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CURSO DE FISIOTERAPIA
Jataí – Goiás
2022
BRUNA RIBEIRO DE FREITAS
KAROLINA FARIAS FEITOZA
Jataí – Goiás
2022
2
RESUMO
3
THE USE OF THE SWISS BALL DURING NORMAL LABOR TO REDUCE
LABOR TIME: SYSTEMATIC REVIEW AND META-ANALYSIS
ABSTRACT
Theoretical framework: During normal labor the tensions of pain, anxiety and
fear permeate the entire period until the baby is born. The search for facilitation
and reduction of delivery time is used by alternative means with the use of drugs
or not. In this context, there is a need for postures that facilitate the expulsion of
the fetus, as well as movements that reduce the time of delivery. Objective: To
investigate, through a systematic review, the use of the Swiss ball during normal
labor to reduce the time of delivery. Data sourceS: The research was carried out
in PubMed, EMBASE, CENTRAL, PEDro, CINAHL, Scielo, LILACS and Google
Scholar databases. Descriptors referring to natural childbirth, Swiss ball and time
of labor were used. The Boolean operators used were “AND” and “OR”.
Eligibility criteria: Studies that investigated women over 18 years of age who
used the Swiss ball during natural labor and had labor time as outcomes were
included; articles available in electronic scientific databases and articles
published in any language until May 2022. Study appraisal and synthesis of
methods: The evaluation of methodological quality was performed using the
PEDro scale and the Review Manager software was used for statistical analysis.
Results: According to the meta-analysis, the results of three clinical trials
involving 258 parturients showed no statistical difference in the duration of labor
between the group that underwent intervention using the Swiss ball when
compared with the control group (DM 31 .91; 95% CI -21.88 to 85.71).
Limitations: There are few studies aimed at evaluating the total time of delivery
related to the use of the Swiss ball during this period. Conclusions: The use of
the Swiss ball during natural labor did not reduce the total time of delivery.
However, it was observed that the use of the Swiss ball in the first stage of labor
reduced the time of delivery, but without significant difference. Review record:
PROSPERO (No. CRD42022329886).
Keywords: Natural childbirth. birth ball. Duration of childbirth.
4
1. INTRODUÇÃO
5
Dessa maneira, acredita-se que o papel do fisioterapeuta como membro
dessa equipe interdisciplinar de assistência à parturiente e seu recém-nascido,
possa fortalecer a busca pela humanização no trabalho de parto 8. Assim, o
fisioterapeuta possui uma atuação importante durante o período pré-natal, na
preparação para o trabalho de parto e durante o parto vaginal 9.
Durante a gravidez, o fisioterapeuta auxilia na prevenção dos
desconfortos que ocorrem nessa fase9, através de prescrição e supervisão de
programas de exercícios físicos seguros e terapêuticos para a gestante 3.
Dentre as condutas incluem-se: exercícios cinesioterapêuticos, reeducação
postural, terapia manual9,10, exercícios para a musculatura do assoalho
pélvico, acupuntura, exercícios respiratórios, hidroterapia e alongamentos 9.
Durante o trabalho de parto, o fisioterapeuta atua proporcionando alívio
da dor durante as contrações, reduzindo o tempo de trabalho de parto e
facilitando o parto9 por meio de técnicas em posturas verticalizadas,
agachamentos, danças, deambulação, massagens na região lombar, para
maior estabilização e relaxamento pélvico11. Essas técnicas oferecem
melhorias posturais em prol da dilatação eficiente ao parto natural, uma vez
que antes as puérperas ficavam apenas na posição deitada na cadeira de
parto2,5,12.
Dessa maneira, tem sido observado nos últimos tempos que as
parturientes estão adquirindo outras posturas, sendo a postura sentada com o
uso da bola suíça, uma posição que vem sendo utilizada progressivamente 13.
