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Eu estudei línguas e gostei muito daquilo que estudei e depois, era o mais fácil, era... era ensinar
aquilo que eu tinha estudado.
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Bem, eu sou controladora de tráfego aéreo. Não propriamente escolhi esta profissão, foi uma
coincidência. No final do meu... da minha faculdade, estava a fazer estágio e uma colega minha...
a ver anúncios de jornais, disse para a gente concorrer. Eu nem sabia muito bem o que é que era,
não fazia nenhuma ideia do que era ser controladora de tráfego aéreo. Respondi ao anúncio, fui
selecionada, ainda estive um ano à espera, o que foi ótimo, porque consegui acabar a faculdade.
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Sou engenheiro informático. Hoje em dia, coordeno uma equipa de desenvolvimento que dá
suporte a um negócio de seguros, de uma companhia de seguros. Escolhi esta profissão quando
estava no secundário e fiz um curso de informática, na altura fiquei fascinado por este mundo e
segui por esta área e...
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E... o que eu mais gosto na minha profissão é o contacto com os alunos. Eu trabalho
principalmente com adultos e essa parte humana é realmente o que eu mais gosto. E também é
muito bom conseguir ver algum progresso e ver que conseguimos ensinar alguma coisa aos outros.
Essa é a parte melhor. A parte negativa é... bom, é uma profissão que nunca é muito bem
remunerada e também, as vezes, muito, muito trabalho em casa. É preciso trabalhar muito em
casa. Mas, por outro lado, também temos férias longas. Portanto, realmente, não me posso queixar.
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Tem aspetos positivos e negativos, como todos, principalmente há muito stresse em períodos do
dia. Outros que eu não gosto muito é trabalhar por turnos, porque nos torna um bocadinho
antissociais, ou seja, quando estamos a trabalhar, os outros não estão; quando queremos combinar
qualquer coisa ou programar a nossa vida em função dos outros, não podemos, porque nunca
temos planeamento anual da nossa... do nosso trabalho. E, portanto, em termos mais negativos
também, é um trabalho um pouco rotineiro, tem poucas variações, além do stresse... dos picos de
stresse do dia a dia, torna-se um pouco rotineiro.
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Hoje em dia, posso dizer que talvez não esteja tão satisfeito como já estive, porque hoje em dia
tenho funções mais de gestão do que... do que práticas, digamos assim, o que tira um bocadinho o
prazer que nós temos nesta profissão, que é fazer programas e descobrir problemas. Hoje estou
ligado mais à parte burocrática, que é liderar pessoas, acompanhar a evolução dos trabalhos e tira
um bocadinho de prazer à coisa informática, digamos assim.
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Sou engenheiro, comecei a trabalhar muito cedo, mal acabei o curso, comecei logo a trabalhar.
Comecei a trabalhar por conta de outrem, primeiro numa Câmara, depois trabalhei sempre em
multinacionais e mais tarde eu optei definitivamente pela área comercial e montei a minha própria
empresa.
Eu sempre - até 97 - sempre trabalhei por conta de outrem e era uma situação gratificante, porque
de facto éramos bem pagos, tínhamos uma série de regalias e tínhamos aquilo que nós
vulgarmente chamamos de segurança. Sabíamos que chegávamos ao fim do mês e que o ordenado
era firme, que não nos despediam, que se tivéssemos um acidente que o carro era reparado pela
empresa, havia uma série de situações aparentemente confortáveis na... na nossa vida, portanto,
trabalhando por conta de outrem. Mas isso é agradável até um certo ponto e as pessoas vão
querendo mais e mais e mais. E chegamos a uma altura em que aquilo já não nos satisfazia, porque
era muito rotineiro, era limitado, portanto, acabávamos por ter, digamos que um chefe ou um
patrão que muitas vezes nós pensávamos que não nos reconhecia o valor nem a capacidade. E
chegou a altura de nós dizermos assim: ou continuamos e definitivamente não partimos para É
outra ou então é a altura certa, vamos arrancar, vamos montar uma empresa, vamos aceitar o
desafio, vamos em frente.
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Ora bom, isso em teoria é muito agradável, é de facto aliciante, mas o trabalhar por conta própria,
o ter uma empresa é uma situação que, ainda por cima em fases de contração da economia, é uma
situação de alto risco. E, de facto, eu estou satisfeito, eu reconheço que o esforço que eu faço é
recompensado, não só pelo prazer de conseguir, como também pela parte financeira, pela parte
económica.
Mas é uma situação que tem... muitos escolhos, nomeadamente as dificuldades de abarcar todo o
conjunto de atividades de uma empresa. Enquanto nós estamos numa área a trabalhar por conta de
outrem, estamos numa área ou de engenharia ou de... ou financeira, aqui nós temos a empresa
global e temos que ver não só aquela... aquela área de que gostamos, como o resto das áreas, a
parte financeira, a parte administrativa, a parte de pessoal, que muitas vezes são situações que...
nós desconhecíamos, porque não tínhamos passado por ela. E essa parte traz algumas dificuldades
e traz algumas situações que muitas vezes... nos desesperam, porque são situações que nós temos
que resolver e, ou por falta de vocação ou por falta de conhecimentos, temos alguma dificuldade.
Mas, quando conseguimos, é um prazer.
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Tanto gostei de trabalhar, que gostava muito de crianças, principalmente as crianças do primeiro
ano, que me deixaram marcada. São as crianças mais sãs, mais verdadeiras, elas não conseguem
dizer uma mentira. Tudo aquilo que lhe vai na alma, dizem à sua professora. Tanto que eu, quando
me reformei, tive um esgotamento terrível, porque me faziam falta as crianças. E eu gostava muito
mais do trabalho da escola do que do trabalho de casa. Senti, portanto, a falta da escola, mas agora
habituei-me. Já estou habituada, porque os meus netos dão-me muita alegria e, quando estou com
eles, eu parece que... me imagino... a professora que estava com os outros alunos, que eram meus
também. E eu ficava realmente presa àquelas crianças.
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Eu e o meu marido vamos à piscina duas vezes por semana. Eu já estou quase a recuperar a
natação de bruços e estou a fazer realmente alguma coisa que eu nunca sonhei capaz de fazer, que
era nadar de costas, boiar. Isso, para mim, era impensável. Além disso, frequentamos a
Universidade da Terceira Idade, onde eu, por exemplo, tenho judo, história do cinema, literatura
e... temas atuais, creio que é assim que se chama. Além disso, leio muito, gosto muito de ler.
Ouvimos música todos os dias de... ao almoço, tomamos o pequeno-almoço num quartinho
soalheiro e ouvimos música. À noite, passamos uns serões muito agradáveis, sentados num sofá,
quentinhos, a ver um DVD... variadíssimos.

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