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“Mensagem” - Obra: épica, lírica simbólica e mítica.

Fernando Pessoa singularizou-se como um épico sui generis, escrevendo o


seu livro, “Mensagem” à “beira-mágoa”, para expandir a “febre de Além”.
A “Mensagem” é uma obra épica cuja história da pátria não implicará em si
um propósito e uma visão puramente ou intencionalmente historicista, mas na
sua particular formulação simbólica e mitológica, implicará e transportará nela,
uma conceção trans-histórica.
A “Mensagem” é vista como uma epopeia porque parte de um núcleo
histórico, mas a sua formulação sendo simbólica e mítica do relato histórico,
não possuirá a continuidade É uma certa e peculiar história de Portugal, que
ficou expressa na “Mensagem”, como uma criação mítica e poética. A estrutura
da “Mensagem” apresenta a forma tripartida, Brasão, Mar Português, e O
Encoberto, o que noutra linguagem, se poderá chamar os esquemas
ideológicos: regresso ao paraíso, realização do impossível, espera do Messias.
Na “Mensagem” contempla-se a reminiscência de um passado histórico
glorioso como antecipação de um tempo futuro a realizar divinamente e porque
as ações dos navegadores portugueses são encaradas como sinais proféticos,
serão só os eleitos, terão só direito à imortalidade, aqueles homens e feitos que
manifestam em si esses mitos significativos.
A estrutura da “Mensagem” é a de um mito, numa teoria cíclica, a das idades
que transfigura e repete a história da pátria como o mito de um nascimento,
vida e morte, seguida de um renascimento. É no mito sebastianista que toda a
obra está condensada.
Perpassam pela obra símbolos numéricos, no conjunto dos poemas de
Mensagem: 2, 7, 1,3, e 12, num total de 44 poemas; símbolos unificadores
da obra, como brasão, campo, castelo, quinas, coroa, timbre, nau, mostrengo,
padrão, nevoeiro, entre outros; símbolos herméticos, símbolos da maçonaria,
dos templários e rosicrucianos : são as expressões latinas que denotam a sua
presença na obra.
A obra é lírica porque está escrita em verso, pela atitude introspetiva, pelo
espelho de alma e pela subjetividade que caracteriza o poeta, que tenta captar
um ser para além do tempo e do espaço, feito de sentido eterno e
transcendente como ideal último a atingir.

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