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ESTUDO DIRIGIDO - JOVENS

1 - Estabelecer momentos em silêncio para leitura de I Tm 1.1-20 (ler ao menos 5x);


2 – Ler o estudo abaixo quantas vezes forem necessárias e extrair lições práticas em cada um
dos 3 tópicos;
3 – As lições extraídas por cada um serão estudadas em sala de aula;
4 – Estude sozinho(a).

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SEJAM FIRMES
Ensino sadio e caráter santo nas cartas pastorais

Aula 1 - INTRODUÇÃO À PRIMIERA CARTA A TIMÓTEO

Texto Base: Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê exemplo dos fiéis, na palavra, no trato,
no amor, no espírito, na fé, na pureza. (I Tm 4.12)

INTRODUÇÃO

As cartas pastorais são mensagens de um plantador de igrejas e experiente pastor, o


apóstolo Paulo, a dois filhos na fé, vocacionados para o serviço cristão: Timóteo e Tito. Elas nos
edificam, de um lado, com o exemplo paulino de afeição e cuidado pastoral, e de outro, com a
devoção, obediência e lealdade desses dois dedicados jovens pastores.

A beleza dessas cartas, seu conteúdo doutrinário e sua singular praticidade eclesiástica
serão analisados ao longo de todo o trimestre. Vamos conhecer os desafios que Timóteo e Tito
enfrentaram e como foram instruídos para atuar como líderes espirituais. Que tenhamos uma
compreensão maior da vida eclesiástica sob a ótica pastoral e sejamos mais engajados na
sublime obra de servir a Deus na Igreja de Cristo.

I – TIMÓTEO NO CONTEXTO DAS CARTAS DE PAULO

1. Epístolas Pastorais. Paulo escreveu 13 dos 27 livros do Novo Testamento. Nove são
cartas dirigidas a igrejas e três enviadas a pastores: 1 e 2 Timóteo e Tito. O rol se
completa com uma carta pessoal, escrita e Filemon. Dez cartas foram escritas antes e
durante a primeira prisão do apóstolo em Roma, que se deu 61 d.C. e durou dois anos
(At 28.16,30). Antes da prisão, escreveu Gálatas, 1 e 2 Tessalonicenses, 1 e 2 Coríntios
e Romanos. Colossenses, Efésios, Filipenses e Filemon são as chamadas cartas da
prisão.

2. Escrevendo durante as viagens. Paulo escreveu 1 Timóteo e Tito entre 63 e 65 d.C.,


durante a viagem que realizou depois de seu primeiro aprisionamento em Roma. Seu
último livro, a Segunda carta a Timóteo, foi escrita durante o segundo aprisionamento,
de dentro de uma das cadeias romanas (66 ou 67 d.C.). Os fatos narrados nas cartas
pastorais, portanto, são posteriores às narrativas contidas em todos os demais textos
paulinos e nos registros de Lucas em Atos 28.30,31. Por isso, além de substancial
teologia pastoral, essas três cartas enriquecem o contexto neotestamentário com
valiosas informações históricas dos últimos anos do ministério de Paulo.

3. De volta as viagens. Não foram apenas os dois anos de prisão domiciliar em Roma que
afastaram Paulo de sua lida missionária (At 28.16-30). Antes disso, ficara preso
aproximadamente três anos, desde sua prisão em Jerusalém (At 21.33), passando pelos
mais de dois anos de encarceramento em Cesaréia (At 24.27) até a chegada à capital
do império (At 28.16). Somente depois de cinco longos anos privado de sua atividade
apostólica e pastoral presencial, Paulo volta a viajar. É possível que, nessa oportunidade,
ele tenha realizado seu desejo de ir à Espanha (Rm 15.24,28). O que se sabe, com
certeza, é que visitou algumas das igrejas que havia fundado durante suas três grandes
viagens missionárias (At 13-21). Dente elas, Creta e Éfeso.

