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2019
São Paulo
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da, sejam quais forem os meios empregados, sem a permissão, por escrito, das
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106 e 107 da Lei no 9.610, de 19 de fevereiro de 1998.
ISBN: 978-65-900623-0-7
19-25977 CDD-610.736
NLM-WY-161
vii
ix
xi
xii
xiii
xiv
xv
xvii
11 Fórmulas e Cálculos...............................................87
Considerações Finais..............................................91
Referências............................................................95
xx
xxi
K Potássio
LI Lesão por inalação
Mg Magnésio
O2 Oxigênio
P Fósforo
PAV Pneumonia associada à ventilação
PA/C Pressão assisto controlada
PC Pressão controlada
PEEP Pressão positiva expiratória final
PSV Pressão de suporte ventilatório
RNC Rebaixamento do nível de consciência
SCQ Superfície corporal queimada
SDRA Síndrome do desconforto respiratório agudo
SIMV Ventilação sincronizada mandatória
intermitente
TC Tomografia computadorizada
TQT Traqueostomia
TRE Teste de respiração espontânea
UTI Unidade de tratamento intensivo
VA/C Volume assisto controlado
VC Volume controlado
VDR Ventilação difusiva volumétrica
Ve Volume minuto
VILI Lesão pulmonar induzida pela ventilação
VM Ventilação mecânica
VMI Ventilação mecânica invasiva
VMNI Ventilação mecânica não invasiva
≥ maior ou igual
≤ menor ou igual
= igual
- subtração
+ adição
x multiplicação
/ divisão
% porcentagem
Sugestão
Usou-se o termo para evidência fraca, ou seja,
baseada em estudos observacionais, casos
controle, série de casos e ou experiência de
especialistas para orientação do suporte ven-
tilatório de maneira eficaz e segura, evitando-
-se os possíveis efeitos deletérios associados
ao suporte ventilatório não adequado.
Recomendação
Usou-se o termo para se referir a nível de evi-
dência forte, com base em estudos randomi-
zados e metanálises.
INTRODUÇÃO
A lesão por inalação de fumaça (LI) se refe-
re a danos nas porções condutoras do sistema
respiratório ou parênquima pulmonar por ca-
lor ou agentes químicos transportados para as
vias aéreas durante a respiração em ambientes
fechados com presença de fumaça. Juntamen-
te com a superfície corporal total queimada
(SCQ) e a idade, a LI é uma das três caracte-
rísticas mais associadas à mortalidade após a
queimadura.1
A LI pode ocorrer em conjunto com quei-
maduras cutâneas ou isoladamente. A gravida-
de da lesão varia dependendo da composição
química do agente inalado, da intensidade da
exposição e das comorbidades pré-existentes.
É classificada em lesão térmica direta, dano
tecidual devido à inalação de irritantes quími-
cos e efeitos sistêmicos das toxinas inaladas.
A via aérea superior serve como um eficien-
te trocador de calor que protege as estruturas
inferiores dos extremos de temperatura. O
fechamento laríngeo reflexo também protege
CAPÍTULO
Quadro 1.1 Impactos da lesão por inalação de fumaça.
Aumento da mortalidade
Pneumonias
DIAGNÓSTICO
No contexto clínico, o diagnóstico da LI é relati-
vamente subjetivo, baseado em história e exame físico,
confirmado por broncoscopia. Uma das razões para
dificuldade do diagnóstico precoce é que grande parte
da função pulmonar prejudicada após a LI resulta da
obstrução de pequenas vias aéreas e de uma resposta
inflamatória à lesão direta inicial. Essas mudanças se de-
senvolvem ao longo de um período de dias após a lesão.
Além disso, a insuficiência respiratória progressiva nem
sempre é proporcional à intensidade da exposição à fu-
maça.9 Os pacientes que sofrem apenas lesão cutânea
também podem ter a função pulmonar comprometida,
devido aos efeitos sistêmicos da resposta inflamatória
às queimaduras.6 Assim, não é incomum observar com-
plicações pulmonares em queimaduras por escaldo,
sólidos ou chamas mesmo quando a inalação de gases
quentes ou tóxicos não ocorreu10, isso dificulta determi-
nar qual componente da insuficiência respiratória é de-
vido à LI e qual componente é um efeito da inflamação
sistêmica associada a grandes queimaduras cutâneas.
Inicialmente, os pacientes com LI podem ter tro-
cas gasosas relativamente normais na avaliação da ga-
sometria arterial, e a radiografia de tórax é inicialmente
normal11. Na ausência de desconforto respiratório, é
importante reconhecer características da história e do
exame físico que revelem fatores de risco para LI. As tro-
cas gasosas e a radiografia de tórax normais na admissão
não excluem a LI. O diagnóstico precoce é importante
para reconhecer o grau de comprometimento das vias
aéreas, gerenciar a reposição volêmica e reconhecer a to-
xicidade sistêmica que pode levar a comprometimento
4 neurológico permanente se não for tratada.12
CAPÍTULO
incluem informações sobre o mecanismo da lesão e
o tempo de exposição. Incêndios em ambientes fe-
chados, ferimentos por explosão que podem inibir o
fechamento rápido da glote e possibilitar o alcance de
gases quentes além da laringe, queimaduras por vapor
que podem não apenas queimar as vias aéreas supe-
riores, mas transportar calor para estruturas abaixo da
laringe e exposição a fumaça tóxica, como ocorre em
alguns acidentes industriais sugerem a presença de LI.
Informações sobre a fonte de combustão possibilitam
a identificação de agentes químicos específicos, assim
como a história fornece informações sobre o tempo e
intensidade da exposição. Quando a vítima fica presa
em espaço fechado, com presença de gases tóxicos
e inconsciente a intensidade da exposição é maior,
bem como a gravidade da lesão.13
Deve-se atentar a relatos de queimaduras devido à in-
gestão de líquidos quentes. Embora os pacientes possam
parecer inicialmente assintomáticos, a queimadura oro-
faríngea pode levar a oclusão tardia total (8 horas após o
trauma) das vias aéreas. A laringe deve ser examinada em
busca de evidências de comprometimento em todos os
pacientes que apresentam história de escaldo intraoral.14
O exame físico pode revelar fatores de risco adi-
cionais para LI como a presença de queimaduras na
face, sobrancelhas ou vibrissas chamuscadas. Quando
gases quentes o suficiente para queimar tecidos estão
próximos das vias aéreas, estruturas orofaríngeas ou
nasofaríngeas também podem ter sofrido queimaduras.
