros podem identificar que é necessário abordar em relação a
geração e difusão de conhecimentos e a adoção de práticas de grande escala mediante
a inovação local. Este apoia a geração de aprendizagem conjunto. Também deve haver

Inovação e Sustentabilidade na Agricultura Familiar


conexão entre setor público, privado e sociedade civil. Estas interações se mostram na
seguinte figura.

Conexão entre atores públicos e privados para a geração de conhecimentos e a


aprendizagem de forma conjunta a fim de fomentar a inovação em favor de sistemas
alimentários sustentáveis.

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A Agricultura Familiar adquiriu um rico conhecimento que lhe permite inovar e
avançar para o desenvolvimento rural sustentável, enfrentando a insegurança
alimentar e a desnutrição.

Inovação e Sustentabilidade na Agricultura Familiar


A Agricultura familiar também:
• Ocupa 81% do aproveitamento agrícola.

• Gera entre 57% e 77% do emprego agrícola.

• Desempenha um papel crítico no fornecimento de alimentos, contribuindo com


27% a 67% dos alimentos em nível nacional (FAO / BID, 2007; FAO, 2012).

• Oferece dietas saudáveis, diversificadas e culturalmente adequadas.

• Contribui para a conservação da diversidade de alimentos e ecossistemas


associados, garantindo sinergias entre culturas, pecuária, árvores, favorecendo
assim a sustentabilidade.

• Promove a resiliência dos agroecossistemas contra as mudanças climáticas e


as flutuações do mercado.

• Aproxima as comunidades rurais e preserva os saberes tradicionais dos


agricultores familiares, transmitindo conhecimentos, identidade e patrimônio
cultural e valores sociais tradicionais.

• Gera empregos que ativam a economia rural, melhoram os meios de


subsistência e propõem estratégias de mercado inovadoras que ligam as áreas
rurais às urbanas.

• Oferece soluções locais considerando o contexto em que são desenvolvidas e


contribuindo de forma holística para a sustentabilidade econômica, ambiental,
social e cultural. por ter uma base forte dentro das comunidades.

Os agricultores (as) familiares não apenas produzem alimentos para a


população, mas abastecem os mercados locais, geram empregos, fazem
bom uso e manejo dos recursos naturais e, assim, permitem que a população
rural permaneça nos territórios.

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II.-Tópico 1: Abordagens inovadoras para a sustentabilidade
1.-Agroecologia

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Esta abordagem visa explicitamente transformar os sistemas alimentares e agrícolas,
abordando as causas profundas dos problemas e fornecendo soluções abrangentes e de
longo prazo.

A agroecologia é uma ciência transdisciplinar, um conjunto de práticas e um movimento


social.

Nesta primeira edição, ouça o Podcast “Falemos de Agroecologia”, sobre


a importância da agroecologia sob a ótica da pesquisa.

Participantes: Do Brasil, Alineaurea Florentino, da EMPRAPA e Paulo


Petersen da ONG AS-PTA. Da Colômbia, Álvaro Acevedo da Rede IESAC e
Mauricio García da Rede Nacional de Agricultura Familiar (RENAF).
#FalemosDeAgroecologia

Agroecologia como ciência:

Combina ciências naturais e sociais: Agroecologia como ciência


agronomia, ecologia, sociologia, movimento e prática
economia. E gera muitas abordagens
Clique na imagem para baixar o
teóricas e práticas em muitos campos
documento.
a partir do estudo da estrutura, função
e dinâmica dos agroecossistemas.

A AF contribui na construção
de aspectos teóricos a partir da
experiência prática ao longo dos anos,
a base dos seus saberes tradicionais
e dos valores culturais das
comunidades rurais, o que permite
experimentar e propor práticas
agroecológicas de acordo com os
contextos locais.

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A agroecologia como conjunto de práticas
Tem por objetivo conceber agroecossistemas complexos e resilientes que, mediante a
união de culturas, animais, árvores, solos e outros fatores em mecanismos diversificados

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do ponto de vista espacial e temporal, favoreçam processos naturais e interações biológicas
que otimizem sinergias, para que esses aproveitamentos agrícolas diversificados possam
financiar a fertilidade de seus próprios solos, a produtividade e a proteção das culturas
(Altieri, 2002).

