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OS PRINCÍPIOS

DA AGROECOLOGIA
RUMO A SISTEMAS ALIMENTARES JUSTOS,
RESILIENTES E SUSTENTÁVEIS
NESTE DOCUMENTO
Introdução 3

Agroecologia: informações básicas 4

Princípios: 6
• A vertente ambiental da agroecologia 6
• A vertente cultural e social da agroecologia 7
• A vertente económica da agroecologia 8
• A vertente política da agroecologia 9

Conclusão 10

NB: Esta publicação tem em anexo um poster com uma infografia sobre os princípios da agroecologia

Este documento foi elaborado pelo Grupo de Trabalho do CIDSE para a agroecologia e é o resultado da colaboração e do diálogo ao longo
do último ano. O grupo é formado pelas seguintes organizações-membro: Broederlijk Delen (Bélgica), CAFOD (Inglaterra e País de Gales),
CCFD-Terre Solidaire (França), Entraide & Fraternité (Bélgica), Focsiv (Itália), KOO/DKA (Áustria), MISEREOR (Alemanha), SCIAF
(Escócia) e Trócaire (Irlanda).

Os exemplos que ilustram as quatro vertentes da agroecologia foram identificados e redigidos pela CAFOD (“Transformar os solos e os meios
de vida no Bangladesh rural”), CCFD-Terre Solidaire (“Como uma instituição de microcrédito desenvolveu produtos financeiros para ter
impacto ambiental em práticas agrícolas”; “Criação de plataformas agroecológicas nacionais a fim de implementar o diálogo político no Níger,
Burkina Faso e Mali”), Focsiv (“Aumentar a resiliência através da cultura do arroz”), MISEREOR (“Acesso à terra e agroecologia; um contributo
para empoderamento das mulheres na Índia”; “Os benefícios duma transição para uma agroecologia nas Filipinas”) e Trócaire (“Benefícios da
agroecologia nas economias rurais”).

A CIDSE gostaria de agradecer a George Dixon Fernandez (FIMARC); Paulo Petersen (AS-PTA – Brasil); Joachim Milz (ECOTOP Consult
– Bolívia); Octavio Sánchez (ANAFAE – Honduras); José Luis Espinoza (CEHPRODEC – Honduras); Claudia Pineda (AHCC – Honduras);
Michel Pimbert, Jahi Chappell, Annelie Bernhart, Carla Kay e Chris Maughan (Centro para a Agroecologia, a Água e a Resiliência - Centre
for Agroecology, Water and Resilience - da Universidade de Coventry – Reino Unido); Stephane Bellon (INRA/ Agroecologia Europa -
Agroecology Europe – França); Margriet Goris (Universidade de Vicosa, Brasil/Universidade de Wageningen/ Agroecology Europe) e Emile
Frison (Painel Internacional de Peritos em Sistemas de Alimentação Sustentável - International Panel of Experts on Sustainable Food Systems
– IPES-Food/Bioversity), pelos valiosos comentários e opiniões e pelos recursos disponibilizados para a criação desta publicação. A CIDSE
gostaria ainda de agradecer a Paul Holland e Angela Maria Ocampo pelo apoio dado a este projeto.

Esta publicação faz parte de um dossiê multimédia online alargado que inclui documentação contextual e entrevistas em vídeo relacionadas
com o mesmo. O nosso objetivo é desenvolver uma visão e um entendimento conjuntos da agroecologia. Continuaremos o nosso diálogo com
organizações parceiras e aliados, bem como com os decisores. Esta publicação será atualizada durante o próximo ano e meio.

Contacto: François Delvaux, Responsável para o Clima e Agricultura e Soberania Alimentar (Climate & Agriculture and Food Sovereignty Officer)
Email: delvaux@cidse.org
Publicado em abril de 2018
CIDSE, Rue Stévin 16, 1000 Bruxelas, Bélgica, www.cidse.org
Chefe de Redação: Josianne Gauthier
Editora: Valentina Pavarotti
Fotografias da capa:
Primeira linha, da esquerda para a direita: Global Justice Now – Development and Peace
Linha do meio, da esquerda para a direita: Fergal Anderson – Maren Barbee
Última linha, da esquerda para a direita: Daniele Daly – Robert Couse-Baker
Design e layout: Hearts & Minds, Bruxelas, www.heartsnminds.eu
Impresso em papel Cyclus 100% reciclado, produzido sem químicos ou branqueamento ótico
Esta publicação está disponível online em EN/ES/FR/GE/IT/NL/PT em www.cidse.org/resources e também como
parte integrante de um dossiê multimédia com recursos adicionais: https://agroecologyprinciple.atavist.com.
3

