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Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB

Departamento DCHL.
Colegiado do Curso de Pedagogia
Disciplina: Educação e Relações Étnico-raciais: cultura indígena
Professora: Sirlândia Santana
Discente: Marianna de Oliveira Lima.
VII semestre - 2019.2

ATIVIDADE ASSÍNCRONA

TRABALHANDO O TEXTO: UMA ABORDAGEM HISTÓRICO CULTURAL DO POVO TUPINAMBÁ

Referência Bibliográfica
SANTANA, S. O Papel das Mulheres na Definição e Demarcação das Terras Indígenas dos Tupinambá
de Olivença-Ba. 2015. 415 f. Tese (Doutorado em Ciências Socais) Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo - PUC/SP, São Paulo, 2015. (p. 129-158).

QUESTÕES NORTEADORAS

1. Discorra analiticamente sobre as ideias centrais de Thompson e Wolf sobre o conceito de


cultura.
Resposta: Tanto Thompson, quanto Wolf, consideram a cultura como um corpo
dinâmico, capaz de ser atualizada e transformada sempre, de acordo com o passar do
tempo e as interações realizadas pelos grupos sociais, bem como as situações
conflituosas nas esferas política, econômica e social.
Eles pontuam a maneira como as questões econômicas impactam na produção
cultural dos povos tradicionais, ressaltando a expansão do capitalismo.
Para Thompson (1998), a conduta vivida no presente estabelece conexões com o
passado e, por sua vez, tem a ver com as exigências do mundo material em que os
povos estão inseridos.
Para Wolf (2005), a cultura está diretamente relacionada com o processo de
expansão capitalista, podendo ser até extinta, em alguns aspectos.

2. De acordo com Wolf (2005) há interconexões entre o velho e o novo mundo, como estas são
impulsionadas e quais as bconsequências para as comunidades originárias?

Resposta: As conexões feitas entre o velho e o novo mundo, se traduzem na luta pela
preservação da sua tradição e seus territórios, através das relações conflituosas do novo
mundo, eles buscam em sua história, manter a força e a resistência de seus antepassados.

3. A partir do conceito de hegemonia cultural discorra sobre esse fragmento: “Oriento-me pela
noção de que a hegemonia se dá a partir das relações de força que mostram a indissociável
conexão entre o mundo material das relações de produção e a consciência indígena
Tupinambá” (GRAMSCI, 2002).
Resposta: O conceito de hegemonia cultural em Gramsci (2002), diz respeito à dominação
ideológica de uma classe social sobre outra e, claro, das classes dominantes sobre as
dominadas, a fim de prevalecer seus próprios interesses.
Criar consciência indígena Tupinambá significa aos seus membros, buscar nas fontes
mais tradicionais, sobre a história do seu povo e sua essência, a fim de assumir uma postura
crítica, acerca da realidade da estrutura econômica e social que os atinge e exerce poder
sobre eles.
Com isso, se torna possível resgatar memórias e quebrar o silêncio daqueles que não
puderam mais lutar, devido à força bruta dos seus opressores. As mulheres Tupinambá têm
um papel fundamental neste processo de permanência e resistência.

4. Correntes teóricas assimilacionista previram o gradual desaparecimento dos povos indígenas,


tal perspectiva predominou como categoria científica e influenciou o imaginário social
brasileiro, acerca da incontornável extinção dos povos indígenas. A partir do texto contra
argumente.

Resposta: As correntes teóricas assimilacionistas fizeram previsões completamente


equivocadas acerca da população indígena. Elas não levaram em consideração que os
indígenas foram obrigados a se dispersarem, mas que, provavelmente, houve um
reagrupamento dos sobreviventes, tornando os Tupinambá de Olivença, descendentes
dos Tupinambá.

