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A abordagem do ciclo de políticas como

epistemetodologia

Jefferson Mainardes
UEPG e ReLePe

21/08/2020
Textos sugeridos (drive)
https://drive.google.com/drive/folders/1rhT_BA70BZkW5
m2xR8kgt_BvfW9KuVse?usp=sharing

1 – Mainardes (2006) – Educação & Sociedade


2 – Entrevista Ball (2009) - Educação & Sociedade

3 – Entrevista com Ball (2015) – Olha@res

4 – Tello e Mainardes (2015) – Práxis Educativa

5 – Mainardes e Tello (2016) – Archivos Analíticos de Políticas Educativas

6 – Mainardes (2018) – Jornal de Políticas Educacionais (JPE)

7 – Mainardes (2018) – Educar em Revista


www.researchgate.net

www.academia.edu
Palestras de Stephen J. Ball (Brasil)

Anped (2013) - Goiânia


https://www.youtube.com/watch?v=0BJaDNA89vQ

Evento Unicamp (2013)


https://www.fe.unicamp.br/galerias/4037
Youtube: PPGE- UEPG
Playlists:
Participação de professores do PPGE em
eventos acadêmicos

- Anped – 2019
- Live 10/05/20 - UCDB
- Live 28/05/20 – Replag
- Live 16/06/20 - UFSB
Abordagem do ciclo de políticas

É um método para a análise de políticas.

Stephen J. Ball e Richard Bowe


1992
1994
2009 (Entrevista)
2012 (Teoria da atuação)
- Instrumento heurístico:
 proposta (flexível)
 uma tentativa de romper com os modelos
lineares de análise de políticas.
Não é uma proposta rígida, fechada.
“Mas, para citar Foucault: ‘Tudo o que faço,
faço para que possa ser útil’ (Defert & Ewald,
2001, p. 911–912). A questão não é dizer às
pessoas o que pensar, mas fornecer
ferramentas com as quais é possível pensar”.
(BALL, 2013, p. 282).

- Provocar questionamentos e reflexões.


- Conclusões próprias.
“A relevância do que escrevo não se baseia nas citações
ou reconhecimento pessoal, mas no meu
compromisso com os professores, sindicatos e
movimentos educacionais”. (BALL, 2013, p. 282).

“Tenho clareza que o meu trabalho é sempre


provisório, sempre inacabado, é um processo de
desenvolvimento - de becos sem saída e possibilidades.
Espero que o próximo artigo seja um pouco melhor
que o anterior. Para citar Foucault novamente:
‘Quando escrevo, faço-o acima de tudo para mudar a
mim mesmo e não pensar da mesma maneira que
antes’. (Foucault, 1991, p. 27)”. (BALL, 2013, p. 282).
1988  Currículo Nacional - Inglaterra e País de Gales
Education Reform Act 1988

- Modelo de análise inicial:


- 3 facetas – arenas:
- Política proposta (oficial)
- Política de fato (textos)
- Política em uso (prática)
(BALL; BOWE, 1992).

Subject departments and the implementation of National Curriculum Policy: an


overview of the issues. Curriculum Studies, v. 24, n. 2, p. 97-115, 1992.

El currículum nacional y su puesta en práctica: el papel de los departamentos de


materias o asignaturas. Revista de Estudios del Currículum, Barcelona, v. 1, n. 2,
p. 105-131, 1998.
Livro: Reforming Education and changing
schools (1992)

- Contexto de influência
- Contexto da produção do texto
- Contexto da prática
Figura 1 – Contextos do processo de formulação de políticas
(Contexts of policy making)

Context of influence

Context of Context of
policy text practice
production

Fonte: Bowe et al., 1992, p. 20.


Contexto de Influência:
- Onde normalmente as políticas públicas são
iniciadas e os discursos políticos são construídos.
- Grupos de interesse disputam para influenciar a
definição das finalidades sociais da educação e do
que significa ser educado.