INTRODUÇÃO

O que significa agroecologia? O que é? É possível quantificá-la? Podemos dar exemplos concretos? Como é que poderíamos
investir na agroecologia ou apoiá-la? É produtiva? Há dados que comprovem que é eficaz e que cumpre as suas promessas? Estas
são algumas das questões que surgem com frequência quando falamos com pessoas que não estão muito familiarizadas com a
agroecologia. Quando as pessoas já estão familiarizadas com o tema, as questões são outras:

• “ Não acho que estejam mesmo a falar de agroecologia: a agroecologia não se limita a melhorar a vida dos solos,
é muito mais do que isso!”,
• “ É incrível, usam a palavra agroecologia, mas esvaziaram-na completamente do seu verdadeiro significado.
Parece que a estão a usar como um filtro ambiental para o modelo industrial”,
• “ Esta até pode ser a interpretação que os cientistas fazem de agroecologia, mas os movimentos de agricultores v
êm-na de forma diferente”,
• “ Ele/ela não está a usar o conceito de agroecologia, mas aquilo de que fala vem muito ao encontro do que nós
vemos e definimos como agroecologia”, etc.

E poderíamos continuar. De um modo geral, é preciso clarificar o que é ou não agroecologia, de forma a obter apoio político,
para que esta disciplina floresça, evitar a cooptação e lutar contra falsas soluções, etc. Ao longo dos últimos anos, os movimentos
sociais, a sociedade civil, as instituições internacionais e os cientistas têm feito várias tentativas para clarificar o significado de
agroecologia, tendência esta que ainda continua.

Na nossa rede, sentimos que houve uma necessidade semelhante de esclarecimento e de alinhamento. O texto que aqui apresentamos
é o resultado inicial deste trabalho. Decidimos dividir os diferentes princípios em quatro dimensões de sustentabilidade: ambiental,
sociocultural, económica e política. Acreditamos que esta é uma boa forma de captar a complexidade e a multidimensionalidade
da agroecologia. Desta forma, e tendo em conta os contextos social, económico e político que envolvem os agroecossistemas e
os sistemas alimentares, conseguimos compreende-los melhor.1 Também usamos categorias de princípios já identificadas em
trabalhos anteriores desenvolvidos por outros investigadores envolvidos no movimento agroecológico.

Os nossos objetivos são claros. Não pretendemos criar uma nova definição de agroecologia, mas antes identificar os princípios que
fortalecerão a nossa narrativa, bem como a nossa advocacia e o nosso plano de trabalho. Queremos continuar a desenvolver uma
visão e um entendimento comuns sobre o que significa e o que é agroecologia (que vemos como um dos elementos principais
para alcançar a soberania alimentar e a justiça ambiental).

Este é o primeiro passo num processo mais alargado que também irá incluir a elaboração de um guia prático, que conjuntamente
com estes princípios, deverá servir de base para iniciar um diálogo em diversas partes do mundo e entre organizações-membro
da nossa rede (avaliando as práticas e as estratégias atuais). Tendo em conta que as nossas sociedades enfrentam crises sociais,
ambientais e económicas profundas e que as alterações climáticas impõem mudanças radicais aos atuais modelos de produção
e de consumo, há uma certa urgência em compreender e em apoiar a agroecologia de forma mais alargada. Com este humilde
contributo, esperamos e acreditamos que poderemos contribuir para fortalecer o movimento agroecológico atual. Este é o
propósito do que fazemos em agroecologia.
4

