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Introdução

O texto inicia abordando a diferença entre as populações tradicionais e


indígenas, as populações camponesas exige uma contínua comunicação com outra
cultura, por exemplo, urbano-industrial, a cultura tradicional camponesa é uma
expressão local de uma civilização mais ampla, enquanto a indígena é mais autônoma.
A relação entre as sociedades camponesas e a cidade é uma relação de dependência para
sua reprodução social, econômica, cultural, política, e tecnológica, pois vêm das cidades
as inovações tecnológicas que contribuíram para a transformação das sociedades
camponesas.

Uma característica importante das populações tradicionais é a relação com a


natureza é a ideia de território, que pode ser definido como uma porção da natureza e
espaço sobre o qual uma sociedade determinada reivindica e garante a todos, ou a uma
parte de seus membros, direitos estáveis de acesso, controle ou uso sobre a totalidade ou
parte dos recursos naturais aí existentes que ela deseja ou é capaz de utilizar (Godelier,
1984). O território não é apenas um meio físico para exploração, mas também um
espaço de relações sociais e do imaginário mitológico das sociedades tradicionais e
indígenas.

Culturas e Populações Tradicionais

O livro esta centrado no tema das simbologias existentes entre o homem e a


natureza, sendo analisadas as áreas naturais protegidas. Mostra que mesmo com o
desenvolvimento das civilizações o mito ainda se encontra vivo.

Vê-se neste capítulo algumas características de comunidades tradicionais.


Inicialmente o autor apresenta a diferença da cultura camponesa e das tribos indígenas.
A cultura camponesa necessita de comunicação com outro tipo de cultura, mantendo
contato com os centros de pensamento social e do desenvolvimento. Citando outro autor
faz-se menção que a cultura camponesa não é autônoma, pois necessita de comunicação
com outra cultura a urbano-industrial.

A cultura dos povos indígenas é mais diferenciada pelo fato de existirem


reservas indígenas que a princípio estão resguardadas da intromissão do homem branco.
As cidades exercem certa influência nas culturas tradicionais quando se trata de
compras que necessitam de lá e do lado político, pois nessa área são marginalizados. Há

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povos que convivem em harmonia com os recursos naturais e há aqueles que utilizam
demais a natureza transformando-a e desperdiçando-a em nome de um alto padrão de
consumo.

As sociedades camponesas possuem certa dependência do mercado segundo os


neomarxistas, porém o trabalho ainda não é mercadoria. Essas sociedades têm uma
maneira de lidar com os recursos naturais de maneira sustentável, pois dependem deles
para sobrevivência e não com vistas diretamente ao lucro como nas sociedades urbanas.
Como exemplo o autor cita os caçadores brancos e os índios Naskapi, que vê-se os
índios caçando pra sua sobrevivência e os brancos para produção de peles e posterior
venda. Uma grande importância há na relação entre as populações tradicionais e a
natureza que é definição de território, que pode ser de várias formas dividido. Esse
território divide a natureza para meios de subsistência, de trabalho e produção e as
relações sociais como, por exemplo, as relações de parentesco. Essas relações são muito
importantes, pois vemos como exemplo os pescadores artesanais que mantém o
território de forma fluida onde “andam juntos” o respeito e a ética. Já nas sociedades
tradicionais camponesas vemos uma área mais delimitada em relação à natureza. O
território utilizado é bastante diversificado, possuindo áreas vazias que muitas vezes
surge conflitos entre as autoridades de conservação e as sociedades tradicionais. As
sociedades tradicionais tem respeito pelos ciclos naturais, eles herdaram dos mais
velhos a tradição do cuidado e exploração correta da natureza e cheio de mitos e
símbolos para manutenção da mesma.

Esse lado mitológico também é visto nas relações sociais das sociedades
tradicionais. A utilização da natureza e seus ciclos são muitas vezes explicados pelo
lado mítico ou religioso. Então isso se torna a base de sustentação para a utilização do
meio em que vivem. Vê-se que essas sociedades relacionam castigos aos que destroem a
natureza, os que maltratam os animais e até os que pescam de forma desnecessária. Há
áreas consideradas sagradas em que não se pode chegar e isso contribuía para
conservação de vários locais. Porém muitas dessas áreas conservadas foram profanadas
pela desorganização sociocultural existente, e por consequência esses lugares sagrados
foram desaparecendo.

No fim do tópico o autor realça a necessidade de estudo sobre os mitos,


preservação e religiosidade nas sociedades tradicionais e verificar a possibilidade de
conservação como uma política.

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Conclusão

Podemos concluir que foco do texto é nas sociedades camponesas, nas suas
características, na relação com a natureza, com o território e a sua religiosidade. O
modo de produção das sociedades camponesas é típico de sociedades pré-capitalistas,
onde o trabalho ainda não se tornou mercadoria, onde há uma dependência dos recursos
naturais e dos ciclos da natureza, onde já existe uma dependência do mercado, porém
ela é parcial. Essas sociedades possuem formas particulares de utilização dos recursos
naturais que não visam diretamente o lucro, mas a reprodução social e cultural; e
também, percepções e representações em relação ao mundo naturais marcadas pela ideia
de associação com a natureza e dependência de seus ciclos.

O modo típico das sociedades tradicionais de utilização dos recursos naturais é


caracterizado pelo respeito aos ciclos naturais, e sua exploração é feita dentro da
capacidade de recuperação das espécies de animais e plantas utilizadas. Isso nos mostra
a existência de um complexo de conhecimentos adquiridos pela tradição herdada dos
mais velhos, de mitos e símbolos que levam à manutenção e ao uso sustentável dos
recursos naturais.

Sobre o território nas sociedades tradicionais ele é descontínuo, marcado por


espaços vazios, por exemplo, áreas de estuário que são usadas para a pesca somente em
algumas estações do ano, o que tem levado autoridades da conservação a declará-lo
parte das "unidades de conservação" porque "não é usado por ninguém”, que vem
causando alguns conflitos entre as sociedades tradicionais e as autoridades
conservacionistas.

Além do espaço de reprodução econômica, das relações sociais, o território é


também o espaço para o imaginário mitológico das sociedades camponesas. A forte
ligação do homem com seu meio, sua dependência em relação ao meio natural, faz com
que os ciclos da natureza sejam associados a explicações míticas ou religiosas.

Em algumas sociedades tradicionais, certas áreas, são consideradas sagradas, e


por isso que nenhuma atividade que não seja religiosa deve acontecer nelas. Vemos que
nas sociedades camponesas todas as suas características estão de alguma forma
interligadas, a sua relação com a natureza e seus ciclos, influenciam diretamente na sua

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formação religiosas, e determina o seu modo de produção e a sua relação com o
território que vezes pode haver conflitos.

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