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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA E


BIODIVERSIDADE - REDE PRÓ CENTRO-OESTE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS

PERDA DA BIODIVERSIDADE ASSOCIADA AO TRÁFICO DE ANI-


MAIS SILVESTRES: MINI REVISÃO SOBRE O IMPACTO DAS REDES
SOCIAIS EM INDIVÍDUOS DA “FOFOFAUNA”

Janaina Trindade Franco1 & Julieni Bianchi Morais2

Resumo:

A superexploração animal ocorre de diferentes formas, dentre as quais cita-se o tráfico


de animais silvestres. O contato humano com a fauna nativa ocorre desde antes da colonização,
quando a característica desse convívio foi modificada. A prática que antes ocorria de forma
sustentável e para subsistência, passa a ter como finalidade a exploração em função do lucro.
Nesse contexto, os indivíduos da “fofofauna” são frequentemente impactados, pois, geram o
fascínio dos humanos, uma vez que são tidos como carismáticos, habilidosos e que despertam
maior valor “sentimental”. Sendo assim, são muito bem quistos como pets. Concomitante-
mente, a globalização das informações através das mídias sociais tem agido como favorecedora
do tráfico de animais silvestres, pelo qual justifica-se o presente trabalho, que trata da aborda-
gem em dois aspectos. O primeiro, discorre sobre a antropomorfização dos animais através da
divulgação de fotos e vídeos, que gera como consequência a maior procura por esses animais
no mercado ilícito de pets-silvestres. Ainda, em segundo, a internet funciona como uma vitrine
virtual ampla para o comércio desses animais, já que garante o anonimato e, por vezes, impede
o rastreamento dos criminosos. Dessa forma, tais práticas geram consequências diretas ou indi-
retas à fauna silvestre e ambiente em que vivem, dentre as quais lista-se a perda da biodiversi-
dade como principal delas. Ainda que o animal não esteja classificado como em perigo de ex-
tinção, sua retirada abrupta do ambiente gera problemas importantes, dentre os quais, discutiu-
se sobre alguns no texto através do caso da capivara Filó. Por fim, entende-se o amplo acesso à
tecnologia como ferramenta que deve ser usada com cuidado, tanto pela população, quanto por
profissionais da área, uma vez que a forma como a informação é divulgada pode incentivar,
direta ou indiretamente, o tráfico de animais silvestres, em especial de indivíduos da “fofo-
fauna”.
Palavras-Chave: antropomorfização; fauna; Filó; internet; superexploração.
Introdução:

O meio ambiente dispõe de diversos recursos naturais; assim sendo, entre os patrimônios
associadas à natureza, entende-se a diversidade biológica como a riqueza de vida encontrada
no planeta. Isso inclui a fauna, flora, microorganismos e até a herança genética de cada um
deles. Os componentes da biodiversidade constituem vínculo entre os complexos ecossistemas,
contribuindo para sua estabilidade. Concomitantemente, esses recursos são explorados desde
os primórdios da humanidade, ainda assim, anteriormente essa prática se dava de forma susten-
tável (Fernandes et al., 2014)

O crescimento populacional, bem como, o avanço econômico e tecnológico está direta-


mente relacionados à maior demanda por recursos naturais, o que implica diretamente na con-
servação da biodiversidade. Apesar disso, não se trata de sobrevivência, mas sobretudo, às in-
tenções de mercado e utilitarismo. Isto posto, as principais ameaças associadas à perda de bio-
diversidade têm relação com a forma como o homem se relaciona com o ambiente (Ganem,
2011; Fernandes et al., 2014; Duarte et al., 2021)

Dentre os principais riscos à diversidade biológica, é possível listar a destruição e frag-


mentação de habitats, superexploração de espécies da fauna e flora, introdução de espécies
exóticas e ocorrência de doenças. Sublinhando a superexploração de recursos naturais entende-
se a mesma como uma sequência destrutiva e cíclica, por vezes, marcada pela exploração até
que o recurso se esgote (Duarte et al., 2021). Dentre as formas de superexploração animal, o
tráfico de animais silvestres toma lugar de destaque, pois, é a terceira atividade ilícita mais
rentável do mundo (Borges, 2018; Marques, 2018; Aguiar, 2021; Terumoto, 2022; Da Silva,
2022).