- Locais
- Nacionais
- Globais
- Redes sociais e políticas  etnografia de redes
Contexto da produção do texto:

- Os textos das políticas são o resultado de disputas


e acordos.

- Os textos normalmente estão articulados com a


linguagem do interesse público mais geral.

- Textos: documentos legais, comentários formais


ou informais, pronunciamentos oficiais, normas,
memorandos, folhetos, vídeos, websites, lives, etc.
Contexto da prática:
- É onde a política está sujeita à interpretação e
recriação e onde a política produz efeitos e
consequências que podem representar
mudanças e transformações significativas na
política original.

- Ajustamentos secundários.

- As políticas não são simplesmente


“implementadas”, mas estão sujeitas à
interpretação e recriação.

- 2012: Teoria da atuação.


- Livro: Education reform (1994)
- Contexto dos resultados (efeitos)
- Contexto da estratégia política

- Entrevista (2007-2009):

- Contexto dos resultados/efeitos  prática

- Contexto da estratégia política  influência


- ACP  pressupõe:
- Análise crítica das políticas.
- Política como texto.
- Política como discurso.
- Análise da política na prática  contexto da
prática.
- Consequências das políticas para classes
sociais distintas.
- Posicionamento do pesquisador:
* conceito de política e de Política
Educacional.
* política investigada.
* delineamento (formulação) de estratégias
para enfrentar as desigualdades criadas ou
reproduzidas pela política.
- ACP  aparentemente simples  complexa e

- Envolve a realização de várias pesquisas.

- Requer o emprego de referencial teórico para a análise de


políticas específicas.

- Exemplo:
- Basil Bernstein  natureza política da escola em ciclos
- ACP  formulação e atuação da política

MAINARDES, J. Reinterpretando os Ciclos de Aprendizagem. São Paulo:


Cortez, 2007.
- 2012 Ball, Maguire e Braun
- Livro: How schools do policy: policy enactments
in secondary schools.

- Teoria da atuação (Theory of policy enactment)

- Como as escolas fazem as políticas: atuação em


escolas secundárias - Editora UEPG (2016).
- Resenhas
- Seção Temática: Contribuições da abordagem do
ciclo de políticas e da teoria da atuação para
pesquisa em Política Educacional no Brasil
- Revista de Estudios Teóricos y Epistemológicos en
Política Educativa (v. 3, 2018)
- https://www.revistas2.uepg.br/index.php/retepe/i
ssue/view/581
- LIMA; SOUZA; LUCE (2018)
- PAVEZI (2018)
- SOUSA (2018)
- Teoria da atuação:

- Contribui para a pesquisa sobre o contexto da prática.

- “A política é feita pelos e para os professores; eles são


atores e sujeitos, sujeitos e objetos da política” (BALL;
MAGUIRE; BRAUN, 2016, p. 13).

- Assumem conceito de atuação  as políticas são


transformadas em ação por meio de processos de
interpretação e tradução.

- Rechaçam o termo “implementação”.


Dimensões contextuais:

- Contextos situados

- Contextos profissionais

- Contextos materiais (infraestrutura, etc)

- Contextos externos
Enfoque das Epistemologias da Política
Educacional - EEPE

- 3 elementos
(Tello, 2012; Tello e Mainardes, 2015)

Perspectiva epistemológica

Posicionamento epistemológico
Enfoque epistemetodológico
(coerência interna)
Epistemetodologia:
- Objetiva expressar a articulação existente entre
as decisões epistemológicas e a metodologia da
pesquisa.

- Na pesquisa caracterizada pela consistência e pela


coerência interna: a perspectiva epistemológica, o
posicionamento epistemológico e o enfoque
epistemetodológico mostram-se articulados e
integrados.
Epistemetodologia:

Coerência entre:
* questões de pesquisa
* objetivos
* referencial teórico
* análise/interpretação de dados
* conclusões
* argumentação
www.relepe.org
https://www.revistas2.uepg.br/index.php/retepe
ACP  como epistemetodologia envolve:

- Apropriação crítica da proposta da ACP.

