HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Tradução: Tomaz Tadeu
da Silva, Guaracira Lopes Louro. 11° ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.
No texto, o autor aponta para uma “crise de identidade” desencadeada
pela ascensão de novas perspectivas sobre si que os indivíduos começam a desenvolver na contemporaneidade, que é também chamada de “pós-moderna”. Essa ascensão abala crenças e visões que por muito tempo foram um norte para a maior parte das pessoas, provendo-as estabilidade no mundo social.
A “crise de identidade” do indivíduo seria uma “perda de ‘sentido de si’
estável” (p. 9), gerando uma “descentração do sujeito”. Seria essa uma guinada coletiva ou uma mudança da própria modernidade?
A identidade é destrinchada em três concepções, segundo Hall: sujeito do
Iluminismo, totalmente centrado, unificado, racional e consciente de si, sua identidade era seu centro; sujeito sociológico, já um reflexo da complexidade crescente do mundo, ciente de que o seu interno era formado na relação com o externo; suj. pós-moderno, fragmentado, não mais apoiado por instituições fixas do mundo social, que começaram a ruir, o sujeito não é fixo. Outro aspecto discutido pelo autor está na mudança sob o cenário de “globalização”, que é constante em sociedades modernas. A interconexão característica do evento de globalização gera continuidades aparentes e descontinuidades completas, em forma de inovações.
Referenciando Laclau, que afirma que as sociedades modernas não têm
um centro definido, Hall reafirma a não delimitação delas, bem como sua não- linearidade, se afastando de vez da ideia positivista de evolução. Ainda no pensamento do autor, o que mantém uma sociedade em integração mesmo com tantas divergências e fluidez é a capacidade de articulação das diferentes identidades, o que não impede que sua estrutura continue aberta.
Em seguida, Hall explicita em uma situação concreta o mar de
perspectivas e identidades frente a uma acusação de assédio sexual feita a juiz negro indicado à Suprema Corte Americana por George Bush. Os diferentes indivíduos olhavam pra situação de acordo com suas identificações, e primavam por um aspecto em detrimento de outro. É um “jogo das identidades”.
Uma identificação de “classe social” não é mais suficiente atualmente, é
necessária representação de demais pautas de identidade, que não são mais guiadas por uma “identidade mestra”. Outro ponto importante se trata da politização da identidade, podendo ser ganhada ou perdida.