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Mercado Monetário 12
Professor Marco Antonio Muscari 2. 1. 3. 3. Setor Público 15
2. 1. 3. 4. Credibilidade Fiscal 15
1. Direito e Economia 2
2. 1. 4. Inflação 16
1. 1. Conceitos Básicos 3
2. 1. 4. 1. Tipos de Inflação 16
1. 1. 1. Escassez 3
2. 1. 4. 2. Regime de Metas 17
1. 1. 2. Custo de Oportunidade 3
2. 1. 4. 3. Inflação X Deflação X Desinflação 17
1. 1. 3. Análise Marginal 4
2. 2. Política Cambial 17
1. 2. Dez princípios de Economia 4
1. 2. 1. As pessoas enfrentam trade-offs 4 3. Microeconomia 18
1. 2. 2. O verdadeiro custo de alguma coisa é igual a tudo aquilo de 3. 1. Mercados 18
que desistimos para obtê-la. 4 3. 1. 1. Mercados e Competição 18
1. 2. 3. As pessoas racionais pensam na margem 4 3. 1. 2. Teoria da Demanda 18
1. 2. 4. As pessoas reagem a incentivos 5 3. 1. 3. Teoria da Oferta 19
1. 2. 5. O comércio pode ser bom para todos 5 3. 1. 4. Equilíbrio de Mercado 19
1. 2. 6. Os mercados geralmente são uma boa maneira de organizar a 3. 2. Elasticidade 20
atividade econômica 6
3. 2. 1. Elasticidade e Receita Total 21
1. 2. 7. Às vezes os governos podem melhorar os resultados dos
3. 3. Política de preço 21
mercados 6
3. 3. 1. Efeito da tributação no equilíbrio de mercado 22
1. 2. 8. O padrão de vida de um país depende de sua capacidade 7
3. 4. Bem-estar de mercado 23
1. 2. 9. Os preços sobem quando o governo emite moeda demais 7
3. 5. Falhas de Mercado 24
1. 2. 10. A sociedade enfrenta um tradeoff de curto prazo entre
Inflação e Desemprego 7 3. 5. 1. Externalidades 24
1. 3. Fluxo Circular da Renda 8 3. 5. 2. Poder de mercado 24
1. 3. 1. Microeconomia 8 3. 5. 3. Bens públicos 24
1. 3. 2. Macroeconomia 9 3. 5. 4. Monopólio natural 25
3. 5. 5. Assimetria de informação (= informação assimétrica =
2. Macroeconomia 9 assimetria informacional) 25
2. 1. Indicadores Macroeconômicos 9 3. 6. Custo / Lucro / Tomada de decisão da firma 25
2. 1. 1. Taxa de desemprego 9
4. Teoria dos jogos 26
2. 1. 2. Saldo da balança comercial 10
2. 1. 2. 1. Mercados Macroeconômicos 11
2. 1. 3. Produto Interno Bruto - PIB 11
2. 1. 3. 1. Mercado Financeiro 12
“A vida não examinada não vale a pena ser vivida” (Sócrates) 1. Direcionar condutas ➜ disciplinar a vida em sociedade -
comportamentos, estabelecer regras de convivência em sociedade, o
“O que a Economia faz é assentar a sua análise naquele que parece ser o que se pode ou não fazer - quem tem ou não direito - solucionar
traço comum à atuação da generalidade dos seres humanos: a tentativa de controvérsias - é o Código Civil que disciplina a vida em sociedade; e
ter uma vida tão satisfatória quanto possível, dados os constrangimentos com 2. Dar tratamento civilizado aos conflitos ➜ para quando a primeira
que se debatem. É nisso, afinal, que consiste o pressuposto da escolha função se frustrar, quando o direcionamento de condutas não for
racional” (Vasco Rodrigues) suficiente para manter a paz social - solução de conflitos
➢ 2 planos – Direito Material e Direito Processual.
“Economics studies how individuals, firms, government, and other Sendo o Direito um indutor (= direcionador) de condutas, a Economia
organizations within our society make choices, and how these choices pode ajudar-nos em dois aspectos - do que trata a matéria (a junção de
determine society’s use of its resources” (Joseph E. Stiglitz and Carl E. Walsh) Direito e Economia - direito à luz das ferramentas econômicas):
1. Na análise de quais são os efeitos de um determinado
“La economía estudia como se comporta la gente, no cómo dice que se enquadramento jurídico;
comporta. Cuando nos perguntam, todos somos más buenos y solidários de 2. Na análise de qual o enquadramento jurídico que deveria existir.
lo que en realidad somos (ya sé, vos y yo de nuevo somos la excepción). ✱ Economia Positiva ➜ preocupa-se com a descrição dos fenômenos
Tratar de entender este comportamiento, es decir, cómo tomamos cada econômicos, sem fazer juízo de valor - sem emitir uma opinião,
decisión, es lo que intentamos en economía” (Tomás Bulat) afirmação de fato, natural, simplesmente se constata, “a realidade é
esta” - não se fala se é bom ou ruim. Trata do que é. Ex.: afirmação
1. Direito e Economia de que um aumento da oferta de moeda gera inflação - moeda é
Segundo Luís Roberto Barroso, Ministro do Supremo Tribunal Federal, o igual a dinheiro, e a moeda metálica é a moeda sonante.
Direito pode ser compreendido em 3 sentidos (direito é uma palavra ✱ Economia Normativa ➜ nela, prescreve-se como as coisas deveriam
plurívoca, ou seja, que existem várias acepções / significados sobre): ou não deveriam ser, ou seja, fazem-se juízos de valor - faz-se juízos
1. Como um domínio científico, um conjunto ordenado de prescritivos, sugerindo o que deve ser feito. Trata do que deve ser.
conhecimentos acerca de determinado objeto (é a ciência do Direito) Ex.: afirmação de que o Governo Federal deveria isentar de IPI a
- direito como ciência é o próprio estudo do Direito; “linha branca” para proporcionar acesso da população mais pobre
2. Como as normas jurídicas vigentes em determinado momento e aos eletrodomésticos. Neste semestre discutiremos os delicados
lugar (é o direito positivo) - como o direito te obriga a algo; temas “bitcoin” e “mercado de órgãos humanos” (o Governo deveria
3. Como posições jurídicas individuais ou coletivas instituídas pelo regulamentar/proibir a negociação de bitcoins para coibir a prática de
ordenamento e a exigibilidade de sua proteção (é o direito subjetivo) crimes associados a essa criptomoeda? o Governo deveria autorizar
- a pessoa tem o direito de dormir tranquila de noite - silêncio noturno a compra e venda de órgãos humanos como forma de aumentar a
- posição jurídica instituída pelo ordenamento jurídico. oferta dos mesmos e assim salvar vidas?).
Ubi societas, ibi jus - onde há sociedade, há direito (não necessariamente O comportamento das pessoas é alterado pelo enquadramento jurídico:
direito posto, ou legislado, mas que há regras de convivência, alguma regra se uma conduta é punida, a sua relação custo-benefício torna-se menos
será utilizada para a convivência). atrativa do que se fosse premiada.
