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Resumo
Esse trabalho busca analisar o relatório de Olivier de Schutter sobre agroecologia apresentado
para a ONU no ano de 2014, extraindo suas principais recomendações e propostas para a ampliação e
difusão dos conceitos agroecológicos. Foi levado em consideração o atual contexto internacional de
hegemonia do modelo desenvolvimentista de produção, que deve ser questionado e eventualmente
substituído por um modelo que priorize a questão ambiental e de redistribuição de recursos,
conhecimento e acesso à uma alimentação saudável. Com base nesse contexto, o relatório é capaz de
mostrar o potencial da agroecologia como uma alternativa ao modelo dominante de produção,
satisfazendo as necessidades previamente mencionadas.
Palavras–chave: agroecologia, políticas públicas, alimentação.
Abstract
This paper seeks to analyze Olivier de Schutter’s report on agroecology presented to ONU in
the year 2014, extracting its main recommendations and proposals for the amplification and diffusion
of agroecological concepts. It was taken into consideration the current international context of
hegemony of the developmental mode of production, which must be questioned and eventually
replaced by a mode that prioritizes the environmental issue as well as the redistribution of resources,
knowledge and access to healthy nutrition. Based on this context, the report is able to showcase the
potential of agroecology as an alternative to the dominant mode of production, satisfying the needs
previously mentioned.
Keywords: agroecology, public policies, nutrition.
Introdução
A agroecologia é uma área da ciência que vem sendo explorada durante as últimas
décadas, é um tema bastante importante para ser retratado, visto que se estima uma crise
alimentar em algumas décadas uma vez que há uma previsão de superpopulação global
juntamente com uma crise climática catastrófica (Al Gore, 1992). Segundo Pimbert (2015), a
agroecologia, juntamente com o conceito de soberania alimentar, representa um paradigma
alternativo ao modelo convencional de desenvolvimento agrícola vigente. Pimbert também
define a agroecologia como a ideia de que os agroecossistemas devem imitar o funcionamento
e os níveis de biodiversidade de ecossistemas naturais.
De acordo com Reinach (2020) o termo "agroecologia" foi utilizado pela primeira vez
em 1928 pelo agrônomo russo Basil Bensin. Em 1930 ele voltou a usar o termo, em uma
publicação do Instituto Internacional para Agricultura de Roma (órgão precursor da FAO), na
qual defendia a necessidade de cooperação internacional em “investigação agroecológica”.
Reinach (2020) complementa ainda que Bensin definiu preliminarmente a agroecologia como
a aplicação da ecologia à agricultura, sugerindo que esta ciência descreveria o uso de métodos
ecológicos em pesquisas sobre cultivares agrícolas comerciais.
A Organização das Nações Unidas (ONU), participa de diálogos sobre meio ambiente
a quase um século. Porém, exerce um papel de observador, e apesar de algumas sanções não
possui poder político o suficiente para interferir em grandes negociações e ações mais agudas.
Dentro de suas organizações há a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a
Agricultura (FAO), que foi criada em 16 de outubro de 1945 como uma das agências das
Nações Unidas, com o objetivo manifesto de liderar os esforços internacionais de erradicação
da fome e da desnutrição. Atualmente a FAO é composta por 194 Estados-Membros, mais a
Comunidade Europeia, trabalhando em mais de 130 países em todo o mundo. A FAO
pretende-se um fórum neutro, onde todos os países reúnem-se em pé de igualdade para
negociar acordos, debater políticas e impulsionar iniciativas estratégicas. Seus objetivos
estratégicos são: ajudar a eliminar a fome, a insegurança alimentar e a má nutrição;
tornar a agricultura, a silvicultura e as pescas mais produtivas e sustentáveis; reduzir a
pobreza rural; promover sistemas agrícolas e alimentares inclusivos e eficientes; e aumentar a
resiliência dos meios de subsistência face a catástrofes (REINACH, 2020).
O professor Olivier de Shutter foi designado pela comissão das nações Unidas para os
Direitos Humanos como Relator Especial – cargo especial que possui as atribuições de
apresentar relatórios anuais sobre as atividades e estudos realizados com vistas à
implementação do mandato, ao Conselho de Direitos humanos e à Assembleia Geral. Além de
monitorar a situação do direito à alimentação em todo o mundo, identificando tendências
gerais relacionadas ao direito à alimentação; ainda deve realizar visitas a países para coletar
informações em primeira mão da situação relativa ao direito à alimentação em um país
específico. Deve também manter comunicação com os Estados e outras partes interessadas em
relação a supostos casos de violações do direito à alimentação e outras questões relacionadas
ao seu mandato. E, por fim, promover a plena realização do direito à alimentação através do
diálogo com os atores relevantes, participando de seminários, conferências e reuniões de
especialistas (OHCHR).
Por fim, o terceiro objetivo estabelece que a agricultura não deve comprometer as
necessidades futuras, ou seja, os cultivos de agora não podem degradar o meio ambiente de
forma que gere a perda da biodiversidade, a destruição de corpos d’agua, contaminação do
solo e qualquer outro meio que prejudique a agricultura futura.
A primeira diretriz que De Schutter aponta é a priorização dos bens públicos, tais
como serviços de extensão, instalações de armazenagem, infraestrutura rural (estradas,
eletricidade, tecnologias da informação e comunicação), acesso aos mercados regional e local,
acesso a crédito e seguro contra riscos relacionados a eventos climáticos, pesquisa e
desenvolvimento agrícola, educação e apoio às organizações e cooperativas de agricultores
(DE SCHUTTER, 2010). Em relação aos investimentos governamentais com agricultura, De
Schutter cita:
De Schutter conclui, com base nos dados, que é possível melhorar o desempenho
econômico dos setores agrícolas sem aumentar o valor total gasto, mas sim com uma
redistribuição dos recursos que prioriza serviços sociais e bens públicos em detrimento à
subsídios não sociais.
Conclusão
GORE, Al. (1992). Senator Al Gore on Stabilizing World Population. Population and
Development Review, 18(2), 379–383. Disponível em: https://doi.org/10.2307/1973698.
Acesso em: 27 nov. 2022.