Sendo assim, a utilização da bola suíça no trabalho de parto, além de facilitar a
adoção da postura vertical da parturiente, possibilita um maior bem-estar e
mobilidade pélvica11,13. Com efeito, o método lúdico, distrai a puérpera,
resultando em um parto mais tranquilo, com redução da tensão emocional e
física e proporcionando um alívio ao desconforto pélvico. Nesse contexto, o uso
da bola suíça é evidenciado na literatura, como alternativa para a redução do
quadro álgico10,14–21.
Além disso, o uso da bola suíça tem proporcionado outros benefícios
durante o trabalho de parto, como na redução dos níveis de ansiedade e
6
estresse, diminuição do consumo de analgésicos22 e uma menor duração do
trabalho de parto11,15,23,24.
Apesar da ampla gama de benefícios da bola suíça durante o parto, a
literatura carece de estudos de revisão que aborde o uso da bola suíça para
redução do tempo de trabalho de parto. Portanto, o presente estudo buscou
investigar o uso da bola suíça durante o trabalho de parto normal para sua
redução do tempo do trabalho de parto.
2. METODOLOGIA
7
editoriais, opiniões de especialistas ou estudos de qualquer outra natureza;
estudos que investigaram efeitos de outras abordagens fisioterapêuticas durante
o trabalho de parto normal (sem o uso da bola suíça); estudos que incluíram
outro tipo de abordagem, tais como intervenção nutricional, farmacológica ou
cirúrgica; estudos que envolvia parto cesáreo; estudos que abordaram
complicações gestacionais; estudos que não estavam disponíveis na íntegra e
duplicatas.
A seleção dos estudos e extração dos dados, foram feitas por dois
revisores de forma independente. Teve início com a Fase de Identificação, na
qual os revisores identificaram os estudos nas bases de dados, exportaram para
um gerenciador bibliográfico e excluíram-se os estudos duplicados.
8
A seguir, foi realizada a Fase de Triagem em que os revisores avaliaram
independentemente os títulos e resumos dos estudos encontrados e excluíram
os artigos que não atenderem os critérios de inclusão e exclusão da pesquisa.
Em caso de divergência, era requisitado um terceiro revisor para um consenso
e desempate. Posteriormente, foi realizada a Fase de Elegibilidade, em que os
revisores examinaram os estudos pré-selecionados na íntegra, adotando-se a
mesma estratégia de desempate descrito na fase anterior.
Ao final, foi realizada a Fase de Inclusão por meio da extração de dados
de forma padronizada com base nos seguintes itens: dados do estudo (autores,
nome do periódico, país e local do estudo, ano de publicação), características
metodológicas (objetivo do estudo, tamanho da amostra, estratificação dos
grupos, protocolo das intervenções), resultados referentes ao tempo de trabalho
de parto e outros. Os dados foram registrados em um programa de planilha
eletrônica e importados para o software de metanálise.
9
pós-intervenção. Os estudos foram analisados separadamente de acordo com a
variável tempo total do trabalho de parto, dada em minutos. Considerou-se
estatisticamente significativo um valor de p ≤ 0,05 e intervalo de confiança (IC)
de 95%. A heterogeneidade estatística dos efeitos de tratamento entre os
estudos foi avaliada pelo teste Q de Cochrane e a inconsistência pelo teste I2,
considerando que valores acima de 25, 50 e 75% representavam
heterogeneidade moderada, substancial e considerável, respectivamente.
3. RESULTADOS
10
Identificação dos Estudos nas Bases de Dados
PubMed (n = 107)
Scielo (n= 18) Artigos removidos por
PEDro (n=101) duplicidade (n = 94)
Cochrane (n=17)
Lilacs (n=22)
Embase (52)
Cinahl (n=30)
Google acadêmico (n= 15)
Total artigos - (n=362)
Artigos excluídos:
Triagem
11
Ao todo, analisaram-se os dados de 258 parturientes, cuja a idade variou
entre 18 e 42 anos. Todos os estudos aplicaram critérios de elegibilidade
rigorosos em relação à saúde das gestantes e fetos. As puérperas eram de baixo
risco, com idade gestacional variando de 37 a 42 semanas, sem complicações
obstétricas, feto único em posição cefálica e a maioria era primípara.
