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SPG34:Sexualidade e Gênero: políticas, direitos e sujeitos

Vanessa Sander Serra e Meira (UFLA), Paulo Victor Leite Lopes (UFRN)

Gênero e sexualidade têm atuado como linguagem capaz de articular regimes morais,
políticos e formas de regulação da vida; fazendo emergir, nas últimas décadas, novos
sujeitos, categorias e direitos. As Ciências Sociais têm oferecido contribuições
importantes para a compreensão desses processos, afirmando seu compromisso
histórico com as populações cujos direitos e dignidade têm estado sob ataque por
parte de diferentes atores/as sociais. Este SPG se propõe a reunir trabalhos atentos a
tais controvérsias e conflitos, especialmente no que concerne a: intersecções de gênero
e sexualidade com relações de classe, racialização, geração, territoriais etc.; suas
incidências em práticas de Estado e na definição de políticas e sujeitos; convenções
eróticas, sexuais e identitárias; emergência de novas sensibilidades socioculturais,
regulações morais e jurídicas, aumento de violências e manifestações de intolerâncias e
suas articulações com a visibilidade pública; ampliação do léxico político referente a
noções de democracia, justiça, direitos e violência e à complexificação de seus
processos de reconhecimento e denúncia.

Título 200 caracteres com espaço

Questão central 1.000 caracteres com espaço

Nesta apresentação pretendo refletir acerca de alguns efeitos produzidos em torno da


(re)construção e regulação moral da categoria êmica mulheres em situação de
prostituição. Categoria esta (re)produzida por um coletivo feminista (que também integra
uma Organização da Sociedade Civil), interessado em garantir os direitos humanos de
mulheres que estão em situação de prostituição, a partir da defesa do modelo legal
abolicionista, na região central da cidade de São Paulo - área onde a prostituição é
exercida majoritariamente por mulheres cisgênero, de camadas populares, racializadas,
com baixa escolaridade e mais velhas. Acompanhando o trabalho cotidiano do coletivo,
tenho notado que além dessa categoria estar sendo (re)construída a partir de formulações
feministas neoabolicionistas, ela também vem sendo pensada e empreendida nos
discursos e ações a partir de um contexto específico de produção e regulação de certas
vulnerabilidades.
Métodos e técnicas 1.000 caracteres com espaço

A partir de uma abordagem etnográfica de descida ao cotidiano (Das, 2020 [2006]) e


“multi-situada” (Marcus, 1998), acompanho o trabalho cotidiano deste coletivo desde
2019. Com a pandemia de covid-19, suspendi as idas a campo durante o ano de 2020 e os
primeiros meses de 2021, neste tempo, aproveitei para realizar parte da etnografia em
plataformas virtuais e em documentos, trabalhando em cima das postagens e
compartilhamentos feitos pela organização em suas páginas no Facebook e no Instagram,
dos materiais formativos produzidos pelo coletivo (que inclui um livro publicado pela
organização em 2019), além de acompanhar certas dinâmicas que se davam entre as
integrantes e as fundadoras do coletivo nos grupos de WhatsApp e nas reuniões virtuais
via Google Meet ou Zoom. Atualmente, além de estar realizando etnografia em
plataformas e no espaço do coletivo (a partir da observação participante), fiz algumas
entrevistas em profundidade com algumas interlocutoras principais.
Conclusões parciais 1.000 caracteres com espaço

O efeito imediato da (re)produção e regulação desse contexto específico de


vulnerabilidades para a produção da categoria mulheres em situação de prostituição, em
que determinados marcadores sociais da diferença (França, Macedo e Simões, 2010),
como raça, classe, gênero, sexualidade e geração, passam a ser lidos somente na chave da
“opressão”, da “desigualdade”, da “passividade” e da “vitimização”, é a produção de uma
certa imagem universal de vítima absolutamente vulnerável da prostituição, fortemente
atrelada às vulnerabilidades estruturais. Entretanto, essas vulnerabilidades estruturais
quando acionadas e administradas nesse cotidiano de trabalho do coletivo, acaba por
minar essa ideia de vítima absolutamente vulnerável da prostituição na medida em que
esse contexto de escassez de certos recursos materiais acaba produzindo certas
hierarquizações entre as próprias vítimas em situação de prostituição.
Temática 1.000 caracteres com espaço

Referências – 6 títulos

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