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Resumo
Apresenta percurs o pelas edi ficações e espaç os ur banos de F lorianópoli s,
c onstr uídos na li nguagem moder na de 1930 a 1970 . São est udados elem ent os
da moder nidade, atrav és dos planos estat ais e a ação do capital . Vestígios do
ideári o m oderno resul tantes são l ev ant ados e docum ent ados num iti nerário
c ultural patrimoni al. Uma tensão compositiva entre os espaços m oder nos e a
cidade pr etérita, por r upt ur as de gabarito, estrut ur a urbana e novas
form ulações pl ásticas, car acterizaria ess es percurs os.
Palavr as- ch ave: ar quitetur a m oder na, iti ner ários culturais, Flori anópolis.
Abstract
Pres ents a rout e thr ough the buil dings and urban s pac es of Fl orianópolis , built
in m oder n language fr om 1930 t o 1970. El ement s of m oder nity wer e st udied,
through st ate action pl ans and c api tal. Traces of moder n ideas ar e r es earched
and doc um ented resulting i n a c ul tural heri tage itiner ary. A com positional
tensi on betw een the m oder n and the past tens e city s paces f or br eaks of s cale,
ur ban structure and new pl astic formulations c haract erize these pat hw ay s.
Key words: modern ar c hitect ur e, cultur al i tiner aries, Fl orianópoli s.
Nos anos de 1930, após a construç ão da Ponte H ercílio Luz, ligando a
ilha ao c onti nente, e da Avenida Her cílio Luz, na ár ea periféri ca central, i nicia-
s e defini tivament e o pr ocess o de moderniz ação de Florianópolis, que ent ão s e
c ons oli da c om o c apital c atarinens e. A poster ior ex pans ão em direç ão ao norte
da Il ha, nos anos de 1950, prenuncia a atividade turística ligada à
balneabilidade. O utro avanço ur bano i mport ante acont ec e na déc ada de 1960,
quando s e ef et ua a abert ura de uma grande Avenida na B aí a Norte, c hegando
ao c entr o da Ilha. Este fat o viabil iza a posterior inst al aç ão da univ ersidade
feder al e do ór gão est atal atuant e no pr ocess o de el etrificaç ão do est ado.
O pr oc es so de renovação ur bana da ár ea central pass a ent ão pela
v erticalizaç ão das novas edifi cações, entre as décadas de 1950 e 1970,
c ontrastando com a malha ur bana pr é- exist ente, da cultur a luso- brasileira, e
s ua arquit etur a tr adi cional, quase sem pre modesta e de v olumetria horizont al.
A presenç a dess a arqui tet ura de l inguagem m oder na repr es enta a sint oni a dos
governant es locais com o es pírito de r enov aç ão nacional, elem ent o comum
dess es dif er ent es cicl os da m oderni dade.
Como r es ultado da pes quisa encontr am - se mapeados os loc ais das
edificaç ões e espaç os ur banos moder nos divi didos em cinco setor es, quatro na
ilha e um no c ontinente. Proj etos e obras ainda existentes ou des aparecidos
s ão listados, bem c om o os di versos agentes env olvi dos, autor es e client es.
Além de s ubsidiar ações de pr es er vação, o tr abalho t em por obj etivo div ulgar o
percur so dest e ideário na c onfiguração ur bana da cidade de F lorianópoli s,
s ugerindo rot eiros, físicos e virtuais, deste patrimônio par a m or ador es e
visit ant es da ci dade.
A ci dade modernizad a
O Municí pio de Florianópolis com pr eende espacialm ent e um a porç ão
insular, localizada na c osta atlântica, a Ilha de Sant a C atarina, e um a
c onti nent al, o Estreito. No cont ext o dos cicl os da m oder nidade, entre os anos
de 1930 e 1970, a cidade de Fl orianópoli s, c api tal de S anta Cat arina, tem seu
desenv olvim ento ex plicitado em grande parte por edificaç ões e espaços
ur banos pr ojet ados e constr uídos nas linguagens m oder nas r ef er enci adas
nesta époc a (TEIX EIRA, 2009).