Os estudos avaliaram diversos desfechos por meio de diferentes
instrumentos de avaliação, dentre eles, a percepção da dor pela Escala Visual
Analógica (EVA)23, Escala Categórica Numérica (ECN)11 e pelo Questionário de
Dor McGill Simplificado24; a percepção da ansiedade pela Escala Visual
Analógica – Ansiedade (EVA – Ansiedade)23,24; a percepção de controle durante
o trabalho de parto pela Labor Agentry Scale(LAS) 24 e a duração do trabalho de
parto obtido no prontuário das gestantes11,23,24.
Em relação a estratificação dos grupos, um estudo alocou as gestantes
de forma aleatória em um dos três grupos: banho quente de chuveiro (n=44),
exercícios com bola suíça (n=45) e terapia combinada de banho quente de
chuveiro e exercício na bola suíça (n=39)23. Os outros estudos dividiram as
gestantes em grupo experimental/bola e grupo controle. No grupo
experimental/bola, as gestantes eram submetidas a exercícios na bola 11,24.
Enquanto que no grupo controle, em um estudo as gestantes eram submetidas
aos procedimentos da maternidade e tinham liberdade nas mudanças de
posição11; e no outro estudo, as gestantes podiam adquirir somente a postura
deitada na cama24.
No que se refere a intervenção experimental, todos os estudos utilizaram
a bola suíça como ferramenta de intervenção11,23,24, sendo que em um dos
estudos, além da bola suíça foi utilizada a bola “amendoim” e a bola donut 24.
No desfecho duração de trabalho de parto, um estudo observou um menor
tempo de trabalho de parto no grupo que associou banho quente de chuveiro e
exercícios na bola suíça, porém não houve diferença estatisticamente
significativa23. Nos outros estudos, o tempo total do trabalho de parto também
não demonstrou diferença significativa entre os grupos11,24.
A tabela 2 apresenta as características dos estudos analisados, de seus
métodos e desfechos.
12
Tabela 2 – Síntese dos estudos analisados
Cavalcanti 128 gestantes. GBQ: banho de chuveiro quente por 30 Dor: Houve aumento na percepção da dor As terapias propostas
et al.,2019 Idade: 18 a 42 anos. minutos com água a 37°C. O jato de água em todos os grupos, mostrando diferença foram capazes de
(Brasil) Gravidez de baixo risco, com feto era direcionado para a região sacral estatisticamente significante no GBQ promover melhor
único em apresentação cefálica lombar da gestante, que podia estar de pé (0,001). adaptação materna
e idade gestacional entre 37 a 42 ou sentada. Ansiedade: Houve redução da percepção da durante o trabalho de
semanas. GB: exercício perineal com a bola suíça ansiedade em todos os grupos, sem parto, auxiliando no
GBQ (n=44) por 30 minutos na postura sentada, diferença estatística. enfrentamento da dor,
GB (n=45) realizando movimentos de propulsão Duração do trabalho de parto: O tempo promovendo experiência
GBC (n=39) (baixa e subida) e rotação pélvica. decorrido entre a intervenção e o parto foi participativa e maior
GBC: exercício perineal com a bola suíça menor no GBC (216,85+124.28 minutos) controle de suas ações e
por 30 minutos na postura sentada, seguido pelo GBQ (255,05+48.00 minutos) emoções, resultando em
durante o banho quente. e pelo GB (288,41+188.32 minutos). No melhor evolução do
entanto, não houve diferença trabalho de parto.
estatisticamente significativa.