- Reconhecimento da perspectiva
epistemológica que o fundamenta (Pós-
Estruturalismo).

“O pós-estruturalismo pode ser caracterizado como


um modo de pensamento, um estilo de filosofar e
uma forma de escrita, embora o termo não deva ser
utilizado para dar qualquer idéia de homogeneidade,
singularidade ou unidade” (PETERS, 2000, p. 28).
- Utilização dos fundamentos teórico-
epistemológicos e metodológicos da ACP na
pesquisa.

- Emprego da ACP como fio condutor da


pesquisa.

- Estruturação do texto (relatório) com base


nos contextos.
Referências
BALL, S. J. Education reform: a critical and post-structural approach.
Buckingham: Open University Press, 1994.

BALL, S. J. Reading and re-writing the self: an epilogue. London Review of


Education, v. 11, n. 3, p. 281-282, 2013.

BALL, S. J.; BOWE, R. Subject departments and the implementation of


National Curriculum Policy: an overview of the issues. Curriculum
Studies, v. 24, n. 2, p. 97-115, 1992.

BALL; MAGUIRE; BRAUN, A. Como as escolas fazem as políticas:


atuação em escolas secundárias. Ponta Grossa: UEPG, 2016.
BOWE, R.; BALL, S. J.; GOLG, A. Reforming education & changing
schools: case studies in Policy
Sociology. London: Routledge, 1992.
LIMA, L. F.; SOUZA, B. S.; LUCE, M. B. A abordagem do ciclo de políticas nos Programas de
Pós-Graduação brasileiros: um mapa das teses e dissertações. Revista de Estudios Teóricos
y Epistemológicos en Política Educativa, Ponta Grossa, v. 3, p. 1-29, 2018.

MAINARDES, J. Reinterpretando os Ciclos de Aprendizagem. São Paulo: Cortez, 2007.

PAVEZI, M. Contribuições da teoria da atuação: análise a partir de uma pesquisa sobre


políticas de Educação Especial no contexto da prática. Revista de Estudios Teóricos y
Epistemológicos en Política Educativa, Ponta Grossa, v. 3, p. 1-18, 2018.

PETERS, M. Pós-estruturalismo e filosofia da diferença. Belo Horizonte: Autêntica,


2000.

SOUSA, M. Apontamentos teórico-metodológicos: contribuições de Stephen J. Ball para as


pesquisas de políticas educacionais. Revista de Estudios Teóricos y Epistemológicos en
Política Educativa, Ponta Grossa, v. 3, p. 1-22, 2018.

TELLO, C. Las epistemologías de la política educativa: vigilancia y posicionamiento


epistemológico del investigador en política educativa. Práxis Educativa, Ponta Grossa, v. 7,
n. 1, p. 53-68, jun. 2012.

TELLO, C.; MAINARDES, J. Revistando o enfoque das epistemologias da política


educacional. Práxis Educativa, Ponta Grossa, v. 10, n. 1, p. 153-178, jan./jun. 2015.
A ACP oferece elementos teórico-
metodológicos para a análise de políticas em
uma perspectiva ampla e crítica.

A ACP demanda a obtenção de dados de


natureza diversa, a interrogação permanente
dos dados, o estabelecimento de relações, a
vigilância epistemológica, o posicionamento
crítico (leitura não ingênua).
O seu emprego subsidia a compreensão das
consequências das políticas para os sujeitos nela
envolvidos e o delineamento de estratégias (alternativas)
para o enfrentamento das desigualdades reproduzidas
ou criadas pela política.

O pesquisador engajado na luta pela justiça social, pela


educação pública e democrática, e pela construção de
uma sociedade melhor para todos (sem distinção),
encontrará na ACP fundamentos consistentes para a sua
pesquisa, bem como para a formulação de um
posicionamento pessoal do significado da educação e do
papel das políticas educacionais na construção do
projeto de nação. (JM)

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