AGROECOLOGIA:
INFORMAÇÕES
BÁSICAS

1. A
 S TRÊS VERTENTES A Declaração Nyéléni6 define agroecologia como um
DA AGROECOLOGIA movimento e uma prática liderada pelas pessoas, que precisa
ser apoiado, e não conduzido, pela ciência e pela política.
A agroecologia é: Entendemos que este é um apelo urgente ao reconhecimento
 ma abordagem de investigação científica2 que envolve o
•u da competência dos produtores de alimentos7 e daqueles que
estudo holístico de agroecossistemas e sistemas alimentares; trabalham na indústria alimentar, para que sejam reconhecidos
 m conjunto de princípios e práticas que melhoram a
•u e participem no processo de decisão de políticas e de gestão
resiliência e a sustentabilidade dos sistemas alimentar e de dos sistemas alimentares. Apela também ao direito das pessoas
cultivo, ao mesmo tempo que preservam a integridade social; “controlarem decisões de políticas e práticas alimentares”.8
 m movimento sociopolítico3 com ênfase na aplicação
•u Nesta perspetiva, a agroecologia é, de facto, inseparável da
prática da agroecologia, que procura novas formas de pensar soberania alimentar.
a agricultura, a transformação, a distribuição e o consumo de
alimentos e as suas relações com a sociedade4 e a natureza.
3. PRINCÍPIOS: DEFINIÇÃO E
CARACTERÍSTICAS
2. A
 INTERDEPENDÊNCIA ENTRE A
AGROECOLOGIA E A SOBERANIA Os princípios são um conjunto de orientações gerais que
ALIMENTAR constituem os pilares da agroecologia, da sua prática e
implementação.
Fazendo nossas as palavras de Ibrahima Coulibaly, acreditamos
que “Não há soberania alimentar sem agroecologia. E Baseiam-se nas seguintes características:
certamente que a agroecologia não durará sem uma política de • a agroecologia promove princípios em vez de regras ou
soberania alimentar que a sustente”.5 receitas de um processo de transição;
• a agroecologia é o resultado da aplicação conjunta dos seus
Queremos basear-nos nas perspetivas desenvolvidas pelos princípios e dos valores subjacentes ao desenvolvimento de
movimentos sociais ativamente envolvidos na criação e sistemas alimentares e agrícolas alternativos. Reconhece-se,
definição dos sistemas alimentares. Também reconhecemos então, que a aplicação dos princípios será feita de forma
e respeitamos o trabalho que tem sido desenvolvido no progressiva;
sentido de clarificar e desenvolver o conceito de agroecologia, • o s princípios aplicam-se em vários locais e levam a que práticas
considerando-o a base deste trabalho. diferentes sejam adotadas em sítios e contextos distintos;
• todos os princípios devem ser interpretados tendo em vista
melhorar a integração da natureza e a justiça e dignidade das
pessoas e outros seres vivos e processos.

Como a CIDSE entende a soberania alimentar: Soberania alimentar é o enquadramento político que aborda as causas dos
problemas da fome e da pobreza, mudando o foco do controlo da produção alimentar e do consumo dentro de processos
democráticos enraizados em sistemas alimentares locais. A soberania alimentar engloba não apenas o controlo da produção e dos
mercados, mas também o acesso das pessoas e o controlo sobre a terra, a água e os recursos genéticos. A soberania alimentar assume
o reconhecimento e empoderamento das pessoas e das comunidades para perceberem seus direitos e necessidades económicas,
sociais, culturais e políticas em relação à escolha, ao acesso e à produção alimentar. É definida como: “O direito que as pessoas têm
de definir a sua próprio alimentação e agricultura; proteger e regular a produção agrícola e o comércio agrícola domésticos para
alcançar objetivos de desenvolvimento sustentável; determinar até que ponto desejam ser independentes; restringir a colocação
dos seus produtos nos mercados. A soberania alimentar não nega o comércio, mas, em vez disso, promove a criação de políticas
e práticas comerciais que servem os direitos das pessoas a terem alimentos e uma produção segura, saudável e ecologicamente
sustentável”.9
OS PRINCÍPIOS DA AGROECOLOGIA 5
RUMO A SISTEMAS ALIMENTARES JUSTOS, RESILIENTES E SUSTENTÁVEIS

RECURSOS USADOS NA IDENTIFICAÇÃO E NO DESENVOLVIMENTO DOS PRINCÍPIOS

Para podermos desenvolver este conjunto de princípios, tentámos sistematizar, sintetizar o trabalho de várias vozes dentro
do movimento agroecológico. Apesar de não termos incluído notas de rodapé ou referências claras de forma sistemática, este
trabalho baseia-se, inspira-se e aprofunda conceitos pré-existentes. Usámos as seguintes fontes:

2016 2014
• Dumont, A., Vanloqueren, G., Stassart, P. & Baret, • SOCLA (2014). Agroecology: concepts, principles and
P. (2016). Clarifying the socioeconomic dimensions of applications: contributions to FAO 1st international
agroecology: between principles and practices, Agroecology symposium on agroecology.
and Sustainable Food Systems, 40:1, 24-47.
• Silici, L. (2014). Agroecology: What it is and what it has to
• Nicholls, C., Altieri, M., Vazquez, L. (2016). offer. IIED Issue Paper. IIED, London.
Agroecology: Principles for the Conversion and Redesign of
• Parmentier, S. (2014). Scaling-up agroecological
Farming Systems. J Ecosys Ecograph S5: 010.
approaches: what, why and how? Oxfam Solidarité
• IPES-Food (2016). From uniformity to diversity: a
paradigm shift from industrial agriculture to diversified
agroecological systems. 2013
• Centre for Studies and Strategic Foresight (2013).
• Hatt, S., Artru, S., Brédart, D., Lassois, L., Francis, F.,
Agro-ecology: different definitions, common principles.
Haubruge, E., Garré, S., Stassart, P., Dufrêne, M., Monty,
A. & Boeraeve, F. (2016). Towards sustainable food systems: • Rosset, P. and Martinez-Torres, M-E (2013). La Via
the concept of agroecology and how it questions current Campesina and Agroecology in “La Via Campesina’s Open
research practices. A review, BASE, Volume 20 (2016), Book: Celebrating 20 Years of Struggle and Hope”.
Numéro spécial 1: AgricultureIsLife, 215-224.
• Brym, Z.T., Reeve, J.R. (2016). Agroecological Principles 2012
from a Bibliographic Analysis of the Term Agroecology. In: • Stassart, P.M., Baret, Ph., Grégoire, J-Cl.,
Lichtfouse E. (eds). Sustainable Agriculture Reviews, vol 19. Hance, Th., Mormont, M., Reheul, D., Stilmant,
Springer, Cham. D., Vanloqueren, G., Visser, M (2012). L’agroécologie:
trajectoire et potentiel - Pour une transition vers des
systèmes alimentaires durables. Paper in English based
2015 on the same document.
• International Forum on Agroecology (2015). Declaration of
the International Forum for Agroecology, Nyéléni.
2011
• Third World Network and SOCLA (2015).
• De Schutter, O. (2011). Agroecology and the Right to
Agroecology key Concepts, Principles and Practices.
Food. Report presented at the 16th Session of the United
• Snipstal, B. (2015). Repeasantization, agroecology, and the Nations Human Rights Council.
tactics of food sovereignty.
• Greenpeace (2015). Ecological Farming: the seven
1995
principles of a food system that has people at its heart.
• Altieri, M. (1995). Agroecology: principles and strategies
• Colin, A., Pimbert, M., Kiss, C. (2015). for designing sustainable farming systems.
Building, defending and strengthening agroecology, a global
struggle for food sovereignty.
WEBSITE:
• Pimbert, M. (2015). Agroecology as an Alternative
• FAO, “10 key elements of Agroecology”.
Vision to Conventional Development and Climate-smart
Agriculture, Development (2015) 58: 286.
6

PRINCÍPIOS

1. A VERTENTE AMBIENTAL DA AGROECOLOGIA

A agroecologia melhora a interação, a sinergia, a integração e as complementaridades positivas entre os elementos


1.1 dos agro-sistemas (plantas, animais, árvores, solo, água, etc.) e os sistemas alimentares (água, energia renovável e as
ligações de cadeias alimentares relocalizadas).
1.2 A agroecologia cria e preserva a vida do solo de forma a criar condições favoráveis para o crescimento das plantas.10
A agroecologia otimiza e encerra ciclos de recursos (nutrientes, biomassa) ao reciclar nutrientes e biomassa já
1.3
existentes em sistemas agrícolas e alimentares.
A agroecologia melhora e mantém a biodiversidade acima do solo e no solo (uma grande gama de espécies e
1.4 variedades, de recursos genéticos, variedades/raças adaptadas localmente, etc.) ao longo do tempo e no espaço
(ao nível de terrenos, ao nível de exploração agrícolas e ao nível paisagístico).
A agroecologia elimina o uso e a dependência de ajudas sintéticas externas ao permitir que os agricultores
1.5
controlem as pestes e as ervas daninhas e melhorem a fertilidade através de uma gestão ecológica.
A agroecologia apoia a adaptação climática e a resiliência, ao mesmo tempo que contribui para a mitigação
1.6 (redução e retenção) da emissão de gases que provocam o efeito de estufa por usar menos combustíveis fósseis
e permitir uma maior fixação de carbono nos solos.
O IMPACTO DESTA VERTENTE Ao aplicar estes princípios, a agroecologia também contribui
Através da sua vertente ambiental, e aplicando princípios para mitigar as mudanças climáticas, por exemplo, através
que tendem a imitar ecossistemas naturais, a agroecologia da promoção de solos saudáveis e a recuperação de solos
contribui para a criação de agro-sistemas mais complexos. A empobrecidos - contribuindo assim para a fixação do carbono
agroecologia aumenta a resiliência11 e a capacidade dos sistemas - ou reduzindo o uso direto e indireto de energia - evitando
se adaptarem a mudanças climáticas em contextos em que os assim as emissões de gases de efeito estufa.15 Através do uso
riscos climáticos são comuns.12 Por exemplo, “foi demonstrado eficiente de recursos (tais como a água, a utilização de energia,
que uma maior biodiversidade no solo melhora a forma como etc.), a agroecologia também contribui para a construção da
as plantas cultivadas aproveitam a água, absorvem os nutrientes resiliência e o aumento da sua eficiência. Para além deste grande
e resistem a doenças”.13 Ao oferecer resiliência, a biodiversidade potencial de resiliência, mitigação e adaptação, a agroecologia
atua geralmente como “amortecedor contra a crise económica proporciona um ambiente de trabalho saudável e seguro para
e ambiental”.14 Assim, através da sua vertente ambiental, a agricultores e trabalhadores agrícolas, bem como um ambiente
agroecologia ajuda a criar sistemas autossuficientes, saudáveis saudável para as comunidades rurais, periurbanas e urbanas, ao
e sem poluição que oferecem uma gama de alimentos seguros mesmo tempo que lhes oferece alimentos saudáveis, nutritivos
acessíveis e diversificados, fornecem energia e respondem a e diversificados.
outras necessidades domésticas.