Gallo et 40 parturientes. GB: exercícios de mobilidade pélvica na Dor: Houve redução significativa da dor no A bola suíça foi um
al., 2014 Idade: 19±4 anos bola suíça, exercícios ativos de GB (p<0,001). recurso eficaz para as
(Brasil) Primigestas, gravidez de baixo anteversão e retroversão pélvica, Duração do trabalho de parto: o tempo total parturientes no alívio da
risco, com feto único em lateralização, circundução e propulsão, do trabalho de parto não demonstrou dor no início deste
apresentação cefálica e idade por 30 minutos. diferença entre os grupos (p=0,37), sendo período, e deve ser
gestacional a partir de 37 GC: procedimentos habituais da que o GB teve uma mediana de 6,25 incentivada por
semanas. maternidade e liberdade na escolha das (Mínimo: 2,75 e Máximo: 10,62) e o GC teve profissionais de saúde que
GB (n=20) posições que queria permanecer ao longo uma mediana de 5,83 (Mínimo: 3,00 e atuam nessa fase.
GC (n=20) dos 30 minutos. Máximo: 9,00).
Grupo Banho Quente (GBQ); Grupo Bola suíça (GB); Grupo Bola combinado (GBC); número da amostra (n); Grupo Controle (GC); Graus Celsius (°C); Desvio Padrão
(+).
Fonte: Dados colhidos pelas autoras (2022).
13
Tabela 2 – Síntese dos estudos analisados - continuação
Autor, Amostra Protocolo Intervenção Desfechos Conclusão
Ano
(País)
Wu et al., 90 parturientes. GB: a doula orientou as gestantes a Dor e Ansiedade: O estudo encontrou O roteiro do trabalho de
2022 Idade: 29,17 ± 3,036 anos usarem a bola de parto com posições melhorias na ansiedade e dor (p < 0,05). parto foi eficaz para
(China) Primigestas, gravidez de baixo livres de acordo com o roteiro do trabalho Autocontrole do trabalho de parto: o reduzir a dor e a
risco, com feto único em de parto. As puérperas podiam sentar e autocontrole durante o trabalho de parto foi ansiedade, melhorar o
apresentação cefálica e idade balançar os quadris para cima e para baixo maior no grupo experimental do que no autocontrole durante o
gestacional entre 37 a 42 ou em círculo, ficar de pé e curvar-se sobre grupo controle, e a diferença foi trabalho de parto e
semanas. a bola, ajoelhar no tapete e deitar na bola estatisticamente significativa (p < 0,01). acelerar o primeiro estágio
GB (n=45) e depois deitar de lado com a bola de Duração do trabalho de parto: O tempo do do trabalho de parto.
GC (n=45) amendoim. A doula e os familiares primeiro estágio do trabalho de parto no
auxiliaram na manutenção do equilíbrio e grupo experimental foi menor do que no
massagearam suas cinturas e costas, grupo controle (p = 0,04), mas não houve
conforme necessário. As gestantes tinham diferenças significativas entre os dois
acesso a bola suíça, bolas de amendoim e grupos no segundo, terceiro e estágios
bolas de donut e compressas quentes. totais do trabalho de parto (p = 0,09, p =
0,69, p = 0,57, respectivamente).
GC: A doula ensinou as gestantes a
respirar, e depois orientou que ficassem
deitadas na cama até a dilatação cervical
chegasse a 10 cm. As puérperas podiam
mudar de posição apenas para o decúbito
lateral.
Desvio Padrão (+); Grupo Bola suíça (GB); Grupo Controle (GC); número da amostra (n); centímetros (cm); valor de p (p).
Fonte: Dados colhidos pelas autoras (2022).
14
Figura 2 – Gráfico Forest Plot contemplando a comparação entre o Uso da bola
suíça versus Controle sobre o tempo de trabalho de parto natural
* No estudo de Cavalcanti foi considerado apenas dois grupos (Grupo Bola suíça e Grupo Banho
quente no chuveiro) para análise estatística.