Presença de fuligem na face, cavidade oral e no escarro
sugerem fortemente a inalação de fumaça e suas com-
plicações. O exame físico pode revelar sinais e sintomas
como estridor, rouquidão, incapacidade de deglutir a
saliva e disfagia, que são evidências clássicas de lesão
térmica da orofaringe. A presença desses achados, en-
tretanto, nem sempre indica que a intubação orotraque- 5
CAPÍTULO
ças pré-existentes com grandes lesões cutâneas podem
desenvolver complicações pulmonares e necessitar de
ventilação mecânica (VM),10 o exame broncoscópico
desses pacientes pode revelar alterações inflamatórias
características da inalação de fumaça, pois há necessi-
dade de maior reposição volêmica.18
Estudos com radionucleotídeos representam uma
ferramenta adicional que tem sido usada para fornecer
evidências de lesão pulmonar distal. O xenônio-133 ad-
ministrado por via intravenosa é excretado pelos pul-
mões e exalado. Depuração tardia do xenônio-133 é um
indicador sensível de lesão por inalação. A cintilogra-
fia pulmonar com inalação de tecnécio-99 em aerossol
também tem sido usada para identificar áreas de lesão
pulmonar em pacientes com disfunção respiratória após
a inalação de fumaça. A depuração tardia e a distribui-
ção pulmonar não homogênea da radioatividade são
evidência de lesão.19 Estes exames são indicadores sen-
síveis de LI, mas a interpretação pode ser confundida
com doença pulmonar preexistente, e pode ser difícil
realiza-los em pacientes gravemente queimados, além
da indisponibilidade em todos serviços de saúde.
Outro recurso é a tomografia computadorizada (TC)
torácica que pode revelar diferenças regionais e altera-
ções estruturais que comprometem a função pulmonar,
como atelectasia, consolidação e fibrose, mais efetiva-
mente do que as radiografias de tórax, para acompanha-
mento da LI.19
FISIOPATOLOGIA
Partículas de fumaça, com agentes tóxicos, são de-
positadas nas vias aéreas. As secreções aquosas do sis-
tema respiratório dissolvem esses agentes e a mucosa
respiratória é acometida por soluções tóxicas concen-
tradas. A resposta inicial a esse acometimento é a lesão 7
CAPÍTULO
perfundidos porque a hipóxia alveolar causa vasocons-
trição pulmonar. O óxido nítrico liberado causa uma
perda da vasoconstrição pulmonar hipóxica, levando
à perfusão de alvéolos não ventilados e, consequente-
mente, à queda da saturação arterial de oxigênio.21
TRATAMENTO
Atualmente, não há intervenções terapêuticas espe-
cíficas para LI, no entanto, se houver suspeita de to-
xicidade sistêmica por CO ou HCN, há intervenções
recomendadas. Quando a ventilação mecânica invasi-
va (VMI) é necessária, medidas devem ser tomadas
para minimizar a VILI. Vigilância infecciosa criteriosa
deve ser iniciada para permitir o reconhecimento preco-
ce e o tratamento da infecção pulmonar.23
O tratamento das lesões cutâneas deve ser realizado
visto o risco de complicações pulmonares adicionais. A
história, juntamente com um exame físico rápido, pode
identificar vítimas com risco de LI, bem como insuficiên-
cia respiratória e outras indicações de intervenção precoce.
A avaliação das vias aéreas deve ser priorizada e identifica-
das as indicações para IOT precoce e até mesmo profilática
em vítimas de queimaduras graves24 (Quadro 1.2).
Falência respiratória
Instabilidade hemodinâmica
IOT: intubação orotraqueal; CO: monóxido de carbono; HCN: hidrocianeto
9
CAPÍTULO
tubação imediata devem ser observados e reavaliados.12
A atenção à condução das vias aéreas após grandes
queimaduras deve ser minuciosa (Figura 1.1).
% de carboxi- Sintomas
hemoglobina
0-10 Nenhum
CAPÍTULO
acelera a eliminação do CO, assim a suplementação de
O2 por máscara facial é indicada, em casos mais graves
com níveis de carboxihemoglobina maiores que 15%, é
necessário fornecer O2 a 100% através de máscara com
reservatório não reinalante, ou na presença de instabi-
lidade hemodinâmica e insuficiência respiratória aguda
(Quadro 1.5) proceder a IOT. É importante salientar
que durante a coleta da história e atendimento inicial
o paciente com suspeita de LI já deve estar receben-
do suplementação de 02 com máscara de reservatório a
100%, conduta que acelera a eliminação de CO.27
CAPÍTULO
administração de heparina e acetilcisteína em aerossol
pode ser uma alternativa para interromper este processo
e retardar a formação de fibrina e secreções mucosas.31
Idosos
Obesos
CAPÍTULO
circunstâncias, é difícil fornecer ventilação adequada
com volumes correntes menores que 7 mL/kg35 e a hi-
percapnia permissiva é considerada uma técnica segura
para auxiliar na limitação das pressões das vias aéreas
em pacientes queimados, permitindo que pressões de
vias aéreas mais baixas e menores volumes correntes
(Vt) sejam usados para manter pH entre 7,2 a 7,25.36
A titulação da pressão expiratória final positiva
(PEEP) usando a curva pressão-volume ajuda a man-
ter a permeabilidade alveolar e reduz o trauma causa-
do pelas forças de cisalhamento. O ponto de inflexão
inferior da curva pressão-volume é a pressão das vias
aéreas abaixo da qual os alvéolos colapsam, assim como
na margem acima do ponto de inflexão superior ocorre
distensão alveolar (Figura 1.2).