Concomitantemente, o Brasil é um país megadiverso, ao mesmo tempo em que são re-


tirados de suas florestas anualmente mais de 38 milhões de animais (Borges, 2018; Marques,
2018; Aguiar, 2021; Terumoto, 2022; Da Silva, 2022). Apesar disso, o tráfico de fauna não é
tratado na lesgislação brasileira. O processo, como um todo, envolve a captura, sofrimento e
morte de milhões de animais, não só no Brasil. Ainda, entende-se como parte dessa prática, não

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Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais, Instituto de Ciências Naturais, Huma-
nas e Sociais, Universidade Federal de Mato Grosso, câmpus Sinop.
E-mail: janaina.franco@sou.ufmt.br
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só o comércio dos espécimes vivos, mas também suas partes e componentes extraídos dos mes-
mos (Marques, 2018).

No Brasil, o comércio ilegal de animais silvestres engloba diversos nichos, apesar disso,
o tráfico de fauna para criação como pet é a mais comum dentro da atividade (Marques, 2018).
A utilização da fauna silvestre como pet existe desde a época da colonização, pois, o encanta-
mento do homem por esses animais estimulou a captura para o comércio (Marques, 2018;
Aguiar, 2021). Até os dias de hoje, a captura e comércio ilegal da fauna silvestre brasileira
ocorre frequentemente e tal característica é associada à estrutura cultural e social dos envolvi-
dos nessa rede de tráfico (Aguiar, 2021).

No relatório da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (RENC-


TAS), publicado exclusivamente em 2001, enfatiza-se que ainda em 1999 já haviam sido de-
tectados quase 5 mil anúncios de comércio ilegal na internet (Renctas, 2001; Carrasco, 2012).
A internet garante a privacidade e anonimato do criminoso, ao mesmo tempo em que se torna
uma grande vitrine para o tráfico desses animais (Monteiro, 2022). De acordo com Aguiar
(2021), “os avanços tecnológicos e a popularização de aparelhos eletrônicos, o contato através
da internet se tornou mais frequente, sendo um facilitador para crimes, como a venda ilegal de
animais silvestres”.

Além disso, o acesso às redes sociais e globalização das informações pode ser um gati-
lho para crimes ambientais. Por exemplo, na internet são expostos diariamente milhares de ani-
mais silvestres em situação de “humanização” e domesticação, esse fato é um incentivo (direto
ou indireto) ao tráfico. Trata-se de uma prática que incentiva uma demanda da população por
esses animais, ao mesmo tempo em que transmite a falsa sensação de que o animal precisa ser
cuidado, o que está relacionado a retirada deste animal da natureza para cuidados domésticos
(Monteiro, 2022).

Portanto, o tráfico com finalidade de obter um pet-silvestre impacta diretamente diver-


sas espécies animais. Apesar disso, destacam-se aqueles com características de carisma, habili-
dades mais avançadas, cores diferentes, carácter sociável e boa aparência esses animais têm
sido popularmente chamados de “fofofauna” (Tupinambás, 2020; Nascimento & Bertino, 2022).

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Isto posto, este Mini-Review aborda a intersecção entre a internet e o tráfico de animais silves-
tres, com ênfase na influência da humanização da “fofofauna” em redes sociais.

A antropomorfização de espécies silvestres e a “fofofauna”

Segundo Nascimento & Bertino (2022), o termo “fofofauna” pode ser usado como ne-
ologismo para caracterizar as espécies animais que são mais carismáticas ou que despertem
maior apelo sentimental por serem mais “fofos”. Diversos desses animais podem ser usados
como ferramenta de educação ambiental, especialmente com as crianças (Nascimento & Ber-
tino, 2022). No entanto, o uso equivocado da imagem desses animais pode gerar exposição
desnecessária, com a objetificação desses animais silvestres antropomorfizados. Tal prática é
letal para esses animais, pois, influencia o tráfico. Ainda, a população passa a de alguma forma
acreditar na necessidade de tê-los e, crendo também que não há adversidade nisso (Magalhaes
et al., 2021).