A versão online desta publicação também inclui exemplos (projetos, estudo de casos ou investigação) da vertente ambiental da
agroecologia:
•R
 esiliência, eventos climáticos extremos, e agroecologia: este exemplo refere vários estudos que analisaram o desempenho
agrícola após eventos climáticos extremos na América Central.
•T
 ransformar os solos e os meios de vida no Bangladesh rural:este exemplo mostra como a adoção de vermicompostagem
e compostagem no Bangladesh ajudou a aumentar a fertilidade do solo, a produtividade das colheitas e o rendimento das
famílias.
• Aumentar a resiliência através da cultura do arroz: este exemplo centra-se no cultivo de arroz sem usar produtos químicos
o que melhora o rendimento das culturas.
Visite-nos online para saber mais sobre o impacto que a agroecologia realmente tem!
OS PRINCÍPIOS DA AGROECOLOGIA 7
RUMO A SISTEMAS ALIMENTARES JUSTOS, RESILIENTES E SUSTENTÁVEIS

2. A VERTENTE CULTURAL E SOCIAL DA AGROECOLOGIA

2.1 A agroecologia está enraizada na cultura, identidade, tradição, inovação e conhecimento das comunidades locais.16
2.2 A agroecologia contribui para dietas saudáveis, diversificadas, sazonais e culturalmente adequadas.
A agroecologia necessita de muita experiência e conhecimentos e promove contactos horizontais
2.3 (agricultor a agricultor) para partilha de conhecimentos, competências e inovações, juntamente com alianças
que dão igual peso ao agricultor e ao investigador.
A agroecologia cria oportunidades e promove a solidariedade e a troca de ideias entre povos culturalmente diversos
2.4 (por exemplo, diferentes grupos étnicos que partilham os mesmos valores ainda que possuam práticas diversas)
e entre populações rurais e urbanas.
A agroecologia respeita a diversidade entre as pessoas em relação ao género, à raça, à orientação sexual e à religião,
2.5
cria oportunidades para os jovens e as mulheres e incentiva a liderança das mulheres e a igualdade de género.
A agroecologia não requer necessariamente de uma certificação externa dispendiosa pois depende, frequentemente,
2.6 de relações produtor-consumidor e de transações baseadas na confiança, promovendo alternativas à certificação,
como o Sistema Participativo de Garantia e Agricultura Apoiada pela Comunidade.
A agroecologia apoia as pessoas e as comunidades na manutenção das relações espirituais e materiais com a terra
2.7
e o ambiente.

O IMPACTO DESTA VERTENTE Ao aproximar os produtores e os consumidores em cadeias de