3000 Hiperdistensão
2500
2000
Zona
Volume (mL)
“segura”
1500
1000
500
Atelectasia Ponto de inflexão inferior
0
0 10 20 30 40 0
Pressão (cmH2O)
18
CAPÍTULO
Considerações
A LI tem grande impacto na mortalidade e quan-
do não fatal leva a alterações a longo prazo na fun-
ção pulmonar que podem ocorrer nos meses e anos
seguintes a lesão, tanto pelos gases inalados, quan-
to pela infecção subsequente, SDRA e os efeitos da
VILI. O tempo prolongado de internação e restrição
no leito comprometem a força muscular, os volumes
e as capacidades pulmonares, fatores que diminuem a
complacência pulmonar e da parede torácica. Danos à
laringe por toxinas inaladas, lesão térmica, e traumas
causados pela IOT são comuns e podem resultar em
rouquidão persistente, disfonia e intolerância ao exer-
cício devido à dispneia aos esforços.38
O reconhecimento precoce e tratamento adequa-
do da LI são determinantes para sobrevida com quali-
dade das vítimas de queimaduras.
19
21
IOT eletiva
É caracterizada quando não há sinais iminentes de
falência nos mecanismos de proteção de vias aéreas, de
ventilação e oxigenação, podendo ser escolhido o me-
lhor método de acordo com o paciente. No paciente
queimado é realizada previamente aos procedimentos
cirúrgicos de desbridamento e enxertia. É recomenda-
do preparar o paciente adequadamente para IOT, por
meio de pré-oxigenação, monitorização e posiciona-
mento adequado durante o procedimento, visando
uma laringoscopia ótima. Utilizar preferencialmente o
laringoscópio de lâmina curva de número apropriado.
O laringoscópio de lâmina reta pode ser usado para ex-
posição da laringe em IOT difíceis.40
IOT emergencial
Sugere-se utilizar a técnica de IOT com sequência
rápida para reduzir o risco de aspiração de conteúdo
gástrico. Nessa técnica, o médico deve posicionar
o tubo orotraqueal no menor tempo possível, após a
perda da consciência. Utilizar agentes hipnóticos (pro-
pofol, etomidato, cetamina ou tiopental), opióides (fen-
tanil, alfentanil ou remifentanil) e BNM (rocurônio ou
succinilcolina). A manobra de Sellick (compressão da
cricóide) pode ser utilizada durante o procedimento.40
Queimaduras extensas e de espessura total de face e
pescoço dificultam a IOT que pode necessitar ser guiada
por fibrobroncoscópio flexível. O edema de vias aéreas
intenso nos casos de inalação de gases tóxicos pode im-
possibilitar a IOT e exigir cricotireoidostomia emergen-
cial.16 A Figura 2.1 sugere critérios para IOT no paciente
22 queimado.
CAPÍTULO
Figura 2.1 Critérios para IOT nos pacientes queimados.
23
24
25
CAPÍTULO
cuidados com o paciente traqueostomizado e protoco-
los institucionais podem ser desenvolvidos para unifor-
mizar este cuidado, como sugerido na Figura 3.1.
Unidade (UTI/enfermaria):....................................................................
Data adimissão: _____/_____/_____
Data da TQT: _____/_____/_____
Motivo da TQT:......................................................................................
Especificações da cânula:
Plástica com cuff no:.......................................................................
Plástica sem cuff no:.......................................................................
Metálica no:.....................................................................................
Pressão de cuff:
07:00: ..................cmH2O
13:00: ..................cmH2O
19:00: ..................cmH2O
23:00: ..................cmH2O
Suporte de O2 ..............%
Umidificação:
Filtro
Umidificador água destilada
Aparência do estoma:
Sem alterações
Hiperemiado
Ulcerado
Escoriado
Úmido com saída de secreção peritraqueal
Troca de curativo:
Sim (especificar)............................................................................
Não
Avaliação fonoaudiológica:
Sim (especificar recomendação)....................................................
Não (justificar)...............................................................................
27
Figura 3.1 Check list de cuidados com paciente traqueostomizado.
29
Assisto-controlados
Nestes modos, cada respiração é assistida pelo ven-
tilador e uma taxa de controle de segurança é definida.
O Vt, o fluxo inspiratório, a forma de onda do fluxo e
a sensibilidade são definidos. As vantagens incluem a
segurança da ventilação controlada com a possibilidade
de sincronizar o padrão respiratório do paciente, as des-
vantagens incluem:44
CAPÍTULO
sar alcalose respiratória;
Pode agravar o aprisionamento aéreo em pacien-
tes com doença pulmonar obstrutiva crônica
(DPOC).
Espontâneos
Exigem maior independência entre o paciente e o
ventilador, é caracterizado pelo controle por parte do
paciente da FR total, e ofertado pelo ventilador FiO2
e pressurização do sistema respiratório. A pressuriza-
ção pode ser ofertada em um (continuous positive airway
pressure – CPAP) ou dois (PEEP + pressão inspiratória -
BIPAP) níveis de pressão. No modo BIPAP além da PEEP
e pressão inspiratória devem ser ajustados a sensibilida-
de, o disparo e FiO2. No modo CPAP o paciente respira
espontaneamente com suporte de PEEP.44
Vantagem:
O paciente é capaz de realizar respirações es-
pontâneas com a segurança de um Vt garantido
pelos ciclos mandatórios;
Desvantagens:
Hiperventilação e alcalose respiratória.
Assincronias paciente/ventilador. 31
Modalidades
Pressão Controlada (Pc)
Nesta modalidade, todas as respirações são inicia-
das pelo tempo pré-estabelecido, limitadas por pressão
e cicladas a tempo. O tempo inspiratório e a pressão são
definidos pelo operador. O Vt é baseado na complacên-
cia, resistência pulmonar e na pressão predefinida.45
Pressão Assisto Controlada (PA/C)
O disparo ocorre quando se alcança a pressão ajus-
tada pela sensibilidade e a ciclagem de acordo com o
tempo inspiratório determinado pelo operador. O Vt é
dependente das características elásticas e resistivas do
pulmão.45
Volume Controlado (VC)
O disparo é dependente do tempo pré-estabelecido
e a ciclagem acontece quando se alcança o volume de-
terminado.46
Volume Assisto-Controlado (VA/C)
O disparo é dependente da pressão e a ciclagem
ocorre quando se alcança o volume determinado.46
Pressão de Suporte (PSV)
Modalidade de ventilação disparada por pressão e
ciclada a fluxo, no qual cada respiração é iniciada pelo
paciente. É usado durante períodos de estabilidade e
também no desmame ventilatório. Deve-se realizar ajus-
te da ventilação de respaldo, caso o paciente deixe de
realizar respirações espontâneas.47
Vantagens:
Confortável para a maioria dos pacientes com
sedação superficial;
O suporte pressórico reduz o trabalho respirató-
rio (supera a resistência das vias aéreas causada
32 pela cânula traqueal e espaço morto);
CAPÍTULO
balho do diafragma;
Evita assincronias.