5. Analise o conceito de etnogênese presente no texto.

Resposta: O conceito de etnogênese, é considerado como insuficiente para


compreender a dinamicidade dos processos histórico-sociais e os seus impactos da
identificação étnica, reduzindo os povos indígenas, deixando de valorizar as suas
peculiaridades culturais. Desta forma, seria mais justo, utilizar o termo sociogênese ao
invés de considerar o papel das mulheres na definição etnoterritorial dos Tupinambá,
como meramente, novas etnicidades ou da etnogênese.

6. A assunção étnica dos antes considerados caboclos e recentemente autodenominados


Tupinambá de Olivença altera padrões tradicionalmente usados nos estudos étnicos, quais
foram os fatores que corroboraram para tal mudança?

Resposta: A multiplicidade e plasticidade das inter-relações estabelecidas entre


diferentes grupos étnicos, derivada das ações políticas, jurídicas e históricas do
governo criou heterodoxias que permitem jogar luz sobre grupos sociais antes
pensados como irrelevantes ou residuais.

7. De acordo com Arruti (1997), a destituição de populações de sua condição étnica não somente
oscilou, como constituiu se em atos de governo. Quais as motivações para as frequentes
reclassificações dessas populações e correlacione o caso dos Pankararu, localizados em
Brejo dos Padres à situação dos Tupinambás.
Resposta: À medida que a Colônia entendeu que precisava adotar estratégias de
regulação sobre a população em função de torná-la próspera e produtiva, a destituição
da população da sua condição étnica não somente flutuou como tornou-se atos de
governo, mas tiveram intenções próprias das relações de poder. Analisando os
exemplos dos Pankararu e dos Tupinambás, é possível perceber essas ações
resultaram em piores condições materiais de vida e dificuldades na produção e
reprodução de suas culturas.

8. Como as políticas de expansão territorial do Estado brasileiro e sua política indigenista, aliada
a políticas locais e suas consequências econômicas, sociais e culturais influenciou a condição
dos povos indígenas do Sul da Bahia como os Tupinambá ‒ e tantos outros povos indígenas
de outras regiões ‒ e criou uma representação simbólica negativa acerca de sua etnicidade?

Resposta: A compreensão da etnicidade Tupinambá passou por complexas alianças,


negociações, negações, incorporações e reelaborações. O conceito de cultura presente
no imaginário do senso comum a entende como algo estático e esse entendimento
exige dos Tupinambá a correspondência fenotípica e um modo de vida equivalente ao
índio do século XVII, se não for assim, não são considerados índios de verdade.

9. Analise criticamente os critérios para se compreender a indianidade Tupinambá e a descreva


segundo suas percepções?

Resposta: A indianidade Tupinambá possui uma etnicidade marcada por arranjos e


rearranjos culturais criados pelo processo histórico através das situações de contato
e é multifacetada. Este entendimento tem exigido dos Tupinambá a correspondência
fenotípica e do seu modo de vida assente nas referências do índio do século XVII.
Então para compreender ela é necessária uma compreensão do pertencimento
desse povo a sua cultura indígena.

10. Pesquise a história da propriedade privada no Brasil, no que se refere a Leis de Terras

Resposta: Lei de Terras, sancionada por D. Pedro II em setembro de 1850, foi uma lei que
determinou parâmetros e normas sobre a posse, manutenção, uso e comercialização de terras
no período do Segundo Reinado.
Os principais objetivos foram: estabelecer a compra como única forma de obtenção das
terras; cobrar impostos para a demarcação de terras; dificultar a compra ou posse por pessoas
pobres; favorecer os grandes proprietários rurais; tornar as terras um bem comercial.
As principais consequências foram: regulamentou a propriedade privada; manutenção da
concentração de terras; aumentou o poder oligárquico e, consequentemente, o governo
imperial; dificultou o acesso para pessoas de baixa renda, tornando-as empregadas; o governo
imperial investiu na entrada de mão-de-obra estrangeira, principalmente europeia; expandiu a
economia cafeeira, favorecendo a elite agrária, principalmente da região sudeste.

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