A agroecologia como surge a partir dos conhecimentos, valor mais baixas, mais locais e ao fortalecer o papel e a voz
competências e tradições dos agricultores e dos produtores de dos dois grupos, a agroecologia contribui para restabelecer a
alimentos, é a adequada para conseguir o direito destas pessoas justiça no sistema alimentar, afastando-a do poder corporativo.
à alimentação.17 A agroecologia permite o desenvolvimento Promove a confiança e solidariedade na relação produtor-
de tecnologias adaptadas às necessidades e às circunstâncias consumidor e fornece alimentos nutritivos, saudáveis e
de pequenos agricultores, camponeses, indígenas, criadores culturalmente apropriados a ambos os grupos. Apoia a
de gado, pescadores, pastores, comunidades de caçadores e diversidade alimentar local, ajudando assim a proteger as
coletores no seu próprio ambiente. identidades culturais locais. O marketing mais direto também
reduz a pegada de carbono e a poluição do sistema alimentar,
Na maioria dos países em desenvolvimento, a agricultura reduzindo o processamento, a embalagem e o transporte.
continua a ser a ocupação mais frequente e, por isso, o setor
oferece as melhores oportunidades para o desenvolvimento A agroecologia cria oportunidades para que as mulheres
inclusivo. Como tal, pode ajudar a inverter o êxodo rural e a aumentem a sua autonomia económica e, até certo ponto,
fragmentação familiar. Se as pessoas aprenderem e aplicarem influenciem as relações de poder, especialmente em casa, ao
práticas agroecológicas, desenvolverem e controlarem a cadeia mesmo tempo que aumenta a diversidade e o valor dos papéis
de valor até ao utilizador final, a vida rural e a produção de disponíveis para os homens. A agroecologia como movimento é
alimentos (em ambientes rurais ou urbanos) serão mais atraentes favorável aos direitos das mulheres por causa da sua inclusão, o
e valorizadas pela sociedade, contribuindo assim para economias facto de reconhecer e apoiar o papel das mulheres na agricultura
locais prósperas, para a coesão social e para a estabilidade. e porque incentiva a sua participação. Sendo essencialmente
uma luta pela justiça social e emancipação, o movimento
Ao colocar os produtores de alimentos no centro dos sistemas agroecológico deve sempre acompanhar o feminismo ativo.18
alimentares (trocas de práticas entre pares, promoção das Como o impacto da agroecologia nas relações de género não
competências dos produtores de alimentos, etc.), aumentando é automaticamente positivo, é necessário dar uma atenção
a autonomia e revitalizando as áreas rurais, a agroecologia especial às mulheres ao implementar a agroecologia nas suas
contribui para dar um novo valor às identidades camponesas e várias vertentes.
ao fortalecimento da confiança dos camponeses e envolvimento
no sistema alimentar local.

A versão online desta publicação também inclui exemplos (projetos, estudo de casos ou investigação) da vertente ambiental
da agroecologia:
• Acesso à terra e agroecologia; um contributo para empoderamento das mulheres na Índia: este exemplo mostra
como a agroecologia, tendo em consideração a perspetiva de género e criando um papel para as mulheres, pode contribuir
para o empoderamento.

Visite-nos online para saber mais sobre o impacto que a agroecologia realmente tem!
8

3. A VERTENTE ECONÓMICA DA AGROECOLOGIA

A agroecologia promove redes de distribuição curtas e justas, em vez de cadeias de distribuição lineares e constrói
3.1
uma rede transparente de relações (muitas vezes invisíveis na economia formal) entre produtores e consumidores.
A agroecologia ajuda a promover os meios de subsistência das famílias de camponeses e contribui para tornar os
3.2
mercados locais, as economias e o emprego mais robustos.
3.3 A agroecologia apresenta uma visão de uma economia social e solidária.19
A agroecologia promove a diversificação dos rendimentos na agricultura, dando aos agricultores uma maior
3.4 independência financeira, aumenta a resiliência ao multiplicar as fontes de produção e meios de subsistência,
promovendo a independência dos inputs externos e, através do seu sistema diversificado, reduz o fracasso das culturas.
A agroecologia aproveita o poder dos mercados locais, permitindo que os produtores de alimentos vendam
3.5
os produtos a preços justos e respondam ativamente à procura do mercado local.
A agroecologia reduz a dependência da ajuda e aumenta a autonomia da comunidade ao incentivar meios
3.6
de subsistência e de dignidade sustentáveis.

O IMPACTO DESTA VERTENTE e às receitas, a agroecologia é particularmente benéfica para as


Ao usar os recursos locais e fornecer alimentos aos mercados famílias com menos rendimentos e, por conseguinte, poderá
locais e regionais, a agroecologia tem o potencial de impulsionar dizer-se que está direcionada, por natureza, para as populações
as economias locais e contribuir para eliminar o impacto pobres. A agroecologia contribui ainda para as economias,
negativo do comércio internacional “livre” dos meios de fornecendo tecnologia adequada e oportunidades de emprego
subsistência dos produtores de alimentos em pequena escala. As relacionadas com alimentos em zonas rurais e periurbanas.
práticas agroecológicas são economicamente viáveis à medida Simultaneamente, poderá dar um meio de subsistência às
que estes métodos de produção reduzem o custo dos inputs pessoas nas cidades que tenham um pequeno terreno ou
externos e, por isso, permitem uma maior independência e acesso a terrenos públicos. Um dos objetivos da agroecologia é
autonomia financeira e técnica aos produtores de alimentos. Ao oferecer um trabalho digno e respeitador dos direitos humanos
diversificar a produção e a atividade camponesa, os produtores e garantir condições mínimas de rendimento aos produtores
de alimentos estão menos expostos aos riscos relacionados de alimentos. Ao diminuir a distância entre o produtor e o
com o mercado, como a volatilidade dos preços ou a perda consumidor, a agroecologia reduz os custos de armazenamento,
devido a eventos atmosféricos extremos, exacerbados pelas refrigeração e transporte, bem como das perdas e desperdícios
mudanças climáticas. Os pequenos agricultores, em particular, alimentares. A agroecologia considera as externalidades para
beneficiam da implementação da agroecologia, uma vez que a sociedade e ambiente, uma vez que minimiza os resíduos e
lhes permite um aumento sustentável das colheitas, uma reduz os efeitos na saúde e suporta externalidades positivas,
melhoria da segurança alimentar e nutricional, bem como um como a saúde ecológica, a resiliência e a regeneração.
aumento do rendimento. No que diz respeito à produtividade