Desvantagens:
O Vt não é controlado e depende da mecânica
respiratória;
Quando a ventilação de respaldo não é ajustada
pode ocorrer hipoventilação, acidose respirató-
ria e suas complicações.
CAPÍTULO
necessário o ajuste dos seguintes parâmetros ventilató-
rios: Vt, FR, pressão platô, relação inspiração/expiração
(I:E), fluxo, PEEP e FiO2.
Volume Corrente (Vt)
Nas modalidades cicladas a volume, um Vt é ajus-
tado para adequada troca gasosa e conforto do paciente.
O Vt ajustado para pacientes queimados normalmente
varia entre 6 e 8 mL/kg de peso corporal predito. Fa-
tores, como complacência pulmonar e torácica, resis-
tência, oxigenação, ventilação e barotrauma devem ser
considerados ao ajustar o Vt. É importante evitar a hi-
perdistensão limitando o pico de pressão até 35 cmH20
para diminuir a ocorrência de VILI.53
Doenças intersticiais graves como pneumonia e
SDRA podem exigir Vt maior que 8 mL/kg para melho-
rar as trocas gasosas em casos de arresponsividade às
estratégias de ventilação protetora.53
Frequência respiratória
A definição da FR depende do modo de ventilação
selecionado, do volume minuto (Ve) desejado, da de-
manda metabólica e dos níveis de PCO2 individuais. A
maioria dos pacientes clinicamente estáveis necessita de
8 a 12 incursões por minuto (ipm)60. Avaliar a gasome-
tria arterial auxilia na definição da FR, deve-se atentar
para que a necessidade de FR elevadas não gerem auto-
-PEEP.54 Figura 4.1.
Fluxo
A seleção do pico de fluxo inspiratório durante a
ventilação a volume é determinada principalmente pelo
nível de esforço inspiratório espontâneo. Em pacientes
que mantem drive respiratório com altos volumes, o es-
forço do paciente, o trabalho respiratório e a sincronia
paciente/ventilador dependem da seleção do pico do 35
Fluxo (L/min)
Inspiração
Tempo (seg)
Aprisionamento
Auto-PEEP
Expiração
CAPÍTULO
a hiperinsuflação, são tolerados em pacientes com obs-
trução grave das vias aéreas.55
PEEP
Utilizada para recrutar volumes pulmonares, elevar
a pressão média das vias aéreas e melhorar a oxigenação.
A PEEP utilizada pode variar de acordo com as caracte-
rísticas elásticas e resistivas pulmonares e também com
o estágio da doença aguda. Os níveis de PEEP iniciam
em 5 cmH2O e podem ser incrementados, o que auxilia
a oxigenação e permite porcentagens menores de FiO2.
O uso da curva pressão-volume para titular a PEEP tem
sido recomendado. O uso da PEEP ideal resulta na es-
tabilização alveolar, melhora a oxigenação arterial, pe-
quena alteração no débito cardíaco e nas diferenças do
conteúdo de oxigênio arteriovenoso.56
FIO2
Imediatamente após a IOT o paciente deve ser aco-
plado ao ventilador e receber uma concentração de
oxigênio de 100%. A concentração deve ser sistemati-
camente diminuída com base nos valores gasométricos.
Para evitar os efeitos deletérios da alta concentração de
oxigênio na lesão pulmonar, a menor FiO2 de acordo
com as necessidades deve ser instituída rapidamente.56
37
39
100
Fluxo (l/min)
50
0 Zero: 0
–50
–100
100
50 Fluxo (l/min)
0 Zero: 0
–50
–100
CAPÍTULO
1.000 *autodisparo Vol. (mL)
500
0
Vazamento
120
60 Fluxo (l/min)
0 Zero: 0
–60
–120
41
Fluxo (l/min)
120 Zero: 0
60
0
–60
–120
75 Fluxo (l/min)
52 Zero: 0
50%
29 25%
10%
6
–17
96 Fluxo (l/min)
56 Zero: 0
50% 25%
16 10%
–24
–64
42
CAPÍTULO
1000 Volume (l/min)
500
0
VCV PCV
43
Vt: volume corrente; BNM: bloqueador neuromuscular; SDRA: síndrome do desconforto respiratório
44 agudo.
CAPÍTULO
Quadro 5.1 Assincronias, causas e estratégias para reversão.
47
CAPÍTULO
maior do que em qualquer outra população de pacien-
tes ventilados e uma das estratégias para prevenção é
diminuir o tempo de VMI.67 A IOT e a VMI são usadas
no tratamento para insuficiência respiratória instalada
ou iminente em pacientes com queimaduras graves. De
fato, mais de 3/4 das vítimas de grandes queimaduras
requerem alguma forma de suporte respiratório. Além
da PAV, existem complicações potenciais inerentes à IOT
e VMI: durante o processo de IOT, até 20% dos pacien-
tes sofrem hipoxemia, 10% hipotensão, 7% intubação
esofágica e 6% bronco aspiração. Outras complicações
incluem lesão nos dentes, disfunção tardia da degluti-
ção, disfonia e estenose traqueal e, ainda, as aspirações
frequentes podem causar trauma laríngeo.68
A IOT de emergência no local do incêndio, tem alto
risco de complicações e deve ser evitada sempre que
possível. Características clínicas, história e exame físi-
co que evidenciam vibrissas chamuscadas, incêndio em
ambientes fechados e queimaduras faciais indicam rigo-
rosa avaliação e monitorização, mas nem sempre IOT.
