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DrogaVET. No entanto, no decorrer do estudo, sete cães tiveram que o animal apresentasse pelo menos um sintoma clínico e
que ser excluídos por não retornarem ao hospital nas datas uma alteração bioquímica compatível com HAC, além de um
pré-determinadas, ou devido a condição financeira dos proprie- dos testes hormonais mencionados acima positivos, isto é,
tários, ou devido a doenças concomitantes, óbito e desapareci- cortisol pós ACTH superior ou igual a 20 µg/dL ou cortisol
mento do animal. Portanto, ao término do estudo, nossa casuís- pós-dexametasona superior a 1,0 µg/dL µ (FELDMAN, 2011;
tica compreendeu onze animais. BEHREND et al. 2013).
Os onze cães incluídos nesse estudo apresentaram diagnóstico Dos onze cães com HAC espontâneo, dez (90,9%) apresenta-
de HAC espontâneo, sendo nove fêmeas e dois machos, com vam HAC de origem hipofisária e apenas um (9%) de origem
idade média de 11,09 ± 2,58 anos e peso médio de 11,60 ± 6,52 adrenal. O diagnóstico foi baseado no teste de supressão com
kg. A distribuição racial compreendeu as seguintes raças: dexametasona em cinco animais (n= 5/11; 45,4%), sendo o valor
Poodle (n= 1/11; 9%), Lhasa Apso (n= 1/11; 9%), Spitz Alemão (n= médio de cortisol 8 horas após a aplicação de dexametasona
1/11; 9%), Dachshund (n= 3/11; 27,2%), e cinco animais sem raça de 4,09µg/dL
µ (VR < 1,0µg/dL)
µ e nos 54,5% restantes o
definida (S.R.D) (n= 5/11; 45,4%). diagnóstico foi estabelecido através do teste de estimulação
O diagnóstico do HAC foi embasado na anamnese, exame com ACTH, sendo o valor médio de cortisol 1 hora após aplica-
físico, alterações em exames laboratoriais, tais como ALT, FA, ção do ACTH de 31,76 µ g/dL (VR= 6 – 17 µ g/dL). Alguns
triglicérides, colesterol, glicose, hemograma completo, exame de animais realizaram apenas a coleta do cortisol pós ACTH sem
urina 1 e testes hormonais (teste de supressão com dexameta- a amostra basal devido a limitações financeiras (n= 2/11; 18,1%),
sona e/ou teste de estimulação com ACTH). Também foi enquanto outros realizaram o teste completo, com amostra
realizada ultrassonografia abdominal de todos os animais para basal e pós ACTH.
investigação de adrenomegalia uni ou bilateral, bem como a Os dados referentes à idade, raça, sexo, peso e teste hormonal
presença de massas adrenais. Para o diagnóstico, era preciso diagnóstico estão dispostos na Tabela 1.
TABELA 1 – DADOS DOS ONZE ANIMAIS COM HAC ESPONTÂNEO (São Paulo/2015)
Animal Idade (anos) Raça Sexo Peso (kg) Cortisol pós dexametasona µg/dL Cortisol pós ACTH µ g/dL
1 11 S.R.D. Fêmea 13,8 2,73
2 8 S.R.D. Fêmea 14,7 28,11
3 11 S.R.D. Fêmea 12,8 21.93
4 7 Lhasa Apso Fêmea 8 3,79 35,55
5 11 Dachshund Fêmea 8,1 24,64
6 14 Poodle Fêmea 6,4 3,19
7 15 S.R.D. Fêmea 28,5 23,58
8 11 Spitz Alemão Macho 6,1 2,98
9 13 Dachshund Fêmea 6,9 55,42
10 13 Dachshund Macho 8,1 36,91
11 8 S.R.D. Fêmea 14,3 7,8
Média 11,09 - - 11,60 4,09 31,76
Desvio Padrão 2,58 - - 6,5 2,10 12,75
VR - - - - < 1,0 µ g/dL 6 - 17 µ g/dL
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ALT (VR: 7,0 a 92,0 U. I./L) Triglicérides (VR: 32,0 a 125,0 mg/dL)
250,00 250,00
200,00 200,00
192,94 197,39
150,00 150,00
100,00 100,00
108,55
88,18
50,00 50,00
0,0 0,0
TO T1 TO T1
2000,00 400,00
1800,00 350,00
1866,15
1600,00 300,00 346,09
1400,00 250,00
1200,00 200,00
230,45
1000,00 150,00
800,00 100,00
600,00 50,00
400,00 0,0
200,00 335,55 TO T1
0,0
TO T1
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Além disso, segundo Feldman (2011), a maioria dos cães neces- Medical Association, California, v. 238, p. 1441-1451, jun. 2011.