Práticas agroecológicas:
• São baseadas em processos ecológicos em oposição ao uso de insumos agroquímicos

• São equitativas e ecologicamente corretas, e são adaptadas e controladas localmente

• Adotam uma abordagem sistêmica, em vez de se concentrar apenas em medidas


técnicas específicas

A metodologia “de camponês para camponês” é amplamente utilizada entre os pequenos


produtores para gerar e difundir experiências e conhecimentos onde os protagonistas
centrais são os camponeses e as camponesas.

Os sistemas de produção dos Zenúes e das roças


amazônicas exemplificam bem várias das principais
práticas da agroecologia que servem para preservar o
equilíbrio ecológico: diversificação de culturas (idades,
variedades), fertilização do solo a partir de biofertilizantes
e fertilizantes orgânicos, controle de pragas ecológicas,
rotação e associação de culturas, associações de gado,
árvores, barreiras vivas, entre outros.

Os agricultores familiares mantêm grande diversidade


animal e vegetal, além de amplo conhecimento de seus
usos econômicos, ecológicos, simbólicos e culturais.

Nesse sentido, os AF preservam a qualidade das águas, solos, com alta diversidade
expressa em policulturas e vegetação acompanhante, o que também mantém o equilíbrio
das espécies e serviços ecossistêmicos.

Os agricultores familiares combinam práticas tradicionais com inovações, aplicam


princípios às múltiplas realidades do campo e adaptam-nos aos seus conhecimentos,
engenhosidade e capacidade de inovação.

As pequenas propriedades permitem a manutenção da biodiversidade na produção e


integração de culturas, árvores e animais. Ao contrário das monoculturas, eles precisam
de menos insumos externos, uma vez que podem ser produzidos no sítio.

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Os solos altamente degradados pelo uso de insumos
de síntese química, maquinários pesados, perda de
diversidade, são recuperados por pequenos agricultores
das práticas agroecológicas.

Inovação e Sustentabilidade na Agricultura Familiar


Para muitos produtores familiares, a alternativa é manter
sistemas diversificados para recuperar ou manter a
produtividade do solo e devido ao alto custo dos insumos
derivados do petróleo. A redução da dependência
de insumos externos permite o fortalecimento das
comunidades rurais, dita autonomia do mercado de
insumos, a autossuficiência alimentar e a venda de
produtos em mercados locais e orgânicos ou ecológicos
permite ganhar independência e controle.

Para saber mais sobre os Zenúes assista Para saber mais sobre as roças
ao vídeo: Sistema hidráulico de agricultura amazônicas, assista ao vídeo: Sistema
anfíbia Zenú tradicional das Roças Amazônicas do
Centro-Caquetá

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A agroecologia como movimento social
Existe uma forte ligação entre a agroecologia, o direito à
alimentação adequada e a soberania alimentar. Portanto,

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é também uma luta política que exige que “desafiemos e
transformemos as estruturas de poder na sociedade” (Nyéléni,
2015).

As mulheres têm sido protagonistas da agroecologia como


movimento social e da implementação de políticas públicas
agroecológicas do Estado.

Enquanto os modelos convencionais de produção buscam


aumentar os ganhos monetários de curto prazo, os movimentos
sociais buscam defender os saberes, práticas, visão de
mundo e saberes tradicionais dos pequenos produtores e até
reivindicar processos políticos.

Essas lutas acontecem na esfera material, pelo acesso, uso e


controle dos recursos (água, solo, biodiversidade, terra etc.).
É também uma luta no plano imaterial (novas ideias, formas
de se relacionar com a natureza e entre os seres humanos,
paradigmas, explicações sobre o funcionamento do mundo, a A luta pela segurança alimentar
interpretação dos territórios etc.). é utilizada pelos agricultores
Os modos de vida dos agricultores familiares que buscam familiares como instrumento de
produzir alimentos saudáveis e locais, preservando o meio defesa do território.
ambiente e as tradições culturais; potencializam a resiliência
diante das mudanças climáticas e das condições de equidade
no contexto social, encontrando na agroecologia um alicerce
para essas lutas, uma vez que possui um âmbito político,
social e econômico.

