Alberto Caeiro é considerado por Fernando Pessoa como seu maior
heterónimo e como seu mestre, algo que deveria ser impossível, mas não é. Graças a natureza de Caeiro de não pensar, apenas sentir, Pessoa encontrou um mestre em seu heterónimo para fugir da dor de pensar. Para o poeta bucólico, “pensar é estar doente dos olhos”, porque segundo o próprio, “o mundo não foi feito para pensarmos nele, mas para olharmos e estarmos de acordo”, foi nessa simples e objetiva maneira de encarar a vida que Pessoa encontrou, ao abrigo de Alberto Caeiro, uma maneira de viver sem um fardo que pesa mais que o viver (o pensar). O guardador de rebanhos, teve apenas a instrução primária como forma de educação, porém consegui algo que os ortónimos e os restantes heterónimos nunca conseguiram: viver apenas através das sensações, nunca através dos pensamentos, pois “pensar é não compreender” e Caeiro sempre compreendeu que o luar dos altos ramos não é nada mais do que o luar através dos altos ramos. Em suma, apesar de ser um heterónimo, Alberto Caeiro foi o mestre de Pessoa, pois ensinou-o algo de que estava a procura toda a sua vida: o sentir, não pensar.