Já a presença adicional de estridor laríngeo, voz rouca e
disfagia podem evidenciar sua necessidade.69
Os benefícios da VMNI são frequentemente descri-
tos para evitar a reintubação (em > 50%) após a exacer-
bação da DPOC, com diminuição do tempo internação
e da mortalidade. Reconhecidos estes benefícios, a
VMNI também é utilizada na insuficiência respiratória
reversível aguda num amplo perfil de pacientes, no en-
tanto, nos pacientes com queimaduras é pouco utiliza-
da, mas, se bem indicada pode ser eficaz também para
esta população.65
Há muitos benefícios em evitar a IOT no paciente
queimado. Os pacientes não intubados mantêm uma
melhor higiene bucal e função intestinal devido a in-
gesta oral, se comunicam melhor e requerem sedação
mínima. Estes aspectos devem ser observados devido as 49
Melhor comunicação
50
CAPÍTULO
selecionados que preencham os critérios para seu uso. O
uso inapropriado de VMNI em pacientes com queima-
duras pode ser catastrófico. Esta população de pacientes
já está em maior risco de instabilidade hemodinâmica
e infecção respiratória, além disso, deve-se atentar aos
níveis de sedação e analgesia que podem limitar o uso
da VMNI.
Os pacientes queimados que necessitaram de IOT
devem ser extubados o mais precoce possível e ava-
liados quanto a indicação de VMNI. Esta prática pode
diminuir o desconforto do paciente, a necessidade de
sedação, a permanência na UTI, a morbidade, o custo
do tratamento e a mortalidade.
Frente a queimaduras, é racional considerar a VMNI
profilática para pacientes de risco (Quadro 6.7) que es-
tejam recebendo reposição volêmica e que não estão in-
cluídos nas contraindicações para VMNI. Claramente,
isso representa uma mudança cultural no tratamento do
paciente queimado, onde a IOT precoce era prioriza-
da. Deve-se garantir que esses pacientes estejam em um
ambiente de alta assistência, acordados e cooperativos
para a realização de VMNI. RNC e instabilidade hemo-
dinâmica podem justificar a IOT e VMI.71
Níveis baixos de PEEP devem ser usados inicial-
mente e incrementados de acordo com avaliação. Assim
que o paciente estiver confortável, a interface deve ser
fixada e ajustada para minimizar o trabalho respiratório.
Monitorar oximetria de pulso, qualidade e frequência
das respirações, pressão arterial, frequência cardíaca
e solicitar gasometria arterial após a terapia é funda-
mental para determinar o sucesso ou falha da VMNI70
(Quadro 6.4). Pacientes que não apresentam melhora e
aqueles que tem piora clínica devem ser imediatamente
intubados e ventilados mecanicamente.
51
CAPÍTULO
6
53
25/09/2019 09:18:58
Ventilação Mecânica no Paciente Queimado Recomendações e Sugestões
VNMI: ventilação mecânica não invasiva; FR: frequência cardíaca; Vt: volume
corrente. IOT: Intubação Orotraqueal.
Figura 6.1 Indicação de VMNI em pacientes queimados.
54
55
CAPÍTULO
tes com trauma torácico grave, com insuficiên-
cia respiratória e contraindicações a VMNI.
Inicialmente, utilizar modo de ventilação assis-
tido-controlada, ciclada a volume (VA/C) ou à
pressão (PA/C), no trauma torácico com insufi-
ciência respiratória grave.
Independente da modalidade escolhida, pa-
cientes com trauma torácico devem ser venti-
lados inicialmente com Vt de 6mL/kg de peso
predito, FR entre 16 a 20 ipm, FiO2 suficiente
para manter uma SpO2 > 92% e PEEP entre 5 e
10 cmH2O.
Nos casos de fístula broncopleural de alto dé-
bito, utilizar modo PCV, que compensa o vaza-
mento. Outra opção é o uso da HFV, onde há
recurso e pessoal especializado.
Recomendações75-77
Considerar todo paciente obeso como potencial
via aérea difícil e preparar infraestrutura para essa
condição. 57
Sugestões
Adotar a posição de Trendelemburg reverso du-
rante a ventilação. O objetivo é melhorar a PaO2,
a complacência estática do sistema respiratório
e o débito cardíaco, além de reduzir a formação
de atelectasias.
Evitar a posição supina, em virtude da redução
da capacidade residual funcional, do débito car-
díaco e pelo aumento do trabalho respiratório.
Na possibilidade da realização, sugere-se adotar
a posição beach chair.
Utilizar VMNI em casos de insuficiência respira-
tória hipercápnica com os cuidados pertinentes
à técnica. A utilização em pacientes com IMC ≥
45kg/m2 deve ser realizada com mais cuidado,
em virtude do maior risco de falha nesse grupo.
Na VMI, não há superioridade entre os modos.
Sugere-se inicialmente usar modo A/C à pressão
ou volume.
Realizar a monitorização da mecânica respirató-
ria. A monitorização da pressão intra-abdominal
deve ser avaliada em casos de aumento dos ní-
veis de PaCO2 e/ou aumento das pressões nas
vias aéreas, que não possa ser justificado por
causas pulmonares.
O uso da PEEP tem o objetivo de aumentar a
capacidade residual funcional, prevenir a for-
mação de atelectasias e reduzir o risco de VILI.
58 Utilizar níveis de PEEP ≥10 cmH2O.
CAPÍTULO
-se subir a pressão platô até um máximo de
40 cmH2O, mantendo-se uma drinving pressure
≤15cmH2O, necessariamente.
Recomendações78-81
Alcançar SpO2 ≥ 94%, por meio da menor FiO2.
A VMNI em um ou dois níveis de pressão é se-
gura, e ambas as modalidades (CPAP ou BIPAP)
têm efeitos semelhantes e são eficazes em pre-
venir a IOT. Devem ser aplicadas como forma
de suporte ventilatório durante edema agudo
pulmonar (EAP).
Usar estratégia protetora.
O uso da PEEP é seguro no paciente cardiopa-
ta, com a devida monitorização e os cuidados
apropriados.
A retirada da VMI no paciente cardiopata segue
as recomendações do paciente não cardiopata.
O uso de VMNI deve ser priorizado para facilitar
o processo de desmame, devendo ser aplicada
imediatamente após à extubação.
Balanço hídrico positivo deve ser evitado no pa-
ciente cardiopata em VM sem instabilidade he-
modinâmica. No paciente cardiopata queimado
deve-se ter especial atenção às perdas insensíveis.
Não se recomenda a opção por uma modalidade
ventilatória em detrimento da outra no paciente
cardiopata. 59
Sugestões
A monitorização do débito cardíaco e a men-
suração do volume extravascular pulmonar são
sugeridos no paciente cardiopata portador de
SDRA em VMI, com o objetivo da adequação
volêmica e otimização hemodinâmica.