A AF propõe um desenvolvimento
rural inclusivo, em que o
conhecimento das mulheres seja
reconhecido e suas necessidades
sejam relevantes para a democratização
dos sistemas alimentares; Sem empoderar
as mulheres, não é possível construir
sistemas sustentáveis. O compromisso
das mulheres organizadas e seus
interesses reivindicativos em diferentes
âmbitos têm sido fundamentais para a
consolidação da agroecologia.

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Inovação e Sustentabilidade na Agricultura Familiar
Para saber mais, assista ao vídeo: Marcha Para saber mais, assista ao vídeo:
das Margaridas no Brasil Conversas sobre Agroecologia, mulheres
produtoras e consumidoras no mercado
Asoproorgânico
UNAL - Colômbia

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2.- Agricultura orgânica

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Busca otimizar a saúde e a produtividade das comunidades
interdependentes de solo, plantas, animais e pessoas.

Promove o uso de técnicas como culturas intercaladas, rotação de culturas, dupla


escavação, cobertura morta, integração entre lavoura e pecuária.

1. Os insumos sintéticos são proibidos.

2. A rotação de culturas é obrigatória para “fortalecer o solo”.

As regras básicas da produção orgânica são que os insumos naturais são permitidos e os
sintéticos são proibidos.

Responsabilidade Como fazer marketing Agricultor familiar na


compartilhada do de produtos orgânicos OCS
produtor orgânico

Trabalhando com Como identificar Responsabilidade


produtos orgânicos produtos orgânicos compartilhada do
produtor orgânico

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Governo Federal - Brasil


Clique nas imagens para assistir aos vídeos.

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3.- A abordagem de gênero e as mulheres rurais
Mulheres na agricultura familiar

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Na América Latina, as mulheres rurais são um pilar produtivo fundamental
do setor agrícola, já que representam quase a metade da força de trabalho
e, no trabalho agrícola, são autônomas, não remuneradas e assalariadas
em empresas ou outras unidades produtivas.

Porém, as mulheres não são reconhecidas, apesar de realizarem grande


parte das atividades na fazenda. Em geral, as empresas rurais pertencentes
a mulheres tendem a enfrentar mais barreiras e receber menos serviços e
apoio do que as empresas pertencentes a homens. Portanto, a abordagem
das cadeias de valor a partir de uma perspectiva de gênero torna-se
relevante, para determinar onde as mulheres estão localizadas em uma
cadeia produtiva, as lacunas que existem em relação aos homens (FAO,
2016) e como elas estão podem contribuir para a igualdade de gênero nas
áreas rurais.

As mulheres têm desempenhado um papel central na produção e processamento de


alimentos, seja como empresárias, trabalhadoras ou mães de família. No entanto, há
poucas informações sobre a real dimensão do seu trabalho para a subsistência de seus
núcleos familiares. Este fato está por trás da afirmação de Blumberg (1981) de que “as
mulheres são as verdadeiras trabalhadoras invisíveis no mundo do sistema alimentar”
(citado em Sachs, 1983). Na prática, as mulheres buscam uma produção sustentável
para nutrição e saúde familiar, sendo essenciais nos sistemas agroalimentares e, mais
especificamente, nas indústrias agroalimentares rurais (FAO, 2016, p-7).

Brechas de gênero
Os processos econômicos baseados no mercado não são neutros em relação ao status
e status de gênero, uma vez que existem relações de poder entre grupos, e
entre mulheres e homens em particular.

As relações de gênero mudam com as transformações econômicas e, ao


mesmo tempo, as afetam; ou seja, as relações de iniquidade e exclusão não
contribuem para a sustentabilidade das cadeias, mas sim geram “gargalos”
para a inovação e a competitividade. A perspectiva de gênero aplicada às
cadeias de valor permite reconhecer os papéis diferenciados de mulheres
e homens em seus distintos vínculos, além de identificar propostas que
podem contribuir para diminuir brechas inaceitáveis de gênero; isto é, a
distância entre as taxas masculinas e femininas em relação ao acesso,
participação, alocação, uso, controle e qualidade dos recursos, serviços,
oportunidades e benefícios do desenvolvimento em todas as áreas da vida
social (Pérez Haro, 2005) e que continuam a afetam significativamente as
mulheres produtoras rurais (FAO, 2016).

