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MISTÉRIOS GOZOSOS

1. Anunciação

Segundo São Lucas:

Quando Isabel estava no sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por
Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem
prometida em casamento a um homem de nome José, da casa de Davi.
A virgem se chamava Maria. O anjo entrou onde ela estava e disse:
“Alegra-te, cheia de graça!- O Senhor está contigo”. Ela perturbou-se
com estas palavras e começou a pensar qual seria o significado da
saudação. O anjo, então, disse: “Não tenhas medo, Maria! Encontraste
graça junto a Deus. Conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o
nome de Jesus. Ele será grande; será chamado Filho do Altíssimo, e o
Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai. Ele reinará para
sempre sobre a descendência de Jacó, e o seu reino não terá fim”.
Maria, então, perguntou ao anjo: “Como acontecerá isso, se eu não
conheço homem?”. O anjo respondeu: “O Espírito Santo descerá
sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso,
aquele que vai nascer será chamado santo, Filho de Deus. Também
Isabel, tua parenta, concebeu um filho na sua velhice. Este já é o sexto
mês daquela que era chamada estéril, pois para Deus nada é
impossível”. Maria disse: “Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em
mim segundo a tua palavra”. E o anjo retirou-se de junto dela.
2. Visitação

Segundo São Lucas:

Naqueles dias, Maria partiu apressadamente para uma cidade de


Judá. Ela entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel
ouviu a saudação de Maria, a criança pulou de alegria em seu ventre,
e Isabel ficou repleta do Espírito Santo. Com voz forte, ela exclamou:
“Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!
Como mereço que a mãe do meu Senhor venha me visitar? Logo que
a tua saudação ressoou nos meus ouvidos, o menino pulou de alegria
no meu ventre. Feliz aquela que acreditou, pois o que lhe foi dito da
parte do Senhor será cumprido!”. Maria então disse: “A minha alma
engrandece o Senhor, e meu espírito se alegra em Deus, meu
Salvador, porque ele olhou para a humildade de sua serva. Todas as
gerações, de agora em diante, me chamarão feliz, porque o Poderoso
fez para mim coisas grandiosas. O seu nome é santo, e sua
misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que o
temem. Ele mostrou a força de seu braço: dispersou os que têm
planos orgulhosos no coração. Derrubou os poderosos de seus
tronos e exaltou os humildes. Encheu de bens os famintos, e mandou
embora os ricos de mãos vazias. Acolheu Israel, seu servo,
lembrando-se de sua misericórdia, conforme prometera a nossos
pais, em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre”. Maria
ficou três meses com Isabel. Depois, voltou para sua casa.
3. Nascimento de Jesus

Segundo São Lucas:

José, que era da família e da descendência de Davi, subiu da cidade


de Nazaré, na Galiléia, à cidade de Davi, chamada Belém, na Judéia,
para registrar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida. Quando
estavam ali, chegou o tempo do parto. Ela deu à luz o seu filho
primogênito, envolveu-o em faixas e deitou-o numa manjedoura,
porque não havia lugar para eles na hospedaria. Havia naquela
região pastores que passavam a noite nos campos, tomando conta do
rebanho. Um anjo do Senhor lhes apareceu, e a glória do Senhor os
envolveu de luz. Os pastores ficaram com muito medo. O anjo então
lhes disse: “Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria,
que será também a de todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu
para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor! E isto vos servirá de sinal:
encontrareis um recém-nascido, envolto em faixas e deitado numa
manjedoura”. De repente, juntou-se ao anjo uma multidão do
exército celeste cantando a Deus: “Glória a Deus no mais alto dos
céus, e na terra, paz aos que são do seu agrado!” Quando os anjos se
afastaram deles, para o céu, os pastores disseram uns aos outros:
“Vamos a Belém, para ver o que aconteceu, segundo o Senhor nos
comunicou. Foram, pois, às pressas a Belém e encontraram Maria e
José, e o recém-nascido deitado na manjedoura. Quando o viram,
contaram as palavras que lhes tinham sido ditas a respeito do
menino. Todos os que ouviram os pastores ficavam admirados com
aquilo que contavam. Maria, porém, guardava todas estas coisas,
meditando-as no seu coração. Os pastores retiraram-se, louvando e
glorificando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido, de acordo
com o que lhes tinha sido dito.
4. Apresentação no Templo

Segundo São Lucas:

