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A Arquitetura do golpe

 Depoimentos de militares, colhidos pela Polícia Federal,


mostram a arquitetura da tentativa de golpe de Estado para
reverter o resultado das eleições de 2022, na qual o atual
presidente Lula da Silva foi vencedor.

 No dia 15 de março, o ministro do Supremo Tribunal


Federal, Alexandre de Moraes, tirou o sigilo de 27
depoimentos de militares, assessores e aliados de
Bolsonaro no inquérito que investiga a tentativa de
golpe.

 O ex-comandante do exército, Marco Antônio Freire


Gomes, disse à Polícia Federal que Bolsonaro apresentou
pessoalmente, em reuniões ocorridas no Palácio da
Alvorada dias 7 e 14 de dezembro de 2022, a suposta
minuta do decreto que consumaria o golpe de Estado.

 O general afirmou que o texto foi lido pelo ex-assesssor de


Bolsonaro, Filipe Martins, e que o ex-comandante da
Aeronáutica Carlos de Almeida Baptista Júnior, o ex-
comandante da Marinha, Almir Garnier, e o ex-ministro da
Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, também
estavam presentes.

 Freire Gomes disse que Bolsonaro apresentou três


propostas de uso de decreto: 1. Garantia da Lei e da Ordem
(GLO), 2. Estado de Defesa e 3. Estado de Sítio, por causa
do resultado do processo eleitoral, vencido pelo presidente
Lula.

 O general Freire Gomes disse que deixou claro para o ex-


presidente que o exército não participaria da implementação
desses institutos para reverter o processo eleitoral.

 O ex-comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida


Baptista Júnior confirmou a realização desta reunião, e disse
ter se manifestado também contra o golpe.
 O único que teria colocado as tropas à disposição de
Bolsonaro foi o então comandante da Marinha Almir
Garnier. Garnier compareceu para depoimento na PF em
fevereiro, mas preferiu permanecer em silêncio.

 Baptista Júnior ainda contou que o ex-ministro da Defesa,


general Paulo Sérgio de Oliveira, também apresentou a
suposta minuta de golpe para conhecimento e revisão dos
comandantes das três forças.

 O tenente-brigadeiro ainda afirmou que o ex-ministro do


GSI, general Augusto Heleno, ficou atônito com a
informação que a Aeronáutica não iria aderir a uma virada
de mesa.

 O general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, que também


já foi comandante do Exército, preferiu ficar em silêncio no
depoimento à PF.

 O ex-comandante da Aeronáutica disse até que Freire


Gomes, que dirigia o exército, ameaçou prender Bolsonaro,
caso levasse adiante uma tentativa de golpe.

 Baptista Júnior também teria alertado Bolsonaro de que não


havia fraude nas urnas, já que os representantes da
Aeronáutica na Comissão de Fiscalização das Eleições
não encontraram nenhum problema no 1º e no 2º turno.

 Valdemar Costa Neto, presidente do Partido Liberal, no


qual Bolsonaro disputou a eleição de 2022, disse que
discordava da hipótese de fraude nas urnas eletrônicas.

 Costa Neto ainda teria orientado a bancada do PL a votar


contra a implementação do voto impresso, ideia defendida
pelo ex-presidente da República.

 O presidente do PL ainda disse que sofreu pressão de


deputados e de Bolsonaro para ajuizar uma ação
questionando as eleições, após o vazamento do relatório de
um instituto contratado pelo partido para auditar as eleições.

A hierarquia do golpe
1. Comandante em Chefe e principal beneficiário: Bolsonaro
2. Arquitetos do golpe: Gal. Braga Neto – Gal. Heleno (GSI)
– Gal. Paulo Sérgio Nogueira (Ministro da Defesa)
3. Avalistas do golpe: ex-ministro do Exército Freire Gomes e
ex-ministro da Aeronáutica Baptista Júnior (que pularam
fora), restando somente o Almirante Garnier
4. Assessor jurídico do golpe: ex-ministro da Justiça
Anderson Torres – daria verniz de legalidade jurídica às
ações golpistas
5. Redator do golpe: ex-assessor especial da Presidência da
república Felipe Martins (leu a minuta do golpe em 2022
para Freire Gomes e Bolsonaro, que afirmou que o
documento estava em estudo)
6. Despachantes do golpe: Ten Cel Mauro Cid e Ten Cel
Marcelo Câmara

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