Dupla função do Direito (objetivos / escopos do Direito):
Reparem nos arts. 523 (§ 1º) e 701 (§ 1º) do Código de Processo Civil. O deserto ou na praia é um bem livre; numa construção civil, é um bem
Direito pode ser pensado como um sistema de incentivos. É disso que trata escasso.
a disciplina chamada “Análise Econômica do Direito”, “Direito & Economia” ou A escassez força-nos a fazer escolhas. Se um bem é escasso, as
“Law & Economics”. Segundo essa perspectiva de análise, as pessoas são pessoas são forçadas a escolher entre os usos possíveis: uso o meu 13º
racionais e agem tendo em vista seus interesses (cálculo de custo-benefício). salário para viajar ou poupo-o para um futuro mais tranquilo? Emprego o meu
As regras legais funcionam como “preços” aos quais os agentes respondem tempo indo ao cinema ou fico em casa estudando para as provas, ciente de
dentro do cálculo antes referido (TIMM & TRINDADE, RePro n. 178/157). que notas boas poderão abrir portas para um bom estágio?
✱ Obs.: a sanção da norma se divide em duas: a) sanção premial A isto se dá o nome de trade-off (“toma lá, dá cá” – situação de escolha
(oferece um prêmio se agir como deve, art.701, §1 CPC); b) sanção conflitante): para satisfazer uma necessidade, temos que abrir mão da
punitiva (aquela que pune), art. 523, §1 do CPC. satisfação de outra. Fico em casa estudando e possivelmente conquistarei um
1. 1. Conceitos Básicos bom estágio, mas perco o filme mais aguardado do ano... Sendo escassos os
Três são os conceitos básicos sobre os quais se constrói a Economia: nossos recursos (tempo e dinheiro, especialmente), trade-offs são um fato na
1º) escassez; 2º) custo (= custo de oportunidade - aquilo de que se abre mão vida. Quando o despertador tocou hoje cedo, podíamos dormir mais dez
para se tomar uma determinada decisão); 3º) análise marginal. minutinhos ou levantar imediatamente e chegar na hora para a 1ª aula (sono
1. 1. 1. Escassez extra é ótimo; assistir à aula inteira também tem suas vantagens...).
Os recursos do mundo são finitos, e desta forma tem que se priorizar. No belo poema Ou isto ou aquilo, Cecília Meireles registra: “Ou guardo
Desejamos sempre mais do que os nossos recursos permitem-nos dinheiro e não compro doce, ou compro doce e não guardo dinheiro. Ou isto
ter - se quer mais do que os recursos finitos permitem: um carro mais ou aquilo: ou isto ou aquilo... e vivo escolhendo o dia inteiro!”
luxuoso, viagens a países distantes, roupas de grife, uma casa maior, mais 1. 1. 2. Custo de Oportunidade
tempo com a família etc. Isto é escassez: as pessoas desejando mais do que Custo (= custo de oportunidade) é aquilo de que nós abdicamos para ter
pode ser satisfeito com os recursos de que dispõem - são constrangimentos, algo - ao fazer uma escolha, se abre mão de alguma coisa, não tem escolha
escassez de alguma coisa. sem abdicações. Todas as nossas escolhas, deem ou não lugar ao
Atenção: escassez não se confunde com pobreza; pobreza é ter poucos desembolso de dinheiro, têm custos: se se trata de verdadeiras escolhas,
bens; escassez é querer mais do que se pode ter com os meios disponíveis. quando optamos por uma alternativa, abdicamos de outra. Escolher é
Mesmo os ricos querem mais… Pobre são poucos bens e não escassez. incorrer em custos - se é escolha, tem custos...
Um bem é escasso se mais dele faria alguém mais satisfeito - escassez Se um bem é escasso, utilizá-lo de uma forma significa abrir mão de
não tem relação com raridade; caso ele fosse gratuito, as pessoas desejariam outro uso possível (todo sim implica um não). O valor deste último uso é o
mais. Mas atenção: o simples fato de haver uma pequena quantidade de um custo de oportunidade da escolha. Se a pessoa não tivesse optado pelo uso
bem não o torna escasso: imaginem que só houvesse 100 alfinetes com o “X”, teria escolhido a melhor alternativa seguinte. Em suma: o custo de
hino nacional gravado em suas pequeninas cabeças; será que esse bem oportunidade representa o benefício da segunda melhor oportunidade não
raríssimo seria considerado escasso? Deve-se fazer escolhas, já que não é aproveitada.
possível se fazer tudo o que gostaria com os recursos disponíveis - tem que Na vida, todos os custos são custos de oportunidade.
haver prioridades. Não confundam preço zero com custo zero! O custo vai além do preço...
Se um bem não é escasso, é chamado bem livre. Mais unidades dele “Não existe nada ‘grátis’ nas entradas de um concerto, se você precisa ficar
não tornariam ninguém mais satisfeito. Vejam que conceito relativo: areia no
seis horas debaixo da chuva para consegui-las” (Charles Wheelan) - o custo é Há um trade-off entre meio ambiente sem poluição e alto nível de renda.
o que se está abdicando. Gilberto Carvalho, então chefe de gabinete da Presidência da República,
Qual é o seu custo de oportunidade quando decide estar aqui na afirmou à revista Veja em junho/2008: Lula acha “importante a preservação
Faculdade todas as manhãs/noites? [ambiental], mas, entre um cerradinho e a soja, ele é soja”.
1. 1. 3. Análise Marginal Também há um trade-off entre eficiência e equidade.
Marginal - não tem relação com os criminosos, delinquentes ou quem 1. Eficiência ➜ significa obter da sociedade o máximo possível a partir
está à margem da sociedade, mas significa um a mais, aqui, refere-se aos de seus recursos escassos - extrair o máximo possível;
efeitos de uma pequena variação; quer dizer adicional ou extra. Vamos fazer 2. Equidade ➜ significa distribuir a prosperidade econômica de
a aná-lise sob a ótica de uma pequena variação (em termos de benefício, maneira justa entre os membros da sociedade. Quando o governo
falando-se então em benefício marginal; ou em termos de custo, falando-se redistribui renda dos ricos para os pobres, reduz o incentivo pelo
então de custo marginal). trabalho árduo das pessoas. Com isso, elas trabalham menos e
Há um princípio básico da racionalidade: quando as unidades de um tendem a produzir menos bens e serviços - tratar as pessoas de
bem ou recurso são intercambiáveis, as pessoas valoram cada unidade desse maneira justa considerando suas desigualdades.
mesmo bem ou recurso por seu valor marginal, ou seja, o valor do uso que Reconhecer que todos nós enfrentamos trade-offs, que não nos diz quais
seria abandonado se houvesse uma unidade a menos do bem ou recurso em as decisões que tomaremos ou que deveríamos tomar. Mas é fundamental
questão. Há uma “lei” conhecida como lei da utilidade marginal reconhecer os trade-offs da vida, pois só podemos tomar boas decisões se
decrescente: à medida que aumenta o consumo de determinado bem, a compreendermos as opções disponíveis (a “vida examinada” de que falava
utilidade marginal desse bem diminui. Para uma criança faminta, o primeiro Sócrates...).
copo de leite é questão de manter-se viva; o segundo copo é questão de Observação do filósofo Luiz Felipe Pondé: “Não existe almoço de graça,
manter-se saudável; o terceiro copo é questão de sentir-se plenamente mas tem muita gente, que normalmente não paga o almoço, que não sabe
saciada - utilidade é um benefício, marginal - uma unidade a mais, disso ou finge que não sabe” (Folha de S. Paulo, 27/6/2011).
decrescente - vai caindo. 1. 2. 2. O verdadeiro custo de alguma coisa é igual a tudo aquilo de
1. 2. Dez princípios de Economia que desistimos para obtê-la.
Segundo Gregory Mankiw. Como enfrentamos trade-offs, a tomada de decisões exige comparar os
1. 2. 1. As pessoas enfrentam trade-offs custos e benefícios de possibilidades alternativas de ação.