Figura 1. Impacto das redes sociais em indivíduos da “fofofauna”. Bicho-preguiça, animal con-
siderado da fauna silvestre pertencente à “fofofauna”, graças a imagem carismática e “fofa”.
Fonte: Google - domínio público.

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A antropomorfização das espécies silvestres é resultante da intervenção humana nos
animais da natureza. Esse costume data antes da chegada dos europeus em território brasileiro,
pois, os índígenas sempre coexistiram com a fauna e flora silvestres. Apesar disso, o convívio
era concordante, no sentido de que esse contato se dava pela subsistência e não com finalidade
predatória e exploratória (Marques, 2018; Aguiar, 2021). Todavia, com a chegada dos europeus
no Brasil no século XVI observou-se a coligação de hábitos (Marques, 2018; Abreu, 2019),
dentre eles o fascínio pela fauna silvestre, o que estimulou a captura desses animais para co-
mércio ilegal (Aguiar, 2021; Luz, 2021).

Figura 2. Impacto das redes sociais em indivíduos da “fofofauna”. Dois macacos vestidos com
roupas e utilizando aparelho eletrônico para se distraírem, ambas as atitutudes de cunho huma-
nizado. A imagem é disseminada em redes sociais, alcançando milhares de pessoas que desejam
e, por vezes, repetem a prática. Fonte: Google - domínio público.

O tráfico de animais silvestres para uso como animais de estimação é a categoria mais
frequente no Brasil. No entanto, o país regulamenta o uso de animais silvestres como pets atra-
vés do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA)
(Aguiar, 2021). Desde o século XX, mediante autorização, é possível ter um animal silvestre
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como pet de forma legalizada. Apesar disso, a oportunidade de criação e comércio legal desses
animais, atrelado a falta de penalização da prática ilícita, dispõem de comodidade para os trafi-
cantes e comerciantes ilegais de pets-silvestres (Borges, 2018; Marques, 2018; Aguiar, 2021).

A destruição e fragmentação de habitats são as principais causadoras de perda da biodi-


versidade, principalmente em detrimento do desmatamento. Todavia, o tráfico também influen-
cia em escala cada vez maior ao longo dos anos (Renctas, 2001; Abreu, 2019; Magalhaes et al.,
2021; Terumoto, 2022). Paralelamente, o compartilhamento e viralização de conteúdos sobre
esses animais também aumentou nos últimos anos. Tendo como exemplo, até mesmo o lança-
mento de filmes e animações demonstram capacidade de aumentar a exposição desses animais
em redes sociais (Magalhaes et al., 2021) e estimular sua compra, mesmo que ilegal.

A internet e o tráfico da fauna silvestre

Para além da estimulação do tráfico, direta ou indiretamente, através da disseminação


da imagem dos indivíduos da “fofofauna”, a internet por si só é uma importante ferramenta
desse comércio ilícito na atualidade. Sabe-se que a internet, principalmente em redes sociais,
tornou-se ferramentas importantes para esse comércio. Desse modo, existe a demanda por esses
animais e também a oferta, e é nesse espaço que os traficantes garantem a segurança e anoni-
mato para a prática (Renctas, 2001; Hernandez, 2002; Carrasco, 2012; Marques, 2018; Borges,
2018; Aguiar, 2021; Braga Junior & Lima, 2021; Monteiro, 2022; Terumoto, 2022; Mantova-
nelli et al., 2022; Da Silva, 2022).

