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SEJAM FIRMES
Ensino sadio e caráter santo nas cartas pastorais
Texto Base: Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê exemplo dos fiéis, na palavra, no trato,
no amor, no espírito, na fé, na pureza. (I Tm 4.12)
INTRODUÇÃO
A beleza dessas cartas, seu conteúdo doutrinário e sua singular praticidade eclesiástica
serão analisados ao longo de todo o trimestre. Vamos conhecer os desafios que Timóteo e Tito
enfrentaram e como foram instruídos para atuar como líderes espirituais. Que tenhamos uma
compreensão maior da vida eclesiástica sob a ótica pastoral e sejamos mais engajados na
sublime obra de servir a Deus na Igreja de Cristo.
1. Epístolas Pastorais. Paulo escreveu 13 dos 27 livros do Novo Testamento. Nove são
cartas dirigidas a igrejas e três enviadas a pastores: 1 e 2 Timóteo e Tito. O rol se
completa com uma carta pessoal, escrita e Filemon. Dez cartas foram escritas antes e
durante a primeira prisão do apóstolo em Roma, que se deu 61 d.C. e durou dois anos
(At 28.16,30). Antes da prisão, escreveu Gálatas, 1 e 2 Tessalonicenses, 1 e 2 Coríntios
e Romanos. Colossenses, Efésios, Filipenses e Filemon são as chamadas cartas da
prisão.
3. De volta as viagens. Não foram apenas os dois anos de prisão domiciliar em Roma que
afastaram Paulo de sua lida missionária (At 28.16-30). Antes disso, ficara preso
aproximadamente três anos, desde sua prisão em Jerusalém (At 21.33), passando pelos
mais de dois anos de encarceramento em Cesaréia (At 24.27) até a chegada à capital
do império (At 28.16). Somente depois de cinco longos anos privado de sua atividade
apostólica e pastoral presencial, Paulo volta a viajar. É possível que, nessa oportunidade,
ele tenha realizado seu desejo de ir à Espanha (Rm 15.24,28). O que se sabe, com
certeza, é que visitou algumas das igrejas que havia fundado durante suas três grandes
viagens missionárias (At 13-21). Dente elas, Creta e Éfeso.
Quando Paulo retorna à Listra, agora junto com Silas, em sua segunda viagem
missionária, encontra Timóteo, “filho de uma judia que era crente, mas de pai grego, do
qual davam bom testemunho os irmãos que estavam em Listra e em Icônio” (At 16.1,2).
Paulo não circuncidou Timóteo por considerar isso necessário à salvação, mas para que
os judeus tivessem um pretexto para rejeitarem o Evangelho. Em muitas ocasiões o
apóstolo já havia ensinado sobre a suficiência da fé em Cristo como meio de receber
graça salvadora, como deixou registrado em diversas epistolas (Rm 3.21-28; Ef 2.8,9; Gl
2.16).
Paulo tinha uma compreensão muito clara da obra da salvação (Ef 3.1-7), acima de
qualquer prática legalista: “Porque, em Jesus Cristo, nem a circuncisão nem a
incircuncisão têm virtude alguma, mas, sim, a fé que opera no amor” (Gl 5.6). Precisamos
compreender bem o que é a liberdade cristã e o lugar das obras no propósito divino.
Como nos ensina o apóstolo, somos salvos pela fé, “criados em Cristo Jesus para as
boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas (Ef 2.10).
Observa-se que em relação a Tito, que era grego, o apóstolo deliberadamente decidiu
que não deveria ser circuncidado, embora houvesse certa pressão de judeus, aos quais
Paulo chama de “flasoa irmãos” (Gl 2.1-4). Aos gálatas, o apóstolo dis, textualmente,
que havia sido comissionado a pregar o “evangelho da incircuncisão” (Gl 2.6-10; 5.1,2).
Hoje, de igual forma, precisamos ter o cuidado de não ser enganados pelos judaizantes,
que ignoram o fto de que em Cristo não estamos mais sujeitos aos preceitos da lei
mosaica, como a guarda do sábado, a abstinência de certos alimentos e praticas
litúrgicas do judaísmo (Rm 14.1-6; Gl 4.1-10).
III – TIMÓTEO: UM JOVEM MINISTRO
1. A trajetória. Antes de ser comissionado por Paulo para ser o pastor da igreja de Éfeso,
Timóteo serviu ao apóstolo por longos anos, desde o dia em que foi convidado para
acompanha-lo em suas viagens (At 16.3-8). Considerando a opinião de alguns
estudiosos, de que Timóteo tinha entre 30 e 35 anos quando pastoreava os efésios (65
d.C.), podemos afirmar que ele tenha se tornado cooperador de Paulo com no máximo,
20 anos de idade (50d.C.).
Foi assim, tão jovem, que ele acompanhou fielmente o apóstolo em sua segunda e
terceira viagens, alcançando confiança para missões de alta relevância espiritual, como
quando designado, durante as viagens, para servir nas igrejas em Tessalônica (1 Ts 3.1-
10), Corinto (1 Co 4.16,17); e Filipos (Fp 2.19-24).
2. O roteiro final. O exato roteiro da viagem de Paulo após sua primeira prisão em Roma
não é conhecido, principalmente porque o propósito das cartas que ele escreveu a
Timóteo e a Tito não era de registro histórico. O apóstolo escreveu com a finalidade de
orientar os jovens pastores quanto ao cuidado espiritual que deveriam ter consigo
mesmos e com a missão que tinham recebido junto às igrejas que pastoreavam (1 Tm
4.16; Tt 2.1,7). As cartas trazem instruções práticas do que e de como deveria ser
ensinado (1 Tm 4.6; 5.1,2; Tt 2.15).
Como já afirmamos, é possível que Paulo tenha ido até à Espanha. Certo é que visitou
Creta, onde deixou Tito (Tt 1.5) e algumas cidades da Ásia Menor, como Mileto (2 Tm
4.20) e possivelmente a própria Éfeso. De Mileto, seguiu para Trôade, rumo à Macedônia
(Filipos, Tessalônica e Bereia), região de onde escreveu a primeira carta a Timóteo (1
Tm 1.3).
Timóteo também deveria transmitir ensinos práticos para toda a igreja e exercer a
disciplina eclesiástica (1 Tm 5.20). Apesar de ser ainda jovem segundo os padrões da
época, apresentar certa timidez (2 Tm 1.6-8) e enfrentar “frequentes enfermidades”,
inclusive estomacais (1 Tm 5.23), foi-lhe dada a grande responsabilidade de cuidar de
uma das principais igrejas do primeiro século. Aliás, a principal da Ásia Menor.
Sete anos antes desta primeira carta a Timóteo, no final de sua terceira viagem
missionária, quando seguia para Jerusalém, Paulo teve uma reunião com os presbíteros
de Éfeso na vizinha cidade de Mileto, e os advertiu do aparecimento de “lobos cruéis”
[...] que não [perdoariam] o rebanho” e de “[...] homens que [falariam] coisas perversas,
para atraírem os discípulos após si” (At 20.29,30). Agora, isso já havia acontecido e cabia
a Timóteo defender a pureza do Evangelho.