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CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA
Maringá - PR
2023
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________
Leonardo Zavilenski Fogaça - DEQ/UEM
__________________________________________
Aline Domingues Gomes - DEQ/UEM
__________________________________________
Mara Heloisa Neves Olsen Scaliante – DEQ/UEM (Orientadora)
Este trabalho é dedicado aos nossos queridos familiares e amigos que sempre nos apoiaram
durante nossa jornada acadêmica.
AGRADECIMENTOS
Ao final de uma etapa tão primordial e desafiadora da nossa vida, não poderíamos deixar de
agradecer a todos os que nos acompanharam.
Agradecemos a nossa família e amigos, pelo apoio incondicional que nos deram ao longo
desses anos de estudo.
À nossa orientadora, Prof. Dra. Mara Heloisa Neves Olsen Scaliante, que nos acompanhou e
conduziu durante a pesquisa, compartilhando seu vasto conhecimento e guiando-nos durante
alguns experimentos.
“O homem erudito é um descobridor de fatos que já existem - mas o homem sábio é um
criador de valores que não existem e que ele faz existir.” - Albert Einstein
RESUMO
−1
Tabela 1 - Concentrações (𝑛𝑔 𝐿 ) de cafeína em mananciais de diferentes países………...15
−1
Tabela 2 - Concentrações (𝑛𝑔 𝐿 ) de cafeína em água tratada de diferentes países………..16
Tabela 3 - Sistemas típicos de Processos Oxidativos Avançados…………………………....19
Tabela 4 - Valores do potencial padrão de redução (Eº) de espécies oxidantes……………...20
Tabela 5 - Composição físico-química da zeólita Watercel ………………………..……......27
Tabela 6 - Variações do ensaio ……………………………………………….……………...34
Tabela 7 - Resultado de degradação dos testes fotocatalíticos Watercel/5%ZnO…………....50
Tabela 8 - Resultado de degradação dos testes fotocatalíticos Watercel/10%ZnO…………..51
Tabela 9 - Resultado de degradação dos testes fotocatalíticos Watercel/ZnO/Fe…………....52
SUMÁRIO
1. Introdução.............................................................................................................................9
1.1. Objetivo geral.............................................................................................................. 12
1.2. Objetivos específicos...................................................................................................12
2. Revisão da literatura.......................................................................................................... 13
2.1. Poluição de recursos hídricos...................................................................................... 13
2.2. Cafeína........................................................................................................................ 17
2.3. Processos oxidativos avançados..................................................................................18
2.3.1. Fotocatálise heterogênea.................................................................................... 21
2.3.2. Óxido de zinco................................................................................................... 22
2.3.3. Ferro................................................................................................................... 23
2.3.4. Zeólitas..................................................................................................................... 24
3. Metodologia.........................................................................................................................25
3.1. Materiais......................................................................................................................25
3.1.1. Zeólita natural.......................................................................................................... 26
3.2. Cálculo da composição mássica do catalisador...........................................................27
3.3. Síntese do catalisador.................................................................................................. 28
3.4. Caracterização dos catalisadores................................................................................. 29
3.4.1. Difração de raios X (DRX)................................................................................ 29
3.4.2. Microscopia eletrônica de varredura (MEV)......................................................30
3.4.3. Espectroscopia Raman por transformada de Fourier (FT-Raman).....................30
3.4.4. Espectroscopia no infravermelho com transformada de Fourier por reflectância
total atenuada (FTIR-ATR).......................................................................................... 31
3.4.5. Espectroscopia fotoacústica no Ultravioleta e Visível (PAS UV-vis)................ 31
3.5. Preparação da solução sintética de cafeína..................................................................32
3.6. Testes fotocatalíticos................................................................................................... 32
4. Resultados e discussão....................................................................................................... 34
4.1. Difração de raios X (DRX)......................................................................................... 34
4.1.1. Zeólita.................................................................................................................34
4.1.2. Catalisador Watercel/5%ZnO e Watercel/10%ZnO........................................... 35
4.1.3. Catalisador Watercel/5%ZnO/5%Fe e Waterecel/10%ZnO/5%Fe.................... 37
4.2. Microscopia eletrônica de varredura (MEV)...............................................................38
4.2.1. Zeólita.................................................................................................................38
4.2.2. Watercel/5%ZnO e Watercel/10%ZnO.............................................................. 39
4.2.3. Watercel/5%ZnO/5%Fe e Waterecel/10%ZnO/5%Fe........................................41
4.3. Espectroscopia Raman por transformada de Fourier (FT-Raman)..............................42
4.4. Espectroscopia no infravermelho com transformada de Fourier por reflectância total
atenuada (FTIR-ATR)........................................................................................................ 43
4.5. PAS UV-VIS................................................................................................................44
4.6. Testes fotocatalíticos................................................................................................... 48
4.6.1. Testes fotocatalíticos com catalisador Watercel/5%ZnO e Watercel/10%ZnO..48
4.6.2. Testes fotocatalíticos com catalisador Watercel/5%ZnO/5%Fe e
Watercel/10%ZnO/5%Fe..............................................................................................51
5. Conclusões...........................................................................................................................52
1. Introdução
9
Quantidades consideráveis de alimentos contendo cafeína, como chá e café, frequentemente
são descartadas sem serem consumidas, resultando em concentrações substanciais deste
composto no esgoto bruto (CANELA et al., 2014). Quando presente nas águas naturais, a
cafeína pode causar efeitos adversos tanto em micro-organismos quanto em peixes e anfíbios.