A monitorização do débito cardíaco no paciente
cardiopata pode ser realizada por meio do cate-
ter de artéria pulmonar ou de maneira não inva-
siva, por meio do contorno do pulso.
Níveis elevados de peptídeo natriurético cere-
bral (BNP) durante o desmame ventilatório no
cardiopata têm acurácia para predizer falha de
desmame.
Nos pacientes sob uso de inotrópico, pode-se
manter o uso até após a extubação.
Recomendações
Utilizar Vt de 6 mL/kg de peso predito, na mo-
dalidade VA/C ou PA/C.
Usar PEEP durante anestesia geral, por associar-
-se à melhora da oxigenação e à prevenção da
formação de atelectasias.
Na indução anestésica, utilizar FiO2 de 100%,
para assegurar oxigenação adequada para a re-
alização da IOT. Recomendam-se FiO2 necessá-
rias para manutenção da SpO2 > 94%.
A retirada da VMI deve ser gradual, podendo ser
utilizada PSV. A VMNI é recurso importante, que
60 deve ser usado imediatamente após a extubação.
CAPÍTULO
otimização da função pulmonar pós-operatória.
Recomendações82-87
Considerar VMI quando houver contraindicação
para VMNI ou quando houver falha no seu uso. Otimi-
zar o tratamento medicamentoso.
Promover repouso da musculatura respiratória, me-
lhora dos distúrbios agudos da troca gasosa, redução
da hiperinsuflação pulmonar e otimização da sincronia
paciente ventilador.
No modo PA/C, recomenda-se ajuste do menor valor
de drinving pressure. Deve-se manter uma relação I:E em
valores inferiores a 1:3, com o mínimo de auto-PEEP.
Sugestões
Na IOT, sugere-se utilizar cânulas com maior
diâmetro possível, idealmente superior a 8 mm,
para reduzir a resistência das vias aéreas e facili-
tar a remoção das secreções.
Utilizar qualquer um dos modos ventilatórios
na abordagem inicial da exacerbação da DPOC,
desde que haja monitorização adequada e fami-
liaridade da equipe com o mesmo.
Ajustar a FiO2 com base na gasometria arterial e
na oximetria de pulso utilizando a menor FiO2
que mantenha a SPO2 entre 92 a 95% e PaO2
entre 65 a 80 mmHg.
Utilizar Vt baixos, de 6 mL/kg do peso predito.
Nos modos PCV, PA/C e PSV monitorizar exces-
sos de Vt que podem ocorrer com valores baixos
de pressão. 61
CAPÍTULO
Deve-se realizar a monitorização da mecânica
respiratória e da hiperinsuflação pulmonar na
exacerbação da DPOC. Os principais parâme-
tros a serem monitorizados são: pressão platô,
pressão de pico, auto-PEEP, resistência das vias
aéreas e as curvas: fluxo × tempo, volume ×
tempo e pressão × tempo. Em broncoespasmos
graves, pressão de pico de até 45 cmH2O pode
ser tolerada, desde que esteja acompanhada de
pressão platô abaixo de 30 cmH2O.
Pacientes com DPOC geralmente apresentam
maior dificuldade para adequada interação pa-
ciente/ventilador. Desse modo, sugere-se utilizar
modos que promovam um melhor conforto do
paciente e sua monitorização. Ventilação com
PSV é um modo ventilatório útil, quando bem
ajustada. Cuidado especial deve se ter com va-
lores elevados de pressão de suporte que podem
dificultar ciclagem e piorar a interação paciente/
ventilador, aumentando a auto-PEEP.
Pacientes com DPOC apresentam menor de-
saceleração do fluxo inspiratório, podendo ter
aumento do tempo inspiratório em PSV com a
sensibilidade expiratória habitual (25%). Nos
ventiladores que permitem o ajuste da ciclagem
da PSV (% de critério de ciclagem), sugere-se
ajustar a sensibilidade expiratória de ciclagem
para níveis mais elevados (40 a 60%), visando
diminuir o tempo inspiratório, o Vt e a chance
de assincronia.
Para redução do tempo inspiratório e conse-
quente prolongamento do tempo expiratório,
sugere-se o ajuste da aceleração do fluxo ins-
piratório (rise time) em valores mais elevados,
tendo cuidado em evitar a subida excessiva do
fluxo inspiratório (overshoot). 63
CAPÍTULO
PaCO2 entre 35 a 45 mmHg e PEEP suficiente
para garantir uma adequada troca gasosa, com
modo ventilatório VA/C ou PA/C. Assim que
possível usar modos espontâneos visando a re-
tirada da VMI.
Em pacientes com pneumonia unilateral e hipo-
xemia grave deve-se realizar troca de decúbito.
No entanto, é necessária vigilância intensa por-
que há risco de piora da oxigenação e de conta-
minação do pulmão contralateral.
Quando disponível, usar cânulas com cuff espe-
cialmente desenvolvido para evitar microaspira-
ção nos pacientes com previsão de VMI por pelo
menos 24 horas.
Interrupção diária da sedação.
Recomendações55,93, 94-103
No início (primeiras 48 a 72 horas) do ajuste
da VMI em pacientes com SDRA (todas as cate-
gorias de gravidade) são recomendados modos
controlados: volume controlado (VCV) ou pres-
são controlada (PCV).
Na SDRA leve o Vt deve ser ajustado em 6 mL/
kg, considerando-se peso predito.
65
Hipoxemia (PaO2/FiO2) 201-300 com PEEP 5 101-200 com PEEP 5 <100 com PEEP 5
Origem do edema Insuficiência respiratória não explicada por insuficiência cardíaca ou sobrecarga volêmica.
25/09/2019 09:18:58
Ventilação Mecânica em Pacientes Queimados com Comorbidades e/ou Complicações
7
Na SDRA moderada ou grave o Vt deve ser ajustado
CAPÍTULO
entre 3 a 6 mL/kg, considerando-se peso predito.
Para se obter o peso predito recomenda-se o uso
das seguintes fórmulas:
Homens: 50 + 0,91 × (altura em cm - 152,4)
Mulheres: 45,5 + 0,91 × (altura em cm - 152,4)
Usar a menor FiO2 possível para garantir SpO2 >
92% em todos as categorias de gravidade SDRA.
Manter pressão platô ≤ 30 cmH2O.