Ademais, a internet funciona como uma vitrine para o comércio desses animais, de
forma que, os anúncios, negociações e vendas são feitos de forma explícita. Apesar disso, o
anonimato é praticamente garantido, o que dificulta o controle e fiscalização, ao mesmo tempo
em que imporssibilita o flagrante em praticamente todos os casos (Carrasco, 2012; Marques,
2018; Aguiar, 2021; Monteiro, 2022; Terumoto, 2022). Tal facilidade de acesso a compra ilícita,
associada a necessidade imaginária de obtenção de um animal da “fofofauna” para cuidados
domesticados, são potencializadores da venda desses animais pelas redes sociais e internet.

Ainda em 1999, quando a internet ainda não era amplamente utilizada, bem como as
redes sociais, o comércio ilegal de animais silvestres já acontecia (Renctas, 2001; Carrasco,
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2012; Marques, 2018). Atualmente, com a modernização da internet, ocorreu uma variação nas
redes de venda também, na qual há uma concentração desse comércio na forma virtual, sendo
essa a face atual do tráfico no Brasil e no mundo. A venda pela internet é ilegal e considerada
crime ambiental, apesar disso, é uma prática recorrente na atualidade. Quando há a tentativa de
amenizar essa prática via proibições impostas pelas plataformas, os componentes da rede bus-
cam uma nova maneira de realizarem esse comércio (Marques, 2018; Aguiar, 2021)

Segundo Aguiar (2021), que realizou estudo recente sobre o “Comércio de animais sil-
vestres em páginas da internet do Brasil” ao longo do período de dezembro de 2020 a junho de
2021, demonstra que no período de apenas seis meses, mais de 540 anúncios foram detectados.
Dentre os quais, apenas 77 eram legalizados, com quase 470 anúncios ilegais (Aguiar, 2021).
Ainda, houve concentração de dados na região sudeste, que é acertadamente onde o comércio
ocorre de forma intensiva (Marques, 2018; Aguiar, 2021; Braga Junior & Lima, 2021; Da Silva,
2022). Ainda, conforme dito por Braga Junior & Lima (2021), os dados coletados em 2020
demonstram que somente no Brasil “são mais de 149 milhões de usuários - aumento de 2.980 %
em relação ao ano de 2000-”.

Impactos do tráfico na biodiversidade

A diversidade de espécies desempenha um papel fundamental no funcionamento dos


ecossistemas, a diversidade de espécies é essencial para manter a estabilidade e a produtividade
dos ecossistemas". A presença de diferentes espécies em um ecossistema, contribui com sua
capacidade de resiliência diante das perturbações, visto que a diversidade de espécies contribui
para o equilíbrio ambiental e evita assim, o colapso do mesmo (Cardinale, 2021).

O tráfico de animais silvestres tem um impacto devastador na biodiversidade, compro-


metendo a fauna e os ecossistemas em todo o mundo. Segundo Ceballos et al. (2020), "o co-
mércio ilegal de animais silvestres é uma das principais ameaças à biodiversidade, colocando
em risco a sobrevivência de espécies e afetando estrutura e o funcionamento dos ecossistemas".

O tráfico de animais silvestres contribui para a diminuição das populações de diversas


espécies, levando à extinção local e, em alguns casos, até mesmo à extinção completa de deter-

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minadas espécies. Essa perda de biodiversidade tem efeitos em cascata nos ecossistemas, afe-
tando a interação entre espécies, a dinâmica da cadeia alimentar e a estabilidade dos habitats
naturais.

O combate ao tráfico de animais silvestres é deficitário no Brasil, já que, é considerado


como crime de menor potencial ofensivo. Apesar disso, a proteção da fauna está regulamentada
conforme a Lei Federal n° 5197 (Rodrigues Junior, 2020). Ainda, conforme dito anteriormente,
o tráfico de animais silvestres retira da natureza mais de 38 milhões de animais da natureza.
Apesar disso, o Renctas (2001) afirma que “para cada dez animais traficados, apenas um sobre-
vive”. Ainda, para cada produto animal vendido, ao menos três espécimes são mortos e somente
0,45% dos animais são recuperados do tráfico pela fiscalização. Sabe-se ainda que a maior parte
dos animais são aves (Marques, 2018).

