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1.

Mecânica
A mecânica é a parte da física que estuda os movimentos e as forças.
A mecânica clássica, de Galileu e Newton, não é capaz de descrever todos os movimentos quando passamos para
escalas microscópicas (átomos, moléculas, eletrões,…) e para velocidades elevadas próximas da velocidade da luz.

1.1.1. Tempo, trajetória e posição. Movimentos retilíneos e gráficos posição-tempo


A parte da mecânica que estuda os movimentos, sem a ação das forças, chama-se cinemática.
Para estudar o movimento de um corpo ou partícula vamos considerar o seu centro de massa e a sua posição num
certo instante em relação a um referencial (corpo com o qual vamos comparar o movimento).
A trajetória é uma linha que une as posições sucessivas do centro de massa de um corpo ao longo do tempo.
Existem movimentos retilíneos e curvilíneos (circulares e/ou parabólicos).
Para além da posição, devemos saber o instante (t ) que o corpo ocupa uma posição.
A posição de um corpo é definida num referencial cartesiano, podendo ser dada por:
3 coordenadas ( x , y , z) 2 coordenadas ( x , y ) 1 coordenada ( x , y ou z )

Os gráficos posição-tempo nada dizem sobre a trajetória da partícula, apenas a sua posição ao longo do tempo em
relação ao referencial escolhido.
Ex.: Pontos A B C D E F
t /s 0 2 4 6 8 10
x /m 1 4 2 -1 -3 3

x (t ) é constante A partícula não se move: repouso


A partícula move-se no sentido positivo da
x (t ) é crescente
trajetória

A partícula move-se no sentido negativo da


x (t ) é decrescente
trajetória

x (t ) tem valor nulo num


A partícula passa na origem do referencial
dado instante

x (t ) tem valor máximo num A partícula inverte o sentido, passa do positivo


dado instante para o negativo

x (t ) tem valor mínimo num A partícula inverte o sentido, passa do negativo


dado instante para o positivo

1.1.2. Distância percorrida e deslocamento. Velocidade média


A distância percorrida por um corpo corresponde ao comprimento da trajetória ao longo do seu movimento.
Representa-se por s, sendo uma grandeza escalar e nunca tem valor negativo.
Ex.:
C O A B
∆ r⃗
−20 0 30 50 x (m)

Ao longo do movimento O → B →C , é percorrido 120 metros com alteração do sentido. Esta alteração não
influencia o valor de s mas influencia o seu deslocamento.
s=50+50+20=120 m
∆ x=x f −x i=−20−0=−20 m
componente escalar do deslocamento (movimentos retilíneos)

O vetor posição ∆ r⃗ inicia-se na origem do movimento (posição inicial), acaba onde o corpo para (posição final) e é
quase sempre uma reta. A unidade SI para r m e v m é m/s .
s ∆ r⃗
Rapidez média: r m = Velocidade média: ⃗v m=
∆t ∆t
∆x
Componente escalar da velocidade média: v m=
∆t
1.1.3. Velocidade e gráficos posição-tempo
A velocidade ( ⃗v ) é uma grandeza vetorial que indica a rapidez com que um corpo se move num certo instante, a sua
direção e sentido. O sentido será o do movimento e a direção é tangente à trajetória no ponto considerado.
|⃗v| constante, movimento uniforme (a=0 m/s 2)
|⃗v| crescente, movimento acelerado (a> 0 m/s 2)
|⃗v| decrescente, movimento retardado (a< 0 m/s 2) ⃗v ⃗v ⃗v
Componente escalar da velocidade num eixo
v x >0, movimento faz-se no sentido positivo
x
v x <0, movimento faz-se no sentido negativo v x >0 v x <0 v x <0

Quando o movimento é retilíneo e uniforme, a velocidade é constante é igual à velocidade média ( ⃗v =⃗v m ) e a
componente escalar da velocidade pode ser obtida a partir do declive da reta.

No intervalo de tempo [ 1 ,3 ] s obtemos:


∆ x 10−6
v m= = =2 m/s
∆ t 3−1
No intervalo de tempo [ 3 , 4 ] s obtemos:
∆ x 12−10
v m= = =2 m/ s
∆t 4−3

Se o movimento retilíneo não é uniforme, a componente escalar da velocidade é obtida a partir da reta tangente
num instante considerado.

⃗v x
⃗v

⃗v ⃗v

⃗v ⃗v

No instante t A, v y > 0 m/s , o corpo desloca-se no sentido positivo.