A versão online desta publicação inclui ainda exemplos (projetos, estudos de caso ou investigação) da vertente económica
da agroecologia:
•B
 enefícios da agroecologia nas economias rurais: este exemplo apresenta as principais conclusões de um estudo na
Guatemala, realçando o impacto financeiro positivo da adoção da agroecologia.
•C
 omo uma instituição de microcrédito desenvolveu produtos financeiros para ter impacto ambiental em práticas
agrícolas: este exemplo ilustra a forma como uma instituição microcrédito desenvolveu um tipo de empréstimo com uma
taxa de juro variável consoante o impacto ambiental nas práticas adotadas pelos agricultores.

Visite-nos online para saber mais sobre o impacto que a agroecologia realmente tem!
OS PRINCÍPIOS DA AGROECOLOGIA 9
RUMO A SISTEMAS ALIMENTARES JUSTOS, RESILIENTES E SUSTENTÁVEIS

4. A VERTENTE POLÍTICA DA AGROECOLOGIA

A agroecologia dá prioridade às necessidades e interesses dos pequenos produtores de alimentos que fornecem a
4.1 maioria dos alimentos a nível mundial e deixa dar destaque aos interesses de sistemas industriais alimentares e agrícolas
de grande dimensão.
A agroecologia transfere o controlo das sementes, da biodiversidade, das terras e dos territórios, da água, do conheci-
4.2 mentos e dos bens comuns22 para as mãos das pessoas que fazem parte do sistema alimentar e, assim, consegue uma
gestão de recursos mais bem integrada.
A agroecologia pode mudar as relações de poder ao incentivar uma maior participação dos produtores e dos consumidores
4.3
de alimentos na tomada de decisão no âmbito dos sistemas alimentares e oferece novas estruturas de governança.
A agroecologia exige um conjunto de políticas públicas favoráveis e complementares, decisores políticos e instituições
4.4
solidárias e investimento público a fim de alcançar todo o seu potencial.
A agroecologia promove formas de organização social necessárias para uma governança descentralizada e gestão
adaptativa local de sistemas alimentares e agrícolas. Incentiva ainda a auto-organização e gestão coletiva de grupos e
4.5
redes a diferentes níveis, do local ao global (organizações de agricultores, consumidores, instituições de investigação,
instituições académicas, etc.).

O IMPACTO DESTA VERTENTE A vertente política da agroecologia dá uma expressão prática


Através da sua vertente política, a agroecologia transfere a fonte à soberania alimentar, colocando os pequenos produtores
de poder nos sistemas alimentares, que está concentrada nos de alimentos no centro dos processos e decisões políticas
interesses de um número cada vez menor de grandes entidades que os afetam. Procura enfrentar múltiplos desafios, desde
agrícolas industriais, para os produtores diretos, ou seja, a segurança do acesso aos recursos produtivos (terra, água,
pequenos produtores de alimentos que abastecem a maioria sementes) à segurança alimentar e nutricional através da
dos alimentos a nível mundial.23 Desafia e ajuda a resolver resiliência climática com soluções sustentáveis a longo
as injustiças causadas pelo domínio do poder empresarial prazo que promovem a diversificação agroecológica e a
no sistema alimentar existente. Quando a agroecologia soberania alimentar. Os movimentos de agroecologia, que são
está integrada numa abordagem de soberania alimentar, a normalmente compostos por produtores de alimentos de base
agroecologia representa uma transição democrática nos sistemas e liderados pelo consumidor, estão a promover a disseminação
alimentares que capacita os camponeses, criadores de gado, de agroecologia para outros agricultores e comunidades
pescadores, povos indígenas, consumidores e outros grupos a (“scaling up” ou “scaling out” horizontal).24
terem uma voz e a contribuírem para a definição de políticas,
do nível comunitário ao nível nacional e internacional. Permite A par do “scaling out”, a vertente política requer um ambiente
a estes grupos revindicarem e alcançarem o seu direito aos favorável de políticas públicas no qual as soluções agroecológicas
alimentos. podem ser multiplicadas (escalonamento vertical).