Média = média dos grupos; DP = desvio padrão; Peso = relevância estatística do estudo; IV =
Inverse Variance: IC = Intervalo de Confiança; Chi2 = teste Qui-quadrado; df = degree of freedom
I2 = índice de heterogeneidade; Z = teste de efeito global; p-valor.
4. DISCUSSÃO
15
também mostraram que não houve diferença significativa entre a duração média
da fase ativa do trabalho de parto das puérperas entre os grupos.
Uma revisão anterior encontrou resultados semelhantes em relação a
duração do trabalho de parto. Ao avaliarem a duração da primeira e segunda
fase do trabalho de parto observaram que não houve diferença significativa entre
os grupos que usaram a bola de parto e o grupo controle 18.
Os achados desse estudo são consistentes ao de uma metanálise que
avaliou o uso da bola de parto durante a gestação e trabalho de parto,
observando que a duração do primeiro e segundo estágio do trabalho de parto
não houve diferença significativa entre o grupo bola de parto e grupo controle.
Apesar de não haver diferença estatística, a duração do primeiro estágio do
trabalho de parto foi 40 minutos menor no grupo bola de parto do que no grupo
controle28.
Um estudo de abordagem quali-quantitativa do tipo experimental
corroborou com os achados dessa metanálise. Os pesquisadores avaliaram
parturientes, com idade entre 17 a 35 anos, que estavam internadas numa
Maternidade da cidade de Santa Maria para a realização de parto vaginal. A
amostra foi constituída de 10 parturientes, sendo cinco alocadas no grupo
experimental (exercícios de mobilidade pélvica na bola de nascimento) e cinco
no grupo controle (cuidados habituais da maternidade). Dentre os desfechos
avaliados, os autores observaram que a duração do trabalho de parto variou de
duas a sete horas (5 ± 2,1) para o grupo experimental e três a oito horas (5 ±
2,5) para o grupo controle, demonstrando que o uso da bola não influenciou o
tempo de trabalho de parto. Dessa forma, não houve uma diminuição na duração
do trabalho de parto ao comparar os grupos experimental e controle29.
Em contrapartida aos achados, Chang e Meeiling (2006)30 evidenciaram
em sua pesquisa que os exercícios na bola suíça promoviam aceleração do
trabalho de parto. Podendo estar associado às posturas verticais no momento
do parto, uma vez que proporcionam uma influência positiva para a dilatação do
colo uterino, promovendo a aceleração das contrações uterinas e redução do
trabalho de parto13,24.
16
Wu et al. (2022)24 apresentam uma opinião semelhante ao mencionarem
que na primeira etapa do trabalho de parto, o grupo que fez uso da bola de parto
levou menos tempo de duração desse período quando comparado com o grupo
controle, possivelmente porque as mulheres mantiveram uma posição ereta livre
na bola, aproveitando a gravidade para promover a descida da cabeça do feto.
Assim, corroborando com nossa premissa outros autores também
acreditavam que o uso da bola suíça durante o trabalho de parto poderia reduzir
a duração do mesmo18, porém esses resultados não foram evidenciados nessa
metanálise. Um quesito que pode ter influenciado esses resultados é o tempo de
intervenção do uso da bola suíça. Os protocolos dos estudos de Cavalcanti et al.
(2019)23 e Gallo et al. (2014)11 teve uma duração de 30 minutos, sendo
considerado um tempo de intervenção curto quando comparado ao tempo total
do trabalho de parto.
Um fator que também pode influenciar na redução do tempo do trabalho
de parto é o acompanhamento das gestantes ao longo do pré-natal. No ensaio
clínico randomizado realizado por Gau et al. (2011)31, observou-se redução no
primeiro estágio de trabalho de parto no grupo que utilizou a bola suíça. No
estudo as gestantes foram estratificadas em grupo experimental e grupo
controle. O grupo experimental foi submetido a um programa de exercícios com
bola suíça, por meio de instruções contidas numa cartilha de 26 páginas e um
vídeo de 19 minutos e acompanhado de forma periódica durante as consultas
pré-natais. Elas foram incentivadas a praticarem os exercícios em casa por pelo
menos 20 minutos três vezes por semana por um período de seis a oito
semanas.