No instante t B, v y =0 m/s , o corpo inverte o sentido do movimento.
No instante t C, v y < 0 m/s , o corpo desloca-se no sentido contrário do referencial.
Até o instante t B, a velocidade aumenta, pois, o declive da reta tangente aumenta, tendo o corpo um movimento
acelerado.
A partir do instante t B, a velocidade diminui, pois, o declive da reta tangente diminui, tendo o corpo um movimento
retardado.

Declive positivo Declive negativo


v x >0 m/s : movimento no sentido positivo v x >0 m/s : movimento no sentido negativo
Declive nulo

v x =0 m/ s num instante que é máximo v x =0 m/ s num instante que não é um


v x =0 m/ s num intervalo de da função: o movimento passa de máximo ou mínimo da função:
tempo: repouso acelerado para retardado com inversão movimento passa de retardado para
de sentido acelerado sem inversão de sentido.

1.1.4. Gráficos velocidade-tempo


Os gráficos velocidade-tempo ( v x (t)) traduzem como varia a componente escalar da velocidade ao longo do tempo.
Quando:
v x ( t ) >0, movimento no sentido positivo e deslocamento positivo (∆ x >0 m )
v x ( t ) <0, movimento no sentido negativo e deslocamento negativo ((∆ x <0 m )
v x ( t )=0, não há movimento, o corpo está em repouso ou existe inversão sentido e o deslocamento é nulo (
∆ x=0 m)
Para calcular o deslocamento, a partir do gráfico, basta calcular a área do gráfico para o movimento pretendido.
Se o sentido for positivo, a velocidade é positiva e atribui-se sinal positivo à área do gráfico por cima do eixo
horizontal (deslocamento positivo).
Se o sentido for negativo, a velocidade é negativa e atribui-se sinal negativo à área do gráfico por baixo do eixo
horizontal (deslocamento negativo).
∆ x=∆ x 1+ ∆ x 2+ … Se não houver inversão de sentido: s=∆ x
Para o cálculo da distância percorrida, o raciocínio é semelhante, devemos somar os módulos das áreas do gráfico
para o intervalo de tempo considerado.
s=|∆ x sentido positivo|+|∆ x sentido negativo|

∆ x sentido positivo

∆ x sentido negativo
1.1.5. Aceleração média, aceleração e gráficos velocidade-tempo
A aceleração média (a⃗ m) indica como varia a velocidade de um corpo num certo intervalo de tempo.

∆ ⃗v ⃗v f −⃗v i a⃗ m e ∆ ⃗v têm direção e sentidos iguais.


a⃗ m= = A unidade no SI é o m/s 2
∆t ∆t
∆ v v f −v i
Considerando o movimento retilíneo, temos a componente escalar da aceleração média: a m= =
∆t ∆t
a m >0 m/s , o vetor a⃗ m aponta para o sentido positivo.
2

a m <0 m/s , o vetor a⃗ m aponta para o sentido negativo.


2

2
Se a m=10 m/s , significa que a velocidade, em média, aumenta 10 metros por segundo em cada segundo do
movimento.
Ex.: Determina a aceleração média de um veículo, em repouso, que atinge 100 km/h em 4,9 segundos.
100
v i=0 m/s v f =100 km/h= =27 , 8 m/s
3,6
∆ v v f −v i 27 ,8−0 2
a m= = = =5 , 7 m/s
∆t ∆t 4 ,9
Em cada segundo, a velocidade aumenta 5 , 7 m/s .

Movimento retilíneo acelerado


a m >0 e v x >0, quando o movimento faz-se no sentido a m <0 e v x <0, quando o movimento faz-se no sentido
positivo do referencial (a⃗ m e ∆ ⃗v têm a mesma negativo do referencial (a⃗ m e ∆ ⃗v têm a mesma direção)
direção)

v x =3 , 6 km/h=1 , 0 m/s
f
v x =−3 , 6 km/h=−1, 0 m/ s
f

v x =1 ,8 km/h=0 , 5 m/s
i
v x =−1 , 8 hm/h=−0 , 5 m/s
i

v x f −v x i 1 , 0−0 ,5 v x f −v x i −1 , 0−(−0 ,5)


a m= = =0 ,1 m/s a m= = =−0 , 1 m/s
∆t 5 ∆t 5

Movimento retilíneo retardado


a m <0 e v x >0, quando o movimento faz-se no sentido a m >0 e v x <0, quando o movimento faz-se no sentido
positivo do referencial (a⃗ m e ∆ ⃗v têm a mesma direção negativo do referencial (a⃗ m e ∆ ⃗v têm a mesma direção e
e sentidos opostos) sentidos oposto)

v x =1 , 8 km/h=0 , 5 m/s
f
v x =−1 , 8 km/h=−0 ,5 m/s
f

v x =3 , 6 km/h=1 , 0 m/s
i
v x =−3 , 6 km/h=−1, 0 m/s
i

v x f −v x i 0 ,5−1 ,0 v x f −v x i −0 ,5−(−1 , 0)
a m= = =−0 ,1 m/ s a m= = =0 , 1m/ s
∆t 5 ∆t 5