A versão online desta publicação inclui ainda exemplos (projetos, estudos de caso ou investigação) da vertente política da
agroecologia:
•O
 s benefícios duma transição para uma agroecologia nas Filipinas: este exemplo mostra como os produtores de
alimentos filipinos se organizaram para recuperar o controlo dos recursos e ao envolver todos os protagonistas e parcerias de
agricultores/cientistas superaram as relações de poder desiguais.
•C
 riação de plataformas agroecológicas nacionais a fim de implementar o diálogo político no Níger, Burkina Faso
e Mali:este exemplo mostra a forma como as diferentes partes interessadas se uniram para criar plataformas nacionais de
agroecologia e como seu trabalho começou a influenciar a política.

Visite-nos online para saber mais sobre o impacto que a agroecologia realmente tem!
10

CONCLUSÃO

Como foi referido na introdução, a crise social, ambiental e que as nossas sociedades enfrentam atualmente e desafiar
económica que enfrentamos exige uma mudança profunda na as estruturas de poder existentes. É por este motivo que a
forma como os nossos sistemas alimentares estão organizados. agroecologia, como movimento, é fundamental para nós.
As alterações climáticas tornam essa mudança um imperativo,
com um maior caráter de urgência. Isso exige abordar as quatro Estamos conscientes de que, em última análise, serão necessárias
vertentes da agroecologia em conjunto. A separação em várias muitas ações políticas complementares, um processo de
vertentes ajuda-nos a entender o potencial da agroecologia de transição e uma mudança de paradigma para que a agroecologia
forma mais clara, mas esta deve ser vista como um todo, como tenha resultados e os seus princípios sejam aplicados, todos
uma abordagem holística. Na verdade, muitos agricultores e juntos e de forma progressiva. Também estamos cientes de que
camponeses salientam o caráter holístico da agroecologia, os princípios listados acima podem evoluir, poderão necessitar
como forma de vida, algo que dá sentido à vida. Para eles, não de ser revistos, podem não estar perfeitamente descritos ou não
se trata apenas de proporcionar um meio de subsistência e um estarem 100% alinhados com a prática atual da agroecologia.
agroecossistema sustentável mas de viver em harmonia com a Mas vemos esta publicação como um primeiro passo num
natureza e com as outras pessoas. Do mesmo modo, o impacto processo mais amplo que, por fim, levará a uma atualização e a
da agroecologia não se deve limitar a uma única vertente. mais um exemplo a acrescentar da lista atual de princípios que
identificámos.
Infelizmente, a falta de clareza tem sido utilizada por alguns
para enfraquecer o conceito de agroecologia: “de repente, a Os próximos passos incluem elaborar um “guia prático da
agroecologia está na moda para todos, desde movimentos sociais agroecologia – aplicação dos princípios” que idealmente
de base até a FAO, governos, universidades e grandes empresas. serviria como uma base para iniciar um diálogo entre as
Contudo, nem todos têm a mesma ideia de agroecologia em nossas organizações (em estratégias e programas de advocacia
mente. Embora as instituições e grandes empresas tradicionais e consistência entre si), assim como dentro do movimento
tenham, durante anos, marginalizado e ridicularizado a agroecológico mais amplo. Assim, esta publicação deve ser vista
agroecologia, atualmente estão a tentar capturá-la. Querem como um documento de trabalho e um convite para encetar
retirar o que lhes é útil - a parte técnica - e utilizá-lo para afinar um diálogo sobre o que agroecologia significa e a sua prática.
a agricultura industrial, ao mesmo tempo que continuam a
usar o modelo de monocultura e ao domínio do capital e das
grandes empresas em estruturas de poder”.25.

Esta publicação é a nossa tentativa de esclarecer em que consiste


a agroecologia, como é e em mostrar que, quando analisada
como um todo, a agroecologia e os seus vários princípios A agroecologia é um conceito
podem ter efeitos positivos significativos em termos de direitos coerente para o desenvolvimento
humanos e de direito à alimentação. Simultaneamente, futuro de sistemas agrícolas uma vez
contribui para abordar as causas estruturais dos problemas que se encontra fortemente alicerçado
quer na ciência quer nas práticas,
evidenciando também uma forte
relação com os princípios do direito
a alimentação adequada.

Olivier De Schutter
OS PRINCÍPIOS DA AGROECOLOGIA 11
RUMO A SISTEMAS ALIMENTARES JUSTOS, RESILIENTES E SUSTENTÁVEIS

REFERÊNCIAS
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e verdades científicas. Embora essas categorias possam diferir entre
11
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saúde geral do agroecossistema e a capacidade do sistema de comunidades e as sociedades reconhecem como sendo acessíveis
responder às dificuldades durante longos períodos de tempo” a todos, e que são conservados e geridos coletivamente para uso
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https://agroecologyprinciple.atavist.com

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