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Ela não podia fazer nada, estava totalmente impotente e indefesa...

Enquanto via seu único filho morrer em sua frente, ela abria a boca em um grito
rasgado de dor e agonia, as lágrimas queimavam em seu rosto, as sobrancelhas franzidas, todo
seu corpo falava a dor de perder um pedaço de si a torturava como ferro em brasas
empalando seu estômago. Ela pôs a mão no peito tentando buscar forças e equilíbrio. Seus
sentidos se foram, apenas um zumbido ecoava em seus ouvidos enquanto seu filho falecido se
estendia no chão frio da arena de batalha. Faenyr nunca pensou nas consequências que a
imortalidade lhe causaria. Sua aparência jovial e bela escondia muitas dores e perdas, mas com
toda certeza, essa foi a pior delas, quase não conseguia respirar e não tinha forças para mais
nada além de cair de joelhos no hão e se arrastar para o lado de Argon.
-- Minha rainha eu não acho que...
--Deixe-a, falou Hambraim
Entre um grito e outro ela lembrava cada memória de seu amado filho; O dia de seu
parto, a sensação de vê-lo pela primeira vez todo ensanguentado e com restos de saco
aminiótico ainda, o primeiro dentinho, os preciosos primeiros passos, a primeira vez que havia
lhe chamado de mamãe, o primeiro aniversário, quando começou a correr, quando brincava
com seus brinquedos de palha e depois quando ascenderam ao trono que ela conseguiu lhe
dar o melhor brinquedo que havia nas redondezas do reino, a primeira vez que havia pegado
em uma espada, quando lhe contara sobre as aventuras da pré-adolescência e até mesmo o
primeiro romance, todos os momentos que ficariam para sempre guardados no coração
despedaçado de uma mãe enlutada por seu único herdeiro...
Com a cabeça de Argon ainda em seu colo, ela lhe deu um último beijo na testa suada
e ensangüentada e se despediu, com tanta dor que não conseguia pensar direito, seu corpo
todo tremia e seu fino vestido lilás claro estava ensopado do sangue do filho, até mesmo as
mechas de seu cabelo loiríssimo. Em um surto de raiva, Faenyr agarrou a espada de Argon e
bufando, quase como espumando pela boca, seus olhos verdes tomaram um tom quase
musgoso de raiva, ela se pôs de pé e seu objetivo era apenas um, vingar seu filho e matar
aquele inimigo em comum. Aquele ao qual todos tremiam e arqueavam apenas em pronunciar
o nome Baha’lnir. Ela ergueu o rosto para encarar a figura dracônica e espinhosa que aparecia
em meio cinzas e á fumaça, mas ele havia sumido. Mas para onde? Ela não queria saber de
medo, não mais, não iria se esconder. Se concentrou e aguçou sua audição o quanto pode e
pôde ouvir os passos a cercando, ergueu a espada em um movimento meticulosamente
armado e com toda a sua força acertou perto de um dos olhos da fera, a fazendo soltar um
rugido terrível e ensurdecedor. Seus instintos lhe conduziam e ela não conseguia enxergar
nada mais do que ele, apenas ele e cada movimento seu. Faenyr não iria descansar até que seu
inimigo estivesse morto.
Ele deu mais uma investida violenta, fazendo-lhe uma ferida grande nas costelas com
as unhas bestiais e ela berrou de dor

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