Grande parte do pr oces so de modernização do município dev eu- se a
aç ões estat ais no s ent ido de cons olidar Florianópolis como capital do e st ado,
c om o afirmado aci ma, no início do texto. A cidade i nicia es se process o na
década de 1930 e t em um perí odo de menor cres ciment o na década de 1940,
quando os pr oblemas ger ados pel a 2ª G uerr a M undi al atingiram a c api tal ,
ac abando por estagnar as atividades por tuári as, s ua principal ec onomi a
ur bana. O ideári o m oder no rec ebe novo impulso na década de 1950, em
pr ocess o afinado à conjunt ura polític a naci onal dos cicl os de
desenv olvim entismo e que c onsagr ou a v ontade das el ites locai s. Ness a époc a,
houv e a r enovação ur bana da ár ea centr al e um pr oc esso de v ertical ização das
edificaç ões, c onform e citado anteri orm ent e.
Uma transform aç ão urb ana im portante acontece na década de 1960,
refor çando ess a v oc aç ão turístic a do municípi o: a abert ur a de um a grande
Avenida na Baí a N orte c he gando ao centro da Ilha, ligando o centr o formador
aos s eus bal neários. A expans ão em direç ão ao norte da Ilha pr en unciaria a
at ividade turística, l igada à bal neabilidade, c om o nov a atividade econômic a.
Esta região fort alec eu- se c om o v etor do cres ci ment o tam bém atrav és da
instal aç ão da universidade feder al e de órgão estat al atuant e no pr oc es so de
el etrificaç ão do estado em s uas imediaç ões. (SUGAI, 1994)
A transf or m ação da linguagem ar quitet ôni ca foi mar cant e c onsider ando
o período abordado em sua ampliação, nos anos de 1930 a 1980. No pr ocess o
foram c onstruí das edificaç ões em linguagem Art Déco, R acionalismo Clássic o,
Moder nism o e post eriorment e, em um a es pécie de cant o do cisne do moderno,
na linguagem c onvencionada como Br utalismo. A pal avr a vem do francês
“br üt ”, desi gnando uma ar quitet ur a crua, t al como r ev elada ao se retirarem os
mol des da edifi cação em c oncr eto arm ado. Iss o traduziria, por contradição, um
refi nam ento da téc nica constr utiva, rev elando a verdade dos m at eriais. O Art
Déc o, c om o linguagem de uma m oderni dade popular ( por que não oriunda de
um m ovimento erudito), v ai geom etrizar os or nam entos, mim eti zando os
el ement os form ais das m áquinas, símbol os explíci tos da moderniz aç ão. O
Raci onal ismo Clássic o, em bor a já s e valendo da t éc nic a do concret o arm ado,
v ai uti lizar este de form a discreta. A vol umetria resultant e (principalm ente em
edifícios coorpor ativ os) v ai fazer uma interpretação at ualiz ada dos el em entos
da coluna clássic a: em basamento, des envolvimento em altur a dos pavim entos
pode-se dest acar a exi stência de obras important es como r epr es ent ativas do
ideári o do m oviment o m oder nist a nacional na regi ão: o Lagoa Iat e Clube
(1969) e o pr ojet o de loteam ent o do bal neário Jurer ê de Os car Niemey er
(1957); os pr oj etos pai sagísticos de Burle Mar x par a o aterr o da B aía S ul e
pr aça de c onviv ência junt o à reitori a da Univer sidade F eder al de Santa
Catarina ( 1970); o edifício Norm andie ( 1959), de R oberto Fél ix Verones e; a
infelizment e destruí da residência Zipser (1956) e o Palácio S ant a Cat ari na
(1967) de H ans Br oos; a Biblioteca P úbl ica (1988) e as pas sarel as de Lelé
(João Filguei ras Lima); e a Ass em bleia Legi slativ a do Est ado de Sant a
Catarina ( 1964) de P edro Paulo de M elo S araiva, Paul o Mendes da Rocha e
Alfredo Paesani.
Nest e pr oc ess o de estudo e reconheci mento do modernismo em Sant a
Catarina, é not áv el , sej a na área das art es plásticas, vis uais ou da ar quitet ura
e urbanism o, a c oncentr aç ão de esf orç os de r efl exão e di vulgação da
pr oblemátic a do patrimôni o m oder no somente no m eio acadêmic o, sendo a
mai oria da produção res ultante de diss ertações de m estr ado e tes es de
doutor ado reali zadas no Brasil e no ext erior. O rebatimento dest as aç ões de
rec onhecim ent o e pr es er v aç ão no plano i nstitucional público e priv ado, e
mesmo de gest ão gover nam ent al, tem oc orrido de form a lent a e s em r es ul tados
di gnos, considerando s ua import ânci a par a o c ont exto do des envol vim ent o
ur bano e s ocial do Estado.