Nada é de graça. Não há almoço grátis. Para conseguirmos algo, O custo de oportunidade de um item é aquilo de que você abre mão
geralmente temos de abrir mão de outra coisa que nos interessa. Lembrem da para consegui-lo. Por que jovens modelos abandonam a escola e se dedicam
ida ao cinema versus estudar para a prova... às passarelas internacionais?
Trade-off significa uma situação de escolha conflitante, ou seja, quando 1. 2. 3. As pessoas racionais pensam na margem
uma escolha que visa à resolução de determinado problema acarreta, Estar na margem - fazer análise unidade após unidade, sobre as
inexoravelmente, outro(s). Num jogo de damas, às vezes sacrificamos uma vantagens e desvantagens - pensar na margem é não estar nos extremos,
peça para, na jogada seguinte, comermos três peças do adversário. Para não é preto ou branco, mas sim o cinza. Raramente temos que optar entre
conseguirmos um bom resultado, precisamos abrir mão de uma peça. Por que “preto ou branco” - é o cinza, “oito ou oitenta”. No jantar, a escolha não é
a Faculdade Damásio nunca teve classes com 100 alunos? E por que jamais entre fazer jejum ou comer até ficar nauseado, mas entre aceitar ou não um
manteve apenas 3 ou 4 estudantes por sala? pedaço adicional de pizza. Em época de provas, a escolha não é entre
estudar 24 horas por dia no sábado e domingo ou gastar todo o final de trabalho. Se o professor diminui o rigor nas avaliações, parte dos alunos
semana numa festa rave, mas sim entre rever as anotações ou assistir a um estudará menos, por não temer a reprovação.
programa de TV no domingo à noite. Quando legisladores (e também juízes – caso da penhorabilidade do
Se temos que decidir sobre “quanto” (não sobre “isso ou aquilo”), imóvel residencial único do fiador – art. 3º, VII, da Lei n. 8.009/90; art. 6º da
tomamos a decisão na margem. CF) não consideram como os seus atos afetam os incentivos, correm o risco
Economistas usam a expressão mudanças marginais para descrever os de atingir resultados diversos dos esperados. Em 2008 foi editada a Lei n.
ajustes ao redor dos “extremos” daquilo que se está fazendo. 11.788. Eis a manchete encontrada na Internet: “Após um mês em vigor, lei
Exemplo: se a Azul Linhas Aéreas gasta R$ 100.000,00 para realizar um de estágio faz com que 60 mil sejam dispensados” (fonte:
voo até Ribeirão Preto, com 100 lugares, o custo médio por passageiro é de www.administradores.com.br./noticias - acesso em 23/12/08).
R$ 1.000,00; em princípio, poderíamos imaginar que a empresa jamais Antiga Lei do Inquilinato é outro exemplo. Mais um exemplo: decisão do
deveria vender passagens por menos de R$ 1.000,00. Supondo que meia STJ no caso da desvalorização do real frente ao dólar, em contratos de
hora antes da decolagem haja ainda 20 assentos disponíveis e que alguém leasing, no mês de janeiro de 1999 - o preço dos contratos subiu muito por
se disponha a pagar R$ 500,00 pelo bilhete, é negócio para a companhia conta da variação do dólar, e os casos foram parar no STJ.
aérea vender a passagem? Claro que sim, pois o custo de transportar mais Por que as pessoas usam carros menores na Europa do que nos EUA?
um passageiro – o custo marginal – é ínfimo (uma barrinha de cereal e um Porque são mais conscientes? Porque as vias públicas são mais estreitas?
copo d’água a mais). Nada disso. É que os impostos sobre a gasolina são maiores na União
Um tomador de decisões racional executa uma ação apenas se o Europeia do que nos Estados Unidos...
benefício marginal ultrapassa o custo marginal. 1. 2. 5. O comércio pode ser bom para todos
O estudo das decisões marginais é conhecido como análise marginal. Autossuficiência é o caminho para a pobreza. Se cada família fosse
Lembrem: a utilidade marginal do dinheiro, como de qualquer outro bem, autossuficiente, produzindo sua comida, suas roupas e sua casa, a
tende a ser decrescente: o acréscimo de satisfação proporcionado pelo quantidade total de bens e serviços não seria tão grande quanto é na
primeiro Real tende a ser maior do que o proporcionado pelo segundo e hipótese de especialização, em que cada um se dedica ao que faz melhor
assim por diante. Logo, podemos supor que um Real a mais para uma pessoa (agricultura/costura/construção civil) e comercializa com outras pessoas.
pobre tem utilidade maior do que para uma pessoa rica. Será, então, que O comércio permite que as pessoas (e os países) se especializem no que
mais dinheiro significa mais felicidade? Em seu livro A arte da vida, Zygmunt fazem melhor e desfrutem de uma variedade maior de bens e serviços.
Bauman observa: "embora os índices de satisfação com a vida declarados Enquanto os indivíduos sabem que podem encontrar os bens e serviços que
cresçam amplamente em paralelo com o nível do PNB, eles só crescem de desejam no mercado, eles estão dispostos a desistir de serem
modo significativo até o ponto em que carência e pobreza dão lugar à autossuficientes e partir para a especialização.
satisfação das necessidades essenciais, de ‘sobrevivência’”. Vantagem absoluta (Adam Smith) versus vantagem comparativa
1. 2. 4. As pessoas reagem a incentivos (David Ricardo)
Tomamos decisões comparando os custos e os benefícios, segundo as Suponhamos que: a advogada “X” faça 5 recursos/dia ou 10
nossas preferências. Mudando qualquer dos custos ou benefícios, é provável pesquisas/dia; o estagiário “Y” faça 1 recurso/dia ou 5 pesquisas/dia. A
que mude a nossa decisão. advogada tem vantagem absoluta sobre o estagiário nas duas tarefas, ou
Se aumenta o imposto sobre a gasolina, as pessoas preferem comprar seja, ela faz mais das duas coisas. Aparentemente, a advogada não
carros flex, ou usar transporte público, ou até mudar para mais perto do precisaria do estagiário (se fossem dois países, levada em conta a produção
de notebooks e soja, aparentemente não deveria haver comércio entre eles, À “economia de mercado” se contrapõe a “economia de comando”, em
já que um é superior em tudo). Mas, depois que David Ricardo desenvolveu a que existe uma autoridade central tomando decisões sobre produção e
ideia de vantagem comparativa, percebeu-se que a advogada deveria consumo. É o que existiu – sem muito sucesso, como sabemos – na antiga
dedicar-se apenas aos recursos, atribuindo ao estagiário a realização de União Soviética.
todas as pesquisas. Assim, o número total de recursos e pesquisas é o Em seu belo livro O Novo Iluminismo (2019), Steven Pinker observa: “As
máximo possível. Para a advogada, o custo (de oportunidade) de fazer 10 economias de mercado, além de colherem os benefícios da especialização e
pesquisas são 5 recursos; já para o estagiário, o custo de produzir 10 de fornecerem incentivos para que as pessoas produzam coisas que os
pesquisas são apenas 2 recursos... Em suma, a advogada tem vantagem outros desejam, resolvem o problema de coordenar os esforços de centenas
absoluta (i.e.: é melhor em tudo), mas tem vantagem comparativa apenas na de milhões de indivíduos usando os preços para propagar amplamente as
atividade de elaborar recursos. informações sobre necessidade e disponibilidade – um problema
O professor de Harvard Steven Pinker lembra que, por causa da computacional que nenhum planejador é brilhante o suficiente para resolver
vantagem comparativa, “em média, todos prosperam mais quando cada país em seu departamento central”.
