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Heteronímia - fenômeno relacionado com o vários desdobramentos do “eu” poético,

transformando-se em outros “eus”, todos dotados de biografia, produção e visão


ideológica própria.

Abulia - Alteração anormal da vontade caracterizada pela incapacidade de tomar


decisões e de agir.

Reflexão existencial - reflexão sobre uma forma de estar no mundo, de viver a relação
com ele e com os outros.

Sensacionismo: a sensação sobrepõe-se ao pensamento - Alberto Caeiro recusa o


pensamento, o conhecimento intelectual e vive de impressões, privilegiando as
sensações, sobretudo as visuais. O conhecimento do mundo e do real circundante faz-
se através das sensações. De uma forma que se quer espontânea e natural, elas
revelam uma existência que, em contacto com a natureza, dispensa a ciência e a
técnica. A subjetividade não existe para ele.

O poeta do olhar - Caeiro apreende o real através dos sentidos / sensações,


nomeadamente as visuais, recusando o pensamento. Este corresponde a uma atitude
reflexiva que impede a compreensão e a uma doença da visão [“pensar é estar doente
dos olhos” (Poema II)].

Observação objetiva da realidade - realidade exterior concreta e observável: “Creio no


Mundo como num malmequer, / Porque o vejo” (poema II). Ao recusar o pensamento e
ao optar pelo concreto, encontra a felicidade: “Sinto todo o meu corpo deitado na
realidade, / Sei a verdade e sou feliz”. O real é o único meio de atingir a verdade e a
felicidade, desde logo porque a realidade existe sem necessidade do pensamento.

Rejeição do pensamento abstrato e da intelectualização - Caeiro recusa o


conhecimento intelectual e defende o primado das sensações. As coisas são o que
são, resumem-se à sua aparência e àquele cabe-lhe aceitá-las como elas são, sem
pensar. O mundo é claro, evidente, simplesmente é, o conhecimento chega apenas
através dos sentidos, “Pensar incomoda como andar à chuva”.

«Filosofia» da antifilosofia (pensamento anti pensamento) - Constrói uma nova


filosofia: “Eu não tenho filosofia: tenho sentidos” (Poema II). Ao percecionar a
realidade como se fosse um simples pastor que acompanha o seu rebanho, encontra
na Natureza e nas sensações uma nova filosofia de vida. A recusa da filosofia e a
apologia da sensação pura constituem uma outra filosofia, pois recusar a filosofia é
filosofar, tal como afirmar que não se pensa é já pensar.
Aceitação do mundo - Devemos fazer a “aprendizagem do desaprender”, aceitar a vida
e a morte sem mistérios, despojados de todo o pensamento, de toda a reflexão, de
toda a subjetividade. O real é a única fonte de felicidade e de conhecimento.

Poeta bucólico e deambulante - exalta a vida no campo, a simplicidade e ingenuidade


dos costumes, a tranquilidade e riqueza do contato com a natureza, e os hábitos
peculiares dos pastores. É uma poesia caracterizada pela idealização de um cenário
de paz e sossego, em contraste com o corre-corre, confusão e agitação da vida
citadina.

Guardador de rebanhos - é um conjunto de poemas escritos pelo heterónimo Alberto


Caeiro. Os poemas foram escritos em 1914 e Fernando Pessoa atribuiu sua criação a
um único dia.

“Mestre” e pastor por metáfora – Caeiro é um pastor por metáfora, não sendo
realmente essa a sua profissão, é o “Mestre” do ortónimo e dos outros heterónimos
por não procurar um sentido para a vida, uma vez que se contenta com aquilo que vê
e sente a cada momento.

“Drama em gente” - A marca mais distintiva de Fernando Pessoa é a capacidade de


“outrar-se”, a criação da heteronímia. Este fenómeno resulta, segundo o mesmo
afirma, em carta a Adolfo Casais Monteiro, da necessidade de descobrir a sua
consciência e personalidade. E vai levá-lo à conceção de figuras "exatamente
humanas" que "eram gente". Nessa carta de 1935, diz ele: "hoje já não tenho
personalidade: quanto em mim haja de humano eu o dividi entre os autores vários de
cuja obra tenho sido o executor. Sou hoje o ponto de reunião de uma pequena
humanidade só minha."

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