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Autonomia econômica das mulheres para o desenvolvimento
rural
Uma necessidade que prevalece nas agendas de desenvolvimento é garantir

Inovação e Sustentabilidade na Agricultura Familiar


a autonomia econômica das mulheres como caminho para a igualdade
de gênero, a erradicação da violência de gênero e a transformação dos
territórios rurais. A autonomia é entendida como a “capacidade de ser as
fornecedoras do seu próprio sustento, bem como o das pessoas que delas
dependem, e decidir qual a melhor forma de o fazer.

“Nesse sentido, autonomia econômica é mais do que autonomia financeira,


pois inclui também o acesso à seguridade social e aos serviços públicos”
(CEPAL in FAO, 2016).

O empoderamento e a autonomia econômica das mulheres rurais


contribuem para a transformação social e as relações coletivas dos territórios.
Treinamento e educação em liderança, negociação, tomada de decisão, incidência política
e planejamento de projetos produtivos e empresariais são necessários para aumentar os
recursos internos das mulheres e sua capacidade de tomar suas próprias decisões (CATIE,
2012). A equidade de gênero afeta diretamente a redução da pobreza e uma melhoria
substancial da competitividade nos mercados, especialmente aqueles onde as mulheres
podem oferecer seus produtos sem a intervenção de intermediários.

Desse modo, os cenários onde as mulheres reconhecem sua identidade, poder e


capacidade de contribuir para a sustentabilidade do lar comum e para a redução da
pobreza nos territórios rurais são dignificados e visíveis (Cediel e Morales, 2019). As
relações de gênero são formas de apropriação, distribuição, acesso e uso do território.
Compreender essas relações intrínsecas é importante porque as mulheres são portadoras
de conhecimentos e práticas de gestão de recursos naturais fundamentais e devem ser
levadas em consideração se se busca promover uma gestão do desenvolvimento viável,
sustentável e socialmente inclusiva (Silva, Durán et al., 2020)

O ecofeminismo apresenta um vínculo estreito entre diversidade e gênero,


ao contrário da posição patriarcal em que a hierarquia predomina sobre
a diversidade, portanto, trata as mulheres como inferiores porque são
diferentes. Este mesmo modelo de pensamento impõe monoculturas,
uniformidade, homogeneidade e destruição da diversidade. Nesse sentido,
a marginalização das mulheres e a destruição da diversidade estão no
mesmo caminho. A partir da ação das mulheres seria possível restaurar o
equilíbrio entre meio ambiente e sociedade.

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Consulte estes documentos para aprender mais sobre a abordagem
de gênero e mulheres rurais

Documentos:

Inovação e Sustentabilidade na Agricultura Familiar


• Um caso de experiências de associatividade bem-sucedidas
Clique na imagem para baixar o documento.

• Atlas das Mulheres Rurais da América Latina e do Caribe


Clique na imagem para baixar o documento.

• Gênero e Sistemas Agroalimentares Sustentáveis. Estudos de


caso
Clique na imagem para baixar o documento.

Video:

• Assista ao vídeo: Todos os Defensores: Associação Nacional


de Mulheres Rurais e Indígenas (ANAMURI)
Para saber mais, assista ao vídeo.

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4.- Bioeconomia

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É a produção, uso e conservação de recursos biológicos, incluindo conhecimento, ciência,
tecnologia e inovação relacionados, para fornecer informações, produtos, processos e
serviços a todos os setores econômicos, com o objetivo de caminhar para uma economia
sustentável.

A bioeconomia circular sustentável é um sistema que é inovador e restaurador, que


impulsiona a indústria e a economia, que melhora a produção de alimentos, nutrição,
meios de subsistência e meio ambiente.

Estas são as 4 maneiras pelas quais a FAO promove a bioeconomia


1. Reduzir a perda e o desperdício de alimentos:
Fortalecer as cadeias de valor e encontrar outros usos para alimentos descartados.

2. Lutar contra a poluição produzida mediante os plásticos:


Desenvolvimento de bioplásticos e redução de plásticos contaminados pelo uso de
pesticidas biológicos.