vende os bens e serviços que pode produzir com mais eficiência, mesmo se 1. 2. 7. Às vezes os governos podem melhorar os resultados dos
os compradores pudessem produzi-los ainda mais eficientemente” (O Novo mercados
Iluminismo, 2019). Se a “mão invisível” é tão eficiente, por que os governos de praticamente
1. 2. 6. Os mercados geralmente são uma boa maneira de organizar a todos os países intervêm (uns mais, outros menos) na economia? Falha de
atividade econômica mercado - a mão invisível não dá conta, ela falha, por isso a necessidade da
Mercado é um conjunto de pessoas comprando e vendendo algo. intervenção na economia - Por dois motivos genéricos: a) para promover a
Numa “economia de mercado” não há um planejador central idealizando eficiência; b) para promover a equidade.
o que e como cada pessoa ou empresa produzirá, nem limitando quanto e o 1. Eficiência ➜ Nem sempre a “mão invisível” conduz à alocação
que as pessoas consumirão. As empresas e cada pessoa decidem o que eficiente dos recursos disponíveis. “Falha de mercado" é a expressão
fazer (o que produzir, onde trabalhar, o que consumir etc.) e interagem no empregada para significar uma situação em que o mercado, por si
mercado, guiados pelos preços e por seus interesses pessoais. só, não consegue gerar uma alocação eficiente de recursos.
Adam Smith afirmou (Riqueza das Nações, 1776) que, ao interagirem no Exemplos em que os mercados falham:
mercado, famílias e empresas são guiadas por uma “mão invisível”. Ela é a a. As ações dos indivíduos têm efeitos colaterais que não são
forma pela qual a economia de mercado consegue domar o poder do captados/suportados por quem os gerou (“externalidade” –
interesse próprio em favor do bem da sociedade - é a mão invisível que poluição);
organiza a atividade econômica nos mercados. Não há um planejador que b. Uma só pessoa (ou um pequeno grupo de pessoas) influencia
regula a economia. indevidamente os preços de mercado (“poder de mercado” –
Os preços são o instrumento com que a mão invisível conduz a atividade monopólio ou oligopólio);
econômica. Eles refletem o valor de um bem para a sociedade e o custo c. Alguns bens, por sua própria natureza, não servem para uma
social de produzi-lo. administração eficiente pelos mercados ("monopólio natural” -
Quando o Governo intervém nos preços (tema que estudaremos mais fornecimento de água e coleta de esgoto - SABESP).
adiante), ele impede que essa “mão invisível" atue e muitas vezes acaba Nestes casos, políticas públicas inteligentes podem aumentar a
gerando a má alocação dos recursos. eficiência econômica.
2. Equidade ➜ A “mão invisível” pode não conseguir fazer com que a 1. 2. 9. Os preços sobem quando o governo emite moeda demais
prosperidade econômica seja distribuída equitativamente. Uma Inflação é aumento do nível geral de preços na economia. Há algumas
economia de mercado recompensa as pessoas de acordo com sua formas pelas quais o governo aumenta a quantidade de moeda disponível na
capacidade de produzir coisas pelas quais outras pessoas estejam economia: emitindo dinheiro (rodando a máquina da casa da moeda),
dispostas a pagar (daí por que o melhor jogador de futebol do mundo reduzindo o depósito compulsório que os bancos têm de manter no Banco
ganha muito mais do que o melhor jogador de xadrez do planeta), Central (BACEN), comprando títulos etc. Se há mais moeda no mercado -
mas não assegura que todas as pessoas tenham comida suficiente. injetar liquidez, o valor da moeda diminui. Isso provoca inflação, assunto de
Bolsa família, por exemplo, é uma intervenção governamental na que trataremos mais à frente - para evitar, o Estado poderia reduzir os tributos
economia com vistas a redistribuir renda. cobrado, para que a população gaste com outras coisas.
Ninguém duvida de que é preciso reservar vagas em estacionamentos de 1. 2. 10. A sociedade enfrenta um tradeoff de curto prazo entre Inflação
shopping centers para portadores de necessidades especiais. Contudo, essa e Desemprego
reserva provoca a ociosidade de um certo número de vagas. A reserva de Quando o Governo aumenta a quantidade de moeda na economia, a
vagas se justifica em termos de equidade, porém gera ineficiência... inflação aumenta. Porém, no curto* prazo há um menor índice de
Mas muito cuidado: não pensem que uso eficiente dos recursos tem a desemprego.
ver com dinheiro, podendo ser sempre medido em reais ou dólares. Dinheiro O economista neozelandês A. W. Phillips, que lecionou na Inglaterra nos
é apenas um meio para outros fins! A medida que importa (na Economia, anos 50 do século passado, estudou a relação de curto prazo entre inflação e
inclusive) não é o dinheiro, mas sim o bem-estar ou a felicidade das pessoas. desemprego. Em sua homenagem foi batizada a seguinte curva.
Uma economia é eficiente quando usa todas as oportunidades de melhorar a
situação de alguns sem piorar a situação de outros.
Missão do economista: empregar os recursos econômicos (escassos,
por definição) da maneira mais eficiente possível, na busca dos objetivos da
sociedade, quaisquer que sejam tais objetivos.
1. 2. 8. O padrão de vida de um país depende de sua capacidade
De acordo com o site “www.indexmundi.com”, consultado no dia
30/01/2021, o produto interno bruto per capita dos EUA é de US$ 59.800,00
(18ª posição) e o do Brasil corresponde a US$ 15.600,00 (106ª posição). Nos
Na curva de Phillips as curvas são inversamente proporcionais, pois o
extremos da lista se acham Liechtenstein (USD $139.100,00) e República
aumento de uma (negativa) gera a baixa da outra (positiva).
Centro-Africana (US $700,00) - o padrão de vida de um país depende da sua
Eis a ideia:
capacidade de produzir bens e serviços.
a. Se o Governo aumenta a quantidade de moeda na economia,
Embora não se possa dizer que mais dinheiro se traduz em mais
haverá inflação;
felicidade, vimos que ao menos até certo ponto (de atendimento das
b. Enquanto os trabalhadores não percebem a inflação se
necessidades básicas) a relação entre os dois fatores é direta. Os cidadãos
aproximando ou crescendo, eles não demandam reajustes salariais;
de países com renda elevada têm mais televisores, mais carros, boa nutrição,
c. Com os salários reais dos trabalhadores diminuindo (a inflação
expectativa de vida maior etc. Existe relação direta entre o padrão de vida e a
corrói os salários), os empregadores contratarão mais pessoas e a
produtividade (= capacidade de produzir bens e serviços) de cada país.
taxa de desemprego cairá.
Porém, após algum tempo os trabalhadores perceberão que estão
amargando perdas salariais e demandarão aumentos. Daí começará uma
“corrida”:
I. Os preços sobem (inflação) e os trabalhadores, já conscientes disso,
demandam aumentos nos salários;
II. Por causa do aumento salarial, os empresários têm que majorar os
preços dos bens e serviços, o que aumenta a inflação;
III. No longo* prazo, portanto, não há trade-off entre inflação e
desemprego.
1. 3. Fluxo Circular da Renda
PIB = C (consumo das famílias - unidades consumidoras) + I
(investimento que o empresariado faz - o investimento é o gastar para
produzir) + G (gastos governamentais) + Eliq (setor externo da economia,
exportações líquidas, todas as importações que são feitas meios o que foi
importado).
Modelo - simplificação da realidade para a compreensão melhor da
situação, como o fluxo circular de renda (despreza uma parte da realidade).