No Brasil, existem três modalidades de tráfico: (1) Animais para colecionadores parti-
culares e zoológicos; (2) Biopirataria e (3) Animais para pet, sendo o último enquadrado na
modalidade que mais incentiva o tráfico. Segundo o Renctas (2001), na ocasião do estudo,
listou-se algumas espécies comumente traficadas e seus valores, como: Boa constrictor (Jibóia),
Corallus caninus (Periquitambóia), Tupinambis spp. (Teiús), Pseudemys dorbygnyi (Tartaruga),
Ara macao (Arara-vermelha), Ramphastos toco (tucano-toco), Pteroglossus beauharnaesii
(Araçari), Gnorimopsar chopi (Melro), Tangara seledon (Saíra-sete-cores) e Callithrix geo-
ffroyi (Sagüi-da-cara-branca), cujos valores para aquisição de cada espécime variavam, nos
anos 2000, de R$ 350 a R$ 5.000 (Renctas, 2001).

O tráfico tem a capacidade de acelerar o processo de extinção de espécies ameaçadas e


endêmicas. Por conseguinte, ainda que o animal não esteja ameaçado, a retirada do seu habitat
também afeta outros animais, gerando desequilibrio ecossitêmico, mesmo que local (Carrasco,
2012; Rodrigues Junior, 2020; Duarte et. al., 2021). Segundo Rodrigues Junior (2020), a reti-
rada abrupta de indivíduos da fauna silvestre gera danos severos e causam desequilíbrio ecos-
sitêmico, em diversos aspectos, como a redução da dispersão de sementes, desequilíbrio da
cadeia alimentar, variabilidade genética, entre outros.

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Ainda, sublinhando o animal traficado e domesticado, este é impedido de se relacionar
com seu ecossistema natural e todo o efeito benéfico do mesmo. Por exemplo, o indivíduo não
poderá se alimentar, reproduzir e se relacionar com outros indivíduos adequadamente. Ademais,
são impedidos de manifestarem seu comportamento natural, pois, a convivência com o homem
gera a humanização do anima (Carrasco, 2012; Rodrigues Junior, 2020; Duarte et al., 2021).
Para além disso, os prejuízos aos ecossistemas, como listado por Duarte et al. (2021), vão desde
aos impactos diretos ao habitat e nicho trófico que o indivíduo vivia, mas também quanto a
atividade deletéria para fauna no contexto de doenças.

A disseminação de doenças é um problema abordado dentro do conceito de “One


Health”, pois, a tríade formada por ambiente, animais e humanos é complexa e deve ser estu-
dada de forma interdisciplinar. Grande parte das doenças no mundo são consideradas doenças
infecciosas e com potencial zoonótico, de modo que, o contato entre animais silvestres e homem
durante a prática pode efetivar o contato e spillover de doenças (Duarte et al., 2021). Por fim,
pode ocorrer, ainda, a competição entre espécies nativas e espécies exóticas indtroduzidas du-
rante atividades ilicitas de comércio de fauna. Tal prática impacta diretamente diversos animais
e nichos ecológicos, além de levar a extinção de algumas espécies e, por vezes, a super-popu-
lação de outras (Carrasco, 2012; Rodrigues Junior, 2020; Duarte et. al., 2021; Aguiar, 2021).

Caso Filó: Uma opinião crítica sobre a capivara fofa que movimentou e dividiu a mídia

A capivara Filó pertence à espécie silvestre Hydrochoerus hydrochaeris (Linnaeus,


1766) e gerou bastante polêmica na mídia ao longo dos últimos meses. O influenciador digital
Agenor, morador de Autazes, no Amazonas, era o suposto tutor de Filó. O mesmo mostrava sua
rotina nas redes sociais de modo que, por vezes, outros animais silvestres também foram usados
pelo influencer para se promover na internet. Segundo Agenor, justifica-se o ato pelo fato de
que o mesmo moraria “no meio do mato”, portanto, o animal não estaria sendo retirado do seu
habitat natural e não haveria impacto em seu ato (Barrucho, 2023; Rajab, 2023). No entanto,
isso é mesmo verdade? Não há nenhum impacto real na ação do influenciador em relação ao
animal que vivia em condições de domesticação?

