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Procedimento Arbitral

Negociação, Mediação e Arbitragem


Professor: Antonio Gilberto de Moura
Princípios do procedimento arbitral
• Autonomia da vontade: as partes têm ampla liberdade
para estabelecer as regras de desenvolvimento da
arbitragem e convencionar o procedimento a ser
seguido. Podem ser escolhidas regras estipuladas pela
instituição arbitral escolhida (arbitragem institucional)
ou as partes podem negociar elas mesmas as regras
(arbitragem ad hoc).
• Princípios básicos: em qualquer caso devem ser
seguidos os princípios indicados no art. 21, §2º, da Lei
de Arbitragem:
– Contraditório;
– Igualdade das partes;
– Imparcialidade;
– Livre convencimento do árbitro.
Tutela de urgência requerida antes da
instituição da arbitragem
• O art. 22-A da Lei de Arbitragem, inserido pela Lei n.
13.129/2015, prevê de forma expressa a possibilidade das
partes recorrerem ao Poder Judiciário para concessão de
medida de urgência antes da instituição da arbitragem.
• Embora possa existir alguma confusão na nomenclatura
apresentada na Lei de Arbitragem, a tutela de urgência a
ser concedida pode ser de natureza cautelar ou
antecipatória, ambas sendo antecedente (ao procedimento
arbitral), sendo que no caso de tutela provisória de
urgência antecipada antecedente não ocorrerá a
estabilização (art. 304 do CPC).
• A instituição da arbitragem deve ocorrer no prazo de 30
dias, sob pena de cessar a eficácia da medida de urgência
(parágrafo único do art. 22-A da L.A.).
Tutela de urgência requerida após a
instituição da arbitragem
• O caput do art. 22-B da Lei de Arbitragem
coloca que, instituída a arbitragem, caberá aos
árbitros manter, modificar ou revogar a
medida urgência concedida pelo Poder
Judiciário.
• Já o parágrafo único do mesmo art. 22-B
coloca que estando já instituída a arbitragem,
a medida de urgência (cautelar ou
antecipatória) será requerida diretamente aos
árbitros.
O árbitro de emergência
• Algumas câmaras arbitrais preveem a figura
do árbitro de emergência, que tem
competência para examinar questões urgentes
antes da efetiva instauração da arbitragem.
• Grande parte da doutrina coloca que a
existência do árbitro de emergência afasta a
possibilidade de se recorrer ao Sistema
Judiciário para pleitos emergenciais.
Instauração da arbitragem
• Cláusula compromissória vazia: são necessárias
providências prévias por parte do interessado, se as
questões não forem resolvidas pode ser necessário
recorrer ao Sistema Judiciário (art. 7º da Lei de
Arbitragem);
• Cláusula compromissória cheia ou existência de
compromisso arbitral com indicação de instituição
arbitral: a arbitragem institucional será instaurada de
acordo com as regras previstas no regulamento da
entidade;
• Arbitragem ad hoc: o procedimento será o eleito pelas
partes.
Instituição da arbitragem
• De acordo com o caput do art. 19 da Lei de
Arbitragem, considera-se instituída a arbitragem
quando o árbitro único aceitar a sua nomeação
ou quando, no caso de tribunal arbitral, todos os
árbitros aceitarem a nomeação.
• Se o árbitro ou o tribunal arbitral entender que
há necessidade de explicitar questão apresentada
na convenção de arbitragem, será elaborado,
juntamente com as partes, adendo firmado por
todos que passará a fazer parte da convenção de
arbitragem (§1º do art. 19 da Lei de Arbitragem).
Interrupção da prescrição
• O §2º do art. 19 da Lei de Arbitragem coloca que
a instituição da arbitragem interrompe a
prescrição, retroagindo à data do requerimento
de sua instauração.
• A data do requerimento pode ser tomada como
qualquer iniciativa de se encaminhar o conflito
para o juízo arbitral: como a convocação da outra
parte para firmar o compromisso arbitral ou o
protocolo de requerimento da instauração da
arbitragem perante a instituição eleita pelas
partes.
Arguição contra os árbitros ou contra a
convenção de arbitragem
• O art. 20 da Lei de Arbitragem coloca que se a parte
pretende arguir questões relativas à competência,
suspeição/impedimento dos árbitros,
nulidade/invalidade/ineficácia da convenção de
arbitragem, deve fazê-lo na primeira oportunidade que
tiver de se manifestar após instituída a arbitragem.
• A exceção será dirigida ao árbitro único ou ao presidente
do tribunal arbitral (art. 15), podendo o julgamento ser
realizado pelo árbitro único, pelo tribunal arbitral ou por
algum órgão específico previsto nas regras arbitrais.