Temos fundamentalmente 4 Agentes Econômicos: as Famílias*, as Fluxos Reais - Despesas (gastam dinheiro) - Gerando receita (aos
Empresas**, o Governo e o Setor Externo. empresários) - Pagamento dos fatores de produção (trabalho - salário -
Ao estudarmos o Fluxo Circular de Renda, criamos um modelo (modelo contrapartida da mão de obra; capital - juros - investimento no mercado; terra
é uma “simplificação da realidade” para compreendê-la melhor) que isola o - aluguel) - Gerando renda.
relacionamento entre Famílias* e Empresas**, apenas. Fluxo Monetário - As famílias demandam bens e serviços e ofertam
trabalho, capital e terra (fatores de produção); Empresas - demanda de
fatores de produção e oferta de bens e serviços.
1. 3. 1. Microeconomia
É o ramo da Ciência Econômica que estuda:
a. Os segmentos (partes menores) da economia;
b. O comportamento do consumidor ou do grupo de consumidores de
um determinado bem/serviço (demanda);
c. O comportamento do fornecedor ou do grupo de fornecedores de um
bem/serviço (oferta);
d. O comportamento de unidades governamentais.
Perguntas típicas de microeconomia:
a. O setor elétrico brasileiro está fazendo investimentos suficientes para bem-estar se poucas pessoas "comerem" metade e deixarem a outra
atender à demanda crescente ou corremos o risco de enfrentar metade para um exército de concidadãos.
“apagões” no futuro?; 2. 1. Indicadores Macroeconômicos
b. O setor de serviços está ganhando ou perdendo peso na composição Termômetros da macroeconomia. Taxa de desemprego, Balança
do PIB?; comercial, Produto interno bruto e Taxa de inflação.
c. A abertura do mercado brasileiro para veículos chineses e 2. 1. 1. Taxa de desemprego
sul-coreanos está provocando redução de empregos na indústria
automobilística nacional?
1. 3. 2. Macroeconomia
É o ramo da Ciência Econômica que focaliza o comportamento do
sistema econômico como um todo. Tem como objeto de estudo as relações
entre os grandes agregados estatísticos: a renda nacional, o nível de
emprego e preços; o consumo, a poupança e o investimento totais
(Sandroni).
A macroeconomia surgiu durante a Grande Depressão, fenômeno que
assolou os EUA e diversos outros países por uma década (de 1929 até o final
dos anos 30), dando lugar, segundo alguns estudiosos, à ascensão de Hitler e
à 2ª Guerra Mundial.
Começaremos nosso estudo pela macroeconomia, pois é dela que mais “Nada é mais importante que o emprego em uma economia” (Benjamin
se ocupam diariamente os meios de comunicação e é ela que impacta mais Steinbruch, Vice-Presidente da FIESP – Folha de São Paulo, 20/10/2009).
diretamente as nossas vidas. A taxa de desemprego indica o quanto é fácil ou difícil encontrar um
trabalho na presente situação da economia. Sendo alta a taxa de
2. Macroeconomia desemprego, é difícil encontrar trabalho remunerado. Altas taxas de
Para que serve a macroeconomia? Para alcançar alguns fins/objetivos desemprego são devastadoras tanto para os indivíduos (imaginem a
considerados desejáveis pela maioria das pessoas: sensação de ver sua família passando necessidade) como para a sociedade
1. Crescimento econômico ➜ se o “bolo” é pequeno, não adianta (estamos produzindo menos bens e serviços do que poderíamos). Conceito
dividi-lo bem, pois cada cidadão receberá um pedaço minúsculo; da OIT - Organização Internacional do Trabalho.
2. Aumento do nível de emprego ➜ talvez não haja situação mais 1. População em Idade Ativa (PIA) ➜ é composta pelas pessoas com
triste do que aquela enfrentada por quem, desejando trabalhar para 15 ou mais anos de idade - questão exclusivamente etária;
sustentar-se, não consegue emprego; 2. População Economicamente Ativa (PEA) ➜ é composta pelas
3. Estabilidade de preços ➜ inflação gera um descontrole na pessoas com 15 ou mais anos de idade que foram classificadas
economia e penaliza, de modo especial, a população mais pobre; e como ocupadas ou desocupadas;
4. Distribuição da renda ➜ ainda que o país produza um “bolo” 3. População Ocupada (PO) ➜ pessoas que, num determinado
grande - caso do Brasil, 8ª economia do planeta -, não haverá período de referência, trabalharam ou tinham trabalho mas não
trabalharam (p. ex., estavam em férias). Engloba:
a. Empregados ➜ aquelas pessoas que trabalham para um 2. Estrutural ➜ desemprego crônico e duradouro gerado por falta de
empregador ou mais (com ou sem carteira de trabalho capacitação (imigrantes; iletrados), discriminação (imigrantes),
assinada), cumprindo uma jornada de trabalho, recebendo em salário mínimo, barreiras a demissões etc. (Europa tem mais do que
contrapartida remuneração em dinheiro ou outra forma de EUA – por quê? na Europa há barreira à demissões, salário mínimo
pagamento (moradia, alimentação, vestuário etc.), incluindo-se alto, o que torna a contratação mais seletiva e a demissão mais
aqui os prestadores de serviço militar obrigatório (conscrito - cara);
“conscra”) e os clérigos; 3. Cíclico ➜ desemprego extra que ocorre durante períodos de
b. Conta Própria ➜ aquelas pessoas que exploram uma atividade recessão (caso típico do período de pandemia do Covid-19).
econômica ou exercem uma profissão ou ofício, sem Não é possível ter zero% de desemprego, o ideal é 4%.
empregados; Conceito interessante e muito triste: “desemprego por desalento” –
c. Empregadores ➜ aquelas pessoas que exploram uma atividade tentou, tentou, não conseguiu e desistiu… - não é desocupado, é da PNEA
econômica ou exercem uma profissão ou ofício, com auxílio de (População Não Economicamente Ativa).
um ou mais empregados; Notícia publicada em 28/01/2021: a) a taxa de desemprego foi de 14,1%
d. Não Remunerados ➜ aquelas pessoas que exercem uma no trimestre encerrado em novembro de 2020; b) o número de
ocupação econômica, sem remuneração, pelo menos 15 horas desempregados foi estimado em 14 milhões. Fonte:
na semana, em ajuda a membro da unidade domiciliar em sua https://www.infomoney.com.br/mercados/taxa-de-desemprego-no-brasil-vai-a-
atividade econômica, ou em ajuda a instituições religiosas, 141-em-novembro-diz-ibge-numero-de-desempregados-e-de-14-milhoes/ -
beneficentes ou de cooperativismo, ou, ainda, como aprendiz ou acesso no dia 30/01/2021.
estagiário. 2. 1. 2. Saldo da balança comercial
4. População Desocupada (PD) ➜ aquelas pessoas que não tinham As operações de compra (importações) e venda (exportações) que o
trabalho durante 30 dias ou mais, mas estavam dispostas a trabalhar, Brasil faz com o resto do mundo são registradas na balança comercial. Se as
e que, para isso, tomaram alguma providência efetiva (consultando exportações (o que vendemos para a “gringolândia”) superarem as
jornais, visitando agências de emprego etc.); importações (o que compramos da “gringolândia”), dizemos que há superávit
5. População Não Economicamente Ativa (PNEA) ➜ as pessoas não na balança (superavitária). Do contrário, afirmamos que há déficit (deficitária).
classificadas como ocupadas ou desocupadas; Termos quantitativos - na primeira (A) há superávit, na do meio (B) há um
6. População em Idade Não Ativa (PINA) ➜ é composta pelas equilíbrio e na terceira (C) há déficit.
pessoas com menos de 15 anos de idade.