3. Diversificar nossas dietas e pare de depender de apenas algumas safras:


Das mais de 6.000 espécies de plantas cultivadas no mundo para alimentação,
usamos apenas nove safras para gerar 66% de nossa produção de alimentos.

Culturas locais menos conhecidas precisam ser promovidas e a nutrição fortalecida.

4. Promover produtos de base biológica como alternativa aos fertilizantes e


pesticidas sintéticos:
Os fertilizantes e pesticidas de síntese química poluem e contribuem para a emissão
de gases de efeito estufa.

Confira estes documentos para saber mais sobre a Bioeconomia

• Bioeconomia e agricultura familiar - Clique na imagem para baixar o documento.

• Acesse o site da FAO Uruguai: “Uruguai rumo a uma estratégia nacional em


bioeconomia” - Acesse

• Vídeo: “A Economia Circular” - Clique na imagem para assistir ao vídeo.

• Bioeconomia Bolívia
Aproveitamento microbiano e desenvolvimento de bioinsumos em comunidades
camponesas bolivianas - Clique na imagem para baixar o documento.

• Bioeconomia Brasil Sociobiodiversidade -


Clique na imagem para baixar o documento.

• Bioeconomia Equador Cacaus requintados do Equador -


Clique na imagem para baixar o documento.

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5.- Negócios verdes e sustentáveis
São as atividades econômicas em que são oferecidos bens ou serviços que geram
impactos ambientais positivos e que, além disso, incorporam boas práticas ambientais,

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sociais e econômicas, com enfoque de ciclo de vida, contribuindo para a conservação do
meio ambiente como capital natural que sustenta o desenvolvimento do território.

Buscam reduzir a poluição, conservar os recursos naturais e promover o uso sustentável


da biodiversidade, tudo isso como fonte de competitividade empresarial e articulando a
oferta (produção) e a demanda (consumo) do mercado.

A política de negócios verdes na


Colômbia busca definir diretrizes e
configurar ferramentas para planejar
e tomar decisões a esse respeito.

Seus objetivos são:


Acesse o site do Programa Geração 1. Potencializar e transformar as
de Negócios Verdes – Ministério do vantagens comparativas em
Meio Ambiente Colômbia, clicando na questões ambientais de cada uma
imagem. das regiões do país em vantagens
competitivas no mercado de
Negócios Verdes;
2. Conservar os recursos naturais,
realizar a gestão sustentável da
biodiversidade e dos serviços
ecossistêmicos e promover a
sustentabilidade ambiental do
país;
3. Gerar novas fontes de empregos
diretos e indiretos que melhorem
o bem-estar e a qualidade de vida
da população nacional.

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Para a FAO, iniciativas desse tipo são fundamentais, já que a
transformação da agricultura constitui um investimento com
alto retorno social e isso ficou evidenciado após a crise de
2009-2010, quando foi determinado que, para cada milhão de

Inovação e Sustentabilidade na Agricultura Familiar


dólares investidos na restauração de ecossistemas, 10 vezes
mais empregos foram criados do que com investimentos
semelhantes nos setores de carvão ou nuclear.

Fortalecer os sistemas alimentares locais por meio da inovação


social, construção conjunta e corresponsabilidade entre
produtores e consumidores, buscando relações de troca mais
justas e equitativas. Para isso, a FAO (2017) faz as seguintes
recomendações:

• Recomendação 1
Apoiar os sistemas agroalimentares locais, promovendo
um contexto institucional, jurídico e político adequado,
legitimando as inovações institucionais de produção rural,
periurbana e urbana em pequena escala.

• Recomendação 2
Apelar à construção de processos multi-ator urbanos e
rurais e dar maior peso aos consumidores e organizações
civis nos processos participativos, para fortalecer os
mercados inclusivos e promover o consumo sustentável.

• Recomendação 3
Sistematizar informações sobre produção e consumo
local (relação urbano-rural), principalmente em
cidades intermediárias, para identificar os principais atores que podem ajudar a
promover sistemas alimentares sustentáveis e fortalecer redes de comerciantes e
consumidores.

• Recomendação 4
Desenvolver programas de capacitação e conscientização da população para o
consumo saudável e sustentável, como campanhas nos mercados e na mídia
(lideradas pelos Ministérios da Saúde).

