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Universidade Federal Rural de Pernambuco

Bacharelado em Ciências Sociais


Data:
Disciplina: Teoria do Reconhecimento
Prof.: Marcos André
Aluna: Thainná Barbosa de Almeida

HONNETH, Axel. Luta por reconhecimento: a gramática moral dos conflitos


sociais. São Paulo:Editora 34, 2003.

Cap. 4 Reconhecimento e socialização: Mead e a transformação naturalista da ideia


hegeliana.

Honneth inicia o texto afirmando que a identidade como uma experiência


de um reconhecimento intersubjetivo, a partir da interação entre os sujeitos.
Nesse sentido a identidade do Eu possui uma gênese social, porque ela surgiu
a partir da interação com outros sujeitos e não do indivíduo isolado. Essa ideia
inicial é o ponto de referencia para explicar a evolução moral da sociedade.
Mead afirmar que o Me é a identidade consciente de si mesma, a que opera no
relacionamento social. Enquanto o Eu nunca entra no campo de visão. A partir da
relação entre um Eu interno, que opera internamente, e um ME externo, teremos o
conceito de autoconsciência, uma concepção intersubjetiva, assim se funda a visão
naturalista da teoria do reconhecimento de Hegel: “(...) um sujeito só pode
adquirir uma consciência de si mesmo na medida em que ele aprende a
perceber sua própria ação da perspectiva, simbolicamente representada, de
uma segunda pessoa”(HONNETH, 2003, p.131). Isso significa que a minha
autoconsciência só nasce a partir da interação e da percepção do outro, a formação da
autoconsciência vem de fora, para a experiência interna.
Surge com o Me outra questão que é da autoimagem, sendo essa não
mais composta pela reação do parceiro de interação, e sim de expectativas
normativas. Mead irá dizer que “o Me se transforma de uma autoimagem
cognitiva numa autoimagem prática: ao se colocar na perspectiva normativa de
seu parceiro de interação, o outro sujeito assume suas referências axiológicas
morais, aplicando‐as na relação prática consigo mesmo”(HONNETH, 2003,
p.133).
A formação da identidade humana está diretamente relacionada com a
autoimagem prática que o indivíduo vai desenvolver no decorrer de sua vida,
aos poucos vai sendo ampliada e tornando‐se mais universal, pois “migram
para dentro da autoimagem prática da criança em desenvolvimento as normas
sociais de ação de um outro generalizado” (HONNETH, 2003, p.134).
O reconhecimento mútuo está nas relações intersubjetivas da
socialização, onde o indivíduo aprender a interiorizar as normas de ação,
vindas das expectativas de todos os membros da sociedade e aprender
também a generalizar em si mesmo as expectativas normativas dos diversos
parceiros de interação.

Não aprende só quais obrigações ele tem de cumprir em relação aos


membros da sociedade; ele adquire, além disso, um saber sobre os
direitos que lhe pertencem, de modo que ele pode contar legitimamente
com o respeito de algumas de suas exigências: direitos são de certa
maneira as pretensões individuais das quais posso estar seguro que o
outro generalizado às satisfará. (HONNETH, 2003, p.136‐137).

É no outro generalizado que estará à perspectiva normativa dos direitos e


deveres. No momento em que, pela concessão de direitos, o indivíduo é reconhecido
e aceito na coletividade, a partir do valor social da sua identidade, se tem uma
atitude positiva para consigo mesmo, essa consciência do próprio valor se tem
o auto-respeito. “A experiência de ser reconhecido pelos membros da
coletividade como uma pessoa de direito significa para o sujeito individual
poder adotar em relação a si mesmo uma atitude positiva” (HONNETH, 2003,
p.139).
O desenvolvimento moral tanto dos indivíduos quanto da sociedade se
explica pelo conflito entre a identidade pessoal e a identidade social, ou seja, a
tensão entre a vontade global internalizada e as pretensões individuais,
entendido como luta por reconhecimento, promove o desenvolvimento social e
individual.
Mead irá dizer que o Eu coresponde a reação do indivíduo à atitude da
comunidade, os impulsos internos que se expressam nas relações involuntárias aos
desafios sociais, enquanto o Me hospeda as normas sociais através das quais um sujeito
controla seu comportamento em conformidade com as expectativas sociais, a fim de
conferir expressão social à impulsividade do eu.
É uma luta por reconhecimento de pretensões jurídicas que acaba
colocando em questão a ordem institucionalizada. A ampliação do
reconhecimento jurídico se dá através da luta, do conflito pela extensão dos
direitos que lhes são intersubjetivamente garantidos e eleva o grau de
autonomia pessoal. O membro da comunidade ganha em liberdade individual
estendendo os direitos que lhe cabem à comunidade.
Mead entende auto-realização com um processo em que um sujeito
desenvolve capacidades e propriedades de cujo valor para o meio social ele
pode se convencer com base nas reações de reconhecimento de seu parceiro
de interação. A formação de indivíduos auto-realizados, com base numa
personalidade única e insubstituível. Essa auto-realização vem com o trabalho,
o indivíduo se sente auto-realizado no momento em que percebe a utilidade de
seu trabalho para a coletividade e é valorizado e reconhecido pelos outros por
suas capacidades e habilidades.
O reconhecimento recíproco estará presente num sistema transparente
de divisão do trabalho, trazendo uma resposta pós‐tradicional ao problema
hegeliano de eticidade baseado em conceitos metafísicos.

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