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Universidade Federal Rural de Pernambuco

Disciplina: Sociologia da Comunicação

Aluna: Thainná Barbosa de Almeida

Data: 07/07/2016

Resumo do texto de Pierre Bourdieu “A Distinção”

Cap. 8 “Cultura e Política”

Cultura e Política

O autor inicia o texto falando sobre o interesse por questões políticas por parte
dos indivíduos, é feita uma pesquisa onde uma parcela grande das pessoas entrevistadas
se recusou a responde as questões de política, isso varia de acordo com sexo, grau de
instrução, profissão, idade, residência e etc.

O fato de responde a um questionário sobre política é um encontro entre a oferta


e a demanda, de um lado o campo da produção ideológica, um universo relativamente
autônomo, em que se elaboram, na concorrência e no conflito, os instrumentos de
pensamento do mundo social, definindo o campo do pensável politicamente, por outro
lado os agentes sociais que ocupam posições diferentes no campo das relações de
classes e definidos por uma competência política especifica que significa uma,
capacidade maior ou menor de reconhecer uma questão política como política. Essa
capacidade esta vinculada com um sentimento de ser socialmente reconhecido como
habilitado para ocupar-se de questões políticas.

Censo e Censura

Os agentes mais legítimos se sentem mais legitimados a opinar sobre algo desde
que o problema em questão fosse mais legitimo, o que se observa é que os que se
recusaram seriam os “incapazes” consequentemente mais propensos a não responder
outras questões. Os indivíduos não importando se são homem ou mulher, mais instruído
ou menos, são mais propensos a responder questões relacionadas a fatos do cotidiano ou
da vida privada, a moradia, alimentação, educação, sexualidade e etc.

Competência e Incompetência Estatutárias

As oportunidades de responder a uma questão relaciona o agente a uma


determinada competência, o interesse ou a falta dele está relacionado com a
possibilidade de usar o poder político, sendo a indiferença nada mais que a incapacidade
de utilização desse poder. O autor afirma que a uma relação entre o capital escolar e a
propensão para responder aos problemas políticos, pois se é necessário um
conhecimento mais erudito e um domínio da linguagem política, e também do ponto de
vista social, um sentimento de autorizado a falar de política, isso leva aos mais
desprovidos de capital econômico e cultural a superestima outra classe.

A Opinião Pessoal

Bourdieu define opinião pessoal como um “conjunto dos mecanismos


institucionais, que contribuem para incentivar o culto e a cultura da pessoa, ou seja, o
conjunto de propriedades pessoais, exclusivas, únicas, originais, por exemplo, as “ideias
pessoais”, o “estilo pessoal” e acima de tudo, a opinião pessoal”.

A pretensão à opinião pessoal está ligada as condições sociais de produção do


habitus, a desconfiança em relação às formas de delegação principalmente na política,
apostando na salvação individual, nos dons e méritos pessoais, privilegiando o privado
contra o que é público, coletivo.

Os Modos de Produção da Opinião

Bourdieu apresenta três modos de produção da opinião, o primeiro é o principio


de produção de resposta pode ser o ethos de classe, fórmula geradora não constituída
como tal que permite engendrar, sobre todos os problemas da existência corrente,
respostas coerentes entre si e compatíveis com uma relação prática com o mundo. O
segundo é um “partido” político sistemático, ou seja, um sistema de princípios
explícitos e especificamente político, passiveis do controle lógico e da apreensão
reflexiva que permite prever a infinidade dos julgamentos e atos políticos inscritos no
algoritmo. E o terceiro ele pode ser produto de uma escolha em dois graus, ou seja, a
identificação, operada segundo o modo de saber, das respostas em conformidade com a
linha política sobre um conjunto de problemas que ele contribui para constituir como
políticos.

De qualquer forma, a maior oposição se estabelece entre a sistematicidade


consciente e quase forçada do partido político e a sistematicidade “em si” das práticas e
dos julgamentos engendrados a partir dos princípios inconscientes do ethos; entre a
consciência mínima e, ao mesmo tempo, fundamental que é necessária para delegar a
um partido a produção dos princípios de produção das opiniões políticas e a consciência
sistemática que permite constituir toda situação como política e fornecer-lhe uma
solução política engendrada a partir de princípios propriamente políticos. Isso significa
dizer que as opiniões políticas variam segundo a classe social e o modo de produção da
opinião mais frequente nessa classe.

Ordem Moral e Ordem Política

Sobre a não resposta por parte dos desprovidos se observa que não respondem a
pergunta de fato, mas sim produzem com seus próprios recursos, ou seja, a partir dos
princípios práticos de seu ethos de classe, quando as questões se situam no intermédio
entre moral e política, se percebe uma contaminação da política pela moral e o deslize
da indignação moral para o integrismo político, em especial, com aqueles, que devido a
sua posição social, estão predispostos a uma percepção moral do mundo social.

Habitus de Classe e Opiniões Políticas

Pierre Bourdieu define habitus como “o conjunto dos efeitos das determinações
impostas pelas condições materiais de existência”. Ele é a classe incorporada,
propriedades biológicas e socialmente modeladas, e em todos os casos de deslocamento
intergeracional ou intrageracional, diferencia-se da classe objetivada, as propriedades,
diplomas. O habitus vai relacionar a posição ocupada na sociedade com as tomadas de
posição sobre o mundo social.

A Oferta e a Demanda de Opiniões

O autor expõe que a relação entre classe e opinião políticas está diretamente
ligada aos jornais disponíveis, a relativa independência das opiniões políticas dos
leitores em relação as tomadas de posições política, se da pelo fato de que os jornais
propõe uma informação que não é exclusivamente política, oferece fatos do dia, esporte,
entretenimento e pode ter um interesse independente dos interesses políticos.

O Efeito Próprio da Trajetória

O autor argumenta que apesar da crença de uma independência, as escolhas


políticas são realmente dependentes da classe social, que esta associada a um
determinado capital. Uma característica das escolhas políticas é fato delas intervirem na
vida mais do que todas as outras, a representação explicita e sistemática que o individuo
tem do mundo social, assim como da posição que ocupa e a que deveria ocupar e o
discurso político limita-se a ser a expressão universalizada dessa representação. O
pendor da trajetória individual que comanda a percepção da posição ocupada no mundo
social, e a relação encantada ou desencantada com essa posição, a relação entre a
posição e as tomadas de posição, se da pelo grau de interesse por parte dos indivíduos
com o futuro, o progresso.

A Linguagem Política

A linguagem política não tem o poder de fazer existir arbitrariamente o que ela
designa; a ação da manipulação tende a se circunscrever em certos limites, não só
porque é possível alguém estar em condições de resistir à argumentação sem ser capaz
de argumentar a resistência e, menos ainda, formular explicitamente seus princípios,
mas também porque a linguagem popular dispõe de seus recursos próprios que. Apesar
de não serem os de análise, encontram às vezes, seu equivalente em uma parábola ou
imagem.

Comentário – O que Bourdieu defende ao longo do texto, como a classe social que o
individuo pertence, vai influenciar em sua opinião sobre todas as questões que
envolvem o dia-a-dia e principalmente as questões políticas. E que essa opinião está
ligada a um sentimento de ser alguém que está habilitado a responder e participar.

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