• Recomendação 5
Fornecer incentivos para facilitar a inclusão da agricultura familiar nos mercados
locais.

FAO (2017). Workshop Internacional sobre Oportunidades e Desafios dos Sistemas


Agroalimentares Sustentáveis na América Latina e no Caribe. Disponível em:
i8345es.pdf (fao.org)

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III.-Tópico 2: Esquemas de Avaliação

Inovação e Sustentabilidade na Agricultura Familiar


Certificação e selos
A certificação é o procedimento pelo qual uma organização dá uma garantia por escrito
de que um produto, processo ou serviço está em conformidade com os requisitos
especificados. Para produtos orgânicos, mostra a conformidade do processo de produção
orgânico.

Existem vários tipos de certificações, apenas alguns estão listados abaixo:

• Comércio Justo ou Fair Trade:


Oferece aos produtores um tratamento justo que lhes permite melhorar sua
qualidade de vida, busca corrigir as injustiças do comércio convencional com base
na cooperação entre consumidores e produtores.

• RAS (Rede de Agricultura Sustentável (Rain Forest Alliance):


Busca reduzir os gases de efeito estufa, promove práticas que mantêm a
biodiversidade, previnem o desmatamento, protegem as fontes de água e mantêm
solos saudáveis.

• Ethical Trading Initiative - ETI A Iniciativa de Comércio Ético:


Buscam melhorar a qualidade de vida dos produtores por meio de alianças entre
sindicatos, empresas e organizações voluntárias que buscam o respeito aos direitos
trabalhistas básicos.

• A certificação pode ser realizada por entidades privadas ou públicas. Quando


realizado pela própria pessoa ou empresa, é denominado de certificação de
primeira parte, quando o controle é realizado pelo cliente é denominado de
segunda parte e se for por entidade independente que não seja compradora
nem vendedor, é chamada de certificação de terceira parte.
• Uma alternativa às certificações de terceira parte é o Sistema de Garantia
Participativa (SGP) baseado no princípio da confiança e do controle social. Os
SPGs são mais inclusivos, geram autonomia para os agricultores familiares e
fortalecem os vínculos entre eles.

Produtos Orgânicos Sistemas Controle Social Na venda direta ao


Participativos de Garantia consumidor de produtos orgânicos
Sem Certificação
Clique na imagem para baixar o
documento. Clique na imagem para baixar o
documento.
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• Vídeo: “Os SPG: instrumento de promoção da agricultura ecológica” - acessar o vídeo.

• Vídeo: “O que é um Sistema Participativo de Garantia?” - acessar o vídeo.

Inovação e Sustentabilidade na Agricultura Familiar


• Documento: “Denominação de origem” - Clique na imagem para acessar o documento.

Os selos ou logotipos servem para promover a diferenciação de atributos de valor


na embalagem do produto certificado, diferenciando os produtos orgânicos dos
convencionais.

Atributos de qualidade
Geralmente, os selos de qualidade diferenciam três atributos
de qualidade: A qualidade pode ser de inocuidade,
nutricional, de valor, mas também
1. A Denominação de Origem: Representa um tipo especial pode incluir fatores como o respeito
de indicação geográfica utilizada para identificar um ao meio ambiente em todo o
produto cuja qualidade ou características são exclusivas ou processo de produção (produtos
principalmente devidas ao ambiente geográfico, que inclui orgânicos), o respeito às leis sociais
fatores naturais e humanos. dos trabalhadores responsáveis pela
produção (por exemplo, Comércio
2. A Especialidade Tradicional Garantida: alimentos ou Justo ou Fair Trade) e respeito pelas
produtos agrícolas com características específicas que os tradições (exemplo: comida feita por
diferenciam de outros da mesma categoria. métodos tradicionais).
3. A Produção Orgânica: práticas sustentáveis de controle
orgânico de pragas e doenças, rotação de culturas,
reciclagem de nutrientes e fertilização que promovem a
atividade biológica do solo, entre outras.

Todos os três servem para salvaguardar as tradições


produtivas e culinárias, para proteger a autenticidade dos produtos e para proteger
uma agricultura que respeita o meio ambiente.

