Você está na página 1de 38

REBAIXAMENTO DO

LENÇOL FREÁTICO
1.0 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Lençol Freático: De toda a água que cai em uma chuva, uma parte infiltra no terreno
e o resto escoa pela superfície. A parte que corre pela superfície vai formar o
escoamento superficial e a parte que infiltra vai formar o lençol freático.
A água que infiltra não necessariamente fica parada dentro do terreno. Ela pode
escoar, fluir, formando uma rede de percolação até encontrar um barranco ou a beira
de um rio onde a água aflora (sai) na forma de mina.
2.0 - PRINCIPAIS OBJETIVOS DE UM REBAIXAMENTO:

- Interceptar a percolação e rebaixar o lençol freático;


- Melhorar as condições de estabilidade dos taludes;
- Evitar o levantamento do fundo da escavação ou liquefação do solo, sob
influência da percolação da água;
- Garantir que o solo no fundo das escavações, mantenha sua densidade e
características de compactação;
- Reduzir os empuxos de terra sobre paredes de escoramentos;
- Reduzir a umidade de solos em áreas de empréstimo, para garantir as
suas condições de compactação no aterro.
3.0 - EFEITOS DO REBAIXAMENTO DO LENÇOL FREÁTICO:

- A vegetação existente nas proximidades, em especial as árvores de porte,


ficarão sem água nas suas raízes, podendo vir a secar e morrer;

- O terreno em volta poderá sofrer um adensamento (afundamento), podendo


provocar crateras em subsolos, garagens, pavimentos, jardins, entre outros;

- Elementos estruturais apoiados diretamente no solo, como cimentados,


baldrames, sapatas rasas e outros como jardins, guarita, churrasqueira, etc.
poderão afundar devido ao ressecamento do terreno. Edificações de pequeno
porte apoiadas sobre fundações diretas rasas também poderão sofrer
recalques diferenciais com o surgimento de muitas trincas ou mesmo vindo a
desmoronar.

- Em regiões em que há desníveis do terreno como terrenos inclinados, em


aclive ou declive e particularmente em regiões baixas próximas a rios e
córregos, o rebaixamento pode assumir proporções catastróficas inclusive com
casas afundando para dentro do terreno.
3.0 - EFEITOS DO REBAIXAMENTO DO LENÇOL FREÁTICO

Situação A – Obra a
montante (na parte de
cima).

Situação B – Obra a
jusante (na parte de
baixo).

OBS.: Em qualquer um dos casos acima, o rebaixamento do lençol freático vai


afetar a estabilidade da casa
4.0 - TÉCNICAS DE REBAIXAMENTO:

A) Bombeamento direto superficial;


B) Sistema de poços filtrantes – ponteiras drenantes – ( wellpoints );
C) Bombas de profundidade – poços profundos.

Técnicas auxiliares para melhorar a eficiência do sistema


a) Sistema à vácuo;
b) Drenagem por eletrosmose.
A) BOMBEAMENTO DIRETO SUPERFICIAL:

Em casos de terrenos inclinados pode-se construir uma valeta para afastamento


das águas coletadas, dispensando o bombeamento.
De baixo custo e fácil construção, é bastante utilizado em obras de pequena
duração. Método empregado somente em obras pequenas e de pouca
importância. Recomendado para altura de rebaixamento até 5 metros.
A) BOMBEAMENTO DIRETO SUPERFICIAL:

Sistema de
bombeamento direto em
terreno inclinado com
coleta de água em
valeta.

Sistema de bombeamento direto –


Bombas lançado água em valetas.
A) BOMBEAMENTO DIRETO SUPERFICIAL:

Escavação de vala até o


impermeável e início do
esgotamento.

Remoção do maciço interno


mantendo-se o esgotamento da vala
profunda.
A) BOMBEAMENTO DIRETO SUPERFICIAL:
A) BOMBEAMENTO DIRETO SUPERFICIAL:

• DESVANTAGENS:

– Lentidão da drenagem, em solos de baixa permeabilidade, dos taludes laterais;


– Convivência com uma escavação, no ponto de captação, frequentemente
encharcada;
– Ocupação, as vezes, de espaços importantes da obra;
– A água de saída da bomba deve estar limpa, portanto, observar se não ocorre
carreamento de partículas do solo, para evitar recalques acentuados em
estruturas vizinhas (ruas, calçadas), podendo afetar as tubulações de água,
esgoto, gás, entre outros. Caso ocorra o carreamento utilizar filtros geotêxtil no
sistema de captação.
B) SISTEMA DE POÇOS FILTRANTES - PONTEIRAS DRENANTES
(WELLPOINTS):