Num movimento curvilíneo é necessário analisar a velocidade em cada ponto considerado (a respetiva reta
tangente).
Quando o intervalo de tempo é extremamente reduzido, utilizamos a aceleração instantânea (a⃗ ).
Ex.:


v1≠ ⃗
v2 ≠ ⃗
v 3 pois a sua direção varia, razão pela qual consideramos existir
aceleração

Movimento uniformemente variado pode ser:


Acelerado, se o módulo da velocidade aumentar (a> 0 m/s 2)

Retardado, se o módulo da velocidade diminuir (a< 0 m/s 2)

Movimento acelerado no sentido positivo

O declive das retas tangentes é positivo e aumenta: a x > 0, mas ax não é


constante.
O módulo da velocidade aumenta.
v x >0: sentido positivo.
Movimento retardado no sentido positivo

O declive das retas tangentes é negativo e aumenta em valor absoluto: ax < 0,


mas a x não é constante.
O módulo da velocidade diminui.
v x >0: sentido positivo.

A queda livre corresponde ao movimento de um corpo (descida ou subida) sujeito apenas à força gravítica (grave).
Uma aceleração é constante, o movimento pode ser uniformemente acelerado, se o corpo descer, ou retardado de o
corpo subir.
A componente escalar da aceleração pode ser obtida a partir do declive da reta tangente do gráfico velocidade-
tempo para o instante considerado.
1.2.1. As quatro interações fundamentais da Natureza
A dinâmica é a partir da mecânica que estuda a relação entre as forças que atuam num corpo e as características do
seu movimento.
A força é uma interação exercida com contacto entre corpos ou à distância.
As quatro interações fundamentais da Natureza:
Forças gravíticas que se exercem à distância, o seu alcance é infinito e são forças atrativas que explicam a queda de
corpos ou órbitas de planetas e satélites
Forças eletromagnéticas que podem se exercer entre ímanes que atuam à distância sendo de atração entre polos
diferente e de repulsão entre corpos iguais ou entre cargas elétricas sendo de atração entre cargas de sinal contrário
ou de repulsão entre cargas elétricas com o mesmo sinal
Força nuclear forte, entre partículas nucleares mantendo protões e neutrões unidos, sobrepõem-se às repulsões
entre protões, têm alcance reduzido e são as forças mais intensas
Força nuclear fraca, responsável por processos radioativos, têm alcance reduzido e é menos intensa que as forças
nucleares fortes

1.2.2. Interação gravítica e Lei da Gravitação Universal


As intensidades das forças gravíticas ou gravitacionais entre 2 corpos em interação depende das suas massas e da
distância entre os seus centros de massa.
m1 m2
Lei da Gravitação Universal: F g=G 2
r
Constante de gravidade universal: G=6 ,67∗10−11 N m2 K g−2
Quando um corpo está à superfície da Terra, ⃗
F g= ⃗
P.
A força gravítica é tanto maior quanto maior for a massa dos corpos e menor o raio entre os seus centros de massa.
A Lei da Gravitação Universal não é capaz de explicar o comportamento de buracos negros, estrelas de neutrões e
fenómenos relacionados com a fase do Big Bang. Estes são explicados pela Teoria da Relatividade Geral de Einstein.

1.2.3. Pares ação-reação e Terceira Lei de Newton


Afirma que as forças nunca atuam sozinhas, atuam aos pares sendo uma força a consequência da ação da outra força
e podem ser por contacto ou à distância.
Se um corpo exerce uma força sobre outro, este exerce sobre o primeiro uma força de igual intensidade (mesmo em
corpos com diferentes massas), igual direção, mas de sentido oposto. O conjunto das duas forças designa-se por par
ação-reação.
Ex.: Colisão entre um carro e uma parede
As forças ⃗
F P /C e ⃗
F C/ P resultam da mesma interação, têm a

N ⃗
F P /C mesma direção, sentidos opostos, a mesma intensidade e

F C/ P são aplicadas em diferentes corpos, logo são um par ação-
reação.
Estas forças não se anulam porque atuam em corpos

P diferentes, este efeito não é igual em ambos os corpos, pois
estes têm diferentes propriedades como a massa e a
velocidade

Suporte

T Suporte / Fio ⃗
T Fio/ Suporte


T Bloco/ Fio ⃗
T Fio/ Bloco


PBloco /Terra ⃗
PTerra / Bloco

1.2.4. Primeira Lei de Newton

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