Estudos empregando embriões de peixe bandeirinha demonstraram que a cafeína em
concentrações superiores a 300 mg L-1 provocava a morte dos embriões (YEH et al., 2012)
10
caracterizados por bandas de valência (BV) e bandas de condução (BC), sendo a região entre
elas chamada de "band gap". A absorção de fótons com energia superior à energia de band gap
resulta na promoção de um elétron da banda de valência para a banda de condução com
geração de uma lacuna (h+) na banda de valência.
11
Existem algumas dificuldades em filtrar e recuperar os semicondutores como TiO2 /
ZnO das soluções, pois a separação destes compostos da fase líquida elevam o custo total do
processo e o requerem mais tempo. Portanto, pesquisas recentes têm sido direcionadas para a
imobilização do semicondutor em uma matriz de apoio adequada. Entre os suportes
estudados, os zeólitos naturais são considerados candidatos promissores. Dentre as inúmeras
opções de materiais que podem ser utilizados como suporte, uma alternativa é a Clinoptilolita
(CLT) devido à sua inércia química, abundância, baixo preço e transparência à radiação UV
(HEIDARI et al., 2020).
1.1.Objetivo geral
12
2. Revisão da literatura
13
Conforme discutido por Panizza (2018), as águas residuais provenientes da indústria
petroquímica representam um sério risco ambiental, devido à sua elevada demanda química de
oxigênio (DQO), bem como à presença significativa de fenóis, benzeno, metais pesados,
sólidos suspensos, surfactantes e inibidores de corrosão. Situação semelhante é observada nas
indústrias farmacêuticas, que são reconhecidas por produzirem quantidades relativamente
baixas de produtos, mas que, no entanto, geram efluentes de alta complexidade. Essas
indústrias fazem uso de matérias-primas que incluem compostos orgânicos e inorgânicos,
solventes e catalisadores, resultando em efluentes caracterizados por elevadas concentrações de
DBO e DQO (FREDERICHI, 2019). Os Poluentes Orgânicos Persistentes (POP’s) são
compostos altamente estáveis e que persistem no ambiente, resistindo à degradação química,
fotolítica e biológica. Tais compostos possuem a capacidade de bioacumular em organismos
vivos, sendo tóxicos para o homem.
Dentre os POP’s e os micropoluentes farmacêuticos, destaca-se a cafeína, pois esta
molécula em questão já é encontrada em concentrações alarmantes em mananciais de águas
continentais. Os teores de cafeína na água demonstram variações decorrentes de fatores
sazonais, proximidade com fontes de aporte, características hidrológicas e os padrões de
consumo. Pesquisas indicam que concentrações mais significativas de cafeína têm sido
encontradas em amostras de águas superficiais no Brasil, em comparação com pesquisas
conduzidas em outras nações (Tabela 1).
14
−1
Tabela 1- Concentrações (𝑛𝑔 𝐿 ) de cafeína em mananciais de diferentes países
15
Nos sistemas de tratamento de água brasileiros, a água é geralmente tratada a partir de
mananciais. Semelhantemente às estações de tratamento de esgoto (ETE), os métodos
tradicionais empregados nas estações de tratamento de água (ETA) geralmente não são eficazes
na eliminação da cafeína (CANELA et al., 2014), como mostra a Tabela 2.
