Você está na página 1de 4

Disciplina: Identidades culturais I

Discente: Rodolpho W. A. de Lucena Matrícula:2012312GLEA

E-mail: rodolpho.lucena@aluno.cefet-rj.br

Fichamento do texto: HALL, Stuart. A Identidade Cultural na Pós-Modernidade – Introdução;


capítulos 4 e 6.

 Introdução

Nesse trecho do texto, o autor começa a tratar de forma introdutória os principais


conceitos que virão a ser aprofundados ao decorrer do livro. A priori, o paradigma da
identidade; declínio das antigas formas identitárias e o surgimento de novas; além de
diferentes concepções de identidade, são os principais temas desse capítulo. O autor também
busca explorar como a modernidade tardia afeta as identidades culturais.

Quanto as concepções de identidades, Hall nos apresentada três delas: a do sujeito


iluminista, do sujeito sociológico, e do sujeito pós-moderno. Na primeira, a iluminista,
também chamada de individualista, tem-se a ideia de que a identidade surge no momento do
nascimento, se desenvolve ao longo da vida, mas permanece essencialmente a mesma. Na
sociológica, também chamada de interativa, afirma-se que o sujeito ainda tem um núcleo, mas
que ela muda continuamente de acordo com a interação entre o indivíduo e a sociedade. Já a
pós-moderna, é descrita como descentrada e fragmentada, e que na verdade o indivíduo não
possui identidades permanentes, mas sim, identidades conflitantes dentro de si. E tal
proposições levam o autor a investigar a chamada “crise de identidade do indivíduo
moderno”, e sua descentralização e fragmentação identitária, assim também como quais
acontecimentos levaram a essa crise; e suas potenciais consequências, como a fantasia da
identidade unificada.

O autor conclui, nesse primeiro momento, que principais acontecimentos atribuídos a essa
crise são: a globalização, assimilação cultural e a pluralidade de centros de poder da
modernidade. Isso tudo além do fato que, ao dialogar com Giddens, Hall afirma que as
próprias sociedades modernas são sociedades de mudança constante e permanente, e isso que
as distingue das tradicionais.

O aporte teórico utilizado pelo autor inclui autores renomados na área da antropologia,
assim também como em áreas correlatas, como: Marx e Engels, Giddens, Mercer e Harvey. E
visando constatar sua tese sobre diferentes percepções e aceitações identitárias no chamado
“jogo de identidades”, Hall cita o caso de Clarence Thomas, juiz negro indicado a suprema
corte durante o governo Bush; esse caso teve em especial o fato dos diferentes níveis de
aceitação da indicação de acordo com a identificação de cada grupo, fosse ela racial, de
cunho político, social ou de gênero.

Ao final da leitura, como era de se esperar, confirmasse que a concepção pós-moderna do


indivíduo é a que mais se encaixa na a realidade contemporânea, que por sua vez é fluida e
descentralizada, e as identidades são reflexos da sociedade. Porém, apesar dessa fluidez,
identificação não se dá de forma automática. E, que devido a essas mudanças, a “identidade
mestra” de classes deixa de existir, dando espaço diversos outros tipos identitários de novos
grupos.

 Capítulo 4 – Globalização

Nesse capítulo, como o próprio título descreve, o tema a ser tratado é a globalização, mas
mais especificamente quais são suas influências na identidade cultural, assim como o
capitalismo e consumismo; o deslocamento das identidades nacionais no século passado; assim
como as novas perspectivas de espaço e tempo advindas desse fenômeno.

Quanto ao advento da globalização, o autor dialoga com McGrew (1992) para formular
sua definição, que é tida como:

“Processos atuantes numa escala global, que atravessam fronteiras nacionais,


integrando e conectando comunidade e organizações (...) tornando o mundo, em
realidade e experiência, mais interconectado.”

Hall também deixa claro que a modernidade e globalização são inerentes uma a outra, e a
última não ser um fenômeno tão recente, e que o capitalismo, devido a sua característica
transnacional, tem grande importância nesse processo.

Quanto as consequências da globalização sobre a identidades culturais, o autor aponta três


possíveis: a primeira levaria a desintegração das identidades nacionais e homogeneização da
cultura; a segunda seria como uma espécie de efeito colateral ao fenômeno, levando as
identidades nacionais e locais a serem reforçadas, como uma forma de resistência a
globalização; e a terceira seria o declínio das identidades nacionais tradicionais, e sua
substituição por novas identidades, que por sua vez seriam híbridas.

A modernidade e a globalização afetam as identidades culturais pois afastam o espaço e


lugar de forma exponencial, de certa forma desvinculando-os., pois como Said (1990 apud Hall
1992) afirma, que a todas as identidades estão localizadas no espaço e tempo simbólicos, no
que é batizado de “geografias imaginárias”. E da mesma forma que isso ocorre, é também
como se o espaço e a distância encolhessem devido a tecnologia, formando o que é chamado de
“aldeia global”

Outro fator tido como prejudicial as identidades culturais é a difusão do consumismo


(supermercado cultural), mercantilização de traços culturais (exemplo do restaurante indiano),
infiltração cultural devido a exposição de culturas externas, assim como a interdependência
global, que é esperado levar ao colapso das identidades culturais fortes.

 Capítulo 6 – Fundamentalismo, diáspora e hibridismo.


Nesse capítulo Hall busca investigar o hibridismo, seus aspectos positivos e negativos, e
de sua contraposição, o fundamentalismo. Para isso, hibridismo é conceituado como fusão entre
diferentes tradições culturais, e por isso é responsável por produzir novas formas de cultura, o
que pode também ser entendido como uma adaptação de antigas culturas à modernidade. E em
uma observação mais contemporânea, percebe-se que o hibridismo intensificado com as
migrações em massa.
Porém os críticos afirmam que o hibridismo leva a indeterminação, a falta de identificação
plena com uma cultura (e possível sensação de não pertencimento, vide o caso do autor
Rushdie citado ao longo do texto), e que a mistura de cultura levaria a destruição de ambas.
Ao longo do texto, é abordado sobre a tentativa frustrada de novas nações de criar culturas
homogêneas (o que por si só é surreal), mas encontrando dificuldades com as minorias étnicas
de seus territórios.
Pensamentos contrários a tendência do hibridismo levaram ao ressurgimento do
nacionalismo, principalmente étnico, e o crescimento do fundamentalismo e ortodoxia
religiosa. Hall utiliza a Revolução Iraniana como exemplo prático desse fenômeno, onde ela foi
tida como uma resposta a tentativa do governante de adotar valores culturais ocidentais.
Tanto pensadores liberais como marxistas acreditavam que o nacionalismo e etnia seriam
dissolvidos pela modernidade e a tendência de homogeneização global, ou seriam substituídos
por identidades hibridas.
Logo, ao final do capítulo, Hall conclui que o hibridismo, integração regional
inevitavelmente servem como catalisadores do nacionalismo e ortodoxia religiosa. E que
valores cosmopolitas não apagam o nacionalismo e tradição, pelo contrário, eles de certa forma
os retroalimentam. E que na verdade a globalização pode fazer parte do processo de
descentramento do ocidente.

Você também pode gostar