3. 1. 4. Equilíbrio de Mercado
Depois de analisarmos a oferta e a demanda em separado, vamos agora
combiná-las para ver como determinam a quantidade de um bem vendido no
3. 1. 3. Teoria da Oferta
mercado e o seu preço.
Fornecedor. A quantidade ofertada de qualquer bem ou serviço é a
Existe um preço de equilíbrio, um preço em que a quantidade do bem que
quantidade que os vendedores querem e podem vender. Três fatores
os compradores querem e podem comprar é exatamente igual à quantidade
definem a oferta de um determinado bem:
que os vendedores querem e podem vender - só há um preço que todo
1. Tecnologia ➜ como se conjugam os fatores de produção; quanto
mundo que quer e pode adquirir encontra quem quer e pode fornecer.
maior a tecnologia aplicada, mais terá a oferecer;
Graficamente, é o ponto de interseção (E) entre as curvas da oferta e da
2. Custos dos insumos ➜ o valor dos insumos influencia na
demanda:
quantidade produzida;
3. Preço do bem ➜ se mais barato será ofertado em maior quantidade.
Quanto maior o preço, mais lucrativo é vender aquele bem, de modo que
a quantidade ofertada é grande. Vale a pena trabalhar nos finais de semana,
comprar mais máquinas, contratar trabalhadores etc.
Graficamente, a curva da oferta é inclinada para cima, ou seja, o aumento
de uma variável (P = preço) é associado ao aumento da outra (Q =
quantidade ofertada). Existe uma relação positiva (são diretamente
proporcionais entre si - quando um aumenta o outro aumenta) entre as duas
variáveis - se aumenta o preço a quantidade aumenta:
3. 4. Bem-estar de mercado
Imagine que você tem uma bicicleta Caloi 10 novinha, fabricada em 1981, A curva vermelha é a da demanda (variáveis inversamente proporcionais
e quer leiloá-la. Apresentam-se os interessados “A”, “B”, “C” e “D”, que estão - consumidor), e a azul é a da oferta (variáveis diretamente proporcionais).
dispostos a pagar pela bike até R $200,00, R $400,00, R $600,00 e R Chegamos a três conclusões:
$800,00, respectivamente. O lance de “D” é vencedor e ele compra a bicicleta 1. Mercados livres (i.e.: sem interferência governamental nos preços)
por R $700,00. Dizemos, nesse caso, que houve um excedente do fazem com que os bens cheguem às mãos dos compradores que
consumidor de R $100,00 (excedente do consumidor, segundo Gregory lhes atribuem maior valor, segundo sua disposição para pagar;
Mankiw, é “a quantia que o comprador está disposto a pagar pelo bem, 2. Em mercados livres, conseguem vender seus bens aqueles que os
menos a quantia que ele realmente paga”). O excedente do consumidor é um produzem ao menor custo;
bom termômetro do bem-estar econômico, pois mede o benefício que os 3. Mercados livres levam à produção da quantidade de bens que
compradores obtêm na aquisição de um bem ou serviço, segundo a maximiza o excedente total (excedente do consumidor + excedente
percepção dos próprios compradores (para você, a Caloi 10 pode ser um do produtor).
verdadeiro entulho; para “D”, é um sonho de consumo...). O que acontece com o bem-estar econômico quando o Governo institui
Imagine agora que você deseja pintar sua casa e, com absoluta um imposto?
sinceridade, dispara e-mails para três pintores conhecidos indagando deles Vejamos um exemplo dado por Gregory Mankiw. Joe limpa a casa de
se estão dispostos a executar o serviço por R $10.000,00. Os custos (custos Jane toda semana por $100. O custo de oportunidade do tempo de Joe é $80
de oportunidade, que já estudamos) dos pintores “X”, “Y” e “Z” são R e o valor que Jane atribui a uma casa limpa é $120. Desse modo, cada um
$9.000,00, R $11.000,00 e R $13.000,00, respectivamente. Desse modo, dos dois tem um benefício de $20 por transação. O excedente total, no caso,
apenas “X” se mostra disposto a pintar a casa pelos R $10.000,00 oferecidos é $40.
em seu e-mail. Diremos aqui que houve um excedente do produtor de R Imaginemos agora que o Governo institua um imposto de $50 para os
$1.000,00 (excedente do produtor, segundo Gregory Mankiw, corresponde à prestadores de serviços de limpeza. Não haverá preço que Jane possa pagar
“quantia que um vendedor recebe por um bem menos seu custo de a Joe que os deixe em melhor situação após o pagamento do imposto. O
produção”). O excedente do produtor também serve para medir o bem-estar máximo que ela está disposta a pagar é $120, mas isso deixaria Joe com
econômico. apenas $70 depois de pagar o tributo, ou seja, um valor menor do que os $80
Quando somamos o excedente do consumidor com o excedente do de seu custo de oportunidade.
produtor chegamos ao excedente total.
Por outro lado, se Joe cobrasse valor equivalente ao seu custo de terceiros. Aqui é razoável, então, que o Estado imponha “custos” ao usineiro
oportunidade mais o imposto, Jane teria de pagar-lhe $130, algo que está (multa por poluir, obrigá-lo a tratar o resíduo antes de despejá-lo no rio etc.).
acima do valor que ela atribui a uma casa limpa ($120). Exemplo de externalidade positiva é a educação. Alguém duvida que,
Conclusão: ambos não farão negócio, Joe ficará sem renda, Jane terá de para toda a sociedade, é bom que tenhamos médicos brasileiros realizando
viver em uma casa suja e o próprio Governo não receberá o imposto! aqui neurocirurgias sofisticadíssimas (implantação de aparelho no cérebro do
Dizemos no caso que houve um peso morto, assim considerado “a portador de mal de Parkinson)?
queda do excedente total resultante de uma distorção de mercado, como um Para encorajar isso, o Governo costuma “subsidiar” a educação. Este é
imposto” (Gregory Mankiw). um argumento para termos universidades públicas e bolsas de estudo
3. 5. Falhas de Mercado custeadas com dinheiro público em universidades privadas...
Todas as hipóteses de falha de mercado, resultam no Estado interferindo Outro exemplo seria o da vacina. Quando algum de nós toma a vacina da
na economia - e os economistas aprovam. Covid, produz o efeito colateral de conter uma nova pandemia e, com isso,
Numa concorrência perfeita, o mercado geralmente consegue chegar a beneficia até mesmo aqueles que não quiseram submeter-se aos incômodos
um ponto ótimo de emprego dos recursos disponíveis, via preço de equilíbrio. de ficar por horas na fila do posto de saúde e se vacinar. Eis a razão pela qual
O preço é o melhor “sinal econômico”, ou seja, a melhor informação que ajuda muitas vacinas são custeadas com dinheiro público.
as pessoas a tomarem boas decisões econômicas. Impostos de Pigou e Subsídios de Pigou (Arthur Cecil Pigou – 18/11/1877
Se o preço de equilíbrio dos pastéis na Liberdade é R $5,20, isso informa - 7/03/1959).
duas coisas: 3. 5. 2. Poder de mercado
1. Que existem consumidores dispostos a pagar R $5,20; É a capacidade de uma empresa (monopólio/monopsônio), ou de um
2. Que os pasteleiros (fornecedores) têm um custo unitário de R grupo pequeno de grandes empresas (oligopólio/oligopsônio), afetar de forma
$5,20 ou menos. significativa o nível de preços de mercado de um determinado bem ou
Contudo, às vezes os mercados não funcionam bem, ou seja, não serviço. Nestes casos, não temos um sistema de concorrência perfeita.
conseguem maximizar o emprego dos recursos disponíveis (e escassos, por Justifica-se então a intervenção estatal no mercado. A Lei n. 8.884/94 (Defesa
definição). Temos então as chamadas falhas de mercado, que dão margem da Concorrência) caracteriza como infração à ordem econômica “fixar ou
às chamadas políticas de comando e controle (intervenção estatal da praticar, em acordo com concorrente, sob qualquer forma, preços e condições
Economia). de venda de bens ou de prestação de serviços” - prática do quartel
Eis as situações em que existem falhas de mercado. (cartelização) (art. 21, I) e “interromper ou reduzir em grande escala a
3. 5. 1. Externalidades produção, sem justa causa comprovada” - (art. 21, XX).