• Acolhida a exceção contra o árbitro, este será substituído
nos termos do art. 16 da Lei de Arbitragem.
• Reconhecida a nulidade, invalidade ou ineficácia da
convenção de arbitragem, o procedimento será extinto
(podendo as partes recorrem então ao Sistema Judiciário).
Estipulação das regras pelo árbitro
• O caput do art. 21 da Lei de Arbitragem coloca
que as partes podem delegar ao árbitro, ou ao
tribunal arbitral, regular o procedimento
arbitral.
• Se não existir estipulação sobre o
procedimento, o árbitro ou tribunal arbitral
deverá discipliná-lo (§1º do art. 21 da L.A.)
Tentativa de conciliação
• O §4º do art. 21 da Lei de Arbitragem coloca
que o árbitro, ou o tribunal arbitral, deve
tentar a conciliação das partes no início do
procedimento arbitral.
• Se for alcançado um possível acordo, este
pode, a pedido das partes, ser homologado
através de sentença arbitral (art. 28 da Lei de
Arbitragem).
Fase postulatória
• Após assinada a “ata de missão” ou “termo de
arbitragem” tem início a fase postulatória do
procedimento.
• Em se tratando de arbitragem institucional, pode ser
agendada uma audiência preliminar onde serão
esclarecidos os pontos a respeito do procedimento.
• O requerente apresenta suas razões iniciais (cuja
síntese já foi apresentada no pedido de instauração da
arbitragem) e o requerido apresenta a sua contestação.
• É possível a reconvenção, desde que regulada na
convenção ou no termo de arbitragem.
• Na sequência, quando cabível, serão apresentadas
réplicas e tréplicas.
Revelia
• Diferentemente do processo judicial, a não
apresentação de contestação não tem como
efeito presumir-se como verdadeiras as
alegações de fato formuladas pelo autor (art.
344 do CPC).
• A revelia da parte não impede que seja
proferida a sentença arbitral (art. 22, §3º, da
Lei de Arbitragem).
Fase ordinatória (saneamento)
• Após a apresentação de suas peças e provas
documentais iniciais, as partes farão o
requerimento por produção de provas.
• Os árbitros não estão adstritos aos
requerimentos das partes, podendo solicitar de
ofício meios de prova (art. 22, caput, da L.A.).
• De forma a facilitar a produção probatória, o
árbitro, ou o tribunal arbitral, deve delimitar as
questões de fato sobre as quais recairá a
atividade probatória, especificar quais serão os
meios de prova admitidos e a distribuição do
ônus da prova.
Fase probatória
• As regras do CPC não se aplicam automaticamente à
arbitragem, cabendo ao árbitro, ou tribunal arbitral,
com base nas regras arbitrais estipuladas, gerenciar a
produção probatória.
• Qualquer meio de prova moralmente legítimo é cabível
no procedimento arbitral, tais como: depoimento
pessoal das partes, prova testemunhal, pedido de
exibição de documentos, prova pericial, realização de
inspeções, etc.
• Quanto às custas relativas às provas, deve-se observar
o disposto na convenção, regulamento ou termo
arbitral, cabendo ao árbitro dirimir eventuais questões
controvertidas.
Depoimento das partes e oitiva de
testemunhas
• De acordo com o §1º do art. 22 da Lei de Arbitragem, o depoimento
das partes e das testemunhas será tomado em local, dia e hora
previamente comunicados, por escrito, e reduzido a termo,
assinado pelo depoente, ou a seu rogo, e pelos árbitros.
• As partes não são obrigadas a depor, mas a recusa será considerada
pelos árbitros no momento de proferir a sentença arbitral (não se
trata de confissão ficta como colocado no CPC).
• As testemunhas podem ser conduzidas coercitivamente, podendo o
árbitro, ou o presidente do tribunal arbitral, requerer esta condução
à autoridade judiciária (via carta arbitral), provando a existência da
convenção de arbitragem (art. 22, §2º, da L.A.).
• Na arbitragem é comum a participação de testemunhas técnicas
(expert witness), ou seja, pessoas que são convocadas para emitir
sua opinião em razão do seu conhecimento técnico sobre
determinada matéria (algo parecido com a prova técnica
simplificada – art. 464, §§ 2º e 3º, do CPC).
Fase decisória
• Finalizada a produção probatória, o árbitro, ou o
tribunal arbitral, deve proferir sentença arbitral
no prazo estipulado pelas partes ou, não havendo
essa previsão, no prazo de 6 meses, contados da
instauração do procedimento arbitral ou da
substituição do árbitro (art. 23 da Lei de
Arbitragem).
• De acordo com o §1º do art. 23 da L.A., incluído
pela Lei 13.129/2015, os árbitros podem proferir
sentenças parciais.

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