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Selos da agricultura familiar
• Existem outras formas de agregação de valor, que não são
certificações, mas servem para comunicar aos consumidores

Inovação e Sustentabilidade na Agricultura Familiar


as vantagens e a história da agricultura familiar, favorecendo sua
produção.

• A Agricultura Familiar é importante na geração de empregos,


segurança alimentar e nutricional e produção agrícola, é vital
para a proteção do patrimônio cultural e a conservação da
agrobiodiversidade, é a base para a construção da governança
territorial.

• Nesse sentido, a promoção dos produtos da agricultura familiar


no âmbito territorial leva à necessidade do estabelecimento
de marcas ou selos para identificar os produtos e para que os
consumidores possam ter informações sobre suas características.

• Desta forma, os selos são ferramentas de agregação de valor


e comunicação com o consumidor, por meio da divulgação
da origem social dos produtos e dos processos e formas de
produção da Agricultura Camponesa Familiar e Comunitária.
Assim, o consumo desses produtos pode ser incentivado e os
locais, artesanais, tradicionais e saudáveis são reavaliados.

• Na América Latina, diversos países desenvolveram estratégias para tornar


visível a agricultura familiar. O Brasil foi o pioneiro em 2009 com o selo com a
mensagem “Aqui tem agricultura familiar”. Hoje, o selo brasileiro foi atualizado
para adicionar um código QR que leva o consumidor a uma vitrine virtual
(https://sistemas.agricultura.gov.br/vitrine/), onde há mais informações sobre o
produto, os produtores e a organizações envolvidas.

• A Argentina desenvolveu o selo “Produzido pela Agricultura Familiar” em 2015, o


Chile o “Selo Mãos Camponesas” em 2015 e o Paraguai o selo “Chokokue Rembiapo”
ou trabalho do agricultor em 2017. O Ministério da Agricultura e Pecuária do Equador
promoveu, desde 2017, a criação do Selo Agricultura Familiar Camponesa.

• Documento conclusões do caso “Selo Mãos Camponesas” -


Clique na imagem para acessar o documento.

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IV.- Tópico 3: Experiências de inovação
Conjunto combinado de princípios que
nos territórios determinam a transição para sistemas
alimentares sustentáveis para a

Inovação e Sustentabilidade na Agricultura Familiar


Muitas das abordagens inovadoras convergem em vários princípios
segurança alimentar e nutricional.
que são resumidos na tabela a seguir:
Extraído de HLPE (2019).
Tabela Conjunto consolidado de 13 princípios agroecológicos

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* Escala de aplicação: CA = campo; EA = aproveitamento agrícola, agroecossistema; SA = sistema 22
alimentar. Fonte: Extraído de Nicholls et al., 2016; CIDSE, 2018; FAO, 2018c
Seguem alguns exemplos de casos de inovação na agricultura familiar que nos permitem
identificar alguns dos princípios e práticas observados ao longo do curso.

Inovação e Sustentabilidade na Agricultura Familiar


Mulheres transformando o campo Agricultura em Dia - Por que as mulheres
mexicano rurais ativam a economia do campo
colombiano?
Elas são inovadoras e sabem que é preciso
modernizar a produção de milho para Ministério da Agricultura e
cuidar dos recursos naturais. Desenvolvimento Rural MADR
Para saber mais, assista ao vídeo. Para saber mais, assista ao vídeo.

Polo Borborema - Intercâmbio de técnicas entre


agricultores do semiárido
É um programa que atua em 15 municípios da área de
abrangência do Polo Sindical e das Organizações da
Agricultura Familiar Borborema. Busca aprimorar as
capacidades técnicas, metodológicas, sócio-organizacionais Assista ao vídeo Alimento de
e políticas das organizações vinculadas para defender e qualidade para descobrir o que é
implementar um projeto de desenvolvimento rural local verdade - AS-PTA Agricultura Familiar
baseado nos princípios da sustentabilidade socioambiental e Agroecologia, clicando na imagem.
agroecológica.

O Programa assessora redes de inovação agroecológica que


unem mais de cinco mil famílias camponesas do Território da
Borborema. O compartilhamento de conhecimento abrange
desde a produção de animais e plantas medicinais até o processamento de frutas e
outros produtos.

O intercâmbio com outras organizações e redes em outras regiões do estado da


Paraíba e em outros estados é incentivado.

