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“Comanda tua tropa, para de frouxura!

”: uma história por


trás da frase que marcou o 8/1
Comandante da guarda presidencial que vacilou no enfrentamento
aos golpistas é filho de general com "intentos antidemocráticos"
Redaçãojornalggn@gmail.com
Publicado em 10 de janeiro de 2024, 17:01

Uma das imagens que marcou a cobertura jornalística do atentado à


democracia em 8 de Janeiro de 2022, que completou um ano nesta
semana, é a gravação mostrando o comandante da guarda
presidencial recebendo ordens de um praça da polícia militar.
“Bora, exército! Faz a linha! Fecha a linha, aí! Comando,
fecha a linha, dá ordem aí! Comanda a tua tropa! Fecha a
linha, para de frouxura! Atira, não precisa mandar
ordem, não! Atira!”

A ordem foi do subtenente Beroaldo José de Freitas Júnior, da PM-


DF, ao então comandante do Batalhão da Guarda Presidencial,
Gustavo Morong Rosty. A CPMI do 8/1 citou o episódio como
exemplo da “clara letargia dos comandantes militares no fatídico
dia 8 de janeiro”. O colegiado falou que o “referido despreparo e
incapacidade de ação causa perplexidade à sociedade civil.”
O relatório conta que Gustavo Morong Rosty, que teve postura
vacilante à frente da guarda presidencial em meio à batalha para
conter os terroristas, é filho do general Edson Skora Rosty, “já
apontado neste relatório como um dos militares com intentos
antidemocráticos”.

Trecho do relatório final da CPMI do 8/1


Segundo informações do G1, o general Édson Skora Rosty teve seu
nome citado em conversas que a Polícia Federal extraiu do celular do
ex-ajudante de ordem de Jair Bolsonaro, Mauro Cid.
Em um dos diálogos, atribuíram a Rosty a informação de que o
Exército estaria pronto para cumprir a ordem para que houvesse um
golpe de Estado. Só que a ordem precisaria vir expressamente de
Jair Bolsonaro. As mensagens foram tornadas públicas pelo ministro
Alexandre de Moraes, do STF.
A conduta de Rosty filho no dia 8/1 foi objeto de uma sindicância
instaurada pelo Comando Militar do Planalto, que não encontrou
evidência de que a hesitação do comandante tenha sido um crime.
“(…) embora claramente tenha havido falhas de comando e de
exigência de cumprimento das regras de engajamento pelo
Comandante Rosty, aquela Comissão não logrou obter provas
acerca de conduta com relevância penal do referido comandante e
de seu pelotão”, apontou o relatório final da CPMI.
No dia 8 de Janeiro de 2023, uma horda bolsonarista radical invadiu
e depredou a sede dos Três Poderes, em Brasília. A entrada nos
espaços foi facilitada por agentes das forças de segurança do Distrito
Federal.
Para além disso, o Plano Escudo, que deveria proteger o Palácio do
Planalto, falhou miseravelmente por omissão e inação de agentes do
GSI (Gabinete de Segurança Institucional) e do Comando Militar do
Planalto, a quem o Batalhão da Guarda Presidencial é subordinada.
O relatório da CPMI ainda aponta que no dia 8/1, 95% do corpo do
GSI era herança do governo Bolsonaro.

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