Além disso, a associação de várias técnicas e manuseios durante o
trabalho de parto pode influenciar na duração do parto, como a realização da
massagem, que influencia na contratilidade uterina e dilatação cervical
adequada levando a diminuição do tempo de parto 32 e o uso da hidroterapia
(banho quente). Num ensaio clínico randomizado e controlado, que analisou
puérperas, estratificadas em grupo banho quente, grupo bola suíça e grupo
banho quente e bola suíça, os autores observaram que houve um aumento
17
estatisticamente significante na frequência da contração uterina com uso isolado
(p=0,025) e associado da bola suíça (p< 0,001)12.
Em relação aos desfechos secundários analisados nessa revisão
sistemática, observa-se redução significativa do quadro álgico das parturientes
após protocolos de intervenção11,24. Assim, os autores destacaram que a
liberdade de movimentos sobre a bola permitiu que as mulheres assumissem
posições facilitadoras para a acomodação do feto, diminuindo a compressão de
vasos e nervos, reduzindo os níveis de dor. Com isso, eles evidenciaram que a
bola suíça foi um recurso efetivo no alívio da dor das parturientes, devendo ser
incentivada pelos profissionais de saúde que assistem essa população11.
Entretanto, Cavalcanti et al. (2019)23 observou aumento no escore de dor em
todos os grupos, podendo ser justificado pelo período que foi avaliado o nível de
dor das parturientes (fase ativa do trabalho de parto).
De acordo com o desfecho percepção dos sintomas de ansiedade
relatadas pelas gestantes, um dos estudos observou redução da ansiedade em
todos os grupos, sem diferença estatística23 e o outro estudo identificou escores
inferiores da ansiedade no grupo experimental em relação ao grupo controle
(p<0,01)24. Acredita-se que essa redução dos níveis de ansiedade possa estar
relacionada com o acompanhamento do fisioterapeuta durante o parto e a
posição vertical, que as parturientes adquiriram na bola suíça durante o parto,
resultando em uma maior sensação de segurança e autoconfiança 33.
Corroborando com os nossos achados, uma revisão de literatura, que
avaliou a utilização da bola suíça na promoção do parto humanizado, observou
que nos 10 trabalhos analisados, constatou-se que a bola suíça é um importante
recurso não medicamentoso para proporcionar conforto, movimento, descida da
apresentação fetal, alívio da dor, diminuição da ansiedade e relaxamento da
parturiente, não sendo encontrados resultados significativos em relação à
diminuição do tempo do trabalho de parto34.
Há uma limitação na presente pesquisa, mediante a poucos estudos
voltados para a avaliação do tempo total de parto relacionada ao uso da bola
suíça nesse período, tendo maior foco no alívio da dor35–37 e por esse motivo não
foram incluídos na pesquisa.
18
Outra limitação identificada foi a quantidade de estudos realizados em
gestantes que também seriam submetidas a cesariana38–40, sendo que o foco da
nossa pesquisa foi em parturientes que seriam submetidas ao parto vaginal.
Outros estudos abordavam a temática da redução de tempo de parto através do
uso da bola suíça, mas se tratavam de artigo de revisão18,34, sendo excluídos da
pesquisa.
Desse modo, há a necessidade de novos estudos levando em
consideração a avaliação do tempo total do trabalho de parto; protocolos com
um tempo maior de intervenção fisioterapêutica; estudos analisando a influência
do uso da bola em grupos distintos, como de mulheres a partir da segunda
gestação, bem como mulheres fisicamente ativas e sedentárias e outros.
5. CONCLUSÃO
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22
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23
ANEXO 1
24
Seção/tópico N. Item do checklist Relatado na página
n.