Como já mencionamos, mesmo aprisionado Paulo continuou vivendo como um fiel e


atuante ministro de Cristo. Além das quatro cartas que escreveu, em Roma ele pregava
e ensinava “as coisas pertencentes ao Senhor Jesus Cristo” (At 28.31), demonstrando
seu profundo compromisso com o seu Salvador. Como ele mesmo escreveu, entendia
que era “o prisioneiro de Jesus Cristo [pelos] gentios” (Ef 3.1). Foi fiel em todo o tempo
(Jo 1.33; Ap 2.10).

II – TIMÓTEO, VERDADEIRO FILHO

1. Sua origem. Timóteo nasceu em Listra, cidade da Licaônia, província romana da


Galácia. Sua mãe, Eunice, e sua avó, Lóide, que eram judias, ensinaram as Escrituras
para ele desde a infância (2 Tm 1.5; 3.14,15). Acredita-se que ele, sua mãe e sua avó
tenham se tornado cristãos por ocasião da primeira viagem missionária de Paulo, junto
com Barnabé, pois em Listra muitos se tornaram discípulos de Cristo pela pregação do
apóstolo (At 14.6-23).

Quando Paulo retorna à Listra, agora junto com Silas, em sua segunda viagem
missionária, encontra Timóteo, “filho de uma judia que era crente, mas de pai grego, do
qual davam bom testemunho os irmãos que estavam em Listra e em Icônio” (At 16.1,2).

2. Companheiro de Paulo. O bom testemunho de Timóteo, fruto de sua educação


espiritual e seu progresso na fé cristã motivou Paulo a convidá-lo para o acompanhar
em sua jornada missionária. Como Timóteo não era circuncidado, o apóstolo decidiu
circuncidá-lo “por causa dos judeus que estavam naqueles lugares” (At 16.3).

Paulo não circuncidou Timóteo por considerar isso necessário à salvação, mas para que
os judeus tivessem um pretexto para rejeitarem o Evangelho. Em muitas ocasiões o
apóstolo já havia ensinado sobre a suficiência da fé em Cristo como meio de receber
graça salvadora, como deixou registrado em diversas epistolas (Rm 3.21-28; Ef 2.8,9; Gl
2.16).

Paulo tinha uma compreensão muito clara da obra da salvação (Ef 3.1-7), acima de
qualquer prática legalista: “Porque, em Jesus Cristo, nem a circuncisão nem a
incircuncisão têm virtude alguma, mas, sim, a fé que opera no amor” (Gl 5.6). Precisamos
compreender bem o que é a liberdade cristã e o lugar das obras no propósito divino.
Como nos ensina o apóstolo, somos salvos pela fé, “criados em Cristo Jesus para as
boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas (Ef 2.10).

3. Evangelho da incircuncisão. Circuncisão, é literalmente, a remoção cirúrgica do


prepúcio do órgão sexual masculino. Foi ordenada por Deus como um concerto entre
Ele e os descendentes de Abraão (Gn 17.10-14). Tendo sido ratificada ao povo de Israel
nos dias de Moisés (Lv 12.1-3).

Observa-se que em relação a Tito, que era grego, o apóstolo deliberadamente decidiu
que não deveria ser circuncidado, embora houvesse certa pressão de judeus, aos quais
Paulo chama de “flasoa irmãos” (Gl 2.1-4). Aos gálatas, o apóstolo dis, textualmente,
que havia sido comissionado a pregar o “evangelho da incircuncisão” (Gl 2.6-10; 5.1,2).

