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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO DE

JANEIRO – IFRJ
CAMPUS NILÓPOLIS

Matheus Ferreira da Silva Licht


Renan Henriques

Extração da cumarina

Nilópolis, 2019
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Sumário
1 Introdução..................................................................................................................2
2 Objetivo......................................................................................................................4
3 Materiais e Reagentes...............................................................................................4
3.1 Reagentes...........................................................................................................4
3.2 Materiais..............................................................................................................4
4 Metodologia...............................................................................................................4
6 Resultado e discussões.............................................................................................5
7. Conclusão.................................................................................................................6
8 Referências bibliográficas.........................................................................................6
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1 Introdução
A Mikania glomerata Sprengel, conhecida popularmente como guaco,
é planta medicinal brasileira empregada em medicamentos para tosse e
problemas respiratórios (Panizza, 1997). Encontrase comercializado
principalmente nas formas farmacêuticas de extrato fluido, tintura e xarope.
Com fins medicinais, a planta é empregada comumente como bronco
dilatadora e expectorante, sendo útil em afecções do aparelho respiratório
(gripe, tosse, ronqueira, bronquite e asma), sendo também empregada em
reumatismos, nevralgias e como sudorífera, febrífuga, depurativa e
cicatrizante (Low et al., 1999).

As cumarinas são amplamente distribuídas nos vegetais, mas também


podem ser encontradas em fungos e bactérias. Estruturalmente são lactonas
do ácido o-hidroxicinâmico (2H-1-benzopiran-2-ona), sendo o representante
mais simples a cumarina (1,2- benzopirona).

A cumarina é um princípio ativo volátil encontrado em diversas


espécies de plantas tais como guaco, emburana, agrião, cumaru, canela,
entre outras, e em frutas como morango, cereja e damasco. Possuí um odor
forte e característico de baunilha. É utilizada como fixador de perfumes,
aditivo em tintas e spray, aromatizantes de alimentos, produtos de limpeza,
além de possuir propriedades antibióticas, bronco dilatadora, fungicida,
anticoagulante, analgésica e também ser utilizada em tratamentos contra o
câncer. (Rodrigues; Rafaella, 2005)

As cumarinas foram isoladas a primeira vez em 1820 por Vogel,


membro da Royal Academy of Science em Munique. Vogel associou o odor
doce e agradável das sementes do cumaru, com o cheiro das flores do trevo
(Melilotus officinalis), e ele conseguiu isolar, em ambos, a cumarina, em
forma de cristais brancos, idênticos, mas em muito menor quantidade nas
flores do trevo (Leite et al., 1992). Atualmente, mais de 800 cumarinas já
foram identificadas, isoladas e caracterizadas, distribuídas por várias
espécies e famílias de plantas (Pereira et al., 1992 apud Celeghini, 1997).

As principais técnicas para doseamento de cumarinas em Mikania


glomerata e seus derivados são por cromatografia líquida de alta eficiência
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(CLAE) e por cromatografia gasosa. As cumarinas apresentam espectro


ultravioleta característico, devido à natureza e posição dos substituintes
químicos, favorecendo sua identificação e o desenvolvimento de técnicas
analíticas espectrofotométricas para o seu doseamento (Bruneton, 1991).

Nas últimas décadas é crescente o desenvolvimento de técnicas para


extrair de plantas com fins medicinais seus ativos de maior valor (Di Stasi,
1996; Vale, 2002). O método mais comumente usado é a extração com
solventes líquidos, um processo dependente de fatores como solubilidade
dos constituintes fito químicos e fatores inerentes ao processo como, por
exemplo, temperatura e agitação do meio, polaridade e toxicidade dos
solventes (Bazykina et al., 2002; Simões et al., 2003). A presença do etanol
favorece a extração de substâncias de polaridade intermediária devido a sua
reduzida constante dielétrica quando comparada com a água. Entretanto,
com a redução dos níveis de etanol aceitos em produtos farmacêuticos, a
concentração final destes nos extratos tem que ser reduzida (Anvisa, 2001;
Lund, 1994). A não adição de etanol dificulta a obtenção de extratos líquidos
com elevada concentração de determinados ativos, por outro lado, se
adicionado e extraído posteriormente para a adequação ao teor permitido em
produtos farmacêuticos é observado precipitação de substâncias extraídas,
alterando a estabilidade do extrato e consequentemente inviabilizando a
produção de soluções fitoterápicas.

Figura 1: Cumarina

Fonte: (CZELUSNIAK et al., 2012)

2 Objetivo
Realizar a extração da cumarina a partir do extrato de guaco utilizando etanol
como solvente.
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3 Materiais e Reagentes
3.1 Reagentes
● Acetona
● Diclorometano
● Folhas de guaco
● Solução de Etanol 80%
● Solução etanólica de Hidróxido de Potássio 10%
● Tolueno
3.2 Materiais
● Balão de fundo redondo
● Béchers
● Câmara UV
● Condensador de refluxo
● Cromatoplaca de sílica gel
● Funil
● Garras
● Manta de aquecimento
● Papel de filtro
● Rotaevaporador
● Suporte universal

4 Metodologia
Pesou-se em um vidro de relógio 3g de folhas de guaco em seguida as
folhas foram picadas e transferidas para um balão de fundo redondo de 250,0
mL. Adicionou-se 100,0 mL de etanol 80% ao balão e o adaptou a um
condensador de refluxo. A mistura foi aquecida sob refluxo por 15 minutos.