Manter driving-pressure ≤ 15 cmH2O para todas
as categorias de gravidade SDRA.
Iniciar com FR = 20 ipm e caso necessário au-
mentar até 35 ipm, desde que não ocasione
auto-PEEP, de acordo com a PaCO2 almejada
(manter abaixo de 80 mmHg). Em casos de
SDRA moderada ou grave, submetidos a estraté-
gia de hipercapnia permissiva com VC ≤ 6 mL/kg
de peso predito, a FR pode ser ajustada até 45
ipm, desde que não ocasione auto-PEEP.
Em casos de SDRA moderada e grave, quando a
PEEP usada for elevada (acima de 15 cmH2O),
pode-se tolerar pressão platô de no máximo
40 cmH2O, desde que a drinving pressure seja
mantida ≤ 15 cmH2O.
Sugestões
Evitar utilizar PEEP menor que 5 cmH2O em pa-
cientes com SDRA.
Evitar usar PEEP inferior aos valores da tabela
PEEP baixo/FIO2 nos casos de SDRA leve (Qua-
dro 7.2).
Em casos de SDRA moderada ou grave usar a
tabela PEEP alto/FIO2 (Quadro 7.3).
67
FIO2 30% 40% 40% 50% 50% 60% 70% 70% 70% 80% 90% 90% 90% 100%
PEEP 5 5 8 8 10 10 10 12 14 14 14 16 18 22-24
FIO2 30% 30% 40% 40% 50% 50% 50 - 80% 80% 90% 100%
25/09/2019 09:18:58
Ventilação Mecânica em Pacientes Queimados com Comorbidades e/ou Complicações
7
Titulação da Peep pela Complacência do
CAPÍTULO
Sistema Respiratório
Recomendações
Em paciente sedado, sem drive respirató-
rio ativo, fixar o Vt em 6 mL/kg de peso pre-
dito e aumentar a PEEP em alíquotas de 2 ou
3 cmH2O, aguardando três ventilações para
registrar a pressão platô. Anotar os valores em
uma tabela PEEP × complacência estática do
sistema respiratório, visando encontrar a PEEP
que proporcionou melhor complacência estáti-
ca. Fixar a PEEP 2 cmH2O acima deste ponto.
Quando encontrados dois valores melhores de
complacência estática iguais, considerar como a
PEEP ideal a de valor maior.
Bnm
Recomendações
Nos casos de SDRA com PaO2/FiO2 < 120 mmHg
sob sedação profunda recomenda-se utilizar
BNM nas primeiras 48 horas de suporte venti-
latório.
Posição Prona
Recomendações
Quando indicada (após PEEP titulada e na im-
possibilidade de estratégia protetora, com dri-
ving pressure > 15 cmH20, FR > 35 ipm e Ph <
7,20), realizar nas primeiras 48 horas de VMI.
Deve-se usar a posição prona em pacientes com
SDRA com PaO2/FiO2 < 150 por pelo menos
16 horas por sessão até que se atinja PaO2/FiO2
> 150.
69
Hipertensão intracraniana
Fratura pélvica ou de coluna
Hipertensão intra-abdominal (relativa)
Peritoneostomia
Gestação (relativa)
Tórax instável
Instabilidade hemodinâmica
Equipe inexperiente
CAPÍTULO
Colocar coxins na cintura pélvica e escapular
para alivio da compressão sobre o abdome.
Usar proteção para face, joelhos e ombros (pla-
cas hidrocolóides) quando houver pele íntegra.
Monitorizar eletrocardiograma no dorso.
Troca de posição da cabeça e braços a cada duas
horas.
Manter dieta enteral e observar volume residual.
Manter o posicionamento o tempo necessário
desde que não existam sinais atribuídos à posi-
ção prona, de lesão cutânea ou orgânica.
Monitorar resposta à rotação com SpO2. Se hou-
ver dessaturação abaixo de 90% mantida após
10 minutos da rotação, retornar para posição
supina.
Retornar a posição supina se parada cardiorres-
piratória, piora hemodinâmica grave, arritmias
malignas ou suspeita de deslocamento da pró-
tese ventilatória.
Sugere-se 3 a 5 profissionais treinados para rea-
lizar a posição prona
Coletar gasometria arterial após 1 hora de po-
sição prona. Considerar o paciente como res-
pondedor se a PaO2/FiO2 aumentar em 20% ou
PaO2 aumentar em 10 mm Hg.
71
COMPLICAÇÕES PULMONARES
AGUDAS NO PACIENTE QUEIMADO
As complicações pulmonares nos pacientes
queimados podem ocorrer na ausência de LI.
O grande desafio no tratamento das grandes
queimaduras é evitar a infecção. Como grandes
lesões térmicas induzem um estado de imunos-
supressão e as próprias feridas são expostas a
microrganismos antes da cobertura do enxerto
de pele, a mortalidade é frequentemente asso-
ciada às infecções. Após as infecções das feridas
cutâneas, a pneumonia nosocomial é a segunda
infecção mais prevalente nos pacientes quei-
mados.104 O desenvolvimento de pneumonia
ocorre por vários mecanismos, como descrito
no Quadro 8.1.
SCQ maiores que 20% causam choque,
manifestado pela diminuição do volume san-
guíneo circulante, diminuição do débito cardí-
aco e da perfusão. A reposição de volume para
tratar o choque é determinante no tratamento
73
Fator Mecanismo
Transfusões de Imunossupressão
hemocomponentes
IOT: intubação orotraqueal; LI: lesão por inalação; UTI: unidade de terapia intensiva; SDRA: síndrome
do desconforto respiratório agudo; VMI: ventilação mecânica invasiva.
CAPÍTULO
destes pacientes pode ser difícil, com prolongado tempo
de VMI e suas complicações.
A SDRA pode ocorrer quando há destruição celular
e migração de macrófagos alveolares, além da liberação
de fatores quimiostáticos que causam um recrutamen-
to maciço de leucócitos nos pulmões. A reação infla-
matória do parênquima pulmonar pode ser atribuída a
uma ativação dos leucócitos e à subsequente liberação
de mediadores, enzimas proteolíticas e formação de ra-
dicais livres. Estas enzimas e radicais livres destroem a
mucosa e aumentam a perfusão, e ocorre o extravasa-
mento capilar. O edema pulmonar intersticial que se
desenvolve faz com que o ocorra sequestro de fluídos
no espaço alveolar. Há formação de membranas hialinas
que promovem a formação de exsudato, como resultado
há comprometimento da troca gasosa.