−1
Tabela 2 - Concentrações (𝑛𝑔 𝐿 ) de cafeína em água tratada de diferentes países
16
2.2. Cafeína
Este alcalóide é encontrado em grande quantidade nas sementes de café, nas folhas de
chá verde, em outros produtos vegetais, particularmente no cacau, no guaraná e na erva-mate.
Embora uma parcela da população consuma cafeína na forma de fármacos, como por exemplo
antigripais, grande parte deste alcalóide é ingerida na forma de bebidas.
Diversas fontes de cafeína são consumidas em grande escala diariamente, como chás,
refrigerantes, chocolates e bebidas energéticas. A cafeína é um dos alcaloides de maior
consumo em todo o mundo, amplamente difundido por suas diversas ações farmacológicas que
incluem, entre outros efeitos, alterações no sistema nervoso central, sistema cardiovascular e na
homeostase do cálcio no organismo. (MOREIRA et al., 2006).
17
de alerta e redução da fadiga, resultando em melhorias no desempenho de atividades que
demandam maior vigilância (MARIA E MOREIRA, 2006). No entanto, o consumo de cafeína
também está associado a efeitos adversos, como a perturbação do controle motor, a
interferência na qualidade do sono e a indução de irritabilidade em indivíduos com transtornos
de ansiedade (SMITH, 2002).
18
Os Processos Oxidativos Avançados (POAs) têm ganhado destaque como uma
alternativa eficaz no tratamento de efluentes, especialmente na remoção de compostos
orgânicos em águas contaminadas. Nesse contexto, os processos fotocatalíticos se destacam
como uma abordagem promissora, e seu mecanismo de ação já é compreendido.
De forma geral, os POA’s são empregados para que ocorra a máxima conversão de
matéria orgânica em dióxido de carbono (𝐶𝑂2) e água (𝐻2𝑂). De acordo com Azevedo (2008),
− +
𝑂𝐻 + 𝑒 + 𝐻 → 𝐻2𝑂 (Equação 1)
O3/UV Catalisador/UV
H2O2/UV Catalisador/O3/UV
Com irradiação
O3/H2O2/UV Catalisador/ H2O2/UV
O3/HO- Catalisador/O3
Fenton Catalisador/O3/H2O2
Segundo Baños (2004), os POAs são baseados na ação de radicais hidroxilas como
principais oxidantes, que, devido à sua alta reatividade, promovem a rápida degradação de
19
poluentes em questão de minutos. Esse método tem se destacado no tratamento de efluentes
têxteis, especialmente pela capacidade de mineralizar componentes tóxicos.
O radical hidroxila é geralmente formado através de reações que resultam da
combinação de oxidantes, como o ozônio (𝑂3) e o peróxido de hidrogênio (𝐻2𝑂2), com
Espécie 0
𝐸 (V)
Ozônio +2,07
Hipoclorito +1,43
Cloro +1,36
Oxigênio +1,23
0
Ao analisar estes valores de potencial padrão de redução, o fato de que o 𝐸 do radical
0
hidroxila (𝑂𝐻⦁) corresponde ao dobro do valor de 𝐸 do cloro, ativo utilizado no sistema de
tratamento convencional de água para abastecimento, chama atenção para o fato de que existem
compostos mais eficientes no sentido de decomposição de poluentes por oxidação.
20
Quando aplicados em sistemas heterogêneos, como aqueles envolvendo semicondutores
nanoparticulados em suspensão, a eficácia do processo fotocatalítico é diretamente afetada pela
área superficial do semicondutor. O tamanho das partículas é um fator crítico nesse contexto,
uma vez que materiais em escala nanométrica apresentam uma área superficial específica
consideravelmente elevada, tornando-os altamente eficientes para a fotocatálise (MENDONÇA
et al., 2009).
21
de ligações e mesmo fazer a mineralização em 𝐶𝑂2, 𝐻2𝑂 e sais minerais (BEHNAJADY et al.,
2007).