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Figura 3. Caso Filó, a capivara fofa que movimentou e dividiu a mídia. Manchete do BBC
NEWS BRASIL. Texto conta a história e explica o caso da capivara Filó e do suposto tutor
Agenor. 2023. Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/articles/c887jy7ge99o.

Segundo a nota do Ibama, Agenor teria sido autor da captura de outros animais, como
papagaios, arara, bicho-preguiça, capivara, paca, jacaré, entre outros. Esses animais foram reti-
rados da natureza, ato que por si só já é criminoso, ao mesmo tempo em que mantinha irregu-
larmente e utilizava a imagem dos mesmos para se promover em redes sociais (Rajab, 2023). A
título de curiosidade, um dos vídeos postado por Agenor chegou a 83 milhões de visualizações
apenas no Tiktok. Após repercussão, o influenciador foi multado em R$ 17 mil por abuso, maus-
tratos e exploração animal encaminhados ao IBAMA formalizado como denúncia. Ainda, de-
terminou que Filó, a capivara, fosse devolvida e reintroduzida em seu ambiente natural (Barru-
cho, 2023).

Nas redes sociais a atitude dividiu opiniões, causando comoção nacional em defesa de
Agenor, alegando coisas do tipo “A capivara Filó vive livre no habitat dela, que é o mesmo
'habitat' do Agenor" ou "está sendo perseguido como se fosse um criminoso, sendo que todo
mundo sabe que aqui no Amazonas os animais convivem com as pessoas, principalmente no
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interior". No entanto, os especialistas também listaram suas opiniões, ressaltando que indepen-
dentemente da espécie ser abundante ou ameaçada de extinção, a criação em cativeiro e antro-
pomorfização de animais silvestres incentiva o tráfico deles em todos os âmbitos (Barrucho,
2023; Paulo, 2023). Ademais, a defaunação pode também provocar desequilíbrio ambiental e
significativa queda dos animais nos seus habitats, o que impacta no bem-estar da espécie em
questão e também de outras que coexistem (Gomes, 2023).

Figura 4. Caso Filó, a capivara fofa que movimentou e dividiu a mídia. Manchete do COR-
REIO BRAZILIENSE. Situação de Agenor, suposto tutor de Filó (a capivara), que manteve
outros animais silvestres em cativeiro, sendo que alguns vieram a óbito. 2023. Fonte:
https://www.correiobraziliense.com.br/brasil/2023/05/5092040-capivara-filo-agenor-manti-
nha-outros-animais-silvestres-aponta-ibama.html#google_vignette.

Outros animais já teriam morrido em cativeiro sob tutoria de Agenor que poderia, inclu-
sive, ter buscado o IBAMA para regulamentar a situação dos animais. Apesar disso, o influen-
ciador não o fez e ainda utilizava a imagem do animal para se promover na internet. Adicional-
mente, não se trata de um ribeirinho que mora no mato, como o mesmo dizia, mas sum de um
fazendeiro, influenciador digital e estudante de agronomia, conhecedor das leis e praticamente
de irregularidades. A criação de animais silvestres em cativeiro sem autorização do IBAMA é
crime ambiental, além de incentivar a retirada de animais da natureza para comércio e domes-
ticação (Paulo, 2023). Isso impacta principalmente animais da “fofofauna”, que são carismáti-
cos e causam comoção, como a Filó. Ainda, segundo as autoridades esclarecem, o caso não se

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restringe a capivara, mas sim ao contexto geral do tráfico de animais silvestres e superexplora-
ção animal.