Edema pulmonar não cardiogênico → Redução
da complacência → Formação de membranas hiali-
nas → Desenvolvimento de shunts arteriovenosos →
SDRA → Insuficiência pulmonar.
A SDRA culmina em insuficiência pulmonar devido
a perda da membrana alveolocapilar. Como efeito ne-
gativo dos mediadores nos pneumócitos tipo II, ocorre
deficiência de surfactante e colapso alveolar associado
com desenvolvimento de atelectasias.
Nas queimaduras envolvendo pescoço, tórax e re-
gião abdominal deve-se monitorizar a SpO2 com oxime-
tria de pulso, no entanto, a mensuração pode ser difícil
na presença de pele queimada, hipotermia e hipovole-
mia. A avaliação da simetria e expansibilidade torácica,
presença de estridor laríngeo e esforço respiratório deve
ser rigorosa e frequente. A escarotomia do pescoço deve
ser cogitada em casos de queimadura circular de espes-
sura total, especialmente na porção anterior. O edema
pós-queimadura, em combinação com uma escara rí-
gida, pode comprometer as vias aéreas. Queimaduras 75
76
77
78
Recomendações106-114
Os critérios para avaliação do desmame da
VM envolvem índices que avaliam a capacida-
de do paciente em manter a ventilação espon-
tânea. Em vítimas de LI, os índices tradicionais
muitas vezes não refletem o quadro clínico ver-
dadeiro, assim, quando não há sucesso no tes-
te de vazamento do cuff (cuff leak test) (Figura
10.1), uma criteriosa avaliação deve ser reali-
zada antes da extubação e o exame broncos-
cópico pode ser indicado para determinar se
o edema das vias aéreas diminuiu o suficiente.
Antes de uma extubação planejada, reco-
menda-se que o equipamento de reintubação
seja preparado, ainda, a presença de um mé-
dico, fisioterapeuta e enfermeiro é essencial. A
realização de um checklist pré extubação ofere-
ce segurança e prevenção de eventos adversos
na extubação dos pacientes queimados, como
sugerido no Figura 10.2.
79
80
CAPÍTULO
Causa da IOT resolvida
Estabilidade hemodinâmica sem necessidade de
vasopressores ou dosagens baixas e estáveis
Ausência de febre nas últimas 24h
Ausência de sedação que comprometa o estado mental
(GCS > 9)
Jejum prévio de 6h
Parâmetros mínimos de VMI em 24h (PSV 7 cmH20, PEEP
5-8 cmH2O)
Ausência de taquipneia e de uso de musculatura acessória.
Fio2 < 40% para Spo2 > 90%
Capacidade para tosse preservada
Valores gasométricos normais (considerar doenças crônicas
pré-existentes)
Radiografia de tórax sem alterações ou em resolução
Teste de vazamento do cuff (cuff leak test ) positivo
IOT: Intubação orotraqueal; GCS: glasgow coma scale; VMI: ventilação mecânica invasiva; PSV:
pressão de suporte ventilatório; PEEP: pressão positiva expiratória final;h: horas.
h: horas; GCS: glasgow coma scale; PSV: pressão de suporte ventilatório; PEEP: pressão positiva
expiratória final; IOT: Intubação orotraqueal; VM: ventilação mecânica.
CAPÍTULO
83
10
25/09/2019 09:18:59
Ventilação Mecânica no Paciente Queimado Recomendações e Sugestões
84
CAPÍTULO
85
10
25/09/2019 09:19:00
ese_Book.indb 86 25/09/2019 09:19:00
capítulo
11
Fórmulas e Cálculos
87
Ve desejado.117
Vt desejado.117
PaO2 ideal.117
CAPÍTULO
Pressão platô – PEEP
Ideal: ≤ 15 cmH2O
PEEP: pressão positiva expiratória final
89
1
Complicações que levem a insuficiência e falên-
cia respiratória são fatores que ampliam a gra-
vidade e diminuem a sobrevida das vítimas de
queimaduras. A avaliação inicial das vias aéreas
e função respiratória do paciente queimado é in-
dispensável. As lesões no sistema respiratório
são a principal causa de morte entre as vítimas
de incêndios.
2
Deve-se suspeitar de LI sempre que houver his-
tória de incêndio em ambiente fechado. O tempo
de permanência da vítima no local aumenta a
exposição a gases tóxicos e consequentemente
a gravidade da lesão.
3
Alteração no nível de consciência, presença de
fuligem na cavidade oral e escarro, queimadu-
ras de face com cabelos, cílios, sobrancelhas e
vibrissas chamuscados sugerem LI.
91
4
SpO2 e radiografia de tórax normais não excluem a presen-
ça de LI.
Na suspeita de LI deve-se administrar O2 à 100% nas pri-
meiras 6 horas do trauma.
5
Trauma térmico direto das vias aéreas exigem posiciona-
mento com cabeceira do leito elevada 45º.
6
As complicações pulmonares podem ocorrer na ausência
de LI por edema intersticial, infecções, SDRA, exacerbação
de doenças pré-existentes e sequelas pulmonares.
7
As alterações sistêmicas com intensa liberação de me-
diadores inflamatórios, lesão do parênquima pulmonar,
comprometimento da complacência da caixa torácica em
queimaduras profundas e aumento da demanda metabóli-
ca são algumas das situações que sugerem que as vítimas
de queimaduras constituem uma subpopulação única.
8
Até o momento, deve-se seguir as recomendações de VMI
para outras populações de pacientes críticos, assegurando
a estratégia protetora e desmame o mais precoce possível.
A VMNI é pouco utilizada em pacientes queimados, mas
o uso racional e respeito as contraindicações pode fazer
da técnica uma grande aliada para evitar a necessidade de
IOT prolongada, traqueostomia e suas complicações, além
de auxiliar na reabilitação dos volumes e capacidades pul-
monares.
92
CAPÍTULO
9
A educação e prevenção são a melhor maneira de tratar
as queimaduras e suas consequências devastadoras para a
vítima, seus familiares e sistema de saúde.
93
95
96
52. Fuller BM, Mohr NM, Drewry AM, et al. Lower tidal
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101
106