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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS


DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
CURSO DE HISTÓRIA LICENCIATURA

Disciplina : História Antiga B


Profa. A Dra. Semíramis Corsi Silva
Nome : Giovana Durgante , Felipe Bernardoni e Vitória Jaques
Título: Análise das Bacantes de Eurípedes

1. CARACTERIZAÇÃO DA FONTE

O texto que iremos analisar se nomeia As Bacantes , de escritor de Eurípedes, vemos


que se trata de peça de teatro do gênero tragédia , são utilizados estilos de linguagens do tipo
popular , já que essa peça era direcionada para todos os públicos, sem distinção de classes ,
temos vemos o uso da retórica pois é organizada para se entender melhor na apresentação ,
uso sacro pois a religião era muito ligada aos costumes daquelas pessoas , elas baseiam seus
crédulos por meios dela , uso de metáforas em palavras também pode se notar .

Os recursos de linguagens que o autor usa para valorizar o texto de modo que
comunique seu conteúdo , com uma forma mais expressiva , esse recursos são repetições ,
metáforas e rimas . A datação provável da obra é do ano de 405 a.c , mas claro que é difícil
termos uma data com precisão , o autor utiliza a tradição oral e o recolhimento de
informações para fazer a obra , que foi escrita em Atenas , cidade que o poeta viveu sua maior
parte da vida .

2. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA
Enquanto ao período em que se passa a obra não podemos afirmar ao certo, uma vez
que essa “atemporalidade” desses mitos é elemento crucial dentro das tragédias, assim como
explica Finley em seu livro "Usos e abusos da História”.
Contudo os estudiosos da área entendem as obras de Eurípedes como tendo
características da vida intelectual, artística e religiosa do final do século quinto antes da era
comum. (SEGAL, 1997). O século V é provavelmente o mais emblemático da Idade Antiga,
sendo o auge da pólis e também marcado por grandes intelectuais e dramaturgos.
Eurípides viveu e escreveu em meio a guerra do peloponeso, suas obras eram
fortemente políticas no geral, não fugia à regra, uma vez que a tragédia era forma de
afirmação do poder daqueles que governavam.

3. ANÁLISE ESTRUTURAL

Eurípedes ou Eurípides, foi um Poeta do Século V, nascido em Salamina no ano 484 a.C. e
vindo a falecer na Macedônia em 406 a.C., provavelmente vindo de uma família de classe
média, viveu a maior parte da sua vida em Atenas, onde ganhou seu prestígio nas peças de
teatro, vindo a escrever cerca de 95 peças, das quais somente dezenove chegaram a nós,
dezoito tragédias e um drama satírico, Ciclopes.

Eurípedes foi considerado um dos maiores poetas do seu tempo, ao lado de outros
dois dramaturgos, Sófocles e Ésquilo, venceu cinco vezes o festival de Teatro Ateniense,
sendo lhe concedido o último título após sua morte, podemos entender ele como um poeta que
visava em suas obras passar lições de morais a polis e criticar certas condutas, costumes ou
desvirtuações das coisas certas, sendo considerado por muitos um grande criticador dos auges
das polens, essas que outrora foram o solo fértil das suas obras, se viram transformadas em
ricas, poderosas, e influentes cidades por conta do seu comércio e expansionismo, sendo
assim consideradas mais “hipócritas” e sensíveis a críticas.

Ao analisarmos a peça, As Bacantes, podemos ver que sua trama central gira em
torno de Dioniso que quer vingar a morte da mãe, que desrespeitada, foi considerada
mentirosa e envolvida em um caso extraconjugal, tendo seu ápice na morte do Rei Mitológico
Penteu pelas mãos de sua mãe Agave, este que desrespeitou a Baco e tentou proibir seu culto
na cidade de Tebas. O que Eurípides tenta passar no seu poema é a questão do sacrilégio, a
ofensa religiosa, deixando claramente seu posicionamento, que segundo ao seu ver é a pior de
todas coisas, somente os homens imprudentes e não sábios cometem, sendo algo tão fácil de
evitar e crer custa tão pouco, como ele mesmo confirma nos versos de seu poema (P.54), “ Ser
prudente e venerar os Deuses, é o mais belo e creio o mais sábio bem que os mortais podem
ter.”, com linguagem simples e acessível essa peça de teatro tem um amplo público alvo, já
que era encenada em lugares e teatros para todos nas festa ao Deus Dioniso, no intuito de
passar lições e ensinamentos morais.

4. ELABORAÇÃO DO CONHECIMENTO
Podemos entender neste texto, as questões de entrelaçamento entre religião, política, e cultura,
como evidenciado no poemas pelos personagens de Penteu e Tirésias, podemos evidenciar as
questões de relações de poder e economia, quando percebemos a personagem do rei e de seus
súditos, como a relação de trabalho escravista vista pelo segundo mensageiro, como a cultura
escrava da antiguidade sobre o bom escravo, evidenciada na repreensão do servo mensageiro
as bacantes ( coro ) quando estas comemoraram a morte do rei mitológico penteu por ter
zombado de Dioniso, o deus do vinho, vemos então a trama central do poema, o vingamento
de Baco sobre a morte de sua mãe e as questoẽs do sacrilégio religioso, podemos entender
esses temas pelos olhares da cultura grega, a questão do respeito e do culto aos deuses é algo
imprescindível a todos moradores da polis, visto como sinal de sabedoria, respeito e índole,
além de uma questão cultural, temos também o pensamento de organização das polens, já que
um bom cidadão é respeitável e tem suas morais.
Como tema de estudo podemos falar sobre as relações de gênero, já que Baco aparece na
forma de um jovem androgino e os personagens do inicio que se travestem se de mênades
para homenageá lo, visto que para os gregos o feminino era proscrito, então essa “brecha”
social religiosa pode ser estudada e compreendida mais a fundo.

Referências
FINLEY, Moses. Mito, memória e História. In: ______. Uso e abuso da história. São Paulo: Martins
Fontes, 1989
EURÍPIDES. As Bacantes. Tradução de Rafael Brunhara
SEGAL, C. Dionysiac poetics and Euripides' Bacchae. Princeton: Princeton University Press, (1997).

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