Muitas vezes a atividade de um agente econômico afeta o bem-estar de 3. 5. 3. Bens públicos
outro agente, sem que isso consiga ser captado pelo sistema de preços. Há certos bens e serviços que não podem ser produzidos lucrativamente
Externalidades são custos (externalidades negativas) ou benefícios por empresas particulares, porque não há como excluir não pagantes (free
(externalidades positivas) que as atividades de algum agente impõem a riders - caronista: pessoas que se beneficiam de um bem ou serviço, apesar
terceiros que não por via do sistema de preços. Quando uma usina produz de pagar por ele) de usá-los ou beneficiar-se deles. Chamam-se bens
álcool combustível e joga o vinhoto no rio que abastece de água a população públicos, em contraposição aos bens privados.
das cidades vizinhas, não se incorpora ao preço esse impacto negativo a Há duas características fundamentais dos bens públicos, que impedem o
seu oferecimento (lucrativo) numa economia de mercado:
1. São não excluíveis ➜ é difícil ou mesmo impossível excluir Se a assimetria existe e é relevante antes da celebração do contrato,
não-pagantes de consumir o bem ou serviço; fala-se em seleção adversa. Exemplo: mercado de carros usados (só o
2. São não rivais no consumo ➜ o consumo ou fruição por uma vendedor conhece perfeitamente o estado do carro; desse modo, potenciais
pessoa não impede que outra também os consuma ou usufrua. compradores sempre têm medo e acabam pagando pelo automóvel um preço
Exemplos: defesa nacional; sistema de alerta e alarme comunitário para muito menor do que estariam dispostos a pagar se tivessem certeza do seu
chuvas fortes, na região serrana do Estado do Rio de Janeiro. estado; com isso, vendedores de carros muito bons se afastam do mercado,
Bens privados são tanto excluíveis quanto rivais no consumo. pois o preço que os potenciais compradores estão dispostos a pagar não
Existem certos bens que não são explorados de maneira lucrativa, e por compensa; restam no mercado apenas os maus veículos e o círculo se
isso só podem ser oferecidos pelo Estado. fecha).
3. 5. 4. Monopólio natural Se a assimetria existe e é relevante quando o contrato já está vigendo,
Impedir o monopólio é geralmente uma boa ideia para quem pensa no fala-se em risco moral (moral hazard). Num contrato de seguro de automóvel,
consumidor. Há casos, porém, em que uma só empresa consegue ofertar muitos segurados ficam desleixados e deixam de tomar cautelas de
certo bem ou serviço ao mercado inteiro a um custo menor do que duas segurança como instalar dispositivo antifurto ou deixar o veículo em
ou mais empresas, ou seja, por motivos técnicos, “não cabe” mais de uma estacionamentos fechados. Daí as seguradoras cobram de todos os
empresa fornecedora no mercado. A isto se chama monopólio natural. consumidores um prêmio maior, pois não sabem quantos segurados serão
Pensemos na distribuição de água. Para levar água a todos os desleixados.
moradores de São Paulo, uma empresa precisa construir rede de tubulação. Reparem que o comprador de carros usados e a seguradora não têm a
Se duas ou mais empresas competissem na prestação desse serviço, cada mesma quantidade de informações que as pessoas com quem contratam.
uma teria de pagar um custo fixo na construção da sua própria rede e o custo Num típico caso de assimetria de informação, é possível distinguir as
total médio da água seria maior do que na hipótese de existir uma só seguintes partes envolvidas:
empresa fornecedora. a. Aquela que detém parcela maior de informação, chamada de agente;
Como lidar com os monopólios naturais? De duas formas: b. Aquela detentora de menos informação, chamada de principal.
1. O poder público fornece o bem/serviço, impedindo que um Problema que envolve informação assimétrica e conflito de interesse
monopolista privado controle o mercado (exemplo: SABESP); entre partes é denominado problema do principal-agente.
1. Deixar o setor em mãos privadas, mas regula por intermédio de 3. 6. Custo / Lucro / Tomada de decisão da firma
Agências Reguladoras (exemplo: ENEL, antiga Eletropaulo). Vamos imaginar que a Dona Rita decida abrir, na frente da casa onde
3. 5. 5. Assimetria de informação (= informação assimétrica = mora, um barzinho para vender salgados que ela mesma produz. O dinheiro
assimetria informacional) que ela paga por seus insumos (farinha, óleo, leite, carne moída, fogão, forno
Idealmente, quando dois agentes econômicos transacionam, eles de micro-ondas, geladeira, energia elétrica, gás etc.) chama-se custo total. O
dispõem das mesmas informações relevantes sobre o produto ou serviço dinheiro que Dona Rita recebe pelos quitutes que vende chama-se receita
negociado. Às vezes, porém, um dos agentes tem conhecimento muito maior total.
do que o outro. Temos, então, a chamada assimetria de informação. Se deduzirmos o custo total da receita total chegaremos ao lucro.
Essa situação impede que os agentes aloquem seus recursos da maneira Qual é o objetivo de Dona Rita? O mesmo da “Latam”, da “Toyota” ou da
mais eficiente possível. “Casa do Pão de Queijo”: maximizar seu lucro.
Alguns custos de Dona Rita não variam com a quantidade de salgados Quando a receita marginal é menor do que o custo marginal, há
produzidos. Quer ela tenha muitos fregueses, quer tenha poucos, haverá produção excessiva de bens. Melhor reduzir a produção - se está produzindo
gasto para adquirir e manter forno de micro-ondas, frigideira, geladeira, fogão demais, passou do empate, melhor reduzir.
etc. Estes são os denominados custos fixos. Quando a receita marginal é maior do que o custo marginal, o
Outros custos mudam quando muda a quantidade de salgados empresário não está produzindo bens suficientes. Melhor aumentar a
produzidos. Se trabalha pouco, Dona Rita pouco gasta com óleo, leite e produção - se está produzindo menos, melhor aumentar até o ponto em que o
energia elétrica, por exemplo. Estes são denominados custos variáveis. custo e a receita sejam iguais.
O custo total de uma empresa é a soma do custo fixo com o custo
variável.
O custo total médio é o custo total dividido pela quantidade de bens
produzidos. Se Dona Rita tem um custo total de R $2.000,00/mês e faz 640
salgados/mês, é de R $3,12 o seu custo total médio.
O custo fixo médio é o custo fixo dividido pela quantidade de bens
produzidos. Se Dona Rita tem um custo fixo de R $1.200,00/mês e produz
640 salgados/mês, é de R $1,87 o seu custo fixo médio.
O custo variável médio corresponde ao custo variável dividido pela
quantidade de bens produzidos. Se Dona Rita tem um custo variável de R
$800,00 e produz 640 salgados, o custo variável médio é de R $1,25.
