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RESUMO
Este trabalho tem como objetivo buscar informações sobre como a hipertrofia do músculo
esquelético, após treinamentos de força (TF), ocorre de maneira não uniforme. Os principais fatores
para essa não homogeneidade podem ser a arquitetura muscular, a ativação muscular, a escolha dos
exercícios e os tipos de fibra inter e intramuscular. Este estudo trata-se de uma revisão sistemática
com busca de artigos nas bases de dados PubMed e Biblioteca Virtual da Saúde, publicados a partir
nos últimos 10 anos, nas línguas portuguesa e inglesa, sendo aceitos apenas arquivos na modalidade
artigo científicos, não sendo aceitos relatos, resumos ou quaisquer outros tipos de arquivos. Todos
os estudos avaliaram a musculatura do quadríceps e relataram que a HME não é uniforme, seja
quando são comparadas porções musculares diferentes ou quando são comparadas regiões diferentes
da mesma porção.
ABSTRACT
This paper aims to seek information on how skeletal muscle hypertrophy after strength training
(TF) occurs in a non-uniform manner. The main factors for this inhomogeneity may be muscle
architecture, muscle activation, choice of exercises and types of inter and intramuscular fiber. This
study is a systematic review with search for articles in the PubMed and Virtual Health Library
databases, published over the last 10 years, in Portuguese and English, only files in the scientific
article modality being accepted, not being accepted reports, summaries or any other types of files.
All studies evaluated the quadriceps musculature and reported that the HME is not uniform, either
when comparing different muscle portions or when comparing the same portion in different regions.
Keywords: Skeletal muscle enlargement. Resistance training. Muscle, skeletal. Hypertrophy.
Sobral, ano 10, v.1, n. 18, jul – dez. de 2021, p 31-46. . ISSN: 217-2649
AUSÊNCIA DE UNIFORMIDADE NA HIPERTROFIA MUSCULAR APÓS
TREINAMENTOS DE RESISTÊNCIA: uma revisão sistemática
INTRODUÇÃO
Sobral, ano 10, v.1, n. 18, jul – dez. de 2021, p 31-46. . ISSN: 217-2649
AUSÊNCIA DE UNIFORMIDADE NA HIPERTROFIA MUSCULAR APÓS
TREINAMENTOS DE RESISTÊNCIA: uma revisão sistemática
Os estudos acima mostram que a HME ainda não é totalmente compreendida e que há
diversos fatores que podem alterar a forma como ela ocorre, por isso torna-se necessário que haja
novas pesquisas investigando essas irregularidades da HME ao longo das fibras musculares. Neste
estudo discorremos sobre as informações encontradas na literatura atual sobre a não uniformidade
da HME ao longo das porções musculares, além de identificar os possíveis fatores relacionados a
estas não uniformidades.
A HME é bastante estudada, porém não se sabe ainda quais os melhores métodos para se
chegar a ela. A teoria mais aceita para que ainda não haja uma padronização para treinos
hipertróficos é que há diferenças musculares em cada indivíduo, como o tamanho muscular e as
características da AM de cada músculo. Alguns estudos têm percebido que a HME ocorre de maneira
diferente de acordo com a prescrição e combinação de exercícios, e que no mesmo exercício também
há diferença na HME ao longo da extensão de cada porção muscular e dentro da mesma porção em
regiões diferentes.
Este estudo será útil principalmente para profissionais e estudantes de educação física,
também sendo útil para pesquisadores da área fitness, fisiculturistas e praticantes de musculação em
geral. Importante destacar o fisiculturismo neste momento, já que o objetivo dele, além de alcançar
corpos grandes e volumosos, é também buscar simetria entre os grupamentos musculares, e o
presente trabalho busca, justamente, o esclarecimento de como as técnicas de TF influenciam a
HME de forma geral.
Além disso, vale destacar a escassez de artigos na língua portuguesa sobre este tema e que
sendo esta revisão de literatura uma pioneira na língua portuguesa, possa também servir de
inspiração para que novas pesquisas possam ser feitas. O objetivo deste trabalho é sistematizar
informações sobre a não uniformidade do crescimento muscular ao longo da musculatura como um
todo e ainda nas diferentes porções de cada músculo após a aplicação de TF.
METODOLOGIA
Pesquisa
Este estudo define-se como um tipo de pesquisa baseado em uma revisão sistemática, que
assim como outros tipos de estudo de revisão é uma forma de pesquisa que utiliza como fonte de
dados a literatura sobre determinado tema. Esse tipo de investigação disponibiliza um resumo das
evidências relacionadas a uma estratégia de intervenção específica, mediante a aplicação de métodos
explícitos e sistematizados de busca, apreciação crítica e síntese da informação selecionada. As
revisões sistemáticas são particularmente úteis para integrar as informações de um conjunto de
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Critérios De Inclusão
Os estudos aceitos como parte da presente revisão tiveram os seguintes critérios de inclusão:
(I) estudos que tenham como objetivo alcançar HME; (II) estudos que avaliem o músculo alvo em
pelo menos 2 áreas distintas; (III) estudos que utilizem ressonância magnética ou qualquer outra
técnica que seja possível analisar as diferentes porções musculares.
Critérios de Exclusão
Os critérios de exclusão utilizados neste trabalho foram: (a) artigos duplicados; (b) artigos
feitos com animais. ; (c) artigos que não estejam relacionados com o presente trabalho; (d) artigos
datados antes dos últimos 10 anos.