Consiste na implantação de ponteiras filtrantes, com pequeno espaçamento entre


elas (1 metro à 2 metros) ao longo do perímetro da área a rebaixar, as quais são
ligadas a rede coletora (4”) através de mangueiras plásticas dotadas de um
registro. A cada bomba de sucção podem ser ligadas várias ponteiras.
B) SISTEMA DE POÇOS FILTRANTES - PONTEIRAS DRENANTES
(WELLPOINTS):

No Brasil, as ponteiras mais utilizadas têm entre 1 ½” e 1 ¼” de diâmetro e de


0,3 m a 1,0 m de comprimento feitas de tubos de aço galvanizado ou PVC
perfurados e envoltos por tela filtrante de nylon com malha de 6mm ou
geotêxtil.
Para a instalação das ponteiras é necessário a perfuração de poços com
diâmetro variando entre 10 e 15 cm e inserido nos poços, as ponteiras
conectadas a tubos que vão até acima da superfície. Com a ponteira
instalada no fundo do poço, é executada a vedação na parte superior do poço
(selo de argila), no nível do solo.
O segmento superior do furo deve ser vedado com a utilização de bentonita,
ou solo cimento.
Sua utilização é recomendada basicamente para solos arenosos e silto-
arenosos em rebaixamentos até 7 metros de profundidade, podendo ser
utilizado mais de um estágio para profundidades maiores, caso se faça
necessário.
B) Sistema de Ponteiras drenantes / well-points
B) Sistema de ponteiras drenantes / well-points
B) Sistema de ponteiras drenantes / well-points
B) Sistema de ponteiras drenantes / well-points
B) Sistema de ponteiras drenantes / well-points
C) Bombas de profundidade – poços profundos;
D) POÇOS FILTRANTES COM UTILIZAÇÃO DO SISTEMA À VÁCUO
D) POÇOS DE PROFUNDIDADE COM UTILIZAÇÃO DO SISTEMA À
VÁCUO
E) DRENAGEM POR ELETROSMOSE:

Alguns solos siltosos ou argilosos possuem granulometria muito fina, com


coeficientes de permeabilidade compreendido entre 10-5 e 10-7 cm/seg, não
permitem uma drenagem eficiente através de ponteiras filtrantes ou poços
profundos.

Para aumentar a eficiência de sistema, utiliza-se o método de drenagem por


eletrosmose, que consiste na aplicação de uma corrente elétrica contínua, criando
um gradiente adicional de natureza elétrica que acelera o movimento da água nos
vazios do solo.
E) DRENAGEM POR ELETROSMOSE:
Instalados em um solo saturado, dois eletrodos, após a passagem de uma corrente
elétrica contínua entre ambos, a água contida nos vazios percolará no sentido do
ânodo (pólo positivo) para o cátodo (pólo negativo), daí sendo a água coletada e
esgotada por meio de bomba.
5.0 - FATORES QUE INFLUENCIAM NA ESCOLHA DA TÉCNICA DE
REBAIXAMENTO:

- Permeabilidade do solo ( coeficiente de permeabilidade K );


- Profundidade da escavação;
- Posição natural do lençol freático;
- Duração do rebaixamento;
- Condições das obras e das fundações situadas próximas ao
rebaixamento;
- Importância da obra a ser executada.
A existência de tantos tubos coloridos em Berlim tem a ver com a abundância dos
lençóis freáticos da cidade. Onde há construção, é necessário bombear água do
subsolo (Fonte: Winninghof.net)
PERMEABILIDADE

DEFINIÇÃO:
Propriedade que o solo apresenta de permitir o escoamento da água
através dos seus vazios.

MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO (COEF. DE PERMEABILIDADE “K” ):


- Empíricos – Lei de Darcy Q= K I A » Q= K (h/L) A ;
- Laboratoriais ( permeâmetros );
- Ensaio de bombeamento (“ in situ “).
- Ensaio de tubo aberto;
Permeâmetro de nível constante
Permeâmetro de nível constante
Permeâmetro de nível variável
Ensaio de bombeamento em “situ”
Ensaio de tubo aberto
Ensaio de tubo aberto
VALORES APROXIMADOS DA PERMEABILIDADE DE UM SOLO
K ( cm/s )

Alta –10² a 10-1 - Pedregulho


Média – 10-1 a 10-3 - Areia
Baixa – 10-3 a 10-5 - Areias muitos finas, siltes, mistura de ambos
Muito baixa – 10-5 a 10-7 - Areias muitos finas, siltes, mistura de ambos
Baixíssima – 10-8 - Argilas

Você também pode gostar