Suponhamos agora que Dona Rita queira produzir 641 salgados, em vez
dos 640 referidos acima. Quanto do custo total aumentaria? Se o custo total
Curva do custo marginal (Marginal Cost); Quantidade produzida (Output);
saltar de R $2.000,00 para R $2.005,00, diremos que o custo marginal é de R
Curva da receita marginal (Marginal revenue); Os lucros estão crescendo
$5,00. Custo marginal é o aumento do custo total decorrente da produção de
(Profits are increasing when MR > MC); (Profits are decreasing when MR <
uma unidade adicional (no nosso exemplo, um salgado a mais) - marginal:
MC).
variação mínima - custo de produzir um a mais.
E se Dona Rita efetivamente aumentar a produção para 641 salgados, 4. Teoria dos jogos
qual será a sua receita total? Se ela subir de R $3.000,00 para R $3.005,00, Alguns conceitos básicos:
saberemos que a receita marginal corresponderá a R $5,00. Receita 1. Jogo ➜ situação em que duas ou mais partes envolvidas se
marginal é a variação da receita total provocada pela produção de uma apresentam em uma posição na qual as ações de uma interferem
unidade adicional - produção de um a mais. nos resultados da outra - o que um faz impacta o outro, e o que este
Quando a receita marginal e o custo marginal são iguais (R $5,00, no faz impacta aquele;
exemplo acima), o lucro é maximizado naquele dado nível de produção e 2. Payoffs ➜ resultados que cada jogador espera obter em cada
preço - chegou a um empate, daí para a frente é prejuízo (o custo começa a combinação possível das estratégias escolhidas por ele e pelos
ficar mais distante da receita). demais jogadores;
3. Estratégia dominante ➜ aquela em que os payoffs são maiores do
que os das estratégias alternativas, independentemente das
escolhas dos demais jogadores. Como a estratégia dominante, “Operação Lava Jato”, muitos acusados viveram esse dilema e, como
quando existe, invariavelmente dá o melhor payoff em relação às sabemos, as delações premiadas foram bastante frequentes...).
alternativas, ela deve ser jogada sempre. Então, se o seu Uma das possíveis definições de Economia é a “Ciência da lógica da
“adversário” tiver uma estratégia classificada como dominante, você escolha”. Pois o objetivo da análise de um jogo é justamente prever o seu
poderá sempre supor que ele optará por ela; resultado, as estratégias que serão adotadas pelos jogadores e os payoffs daí
4. Estratégia dominada ➜ aquela em que os payoffs são menores do oriundos. Utilíssimo, nessa tarefa, é o chamado equilíbrio de Nash, aquele
que os das estratégias alternativas, independentemente das segundo o qual nenhum jogador gostaria de mudar de estratégia ao saber
escolhas dos demais jogadores. Se não existem estratégias o que seu “rival” fez. Noutras palavras: nenhum jogador pode melhorar o
dominantes num jogo, devemos buscar as estratégias dominadas e seu resultado, dada a estratégia do outro jogador.
eliminá-las; John Forbes Nash Jr. foi um matemático norte-americano ganhador do
5. “Dilema dos prisioneiros” ➜ é um jogo em que todos os jogadores Prêmio Nobel de Economia em 1994. Você já assistiu ao filme Uma Mente
têm estratégias dominantes. Sua característica essencial é o conflito Brilhante? Retrata a vida desse matemático e ganhou 4 Oscar em 2002
existente entre interesses coletivos (de todos os jogadores) e o auto (melhor filme, inclusive).
interesse de cada jogador. Funciona assim: No dilema dos prisioneiros existe apenas um equilíbrio de Nash (ainda
a. Dois jovens são presos em uma festa, cada qual portando 1 que se soubesse da conduta do outro, não se alteraria): aquele das
grama de cocaína; estratégias dominantes - a estratégia dominante leva (conduz) a um equilíbrio
b. Ambos são mantidos incomunicáveis, em celas separadas; de Nash, a recíproca não é verdadeira.
c. A polícia suspeita que eles não são apenas usuários, mas sim Existem jogos que têm mais de um equilíbrio de Nash, chamados jogos
traficantes de drogas; de múltiplos equilíbrios. Vejamos, a título de exemplo, o jogo da confiança.
d. Com as provas já existentes, é possível condená-los a 1 ano de Ele funciona assim - não há estratégias dominantes:
prisão; a. Dois clientes depositaram $ 100 mil em suas contas bancárias;
e. O delegado propõe um acordo a ambos, separadamente; b. O banco emprestou esse dinheiro a outros clientes;
f. Se os dois negarem o tráfico, cada um receberá pena de 1 ano; c. Se os dois depositantes mantiverem o dinheiro no banco, poderão
g. Se ambos confessarem o tráfico, cada qual receberá pena de 5 sacá-lo integralmente no futuro - equilíbrio de Nash;
anos; d. Se ambos sacarem o dinheiro prontamente (corrida bancária), o
h. Se um negar o tráfico e o outro confessar esse crime mais grave, banco irá à falência e cada depositante recuperará apenas $25 mil -
o confitente será libertado e o outro receberá pena de 10 anos. representa um equilíbrio de Nash;
Coloquem-se no lugar do prisioneiro “A” e pensem: “se o outro negar, e. Se um depositante quiser sacar e o outro não, o banco ainda irá à
será melhor que eu confesse, pois sairei livre"; “se o outro confessar, será falência e o sacador recuperará $50 mil - o outro perde.
melhor eu confessar também para receber somente 5 anos de pena”. Então, Há dois equilíbrios de Nash: sacar/sacar (se o primeiro depositante
os dois prisioneiros acabarão confessando o tráfico e o resultado será pior do sacar, o melhor que o segundo depositante poderá fazer é sacar também) e
que aquele que haveria se ambos negassem. não sacar/não sacar (se o primeiro depositante não sacar, o melhor que o
Reparem que a estratégia dominante dos dois jogadores (prisioneiros) é segundo depositante poderá fazer é não sacar também).
confessar. Logo, é possível presumir que ambos o farão (nos tempos da ✱ Atenção: o conceito de estratégia dominante é “mais forte” que o de
equilíbrio de Nash. Sempre que há estratégias dominantes existe um
equilíbrio de Nash, mas a recíproca não é verdadeira. Acabamos de
ver isso: no dilema dos prisioneiros temos uma estratégia dominante
(confessar/confessar) e, por conseguinte, também um equilíbrio de
Nash; no jogo da confiança não temos estratégia dominante, mas
temos (dois) equilíbrios de Nash.
São duas as faces da colaboração (interação, fazer algo juntos) entre
agentes: cooperação e coordenação.
1. Cooperação ➜ surge quando os agentes têm interesses
conflitantes. Ao cooperar, cada jogador opta por uma estratégia
sub-ótima para si, em prol de uma estratégia ótima para o coletivo. É
o caso do dilema dos prisioneiros, quando os dois estudantes
decidem não confessar o crime de tráfico. Outro exemplo seria um
duopólio, quando os proprietários dos dois únicos postos de
combustível de uma cidade decidem estabelecer o preço de R$ 4,20
por litro de gasolina (cada qual seria tentado a vender combustível a
R$ 4,19/litro para “quebrar” o outro, mas não o faz) - se abdica da
estratégia dominante pelo bem do coletivo;
2. Coordenação ➜ os jogadores não têm interesses conflitantes. Caso
dos mesmos proprietários dos postos de combustível, que se uniriam
para combater projeto de lei municipal que exige uma série de
providências tendentes a evitar a contaminação do solo - não há
interesses conflitantes.