Seleção dos estudos 9 Apresente o processo de seleção dos estudos (isto é, busca, elegibilidade, os incluídos na 8e9
revisão sistemática, e, se aplicável, os incluídos na meta-análise).
Processo de coleta 10 Descreva o método de extração de dados dos artigos (ex. formas para piloto, independente, 9
de dados em duplicata) e todos os processos para obtenção e confirmação de dados dos
pesquisadores.
Lista dos dados 11 Liste e defina todas as variáveis obtidas dos dados (ex. PICOS, fontes de financiamento) e 9
quaisquer suposições ou simplificações realizadas.
Risco de viés em 12 Descreva os métodos usados para avaliar o risco de viés em cada estudo (incluindo a 9
cada estudo especificação se foi feito durante o estudo ou no nível de resultados), e como esta informação
foi usada na análise de dados.
Medidas de 13 Defina as principais medidas de sumarização dos resultados (ex. risco relativo, diferença 10
sumarização média).
Síntese dos resultados 14 Descreva os métodos de análise dos dados e combinação de resultados dos estudos, se 10
realizados, incluindo medidas de consistência (por exemplo, I2) para cada meta-análise.
Risco de viés 15 Especifique qualquer avaliação do risco de viés que possa influenciar a evidência cumulativa 10
entre estudos (ex. viés de publicação, relato seletivo nos estudos).
Análises adicionais 16 Descreva métodos de análise adicional (ex. análise de sensibilidade ou análise de subgrupos, NA
metarregressão), se realizados, indicando quais foram pré-especificados.
RESULTADOS
Seleção de estudos 17 Apresente números dos estudos rastreados, avaliados para elegibilidade e incluídos na 11
revisão, razões para exclusão em cada estágio, preferencialmente por meio de gráfico de
fluxo.
Características 18 Para cada estudo, apresente características para extração dos dados (ex. tamanho do 13 e 14
dos estudos estudo, PICOS, período de acompanhamento) e apresente as citações.
Risco de viés entre 19 Apresente dados sobre o risco de viés em cada estudo e, se disponível, alguma avaliação em NA
os estudos resultados (ver item 12).
25
Seção/tópico N. Item do checklist Relatado na página
n.
Resultados de 20 Para todos os desfechos considerados (benefícios ou riscos), apresente para cada estudo: 15
estudos individuais (a) sumário simples de dados para cada grupo de intervenção e (b) efeitos estimados e
intervalos de confiança, preferencialmente por meio de gráficos de floresta.
Síntese dos resultados 21 Apresente resultados para cada meta-análise feita, incluindo intervalos de confiança e 15
medidas de consistência.
Risco de viés 22 Apresente resultados da avaliação de risco de viés entre os estudos (ver item 15). 15
entre estudos
Análises adicionais 23 Apresente resultados de análises adicionais, se realizadas (ex. análise de sensibilidade ou NA
subgrupos, metarregressão [ver item 16]).
DISCUSSÃO
Sumário da evidência 24 Sumarize os resultados principais, incluindo a força de evidência para cada resultado; 15 - 18
considere sua relevância para grupos-chave (ex. profissionais da saúde, usuários e
formuladores de políticas).
Limitações 25 Discuta limitações no nível dos estudos e dos desfechos (ex. risco de viés) e no nível da 18 e 19
revisão (ex. obtenção incompleta de pesquisas identificadas, relato de viés).
Conclusões 26 Apresente a interpretação geral dos resultados no contexto de outras evidências e 19
implicações para futuras pesquisas.
FINANCIAMENTO
Financiamento 27 Descreva fontes de financiamento para a revisão sistemática e outros suportes (ex. NA
suprimento de dados), papel dos financiadores na revisão sistemática.
26
ANEXO 2
Tabela 3 - Estratégias de pesquisa de algumas bases de dados eletrônicas
27
ANEXO 3
28