No oitavo dia, quando o menino devia ser circuncidado, deram-lhe o


nome de Jesus, como fora chamado pelo anjo antes de ser concebido
no ventre da mãe. E quando se completaram os dias da purificação,
segundo a lei de Moisés, levaram o menino a Jerusalém para
apresentá-lo ao Senhor, conforme está escrito na Lei do Senhor:
“Todo primogênito do sexo masculino será consagrado ao Senhor”.
Para tanto, deviam oferecer em sacrifício um par de rolas ou dois
pombinhos, como está escrito na Lei do Senhor. Ora, em Jerusalém
vivia um homem piedoso e justo, chamado Simeão, que esperava a
consolação de Israel. O Espírito do Senhor estava com ele. Pelo
próprio Espírito Santo, ele teve uma revelação divina de que não
morreria sem ver o Ungido do Senhor. Movido pelo Espírito, foi ao
templo. Quando os pais levaram o menino Jesus ao templo para
cumprirem as disposições da Lei, Simeão tomou-o nos braços e
louvou a Deus, dizendo: “Agora, Senhor, segundo a tua promessa,
deixas teu servo ir em paz, porque meus olhos viram a tua salvação,
que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar as nações
e glória de Israel, teu povo”. O pai e a mãe ficavam admirados com
aquilo que diziam do menino. Simeão os abençoou e disse a Maria, a
mãe: “Este menino será causa de queda e de reerguimento para
muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição – uma espada
traspassará a tua alma! – e assim serão revelados os pensamentos de
muitos corações”. Depois de cumprirem tudo conforme a Lei do
Senhor, eles voltaram para Nazaré, sua cidade, na Galiléia. O menino
foi crescendo, ficando forte e cheio de sabedoria. A graça de Deus
estava com ele.
5. Perda e reencontro no Templo

Segundo São Lucas:

Todos os anos, os pais de Jesus iam a Jerusalém para a festa da


Páscoa. Quando completou doze anos, eles foram para a festa, como
de costume. Terminados os dias da festa, enquanto eles voltavam,
Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais percebessem. Pensando
que ele estivesse na caravana, caminharam um dia inteiro.
Começaram então a procurá-lo entre os parentes e conhecidos. Mas,
como não o encontrassem, voltaram a Jerusalém, procurando-o.
Depois de três dias, o encontraram no templo, sentado entre os
mestres, ouvindo-os e fazendo-lhes perguntas. Todos aqueles que
ouviam o menino ficavam maravilhados com sua inteligência e suas
respostas. Quando o viram, seus pais ficaram comovidos, e sua mãe
lhe disse: “Filho, por que agiste assim conosco? Olha, teu pai e eu
estávamos angustiados, à tua procura!” Ele respondeu: “Por que me
procuráveis? Não sabíeis que eu devo estar naquilo que é de meu
Pai?” Eles, porém, não compreenderam a palavra que ele lhes falou.
Jesus desceu, então, com seus pais para Nazaré e era obediente a eles.
Sua mãe guardava todas estas coisas no coração. E Jesus ia crescendo
em sabedoria, tamanho e graça diante de Deus e dos homens.
MISTÉRIOS DOLOROSOS

1. Agonia no Horto

Segundo São Mateus:

Jesus chegou com eles a uma propriedade chamada Getsêmani e


disse aos discípulos: “Sentai-vos, enquanto eu vou orar ali!” Levou
consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu e começou a ficar triste e
angustiado. Então lhes disse: “Sinto uma tristeza mortal! Ficai aqui e
vigiai comigo!” Ele foi um pouco mais adiante, caiu com o rosto por
terra e orou: “Meu Pai, se possível, que este cálice passe de mim.
Contudo, não seja feito como eu quero, mas como tu queres.” Quando
voltou para junto dos discípulos, encontrou-os dormindo. Disse
então a Pedro: “Não fostes capazes de ficar vigiando uma só hora
comigo? Vigiai e orai, para não cairdes em tentação; pois o espírito
está pronto, mas a carne é fraca”. Jesus afastou-se pela segunda vez
e orou: “Meu Pai, se este cálice não pode passar sem que eu o beba,
seja feita a tua vontade!” Voltou novamente e encontrou os
discípulos dormindo, pois seus olhos estavam pesados. Deixando-os,
afastou-se e orou pela terceira vez, repetindo as mesmas palavras.
Então voltou para junto dos discípulos e disse: “Ainda dormis e
descansais? Chegou a hora! O Filho do Homem está sendo entregue
às mãos dos pecadores. Levantai-vos, vamos! Aquele que vai me
entregar está chegando”.