+ −
𝐹𝑜𝑡𝑜𝑐𝑎𝑡𝑎𝑙𝑖𝑠𝑎𝑑𝑜𝑟 + ℎ𝑉 → ℎ𝐵𝑉 + 𝑒𝐵𝐶 (Equação 2)
+ −
ℎ𝐵𝑉 + 𝑒𝐵𝐶 → 𝐶𝑎𝑙𝑜𝑟 (Equação 3)
+ +
ℎ𝐵𝑉 + 𝐻2𝑂 → 𝑂𝐻⦁ + 𝐻 (Equação 4)
+ −
ℎ𝐵𝑉 + 𝑂𝐻 → 𝑂𝐻⦁ (Equação 5)
− −
𝑒𝐵𝐶 + 𝑂2 → 𝑂2 ⦁ (Equação 6)
22
Figura 3 - Representação estrutural da fase cristalina wurtizita do ZnO
Fonte: KHAKSAR (2015)
A energia de band gap do ZnO não abrange a maior parte do espectro solar, portanto, a
fim de melhorar a atividade fotocatalítica na faixa solar, a Ebg deve ser inferior a 3 eV. Para
isso, são desenvolvidos diversos estudos com o objetivo de melhorar a capacidade
fotocatalítica de semicondutores utilizando ferro (Fe) e outros metais de transição. A
4+ 3+ 2+ 2+ 2+
impregnação de íons metálicos como 𝑀𝑛 , 𝐹𝑒 , 𝐶𝑂 , 𝑁𝑖 e 𝐶𝑢 aumenta a absorção de
luz e assim é possível alcançar o comprimento de onda de absorção de luz visível (DENG et
al., 2014).
2.3.3. Ferro
23
Figura 4 - Estrutura molecular da hematita (𝐹𝑒2𝑂3)
2.3.4. Zeólitas
de oxigênio (Figura 5). Esses tetraedros formam uma rede tridimensional de canais e cavidades
que são microporosos, ou seja, têm diâmetros na faixa de 3 a 10 ângströms (GRECCO, 2012).
A estrutura porosa das zeólitas é altamente organizada e regular, o que as torna excelentes
peneiras moleculares, permitindo a seleção de moléculas com base em seus tamanhos e formas.
Trata-se de materiais de baixo custo e excelentes trocadores iônicos, razão pela qual são
empregados para a adsorção de contaminantes (BARROS et al., 2006).
24
Figura 5 - Estrutura molecular de uma zeólita
Devido à presença de cátions em seus canais, tal material também apresenta alta
capacidade de troca iônica. Esses cátions podem ser facilmente substituídos por outros íons,
permitindo a modulação das propriedades da zeólita para atender a aplicações específicas. A
troca iônica é uma caraterística essencial na catálise heterogênea, onde a zeólita pode servir
como suporte para íons metálicos catalíticos. A sua estrutura porosa permite o acesso seletivo
de moléculas, tornando-as ideais para reações catalíticas (GRECCO, 2012).
3. Metodologia
3.1. Materiais
25
● Cloreto Férrico P.A. Hexahidratado, marca: VETEC, industrializado por: VETEC
QUÍMICA FINA LTDA., teor: 97,8%, fórmula química: 𝐹𝑒𝐶𝑙3 . 6𝐻2𝑂.
3.1.1.Zeólita natural.
A zeólita utilizada nos experimentos foi a Watercel ZN 0410 (Figura 6). Trata-se de
um minério à base de zeólita natural, utilizado para remoção de turbidez, cor aparente, sólidos
em suspensão e no índice de densidade de sedimentos (SDI). Atua diretamente na retenção
física de partículas em suspensão presentes na água e efluentes.
