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Dispõe sobre o sigilo das operações de § 3o Não constitui violação do dever

instituições financeiras e dá outras de sigilo:


providências.
I – a troca de informações entre
Art. 1o As instituições financeiras instituições financeiras, para fins
conservarão sigilo em suas operações cadastrais, inclusive por intermédio de
ativas e passivas e serviços prestados. centrais de risco, observadas as normas
baixadas pelo Conselho Monetário
§ 1o São consideradas instituições Nacional e pelo Banco Central do Brasil;
financeiras, para os efeitos desta Lei
Complementar: II - o fornecimento de informações
constantes de cadastro de emitentes de
I – os bancos de qualquer espécie; cheques sem provisão de fundos e de
devedores inadimplentes, a entidades de
proteção ao crédito, observadas as normas
II – distribuidoras de valores
baixadas pelo Conselho Monetário
mobiliários;
Nacional e pelo Banco Central do Brasil;
III – corretoras de câmbio e de
III – o fornecimento das informações
valores mobiliários;
de que trata o § 2o do art. 11 da Lei
no 9.311, de 24 de outubro de 1996;
IV – sociedades de crédito,
financiamento e investimentos;
IV – a comunicação, às autoridades
competentes, da prática de ilícitos penais
V – sociedades de crédito imobiliário; ou administrativos, abrangendo
o fornecimento de informações sobre
VI – administradoras de cartões de operações que envolvam recursos
crédito; provenientes de qualquer prática criminosa;

VII – sociedades de arrendamento V – a revelação de informações


mercantil; sigilosas com o consentimento expresso
dos interessados;
VIII – administradoras de mercado de
balcão organizado; VI – a prestação de informações nos
termos e condições estabelecidos nos
IX – cooperativas de crédito; artigos 2o, 3o, 4o, 5o, 6o, 7o e 9 desta Lei
Complementar.
X – associações de poupança e
empréstimo; VII - o fornecimento de dados
financeiros e de pagamentos, relativos a
XI – bolsas de valores e de operações de crédito e obrigações de
mercadorias e futuros; pagamento adimplidas ou em andamento
de pessoas naturais ou jurídicas, a
gestores de bancos de dados, para
XII – entidades de liquidação e
formação de histórico de crédito, nos
compensação;
termos de lei específica.
XIII – outras sociedades que, em
razão da natureza de suas operações, § 4o A quebra de sigilo poderá ser
assim venham a ser consideradas pelo decretada, quando necessária para
Conselho Monetário Nacional. apuração de ocorrência de qualquer ilícito,
em qualquer fase do inquérito ou do
processo judicial, e especialmente nos
§ 2o As empresas de fomento
seguintes crimes:
comercial ou factoring, para os efeitos
desta Lei Complementar, obedecerão às
normas aplicáveis às instituições I – de terrorismo;
financeiras previstas no § 1o.
II – de tráfico ilícito de substâncias
entorpecentes ou drogas afins;
III – de contrabando ou tráfico de serviços no mercado de valores mobiliários,
armas, munições ou material destinado a inclusive nas instituições financeiras que
sua produção; sejam companhias abertas.

IV – de extorsão mediante seqüestro; § 4o O Banco Central do Brasil e a


Comissão de Valores Mobiliários, em suas
V – contra o sistema financeiro áreas de competência, poderão firmar
nacional; convênios:

VI – contra a Administração Pública; I - com outros órgãos públicos


fiscalizadores de instituições financeiras,
objetivando a realização de fiscalizações
VII – contra a ordem tributária e a
conjuntas, observadas as respectivas
previdência social;
competências;
VIII – lavagem de dinheiro ou
II - com bancos centrais ou entidades
ocultação de bens, direitos e valores;
fiscalizadoras de outros países,
objetivando:
IX – praticado por organização
criminosa.
a) a fiscalização de filiais e
o
subsidiárias de instituições financeiras
Art. 2 O dever de sigilo é extensivo estrangeiras, em funcionamento no Brasil e
ao Banco Central do Brasil, em relação às de filiais e subsidiárias, no exterior, de
operações que realizar e às informações instituições financeiras brasileiras;
que obtiver no exercício de suas
atribuições.
b) a cooperação mútua e o
o
intercâmbio de informações para a
§ 1 O sigilo, inclusive quanto a investigação de atividades ou operações
contas de depósitos, aplicações e que impliquem aplicação, negociação,
investimentos mantidos em instituições ocultação ou transferência de ativos
financeiras, não pode ser oposto ao Banco financeiros e de valores mobiliários
Central do Brasil: relacionados com a prática de condutas
ilícitas.
I – no desempenho de suas funções
de fiscalização, compreendendo a § 5o O dever de sigilo de que trata
apuração, a qualquer tempo, de ilícitos esta Lei Complementar estende-se aos
praticados por controladores, órgãos fiscalizadores mencionados no §
administradores, membros de conselhos 4o e a seus agentes.
estatutários, gerentes, mandatários e
prepostos de instituições financeiras;
§ 6o O Banco Central do Brasil, a
Comissão de Valores Mobiliários e os
II – ao proceder a inquérito em demais órgãos de fiscalização, nas áreas
instituição financeira submetida a regime de suas atribuições, fornecerão ao
especial. Conselho de Controle de Atividades
Financeiras – COAF, de que trata o art. 14
§ 2o As comissões encarregadas dos da Lei no9.613, de 3 de março de 1998 , as
inquéritos a que se refere o inciso II do § informações cadastrais e de movimento de
1o poderão examinar quaisquer valores relativos às operações previstas no
documentos relativos a bens, direitos e inciso I do art. 11 da referida Lei.
obrigações das instituições financeiras, de
seus controladores, administradores, Art. 3o Serão prestadas pelo Banco
membros de conselhos estatutários, Central do Brasil, pela Comissão de
gerentes, mandatários e prepostos, Valores Mobiliários e pelas instituições
inclusive contas correntes e operações com financeiras as informações ordenadas pelo
outras instituições financeiras. Poder Judiciário, preservado o seu caráter
sigiloso mediante acesso restrito às partes,
§ 3o O disposto neste artigo aplica-se que delas não poderão servir-se para fins
à Comissão de Valores Mobiliários, quando estranhos à lide.
se tratar de fiscalização de operações e
§ 1o Dependem de prévia autorização § 1o Consideram-se operações
do Poder Judiciário a prestação de financeiras, para os efeitos deste artigo:
informações e o fornecimento de
documentos sigilosos solicitados por I – depósitos à vista e a prazo,
comissão de inquérito administrativo inclusive em conta de poupança;
destinada a apurar responsabilidade de
servidor público por infração praticada no II – pagamentos efetuados em moeda
exercício de suas atribuições, ou que tenha corrente ou em cheques;
relação com as atribuições do cargo em
que se encontre investido.
III – emissão de ordens de crédito ou
documentos assemelhados;
§ 2o Nas hipóteses do § 1o, o
requerimento de quebra de sigilo
independe da existência de processo IV – resgates em contas de depósitos
judicial em curso. à vista ou a prazo, inclusive de poupança;

§ 3o Além dos casos previstos neste V – contratos de mútuo;


artigo o Banco Central do Brasil e a
Comissão de Valores Mobiliários VI – descontos de duplicatas, notas
fornecerão à Advocacia-Geral da União as promissórias e outros títulos de crédito;
informações e os documentos necessários
à defesa da União nas ações em que seja VII – aquisições e vendas de títulos
parte. de renda fixa ou variável;

Art. 4o O Banco Central do Brasil e a VIII – aplicações em fundos de


Comissão de Valores Mobiliários, nas investimentos;
áreas de suas atribuições, e as instituições
financeiras fornecerão ao Poder Legislativo IX – aquisições de moeda
Federal as informações e os documentos estrangeira;
sigilosos que, fundamentadamente, se
fizerem necessários ao exercício de suas
X – conversões de moeda
respectivas competências constitucionais e
estrangeira em moeda nacional;
legais.

XI – transferências de moeda e
§ 1o As comissões parlamentares de
outros valores para o exterior;
inquérito, no exercício de sua competência
constitucional e legal de ampla
investigação, obterão as informações e XII – operações com ouro, ativo
documentos sigilosos de que necessitarem, financeiro;
diretamente das instituições financeiras, ou
por intermédio do Banco Central do Brasil XIII - operações com cartão de
ou da Comissão de Valores Mobiliários. crédito;