Hoje, de igual forma, precisamos ter o cuidado de não ser enganados pelos judaizantes,
que ignoram o fto de que em Cristo não estamos mais sujeitos aos preceitos da lei
mosaica, como a guarda do sábado, a abstinência de certos alimentos e praticas
litúrgicas do judaísmo (Rm 14.1-6; Gl 4.1-10).
III – TIMÓTEO: UM JOVEM MINISTRO

1. A trajetória. Antes de ser comissionado por Paulo para ser o pastor da igreja de Éfeso,
Timóteo serviu ao apóstolo por longos anos, desde o dia em que foi convidado para
acompanha-lo em suas viagens (At 16.3-8). Considerando a opinião de alguns
estudiosos, de que Timóteo tinha entre 30 e 35 anos quando pastoreava os efésios (65
d.C.), podemos afirmar que ele tenha se tornado cooperador de Paulo com no máximo,
20 anos de idade (50d.C.).

Foi assim, tão jovem, que ele acompanhou fielmente o apóstolo em sua segunda e
terceira viagens, alcançando confiança para missões de alta relevância espiritual, como
quando designado, durante as viagens, para servir nas igrejas em Tessalônica (1 Ts 3.1-
10), Corinto (1 Co 4.16,17); e Filipos (Fp 2.19-24).

Por ocasião do primeiro aprisionamento de Paulo em Roma, lá estava Timóteo. O


apóstolo cita-o em algumas cartas da prisão (Fp 1.1; Cl 1.1). Soloto, leva-o consigo em
sua quarta e última viagem missionária, quando roga para que fique servindo na igreja
em Éfeso (1 Tm 1.3).

2. O roteiro final. O exato roteiro da viagem de Paulo após sua primeira prisão em Roma
não é conhecido, principalmente porque o propósito das cartas que ele escreveu a
Timóteo e a Tito não era de registro histórico. O apóstolo escreveu com a finalidade de
orientar os jovens pastores quanto ao cuidado espiritual que deveriam ter consigo
mesmos e com a missão que tinham recebido junto às igrejas que pastoreavam (1 Tm
4.16; Tt 2.1,7). As cartas trazem instruções práticas do que e de como deveria ser
ensinado (1 Tm 4.6; 5.1,2; Tt 2.15).

Como já afirmamos, é possível que Paulo tenha ido até à Espanha. Certo é que visitou
Creta, onde deixou Tito (Tt 1.5) e algumas cidades da Ásia Menor, como Mileto (2 Tm
4.20) e possivelmente a própria Éfeso. De Mileto, seguiu para Trôade, rumo à Macedônia
(Filipos, Tessalônica e Bereia), região de onde escreveu a primeira carta a Timóteo (1
Tm 1.3).

3. A responsabilidade de Timóteo. O problema da igreja em Éfeso eram os falsos


mestres que estavam ensinando “outra doutrina”, envolvendo “fábulas” e “genealogias
intermináveis”, que “mais [produziam} questões do que edificação de Deus (1 Tm 1.3,4).
A responsabilidade de Timóteo era adverti-los de seus erros doutrinários e cuidar, ele
mesmo, do ensino da “boa doutrina” (1 Tm 4.6), a ortodoxia, a doutrina correta, que
Paulo também chama de “sã doutrina” (1 Tm 1.10; Tt 2.1).

Timóteo também deveria transmitir ensinos práticos para toda a igreja e exercer a
disciplina eclesiástica (1 Tm 5.20). Apesar de ser ainda jovem segundo os padrões da
época, apresentar certa timidez (2 Tm 1.6-8) e enfrentar “frequentes enfermidades”,
inclusive estomacais (1 Tm 5.23), foi-lhe dada a grande responsabilidade de cuidar de
uma das principais igrejas do primeiro século. Aliás, a principal da Ásia Menor.

Sete anos antes desta primeira carta a Timóteo, no final de sua terceira viagem
missionária, quando seguia para Jerusalém, Paulo teve uma reunião com os presbíteros
de Éfeso na vizinha cidade de Mileto, e os advertiu do aparecimento de “lobos cruéis”
[...] que não [perdoariam] o rebanho” e de “[...] homens que [falariam] coisas perversas,
para atraírem os discípulos após si” (At 20.29,30). Agora, isso já havia acontecido e cabia
a Timóteo defender a pureza do Evangelho.

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