26
Tabela 5 - Composição físico-química da zeólita Watercel
Com o objetivo de sintetizar 2g catalisador com 5% de ferro foi preciso realizar cálculos
referentes a composição mássica do catalisador. Como utilizamos 𝐹𝑒𝐶𝑙3 . 6𝐻2𝑂, com a massa
27
𝑀𝑀𝐹𝑒𝐶𝑙 .6𝐻 𝑂 = 270, 30 𝑔/𝑚𝑜𝑙
3 2
270,30
𝑚𝐹𝑒𝐶𝑙 = 0, 1 × 55,85
3
𝑚𝐹𝑒𝐶𝑙 .6𝐻 𝑂 = 0, 50 𝑔
3 2
𝑚𝑧𝑒ó𝑙𝑖𝑡𝑎 = 1, 50 𝑔
𝑚𝐹𝑒𝐶𝑙.6𝐻 𝑂 = 0, 50 𝑔
2
3
𝑚𝐹𝑒𝐶𝑙 .6𝐻 𝑂 = 0, 50 𝑔
3 2
𝑚𝑍𝑛𝑂 = 0, 10 𝑔
𝑚𝑧𝑒ó𝑙𝑖𝑡𝑎 = 1, 40 𝑔
A partir dos cálculos para 10% mássico de óxido de zinco, chegou-se aos seguintes
resultados:
𝑚𝐹𝑒𝐶𝑙 .6𝐻 𝑂 = 0, 50 𝑔
3 2
𝑚𝑍𝑛𝑂 = 0, 20 𝑔
𝑚𝑧𝑒ó𝑙𝑖𝑡𝑎 = 1, 30 𝑔
28
Com base no trabalho de Macruz (2022), após a dissolução, adicionou-se a solução
sobre a zeólita e a levou para agitação magnética por aproximadamente 24h. Em seguida, o
suporte impregnado foi levado ao rota-evaporador à vácuo à 80°C para a secagem completa do
solvente. Após a secagem, o material foi raspado do balão volumétrico com auxílio de uma
espátula e macerado. Por fim, cada catalisador preparado foi tratado termicamente em forno
mufla a 550°C por 8h (Figura 6).
29
com sua configuração cristalina. Essa difração é detectada de acordo com a intensidade e
ângulo (2θ) que os raios são incididos e difratados no plano cristalino (CULLITY et. al, 2001).
A análise de difração de raios X foi conduzida em um equipamento XRD6000 da
Shimadzu que se encontra no LATI do DEQ/UEM. Empregou-se uma fonte de cobre (radiação
CuKα) com 40 kV, 30 mA, velocidade de 2°/min e passo de 0,02°. A varredura 2θ foi variada
de 10° a 80°.
30
disso, a capacidade de fornecer informações detalhadas sobre a composição molecular torna a
FT-Raman particularmente valiosa em análises não destrutivas de materiais.
A análise foi conduzida em um equipamento com laser 532 nm, resolução de
−1
9 𝑎 15 𝑐𝑚 , tempo de integração de 2 segundos e potência de 20 mW. O aparelho utilizado
está localizado no Departamento de Física da Universidade Estadual de Maringá (DFI/UEM).
31
características intrínsecas das amostras, sendo possível investigar a energia de band gap de
fotocatalisadores.
O sinal fotoacústico gerado durante a análise é processado para criar um espectro
fotoacústico, o qual é característico das bandas de absorção da amostra. A partir da análise
deste espectro, é possível obter informações sobre as transições eletrônicas, níveis de energia e
concentração de espécies presentes na amostra.
O equipamento utilizado foi construído pelo próprio grupo de pesquisa (Departamento
de Física, UEM), e é constituído por uma lâmpada de xenônio de 800 W. Os espectros
fotoacústicos foram obtidos utilizando uma frequência de modulação de 13 Hz no intervalo de
220 a 750 nm.
Foi preparada uma solução simulando o efluente contaminado. Para isso, em um béquer
adicionou-se 240mL de água destilada e 10mL de uma solução de cafeína com concentração de
−1 −1
250ppm (0, 25𝑔𝐿 ). Deste modo preparou-se soluções contaminadas com 10ppm (0, 01𝑔𝐿 )
de cafeína.
32
Figura 8 - Esquema de um reator fotocatalítico
O acompanhamento das reações foi realizado por meio da retirada de alíquotas de 2,5
mL. As amostras foram filtradas com membranas de 0,22 μm (Millipore) para separação do
catalisador.
(𝐶0−𝐶)
𝐷(%) = 𝐶0
. 100 (Equação 9)
33
Tabela 6 - Variações do ensaio.
Watercel/5%ZnO 5 0 0,25
Watercel/5%ZnO 5 0 0,75
Watercel/10%ZnO 10 0 0,25
Watercel/10%ZnO 10 0 0,75
Watercel/5%ZnO/5%Fe 5 5 0,75
Watercel/10%ZnO/5%Fe 5 5 0,75
4. Resultados e discussão
4.1.1. Zeólita
34
Figura 9 - Difratogramas de raios X da zeólita natural
35
O catalisador Watercel/5%ZnO e Watercel/10%ZnO não apresentaram o pico na faixa
de 30º a 35º, o que pode indicar interferência devido a interação do óxido com outros materiais
durante a síntese.