Seu objetivo é promover o intercâmbio de práticas e conhecimentos para fortalecer


a agricultura familiar, o enfoque agroecológico e a agrobiodiversidade, como pilares
do desenvolvimento rural sustentável no Brasil.

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Guardiães e guardiãs das sementes da paixão
É um projeto na Paraíba, no território da Borborema, de

Inovação e Sustentabilidade na Agricultura Familiar


apoio aos guardiões das sementes nativas, para proteger a
Agrobiodiversidade do Semiárido em cinco estados da região.
A iniciativa é resultado de uma aliança entre a Articulação do
Semiárido Brasileiro (ASA) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Assista ao vídeo Guardiões e guardiãs
Agropecuária (Embrapa) e tem o apoio da Fundação Eliseu das sementes da paixão - AS-PTA
Alves e do Banco de Desenvolvimento Econômico e Social Agricultura Familiar e Agroecologia,
(BNDES). clicando na imagem.
Pequenos agricultores com parte de articulações territoriais
de sindicatos, organizações comunitárias e organizações não
governamentais que promovem o fortalecimento da agricultura
familiar camponesa.

“Esse projeto vai na contramão de um modelo de desenvolvimento capitalista


que vê as sementes como mercadoria, o modelo que distribui poucas variedades
de sementes em grandes volumes e geralmente produzidas em outros sistemas
de produção que não representam a realidade da agricultura familiar baseada
na agroecologia. , sem considerar a realidade e o trabalho de conservação
e melhoramento das sementes e a paixão com que trabalham as famílias
camponesas ”Emanoel Dias, assessor técnico do Núcleo de Sementes da AS-PTA.

Visa capacitar aos guardiães e às guardiãs, estruturar sistemas de produção e


beneficiamento de sementes, implantar campos para a multiplicação de sementes
nativas e fortalecer redes e canais de comercialização.

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V.- Conclusión

Inovação e Sustentabilidade na Agricultura Familiar


A inovação é um conceito amplo que vincula
diferentes atores nos sistemas alimentares, com
uma abordagem que inclui a interação de processos
sociais e ecológicos, mediante processos
dinâmicos de aprendizagem.

A agricultura familiar desempenha um papel


fundamental na proposição de diferentes
abordagens, iniciativas, princípios, práticas e
experiências concretas que favoreçam a segurança
alimentar, o desenvolvimento sustentável e o
desenvolvimento rural.

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Mapa Mental

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Inovação e Sustentabilidade na Agricultura Familiar
VI.- Material Complementar

Inovação e Sustentabilidade na Agricultura Familiar


• http://www.fao.org/fileadmin/templates/cfs/HLPE/reports/HLPE_Report_14_ES.pdf
• www.fao.org/3/ca9917es/ca9917es.pdf
• http://www.agro.unc.edu.ar/~biblio/AGROECOLOGIA2%5B1%5D.pdf
• https://iica.int/sites/default/files/2020-07/Presentacion%20HCh%20Bioeconomia%20v02.pdf
• http://repiica.iica.int/docs/b3245e/b3245e.pdf
• https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/agricultura-familiar/publicacoes/
projeto-mercados-verdes-e-consumo-sustentavel/guias/guia-spg-para-producao-
e-comercializacao-de-produtos-organicos

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VII.- Referências

Inovação e Sustentabilidade na Agricultura Familiar


• Alexandersen S., Zhang, Z., Donaldson A.I. and Garland A.J. (2003). The pathogenesis and
diagnosis of foot-and-mouth disease. Journal of Comparative Pathology 129 (1) 1-36
Disponible aquí.

• Experiencias exitosas de asociatividad: un caso de empoderamiento de las mujeres


rurales y equidad de género en cadenas de valor agrícola. Editorial, C. (2020). Volumen
completo. Revista Novedades Colombianas, 15(1), 1-97. Recuperado a partir de
https://revistas.unicauca.edu.co/index.php/novedades/article/view/1813

• FAO, 2017. Atlas de las mujeres rurales de América Latina y el Caribe.

• FAO, 2016. Género y Sistemas Agroalimentarios Sostenibles. Estudios de caso: yuca,


quinua, maíz y algodón.

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