A coexistência de humanos e animais domesticados tem sido uma característica da
civilização humana há milénios. No entanto, esta relação evoluiu, levando ao
surgimento de uma questão significativa e muitas vezes esquecida – o fenómeno dos animais de estimação ferais. No Brasil, um país diverso e ecologicamente rico, esta questão assume particular importância devido à diversidade cultural do país, à extensa urbanização e à vasta biodiversidade. Este artigo aborda a necessidade premente de estudar de forma abrangente os animais de estimação com comportamentos selvagens no Brasil, enfatizando seu impacto na sociedade, nos ecossistemas e na saúde pública. A presença de animais de estimação ferais no Brasil surge de uma confluência de fatores, incluindo urbanização, disparidades socioeconômicas e práticas inadequadas de posse de animais de estimação. A urbanização levou à proliferação de animais vadios e abandonados, à medida que as cidades se tornam cada vez mais inóspitas para estes animais outrora dependentes. Além disso, as disparidades econômicas contribuem para o abandono dos animais de estimação, uma vez que as comunidades marginalizadas podem não ter os recursos necessários para cuidados e gestão adequados. Estes animais muitas vezes revertem para um estado selvagem, adaptando-se aos ambientes urbanos de formas que desafiam os entendimentos tradicionais de domesticação. Compreender a dinâmica dos animais de estimação selvagens é de suma importância por vários motivos. Em primeiro lugar, aborda questões de bem-estar animal, destacando a necessidade de práticas responsáveis de posse de animais de estimação e de medidas eficazes de controlo populacional. Em segundo lugar, tem implicações substanciais para a saúde pública, uma vez que as populações de animais de estimação selvagens podem funcionar como reservatórios de doenças zoonóticas. Além disso, estas populações impactam os ecossistemas locais, potencialmente perturbando a fauna e a flora nativas. O estudo de animais de estimação selvagens no Brasil não é apenas pertinente ao domínio das ciências biológicas, mas também tem implicações sociais mais amplas. A proliferação de animais domésticos ferais no Brasil apresenta um desafio multifacetado. Sem intervenção, estas populações podem crescer rapidamente, levando a uma maior competição por recursos, transmissão de doenças e potenciais danos à vida selvagem nativa. Além disso, os animais de estimação selvagens enfrentam dificuldades significativas, incluindo desnutrição, doenças e exposição a condições ambientais adversas. Tratar esta questão requer uma abordagem multidisciplinar, combinando elementos de biologia, ecologia, sociologia e saúde pública. O objetivo principal desta pesquisa é fornecer uma compreensão abrangente dos animais de estimação selvagens domésticos no Brasil, abrangendo suas origens, comportamento, ecologia e impacto social. Ao realizar um exame minucioso deste fenômeno, pretendemos elucidar as complexidades que cercam a coexistência de humanos e animais domesticados em um ambiente urbanizado e biodiverso. Este estudo contribui tanto para o conhecimento acadêmico quanto para aplicações práticas. Avança a nossa compreensão das implicações ecológicas e sociais dos animais de estimação selvagens domésticos, lançando luz sobre a necessidade de estratégias de gestão holísticas. Além disso, fornece recomendações práticas para os decisores políticos, organizações de bem-estar animal e comunidades para mitigar os desafios colocados por estas populações. Em última análise, esta pesquisa busca promover uma convivência mais harmoniosa entre humanos e animais nas paisagens urbanas do Brasil.