A faixa entre 10º e 20º, assim como a de 30º a 35º da Figura 9, mostra picos muito
intensos da zeólita, os quais não foram encontrados nas amostras da Figura 11, indicando
possível interação da zeólita com outros compostos, o que pode ter amenizado a intensidade
desses ângulos. Esta diminuição de intensidade dos picos da zeólita também pode ser devido a
formação de alguma estrutura amorfa, pela adição do ZnO ou também pela temperatura de
calcinação.
Os picos característicos do ZnO próximos a 47º, 63º e entre 55º a 60º estão presentes
nas duas amostras, como mostra a Figura 11.
36
4.1.3. Catalisador Watercel/5%ZnO/5%Fe e Waterecel/10%ZnO/5%Fe
O resultado obtido da DRX dos catalisadores impregnados com o óxido e ferro estão
ilustrados na Figura 13. As amostras apresentaram picos mais intensos na região de 20º, nota-se
maiores intensidade na amostra Watercel/10%ZnO/5%Fe. O pico característicos da hematita
próximo a 36º está presente em ambos os catalisadores, porém em intensidades inferiores se
comparado com o composto puro.
O pico próximo a 41º também pode ser observado na amostra do catalisador
Watercel/10%ZnO/5%Fe.
Ademais, os outros picos característicos da hematita não podem ser observados nos
gráficos gerados, o que indica a interferência do óxido de zinco e a zeólita com o 𝐹𝑒2𝑂3,
mudando a estrutura cristalina desse elemento. Além disso, como a quantidade de ferro no
37
catalisador é baixa (5%) pode ser que os picos característicos não sejam presentes na
caracterização, indicando a dispersão do composto na zeólita.
4.2.1. Zeólita
38
As pequenas diferenças na morfologia provavelmente são resultados do processamento
da amostra. As condições de moagem podem resultar em pequenas diferenças na aparência,
como relatado no trabalho de Favvas (2016).
39
Figura 15 - Microscopia eletrônica de varredura do catalisador Watercel/5%ZnO com
ampliação de 5000x (a), 10000x (b), 15000 (c) e 20000x (d)
40
4.2.3. Watercel/5%ZnO/5%Fe e Waterecel/10%ZnO/5%Fe
41
4.3. Espectroscopia Raman por transformada de Fourier (FT-Raman)
Figura 19 - Espectro RAMAN normalizado dos materiais (Z) zeólita, (Z5) Watercel/5%ZnO,
(Z10) Watercel/10%ZnO, (Z5 Fe) Watercel/5%ZnO/5%Fe e (Z10 Fe)
Watercel/10%ZnO/5%Fe
−1
Analisando a figura acima, nota-se que as bandas vibracionais próximas a 140 𝑐𝑚 ,
−1 −1 −1
200 𝑐𝑚 , 400 𝑐𝑚 e 510 𝑐𝑚 que são características da zeólita estão presentes em todas
−1
as amostras analisadas. A banda em 470 𝑐𝑚 não aparece em mais nenhuma análise, o que
sugere uma uma interação do zinco com a zeólita.
Nota-se que os catalisadores com 5% e 10% de ZnO possuem representações idênticas
e ambos são semelhantes ao gráfico representativo da zeólita.
42
Para a ilustração referente ao catalisador Watercel/10%ZnO/5%Fe nota-se um pico
−1 −1
vibracional próximo ao comprimento de onda de 230 𝑐𝑚 e 600 𝑐𝑚 , diferindo do
catalisador Watercel/5%ZnO/5%Fe. A estrutura desses dois catalisadores propostos possuem
−1
estruturas distintas, se assemelhando apenas no pico em 520 𝑐𝑚 . Ou seja, em uma
concentração maior de ZnO (10%), existe uma maior preferência para formação de novos
grupos funcionais, que são diferentes dos grupos formados com apenas 5 %.