Figura 5. Caso Filó, a capivara fofa que movimentou e dividiu a mídia. Manchete do BNCA-
MAZONAS. Esclarecimento sobre a ilicitude da criação de animais silvestres sem autorização
e legalização. 2023. Fonte: https://bncamazonas.com.br/municipios/capivara-filo-criar-animal-
silvestre-e-crime-diz-campanha-do-stf/ .

Considerações Finais

Ao se observar o contexto geral do tráfico de animais silvestres diante da democratiza-


ção da internet e acesso às redes sociais, entende-se a íntima relação entre esses componentes.
O histórico avanço da tecnologia atrelado à globalização das informações demonstra que, ao
longo dos anos, a internet agiu como aliada do tráfico de fauna. Não obstante, o uso das redes
sociais e compartilhamento de mídias com animais antromorfizados ascende nos humanos a
vontade ou necessidade de adquirir um animal silvestre. Tal realidade é fato próximo dos ani-
mais pertencentes à “fofofauna”, cuja atração pelo carisma, beleza e características específicas
ameaça diversas espécies da fauna nativa dentro do grupo mencionado.

Adicionalmente, entende-se a prática de domesticação de animais silvestres como pre-


cursor de diversos impactos, dentre os quais é possível listar o desequilíbrio ecossistêmico e o
compartilhamento de patógenos, por exemplo. A destruição e fragmentação de habitats pode
sim aproximar o humano da fauna, no entanto, isso não significa que todos pertencemos ao

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mesmo ambiente e que o espaço antropizado se faz adequado para animais da floresta. Parale-
lamente, praticamente qualquer animal possui capacidade de domesticação, de fato, apesar
disso, isso não significa que os mesmos necessitem de cuidado ou aproximação humana. Ainda
que o animal seja encontrado em alguma situação de vulnerabilidade, os órgãos governamentais
responsáveis devem ser acionados.

O compartilhamento de vídeos e fotos de animais da “fofofauna”, especialmente em


situação de humanização, podem sim influenciar na rede do tráfico e incentivar a procura por
determinadas espécies animais, conforme demonstrado pelo presente estudo. Ainda, as plata-
formas digitais são importantes fontes de anúncios e negociações desses animais, favorecendo
a atividade ilegal e dificultando a fiscalização e autuação do crime. No Brasil, a situação não é
diferente, com o agravante de que é um país com uma riquíssima diversidade biológica e que
participa de diversas rotas de tráfico de animais silvestres, sendo a prática considerada instrin-
seca a cultura desde a colonização. Isto posto, destaca-se não só a perda da biodiversidade, mas
também a extinção de espécies endêmicas e ameaçadas no país.

Ademais, ainda que em situação estável em relação ao número de indivíduos, a retirada


de animais da natureza gera impactos a curto, médio e longo prazo, como discutido no texto.
Dessa forma, todos aqueles que utilizam as redes sociais, em especial aqueles que possam ter
contato direto com a fauna silvestre, devem ser cuidadosos ao divulgar indormações na mídia,
ainda mais tratando-se de animais da “fofofauna”. Por exemplo, ao divulgar o atendimento hu-
manizado de um animal silvestre pertencente a “fofofauna”, o médico veterinário pode posici-
onar-se de modo a favorecer o “queridismo” pela espécie e a vontade de adquirir um pet-silves-
tre. Sendo assim, todo cidadão e profissional tem papel crucial para diminuição da superexplo-
ração animal em redes sociais, bem como a redução do comércio e tráfico de animais silvestres
pela internet em detrimento da necessidade humana e utilitarismo.

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como ferramenta de redução do tráfico de aves silvestres em Fortaleza-CE. 2019.

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1
Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais, Instituto de Ciências Naturais, Huma-
nas e Sociais, Universidade Federal de Mato Grosso, câmpus Sinop.
E-mail: janaina.franco@sou.ufmt.br
2
Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais, Instituto de Ciências Naturais, Huma-
nas e Sociais, Universidade Federal de Mato Grosso, câmpus Sinop.
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E-mail: janaina.franco@sou.ufmt.br
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E-mail: julieni.morais@sou.ufmt.br
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