sitam da administração mais do que uma vez ao dia do Trilos- FELDMAN, E. C.; KASS, P.H.Trilostane Dose versus Body Weight
tano para ter a resolução dos sintomas clínicos, alguns até in the treatment of naturally occurring pituitary-dependent
mesmo três vezes ao dia. Alguns animais precisam atingir hyperadrenocorticism in dogs. Journal of Veterinary Internal
valores de cortisol pós-ACTH < 2,0 µg/dL
µ para que os sintomas Medicine, California, v. 26, n. 4, p. 1078-1080, jun. 2012.
desapareçam, porém valores de cortisol muito baixos podem
ser perigosos para o desenvolvimento de hipoadrenocorticismo FELDMAN, Edward C.; NELSON, Richard. W. Canine and feline
e, por este motivo, muitas vezes é preferível que o animal endocrinology and reproduction. 3 edição. Philadelphia: WB
permaneça um pouco sintomático. Saunders; 2004.
As concentrações séricas de ALT, FA, triglicérides e colesterol HERRTAGE, Michael E. Hiperadrenocorticismo canino. In:
apresentaram melhora ao longo do tratamento. Vale lembrar MOONEY, C. T. , PETERSON, M. E. Manual de endocrinologia
que muitos animais também foram submetidos a outros canina e felina. 3ª edição. São Paulo: Roca, 2009. cap. 15, p.
tratamentos na dependência das alterações encontradas, tais 181-206.
como silimarina e ácido ursodeoxicólico para alterações hepáti-
KOOISTRA, Hans S. ; GALAC, Sara. Recent advances in the
cas, bezafibrato e dieta hipocalórica para animais com hiperlipi-
diagnosis of Cushing’s syndrome in dogs. Veterinary clinics of
demia. Sendo assim, as diferenças de valores observadas em
North America in Small Animal Practice, Utrecht, v. 40, p.
T0 e T1 não podem ser atribuídas apenas ao uso do trilostano
259-267, mar. 2010.
e sim ao conjunto de fármacos utilizados.
PETERSON, Mark E. Diagnosis of hyperadrenocorticism in
CONCLUSÃO dogs. Clinical Techniques in Small Animal Practice, New York,
v. 22, p. 2-11, fev. 2007.
Foi possível constatar que a terapia com o trilostano manipula-
do nesses onze animais se mostrou eficaz no tratamento do RAMSEY, Ian K. Trilostane in Dogs. Veterinary Clinics of North
hiperadrenocorticismo espontâneo, sendo capaz de reduzir o America Small Animal Practice, Glasgow, v. 40, n.2, p. 269-283,
valor de cortisol a níveis séricos satisfatórios, durante um mar. 2010.
período médio de 5 meses. Mais estudos são necessários para
acompanhar os animais em tratamento por um período mais
prolongado.
REFERÊNCIAS
BEHREND, E. N. et al. Diagnosis of spontaneous canine hypera-
drenocorticism: 2012 ACVIM consensus statement (small
animal). Journal of Veterinary Internal Medicine, v. 27, n. 6, p.
1292-1304, 2013.
BONADIO, C. M. et al. Comparison of Adrenocorticotropic
Hormone Stimulation Test Results Started 2 versus 4 Hours
after Trilostane Administration in Dogs with Naturally Occurring
Hyperadrenocorticism. Journal of Veterinary Internal Medici-
ne, v. 28, n. 4, p. 1239-1243, 2014.
BORETTI, F.S. et al. Lack of association between clinical signs
and laboratory parameters in dogs with hyperadrenocorticism
before and during trilostane treatment. Schweiz Arch
Tierheilkd. Vol 158, n. 9, p. 631-38, 2016.
CHO et al. Efficacy of low – and high-dose trilostane treatment
in dogs (<5 kg) with pituitary-dependent hyperadrenocorticism.
Journal of Veterinary Internal Medicine, Glasgow, v. 27, n. 1, p.
91-98, 2013.
FELDMAN, E. C, NELSON, R. W. Canine and feline endocrinolo-
gy and reproduction. 3ª ed. Philadelphia: WB Saunders; 2004.
FELDMAN, E. C. Evaluation of twice-daily lower-dose trilostane
treatment administered orally in dogs with naturally occurring
hyperadrenocorticism. Journal of the American Veterinary
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