§ 2o As solicitações de que trata este XIV - operações de arrendamento


artigo deverão ser previamente aprovadas mercantil; e
pelo Plenário da Câmara dos Deputados,
do Senado Federal, ou do plenário de suas XV – quaisquer outras operações de
respectivas comissões parlamentares de natureza semelhante que venham a ser
inquérito. autorizadas pelo Banco Central do Brasil,
Comissão de Valores Mobiliários ou outro
Art. 5o O Poder Executivo órgão competente.
disciplinará, inclusive quanto à
periodicidade e aos limites de valor, os § 2o As informações transferidas na
critérios segundo os quais as instituições forma do caput deste artigo restringir-se-ão
financeiras informarão à administração a informes relacionados com a identificação
tributária da União, as operações dos titulares das operações e os montantes
financeiras efetuadas pelos usuários de globais mensalmente movimentados,
seus serviços. vedada a inserção de qualquer elemento
que permita identificar a sua origem ou a
natureza dos gastos a partir deles que instaurarem e das penalidades que
efetuados. aplicarem, sempre que as informações
forem necessárias ao desempenho de suas
§ 3o Não se incluem entre as atividades.
informações de que trata este artigo as
operações financeiras efetuadas pelas Art. 8o O cumprimento das exigências
administrações direta e indireta da União, e formalidades previstas nos artigos 4o, 6o e
dos Estados, do Distrito Federal e dos 7o, será expressamente declarado pelas
Municípios. autoridades competentes nas solicitações
dirigidas ao Banco Central do Brasil, à
§ 4o Recebidas as informações de Comissão de Valores Mobiliários ou às
que trata este artigo, se detectados indícios instituições financeiras.
de falhas, incorreções ou omissões, ou de
cometimento de ilícito fiscal, a autoridade Art. 9o Quando, no exercício de suas
interessada poderá requisitar as atribuições, o Banco Central do Brasil e a
informações e os documentos de que Comissão de Valores Mobiliários
necessitar, bem como realizar fiscalização verificarem a ocorrência de crime definido
ou auditoria para a adequada apuração dos em lei como de ação pública, ou indícios da
fatos. prática de tais crimes, informarão ao
Ministério Público, juntando à comunicação
§ 5o As informações a que refere este os documentos necessários à apuração ou
artigo serão conservadas sob sigilo fiscal, comprovação dos fatos.
na forma da legislação em vigor.
§ 1o A comunicação de que trata este
o
Art. 6 As autoridades e os agentes artigo será efetuada pelos Presidentes do
fiscais tributários da União, dos Estados, do Banco Central do Brasil e da Comissão de
Distrito Federal e dos Municípios somente Valores Mobiliários, admitida delegação de
poderão examinar documentos, livros e competência, no prazo máximo de 15 dias,
registros de instituições financeiras, a contar do recebimento do processo, com
inclusive os referentes a contas de manifestação dos respectivos serviços
depósitos e aplicações financeiras, quando jurídicos.
houver processo administrativo instaurado
ou procedimento fiscal em curso e tais § 2o Independentemente do disposto
exames sejam considerados no caput deste artigo, o Banco Central do
indispensáveis pela autoridade Brasil e a Comissão de Valores Mobiliários
administrativa competente. comunicarão aos órgãos públicos
competentes as irregularidades e os ilícitos
Parágrafo único. O resultado dos administrativos de que tenham
exames, as informações e os documentos conhecimento, ou indícios de sua prática,
a que se refere este artigo serão anexando os documentos pertinentes.
conservados em sigilo, observada a
legislação tributária. Art. 10. A quebra de sigilo, fora das
hipóteses autorizadas nesta Lei
Art. 7o Sem prejuízo do disposto no § Complementar, constitui crime e sujeita os
3o do art. 2o, a Comissão de Valores responsáveis à pena de reclusão, de um a
Mobiliários, instaurado inquérito quatro anos, e multa, aplicando-se, no que
administrativo, poderá solicitar à autoridade couber, o Código Penal, sem prejuízo de
judiciária competente o levantamento do outras sanções cabíveis.
sigilo junto às instituições financeiras de
informações e documentos relativos a Parágrafo único. Incorre nas mesmas
bens, direitos e obrigações de pessoa física penas quem omitir, retardar
ou jurídica submetida ao seu poder injustificadamente ou prestar falsamente as
disciplinar. informações requeridas nos termos desta
Lei Complementar.
Parágrafo único. O Banco Central do
Brasil e a Comissão de Valores Mobiliários, Art. 11. O servidor público que utilizar
manterão permanente intercâmbio de ou viabilizar a utilização de qualquer
informações acerca dos resultados das informação obtida em decorrência da
inspeções que realizarem, dos inquéritos quebra de sigilo de que trata esta Lei
Complementar responde pessoal e
diretamente pelos danos decorrentes, sem
prejuízo da responsabilidade objetiva da
entidade pública, quando comprovado que
o servidor agiu de acordo com orientação
oficial.

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