Como v erificado na pes quisa, a gr ande conc ent ração de exem plares
localiza- se no c entro ur bano i nsular (S1), correspondent e ao espaç o fundador
da cidade e suas ex pansões. Este es paç o é del imi tado por uma pení nsula
triangular formada pel as baí as N orte e Sul e pelo maciç o m ontanhos o a Leste,
o M orr o da Cruz. Assim tem- se grande c onc entraç ão i nicial de ex em plar es na
ár ea do ent or no da Pr aç a X V e, post eri or ment e, nas áreas definidas pel a
Avenida Hercíl io Luz e Chácar a de Es panha.
Foram cadastr adas at é o momento 53 ex em plar es de pr ojet os e obras
realizadas ai nda exist entes e três demolidos. No process o de trabal ho s ão
ident ificadas edificaç ões, lot eam entos, pr ojetos pais agísti cos e equipam ent os
ur banos. C ada exe m plar tem s ua es pecificaç ão, com localizaç ão, aut oria, dat a
de construção e de projet o, usos (origi nai s ou atuais), númer o de pavimentos,
descriç ão do edifí cio, est udo de sua ins erç ão no cont exto, ref er ênci as
bi bliográficas, fotos e des enho técnico, quando dis poní vel .
Na execução t em si do utilizado o m ét odo hist órico- críti co, utili zando de
rec ur s os c om o pes qui sa de cam po, bibliográfi ca, font es pri márias ( proj etos
ar quitetônicos originais) e doc ument ação i conográfic a (f otos e desenhos).
Esses elementos col etados for am or ganizados e analisados como objet o de
refl ex ão crítica.
Paralel am ente ao cadastro de exemplar es, a pesquis a pr ocur a t am bém
fazer o registro das autorias dos proj etos, traç ando assim o perfil dos
pr ofissionais observ ando s ua formação, at uação em es critórios e i nstituiç ões
públi cas, númer o de obr as e suas es pecífi cas conc epç ões como contribuiç ão
par a a pr oduç ão regional. Enc ontram -se r egi strados at é o m om ent o 30 autor es,
entre arquitet os, engenheiros, des enhist as e um paisagist a, bem c om o os
di versos agent es env ol vidos, proj etistas e clientes.
O Setor 1 (S1), corres pondent e à pení ns ula centr al , com pr eende o
mai or núm er o de ex em pl ar es, sendo f or mado por edificaç ões, pr aças e
equipam ent os de diferent es períodos e linguagens, dem onstrando a inserção e
s ubstituição de ex em pl ares gerada no pr ocess o de moderniz ação do núcl eo
ori ginário da cidade. Nest e es paço dest acam -se os pr ojet os construí dos par a
edifícios administrativos públi cos, serviç os de hotel aria e hospitais. As
c onstr uç ões r esi denci ais m ult ifamiliares em al tur a e posteri orm ent e, as
unifamil iares dos l oteam ent os de expans ão, tor nam -s e os gr andes
investimentos i mobili ários da r egi ão. E nt re as principai s obr as desfigur adas
encontra-s e o proj eto dos jar dins par a o at err o da baía sul , o P ar que Dias
Velho (1970) de Robert o Burle Marx.
Figura 2 – Vista aérea da área central em 1950, no início do processo de modernização pela verticalização.
Fonte: Casa da Memória FFC, PMF.
Figura 3 – O Edifício das Diretorias e sua inserção urbana em esquina da área central.
Fonte: Acervo da Pesquisa Itinerários da Arquitetura Moderna na Região de Florianópolis. Dario de Almeida
Figura 5 – Vista Aérea do Lagoa Iate Clube – LIC, projeto de Oscar Niemeyer.
Fonte: Casa da Memória FFC, PMF [19--].
Atualm ente a pes quisa s e encontr a em et apa de des env ol vim ento final,
ut ilizando c om o campo de est udo a defi niç ão d os exemplar es por respectivos
s etor es, relacionando e complem entan do as i nfor m aç ões levantadas, busc ando
traç ar as estrat égias de reconheciment o dos perc urs os e aç ões de div ulgaç ão
e pr eser vação do patrimôni o l ev ant ado atrav és da pr oduç ão e publi cação de
arti gos, livro e cont eúdo virtual, consi derando es ses ex em plar es em s ua
importânci a c om o document os que c onec tam os di ver s os m oment os de
pr odução ur bana.
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