43
−1 −1
Figura 20 - Espectros infravermelho na região de 400 𝑐𝑚 a 1800 𝑐𝑚 da (Z) zeólita, (Z5)
Watercel/5%ZnO, (Z10) Watercel/10%ZnO, (Z5 Fe) Watercel/5%ZnO/5%Fe e (Z10 Fe)
Watercel/10%ZnO/5%Fe
44
Figura 21 representa os espectros de fotoacústica e a Figura 23 são os respectivos sinais de
energia de band gap (SILVA, 2020).
Fazendo uma estimativa pelo gráfico da Figura 21, pode-se inferir que o comprimento
de onda característico para Watercel/5%ZnO seria de aproximadamente 490 nm; para
Watercel/10%ZnO seria de aproximadamente 450 nm; enquanto para Watercel/5%ZnO/5%Fe
seria de aproximadamente 650 nm e Watercel/10%ZnO/5%Fe, 665 nm (Figura 22), o que
indica que a presença do ferro aumenta o comprimento de onda ideal do material.
45
Figura 22 - Método de plotagem Tauc a partir de espectros infravermelho na região de 250 a
750 nm de (I - Z5) Watercel/5%ZnO; (II - Z10) Watercel/10%ZnO, (III - Z5 Fe)
Watercel/5%ZnO/5%Fe e (IV - Z10 Fe) Watercel/10%ZnO/5%Fe.
Com a teoria de absorção óptica entre bandas (TOYODA E TSUBOYA, 2003), pode-se
conhecer a energia de band gap dos catalisadores utilizando sinal fotoacústico pelo método de
plotagem Tauc, que consiste em traçar uma linha tangente ao ponto de inflexão da curva e
extrapolar até o eixo ordenado, encontrando o comprimento de onda característico.
46
Figura 23 - Sinais de energia de band gap da (Z) zeólita, (Z5) Watercel/5%ZnO, (Z10)
Watercel/10%ZnO, (Z5 Fe) Watercel/5%ZnO/5%Fe e (Z10 Fe) Watercel/10%ZnO/5%Fe
A partir da Figura 23, foram traçadas as tangentes das curvas dos catalisadores
impregnados, e o prolongamento até o eixo horizontal definiu aproximadamente a energia de
band gap de cada material. Para o catalisador com 5% de óxido de zinco a energia obtida foi de
2,96 eV e para o de 10% foi de 2,99 eV (Figura 24).
47
Para utilizar o método de Tauc nos catalisadores impregnados com ferro, mudou-se a
escala a fim de obter uma melhor visualização dos pontos de inflexão (Figura 25).
48
Tabela 7 - Resultado de degradação dos testes fotocatalíticos Watercel/5%ZnO
0 9,759 10,03
15 9,8 10,106
30 9,886 9,996
45 9,956 9,897
60 10,037 9,952
90 10,003 10,103
𝐷0,75(%) = 1, 87
Pode-se concluir ao final das reações que os resultados de degradação foram baixos
para ambas as quantidades de catalisador.
Para as os testes com Watercel/10%ZnO seguiu-se o mesmo procedimento. Os
resultados coletados estão na Tabela 8.
49
Tabela 8 - Resultado de degradação dos testes fotocatalíticos Watercel/10%ZnO
0 10,234 10,337
15 9,466 10,221
30 9,693 9,586
45 9,647 9,766
60 9,26 8,895
90 9,104 8,53
𝐷0,75(%) = 23, 60
50
4.6.2. Testes fotocatalíticos com catalisador Watercel/5%ZnO/5%Fe e
Watercel/10%ZnO/5%Fe
0 7,96 9,89
15 8,694 10,137
30 8,972 10,007
45 9,228 10,078
60 6,413 10,387
90 6,893 10,009
51
Os resultados foram:
𝐷5%𝑍𝑛𝑂/5%𝐹𝑒(%) = − 13, 86
𝐷10%𝑍𝑛𝑂/5%𝐹𝑒(%) = − 4, 95
Através dos resultados obtidos, nota-se que não houve remoção da cafeína nas
reações. Além da ineficiência dos fotocatalisadores, a porcentagem negativa e a variação dos
resultados lidos durante o experimento podem inferir que houve desvios experimentais na
coleta das amostras.
Tal desvio é explicitado no ponto zero do teste com Watercel/5%ZnO/5%Fe, em que
obteve-se uma concentração de 7,96 ppm, porém a solução inicial deveria ser próxima a 10
ppm.
5. Conclusões
52
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