Após o resfriamento, a suspensão obtida foi filtrada em papel de filtro e


a fração líquida recolhida levada ao Rotaevaporador para a extração do
solvente

Para a caracterização da cumarina foi realizada uma cromatografia em


camada fina (CCF). Em uma placa de toque solubilizou-se uma pequena
quantidade do analito em etanol em seguida aplicou-se algumas gotas de
extrato em uma placa cromatográfica de sílica gel, na mesma placa também
foram aplicadas algumas gotas de padrão de cumarina para comparação.

A eluição foi realizada utilizando uma mistura de tolueno/


diclorometano/ acetona (45:25:30). Após o término da corrida a placa foi
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revelada em câmara UV, em seguida a mesma placa foi imersa em solução


etanólica de KOH a 10% e novamente examinada sob luz ultravioleta (365
nm).
.
6 Resultado e discussões
Ao fim do processo de extração realizou-se uma CCF, com o objetivo
de verificar que a extração da cumarina foi sucedida. Como pode ser visto na
figura 2 e na tabela 1, a cumarina extraída apareceu com um Rf próximo ao
do padrão da cumarina.
Figura 2: A esquerda CCF antes da solução etanólica de KOH e a direita após

Fonte: Elaborado pelo autor

Tabela 1: valores de Rf em relação a cumarina


Cumarina Rf

Padrão 0,72
Extraída 0,76
Fonte: Elaborado pelo autor

Também se observa que a solução etanólica de KOH a 10% aumenta


a fluorescência da cumarina, devido a transformação da cumarina no ácido
cis-o-hidróxicinâmico, que apresenta uma maior fluorescência quando
exposto à radiação ultravioleta, juntamente com o aparecimento de mais uma
fluorescência, que se acredita que se deve à hidrólise alcalina da cumarina.

Figura 4: Reação positiva da Cumarina: fluorescência azul-esverdeada


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Fonte: (SOCIEDADE BRASILEIRA DE FARMACOGNOSIA, 2009)


7 Conclusão
A extração da cumarina foi bem-sucedida, tendo sido comprovado que
o produto extraído era o desejado, através da CCF, uma vez que os valores
de Rf do padrão e da extraída deram próximos.
Observa-se também que a cumarina sofre hidrólise alcalina, quando
utilizada a solução alcoólica de KOH a 10%, para uma melhor fluorescência
da mesma sob luz ultravioleta.
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8 Referências bibliográficas

Agência Nacional de Vigilância Sanitária 2001. RE nº 543 de 19 de abril.


Determina a imediata proibição da presença do etanol na composição dos
referidos medicamentos. Diário Oficial da União, de 20 abril 2001.

BAZYKINA NI, Nikolaevskii AN, Filippenko TA, Kaloerova VG 2002.


Optimization of conditions for the extraction of natural antioxidants from raw
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BRUNETON J 1991. Elementos de fitoquimica y farmacognosia. Zaragoza:
Acribia

CZELUSNIAK, K.e. et al. Farmacobotânica, fitoquímica e farmacologia do


Guaco: revisão considerando Mikania glomerata Sprengel e Mikania laevigata
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14, n. 2, p.400-409, 2012. FapUNIFESP (SciELO).
http://dx.doi.org/10.1590/s1516-05722012000200022. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-
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DI STASI LC 1996. Plantas medicinais: arte e ciência. Um guia de estudo


interdisciplinar. São Paulo: Unesp.

LEITE, M. G. R. ,SILVA, M. A. M., LINO, C.S., VIANA, G. S. B., MATOS, F. J.


A., “Atividade broncodilatadora em Mikania glomerata, Justicia pectoralis e
Torresea cearencis”, Congresso Brasileiro de Plantas Medicinais, Curitiba,
1992, Anais. Curitiba, Universidade Federal do Paraná, pg. 21, 19

LOW, T.; RODD, T.; BERESFORD, R. Segredos e virtudes das plantas


medicinais. Rio de Janeiro: Editora Reader’s Digest, 1999. 416p

PANIZZA, S. Plantas que curam: cheiro de mato. São Paulo: IBRASA, 1997.
p.117-8.
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PEREIRA, B. M. R., GONÇALVES, L. C., PEREIRA, N. A., “Abordagem


farmacológica de plantas recomendadas pela medicina folclórica como
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Medicinais, Curitiba, 1992, Anais. Curitiba, Universidade Federal do Paraná,
pg. 1, 1992.

RODRIGUES, Rafaella da Fonseca. Extração da cumarina a partir das


sementes da emburana (torresea cearensis) utilizando dióxido de carbono
supercrítico. 2005. 73 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia
Química, Faculdade de Engenharia Química, Universidade Estadual de
Campinas, São Paulo, 2005. Disponível em:
<http://repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/267682/1/Rodrigues_Rafae
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SOCIEDADE BRASILEIRA DE FARMACOGNOSIA (Brasil). Cumarina:


Apostilas de Aula Prática de Farmacognosia UEM e UEL. 2009. Disponível
em: <http://www.sbfgnosia.org.br/Ensino/cumarinas.html>. Acesso em: 23
out. 2019.

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