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“Ao menos a partir do século IV é demonstrado que o Pater Noster era utilizado
como oração de preparação à Comunhão. Na sua carta ao bispo Giovanni da
Siracusa (s.d. – 609 ca.) o papa São Gregório Magno (s.d. – 604) apresenta as
linhas de sua reforma litúrgica: ‘o Pater Noster seja cantado imediatamente
depois do Cânon Romano (Oração Eucarística) diante das espécies eucarísticas
consagradas, agora presentes sobre o altar’. A colocação do Pater Noster na
liturgia da missa coloca em primeiro plano o significado eucarístico.”
(HABERL, 1977)
Na mesma seção, o autor também menciona que “o Pater Noster era a primeira oração que os
neobatizados diziam na presença da comunidade reunida antes de receberem a Primeira Comunhão”,
o que reforça ainda mais este sentido de preparação para a recepção da Santa Eucaristia.
Diversos doutores da igreja sempre colocaram o Pai-nosso como oração central, se referindo ao trecho
que pede o "pão nosso de cada dia" como uma alusão ao "Pão Celeste", o “Pão Vivo descido do céu”, que
em suma é o próprio Cristo em Sua Carne, Seu Sangue, Sua Alma e Sua Divindade.
São Gregório Magno também comenta em carta que “a oração do Pai-nosso é superior a qualquer
oração composta pelo homem incluindo as Orações Eucarísticas" (SEEWALD, 2006) e tendo em vista a
sua importância dentro da liturgia, devemos nos perguntar por que no Brasil esta oração primordial
raramente é executada pelos músicos em suas paróquias e comunidades locais, mas também não são
executadas nas missas solenes e nas catedrais.
Rudy Albino Assunção escreve que o rito da Comunhão inicia-se com o Pai-nosso, a Oração do Senhor."
e também que "o Pai-nosso é, ao mesmo tempo, o início e o centro do rito da comunhão". (ASSUNÇÃO,
2016, pág. 273)
O PAI-NOSSO CANTADO EM LATIM
Na busca pela partitura ‘original’ do Pai-nosso em latim, chegamos até o Graduale Triplex, que apresenta
três versões melódicas oficiais em canto Gregoriano para a missa, chamadas A, B e C, nas páginas 812 a
815. Antes do concílio Vaticano II, porém, existia ainda mais uma versão do Pai-nosso, chamada de ‘tom
ferial’.
Alberto Turco faz uma descrição mais técnica, dizendo que “A oração do Pai-nosso é introduzida pela
exortação do celebrante ‘receptis’ cujo tom melódico é o mesmo da Oração Coleta. O presente tom sobre
a corda de récita ‘Sol’ tem os mesmos sinais de pontuação melódicos da coleta e um acento
privilegiando, no texto, a nota ’Lá’. Tem uma cadência final semi-ornada idêntica à cadencia final do tom
solene.” (TURCO, 2011, pág. 141)
A melodia solene (Versão A) utiliza uma formula construída de maneira livre em forma salmódica com
um duplo tenor nas notas ‘Si’ e ‘Lá’, sendo estas, portanto, suas notas predominantes.
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Obs.: não se canta (nem se diz) ’Amém’ depois de ‘livrai-nos do mal’, não importando se o Pai-nosso será cantado ou rezado. Isto se deve ao fato de que o
Embolismo, que é recitado exclusivamente pelo sacerdote, já é a conclusão da oração. O ‘Amém’, portanto, deve ser dito ou cantado apenas na conclusão
do Embolismo.
VERSOES MELODICAS DO PAI NOSSO EM CANTO GREGORIANO:
O PAI-NOSSO NOS DOCUMENTOS SOBRE A REFORMA LITÚRGICA:
Na constituição Divinius Cultus, de 1928, no seu item 16, está escrito: ‘Para que os fiéis participem mais
ativamente do culto divino, restitua-se o canto gregoriano ao uso do povo, naquilo que cabe ao povo
cantar’. E ainda complementa: ‘cuide-se com diligência que os fiéis não assistam à Missa Rezada “como
espectadores estranhos e mudos’. Já a Constituição Sacrosantum Concilium, de 1963, ressalta: ‘Tenha-se
grande apreço, na Igreja Latina, o órgão de tubos, instrumento musical tradicional e cujo som é capaz de
trazer às cerimônias do culto um esplendor extraordinário e elevar poderosamente o espírito para Deus e
as realidades supremas’. Já no quirógrafo Tra Le Solecitudini, de 2003, escreve de próprio punho por São
João Paulo II, que ‘o canto gregoriano, portanto, continua a ser também hoje, um elemento de unidade na
liturgia romana’. A Instrução Musicam Sacram (1967) nº35, especificamente sobre o Pai-nosso, diz que:
‘é normal que a oração do Senhor seja dita pelo povo junto com o sacerdote.
No Enquirídio dos documentos da Reforma Litúrgica especifica em seu número 545 que “O Pai nosso, é
bom que o diga o povo juntamente com o sacerdote. Se for cantado em latim, empreguem-se as melodias
oficiais já existentes; mas se for cantado em língua vernácula, as melodias devem ser aprovadas pela
autoridade territorial competente.”
ESTRUTURA DO PAI-NOSSO EM LATIM
Para se criar a versão brasileira, foi escolhida a opção solene do Pai-nosso (Versão ‘A’) por ser a
versão que mais se popularizou nas celebrações Vaticanas. Após minuciosa análise da estrutura do
Pai-nosso, observando-o nota a nota, em sua ‘construção’ sílaba a sílaba, o resultado foi o seguinte:
A seguir apresentamos versões e opções de partituras tanto na versão gregoriana, como da versão
brasileira, sendo esta última apresentada em notação gregoriana e notação moderna, e ao final o
Embolismo também com a opção cantada.
Presidente faz a monição em latim:
Opção 1:
Opção 2:
E todos cantam juntos em português:
O presidente canta o embolismo:
A assembleia responde:
CARTA DA AUTORIDADE ECLESIASTICA
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Este documento foi impresso em 19/08/2021. ACESSE A VERSAO ATUALIZADA DESTE DOCUMENTO
A GRAVAÇÃO EM AUDIO NO ENDEREÇO www.musicas-sacras.com.br/arquivos/pai-nosso
BIBLIOGRAFIA
ASSUNÇÃO, Rudy Albino. O Sacrifício da Palavra: A Liturgia da Missa Segundo Bento XVI. Ecclesiae,
2016.
FELICI, Péricles. Sacrosanctum Concilium: Sobre a Sagrada Liturgia. Roma: Paulus, 1963.
Pio XI. Divini Cultus: Sobre Liturgia, Canto Gregoriano e Música Sacra. Roma: Paulus, 1928.
Pio XII. Musicae Sacrae Diciplina: Sobre a Música sacra. Roma: Paulus, 1955.
SEEWALD, Peter. Deus e o Mundo: A Fé Cristã Explicada por Bento XVI. Edições Tenacitas, 2006.