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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

Dêner Caetano do Nascimento Júnior 211221791


Natalia Garofalo 201224208

ECONOMIA POLÍTICA MODERNA


Prof. Albério Neves Filho

FICHAMENTO DA UNIDADE III

Franca
2021
Capitalismo, Socialismo e Democracia
Schumpeter trata no capítulo 11 de sua obra o complemento-cultural da economia
capitalista, de forma a retratar a sua superestrutura sócio psicológica e a mentalidade
característica da sociedade, em especial a burguesa. (§ 1)
O pensamento, o comportamento racional e a civilização racionalista implicam em um
movimento de expansão de um setor da vida social, no qual os indivíduos buscam enfrentar
situações procurando tirar proveito delas, de fazer acordo com as regras de coerência (lógica)
e de agir de acordo com presunções que sejam no mínimo em número e que cada uma delas
possa ser expressada em termos de experiência potencial. (§ 3)
Segundo o autor, o conceito de civilização racionalista sugere que no momento em que
o hábito de análise e comportamento racional nos fatos da vida diária tornam-se tradicionais,
vira-se o processo contra a massa de ideias coletivas, de forma a racionalizá-las. Além disso, a
atitude racional impregnou-se na mente humana devido a necessidade econômica. De forma
que devido a vida econômica diária deve-se o treinamento elementar no pensamento e no
comportamento racional. (§ 4-5)
O homem pré-capitalista não foi menos afinco do que o homem capitalista. Segundo
Schumpeter, o capitalismo acrescentou um nome gume nas relações humanas. De forma que
exalta a unidade monetária, convertendo a unidade do dinheiro em instrumento de cálculos
racionais de custo e de lucro. Além de que tal cálculo reage sobre o racionalismo e dá um
impulso à lógica do regime de livre iniciativa. (§ 6-7)
O espírito do individualismo racionalista é o espírito criado pelo capitalismo em
evolução. Já que para o autor, o novo capitalismo produziu não apenas a atitude mental da
ciência moderna, mas também os homens e os meios. Somente após de ter a criação da
empresa capitalista foi que a habilidade fora do comum e a ambição começaram a escolher o
mundo dos negócios como um terceiro campo de atividade. (§ 8-9)
O capitalismo foi a força propulsora da racionalização do comportamento humano. Já
que todos os aspectos e êxitos da civilização moderna são, direta ou indiretamente, produto do
processo capitalista. Além disso, as democracias que surgiram à parte das comunidade
camponesas evoluíram historicamente do capitalismo antigo e moderno. (§ 10-13)
O processo capitalista forneceu a legislação social não somente os meios, mas também
a vontade que é encontrada no princípio do racionalismo em propagação. O processo
capitalista racionaliza o comportamento e as ideias e expulsa das mentes as ideias românticas
e místicas. Dessa maneira, tal processo reformula não somente os métodos empregados para a
consecução de fins, mas os próprios fins. (§ 14)
O pacifismo e a moralidade internacional são produtos do capitalismo. Contrariamente
as preposições neomarxistas, Schumpeter salienta que quanto mais basicamente capitalistas
forem a estrutura e atitude de uma nação, mas pacifista e mais inclinada a pensar no custo da
guerra ela será. Postula ainda, que a teoria marxista de que o imperialismo é a última fase da
evolução capitalista cai por terra, mesmo quando se abstraem as objeções econômicas.
Após a análise do texto, é notório que Schumpeter é basicamente um economista. Ele
não produz nenhuma síntese de cunho sociocultural, concernente ao processo de
modernização da sociedades ocidentais, mas ele se limita a comentar algumas das
consequências das "tendências observáveis" no sistema econômico do processo. Além disso é
visto o uso equívoco que é feito do termo "capitalismo", às vezes entendido em seu caráter
estritamente econômico do sentido e às vezes em um sentido cultural muito mais amplo, mais
próximo do que Weber entende por modernização.
Dessa forma, caracterizando os dois termos, o capitalismo, como sistema econômico, é
uma parte da modernização. Mas também pode haver modernização com outras organizações
econômicas na sociedade (por exemplo, socialismo). A análise das ciências sociais pode
delimitar aqueles fenômenos que devem ser associados ao processo global como um produto
histórico articulado (modernização), e aqueles que devem ser associados a um de seus
componentes (capitalismo). Atribuir a este último a responsabilidade de um fenômeno que
realmente corresponde ao primeiro seria cair na falácia a parte pelo todo. (É o que várias
escolas marxistas, por exemplo, costumam fazer quando associam individualismo, anomia
social ou desequilíbrio territorial ao modo de produção capitalista, sem considerar, entretanto,
a possível relação desses fenômenos com o socialismo).
Nos argumentos de Schumpeter sobre o capitalismo e sua evolução encontramos essa
falácia, e às vezes, correndo o risco de inferir extrapolações excessivas sobre o futuro do
capitalismo - ou sobre a ausência de seu futuro - daquilo que ele considera suas "tendências
observáveis".
Por um lado, também parece um pouco parcial sustentar que é o capitalismo que
promove a "racionalidade" no comportamento. Pelo contrário, é uma atitude ligada à
modernização e seus componentes técnicos, essas consequências devem ser vistas dentro das
ambiguidades inerentes que a modernização apresenta de um ponto de vista emancipatório.
Entende-se que os valores morais que influenciam um processo de emancipação minam ao
mesmo tempo as ideias e valores que garantiam a estabilidade sociopolítica.
Portanto, quando Schumpeter trata de questões econômicas ou culturais, sua
concepção possui uma clara vocação metodológica que a conecta com o mundo empírico.
Suas categorias não tendem a super teorizar em termos éticos ou filosóficos que buscam ser
mais explicativos e também mais abstratos e que, por falta de sentido empírico e prático em
muitos casos, fazem com que praticamente não tenham valor informativo.
REFERÊNCIAS
SCHUMPETER, J. Capitalismo, Socialismo e Democracia. Ed. UNESP. 2016. Cap. 11.

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