Vale ressaltar que o critério de exclusão (d) teve três etapas, para que assim fosse possível
selecionar apenas os artigos que se encaixassem com os objetivos desta revisão, sendo estas três
etapas as seguintes: a primeira, a avaliação os títulos de cada artigo; a segunda, etapa a avaliação
do resumo; e na última, a leitura do artigo na íntegra.
Os artigos selecionados tiveram o nível de qualidade avaliados com a escala PEDro. Neste
método de avaliação, estima-se a qualidade da evidência de acordo com pontuações: 1 (um) para
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cada vez que o artigo estiver de acordo com o critério relatado e 0 (zero) para quando não estiver. A
escala PEDro tem pontuação máxima de 11 pontos. Essa classificação permite saber o nível de
confiança de cada artigo de maneira rápida e prática, além de ajudar na identificação dos estudos
mais relevantes.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
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porções, portanto comprovando que a HME não é uniforme. O grupo HL-RT também foi avaliado
após 6 semanas de treinamento, mantendo maior HME para as porções VI e VM.
Matta et al. (2014) foi o único estudo a não analisar todas as porções do quadríceps, tendo
avaliado apenas o RF, nas regiões proximal e distal. Os grupos de treinamento foram o de
treinamento convencional e o de treinamento isocinético. O resultado desse trabalho também relata
HME não uniforme, pois mesmo não havendo comparação com as outras porções do quadríceps, em
ambos os protocolos de treinamento houve maior HME na região distal que na proximal do RF.
A partir dos resultados acima podemos perceber que os exercícios podem ser utilizados não
apenas para hipertrofia geral do músculo, mas que com a correta utilização desses exercícios pode-
se, por exemplo, valorizar a HME de determinada porção do mesmo músculo, que é uma necessidade
muito frequente de fisiculturistas, que necessitam muitas vezes dessa ênfase para que seu corpo
torne-se mais simétrico durante as competições das quais eles participarão. Mas não necessariamente
esses achados são importantes apenas para fisiculturista, os praticantes de TF em geral que tenham
como objetivo corrigir assimetrias também podem se utilizar desses resultados para alcançar seus
objetivos.
Percebe-se, por exemplo, que de acordo com os achados desta revisão a região distal do RF
é a que apresenta maior HME no exercício extensão de joelho unilateral na máquina e que, portanto,
esse exercício seria indicado caso fosse necessário valorizar a hipertrofia dessa área. Nota-se também
que a variação de treinamento pode levar a resultados hipertróficos diferentes, como nos achados de
Earp et al. (2015), onde houve variação do agachamento e nos de Shiromaru et al. (2018), onde houve
treinamentos com e sem restrição do fluxo sanguíneo. Em ambos os estudos se percebe HME
diferente entre os protocolos utilizados. Estes resultados encontram-se detalhados nos quadros 2 e
3.
Outro ponto a se discutir é que todos os artigos selecionados estudaram a musculatura do
quadríceps e que nestes artigos foram utilizados apenas o exercício de extensão unilateral de joelho
e o agachamento com e sem salto. Esses achados já comprovam que não há uniformidade na HME
ao longo do músculo e devem servir de base para que novas pesquisas sejam feitas com músculos
diferentes, pois assim ajudariam a criar protocolo de treinamentos que fossem específicos para HME
localizada, ou seja, focada em uma região especifica do músculo. Há também outros músculos no
corpo com mais de uma porção, como o tríceps braquial, tríceps sural, bíceps braquial e bíceps
femoral, e que estes poderiam ser utilizados para fazer comparação da HME entre porções. Além
disso, a HME se mostra não uniforme também ao longo da musculatura, sendo assim, mesmo
músculos com apenas uma porção ainda poderiam ser avaliados. O estudo de Matta et al. (2014) é
um exemplo de uma pesquisa feita em apenas uma porção, pois mesmo que o músculo alvo do
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trabalho tenha sido o quadríceps, ele avaliou apenas a porção do RF, o mesmo poderia ser feito em
outras pesquisas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
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AM Arquitetura Muscular
RF Reto Femoral
RM Ressonância Magnética
TF Treinamento de Força
VI Vasto Intermédio
VL Vasto Lateral
VM Vasto Medial
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Fluxograma.
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LISTA DE QUADROS
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com velocidade
controlada.
Quadro 3. Resultados.
Número de partes
Músculo Método de
Autor e Ano Porções estudadas estudadas de cada Resultados
estudado avaliação
porção
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Mudança hipertrófica de cada região especifica do músculo do quadríceps e suas de
acordo com a variação da AST após 8 semanas de treinamento.
Variação da porcentagem (%) de HME após 8 semanas
Grupo HS-P Grupo JS-P
Vasto Lateral Distal 15,0 25,8*
Medial 10,4* 18,1*
Proximal 17,1* 12,8
Vasto Intermédio Distal 14,8 20,1*
Medial 17,0* 10,5*
Proximal 21,5* 10,6
Vasto Medial Distal 17,8* 13,15*
Medial 20,2* 14,0
Proximal 9,8 14,0
Reto Femoral Distal 0,0 26,3*
Medial -2,9 8,2
Proximal 3,3 8,3
Distal 15,4* 18,8*
Quadríceps Medial 13,3* 13,6*
Proximal 15,4* 11,5*
*Mudança significativa em relação ao grupo controle.
Tabela adaptada de Earp et al. (2015).
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