Segundo São Marcos:


Chegaram a uma propriedade chamada Getsêmani. Jesus disse aos
discípulos: “Sentai-vos aqui, enquanto eu vou orar”. Levou consigo
Pedro, Tiago e João, e começou a sentir pavor e angústia. Jesus, então,
lhes disse: “Sinto uma tristeza mortal! Ficai aqui e vigiai”! Jesus foi
um pouco mais adiante, caiu por terra e orava para que aquela hora,
se fosse possível, passasse dele. Ele dizia: “Abbá! Pai! tudo é possível
para ti. Afasta de mim este cálice! Mas seja feito não o que eu quero,
porém o que tu queres”. Quando voltou, encontrou os discípulos
dormindo. Então disse a Pedro: “Simão, estás dormindo? Não foste
capaz de ficar vigiando uma só hora? Vigiai e orai, para não cairdes
em tentação! O espírito está pronto, mas a carne é fraca”. Jesus
afastou-se outra vez e orou, repetindo as mesmas palavras. Voltou
novamente e encontrou-os dormindo, pois seus olhos estavam
pesados de sono. E eles não sabiam o que responder. Ao voltar pela
terceira vez, ele lhes disse: “Ainda dormis e descansais? Basta!
Chegou a hora! Vede, o Filho do Homem está sendo entregue às mãos
dos pecadores. Levantai-vos! Vamos! Aquele que vai me entregar
está chegando”.

Segundo São Lucas:

Jesus saiu e, como de costume, foi para o monte das Oliveiras. Os


discípulos o acompanharam. Chegando ao lugar, Jesus lhes disse:
“Orai para não cairdes em tentação”. Então afastou-se dali, à
distância de um arremesso de pedra, e, de joelhos, começou a orar.
“Pai, se quiseres, afasta de mim este cálice; contudo, não seja feita a
minha vontade, mas a tua!” Apareceu-lhe um anjo do céu, que o
fortalecia. Entrando em agonia, Jesus orava com mais insistência. Seu
suor tornou-se como gotas de sangue que caíam no chão.
Levantando-se da oração, Jesus foi para junto dos discípulos e
encontrou-os dormindo, de tanta tristeza. E perguntou-lhes: “Por
que estais dormindo? Levantai-vos e orai, para não cairdes em
tentação”.
2. A Flagelação de Jesus

Segundo São Mateus:

Pilatos viu que nada conseguia e que poderia haver uma revolta.
Então mandou trazer água, lavou as mãos diante da multidão, e disse:
“Eu não sou responsável pelo sangue deste homem. A
responsabilidade é vossa!” O povo todo respondeu: “Que o sangue
dele recaia sobre nós e sobre nossos filhos”. Então Pilatos soltou
Barrabás, mandou açoitar Jesus e entregou-o para ser crucificado.

Segundo São Marcos:

Pilatos tornou a perguntar: “Que quereis que eu faça, então, com o


Rei dos Judeus?” Eles gritaram: “Crucifica-o!” Pilatos lhes disse: “Que
mal fez ele?” Eles, porém, gritaram com mais força: “Crucifica-o!”
Pilatos, querendo satisfazer a multidão, soltou Barrabás, mandou
açoitar Jesus e entregou-o para ser crucificado.
3. A Coroação de Espinhos

Segundo São Mateus:

Em seguida, os soldados do governador levaram Jesus ao pretório e


reuniram todo o batalhão em volta dele. Tiraram-lhe a roupa e o
vestiram com um manto vermelho; depois trançaram uma coroa de
espinhos, puseram-na em sua cabeça, e uma vara em sua mão direita.
Então se ajoelharam diante de Jesus e zombavam, dizendo: “Salve, rei
dos judeus!” Cuspiram nele e, pegando a vara, bateram-lhe na cabeça.
Depois de zombar dele, tiraram-lhe o manto vermelho e o vestiram
com suas próprias roupas.

Segundo São Marcos:

Os soldados levaram Jesus para dentro do pátio do pretório e


chamaram todo o batalhão. Vestiram Jesus com um manto de
púrpura e puseram nele uma coroa trançada de espinhos. E
começaram a saudá-lo: “Salve, rei dos judeus!” Batiam na sua cabeça
com uma vara, cuspiam nele e, dobrando os joelhos, se prostravam
diante dele. Depois de zombarem dele, tiraram-lhe o manto de
púrpura e o vestiram com suas próprias roupas.

Segundo São João:

Pilatos, então, mandou açoitar Jesus. Os soldados trançaram uma


coroa de espinhos, a puseram na cabeça de Jesus e o vestiram com
um manto de púrpura. Aproximavam-se dele e diziam: “Viva o Rei
dos Judeus!”; e batiam nele. Pilatos saiu outra vez e disse aos judeus:
“Olhai! Eu o trago aqui fora, diante de vós, para que saibais que eu
não encontro nele nenhum motivo de condenação”. Então, Jesus veio
para fora, trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura. Ele
disse-lhes: “Eis o homem”! Quando o viram, os sumos sacerdotes e
seus guardas começaram a gritar: “Crucifica-o! Crucifica-o!” Pilatos
respondeu: “Levai-o, vós mesmos, para o crucificar, porque eu não
encontro nele nenhum motivo de condenação”.
4. Jesus carrega a Cruz até o Calvário

Segundo São Mateus:

Daí o levaram para crucificar. Ao saírem, encontraram um homem


chamado Simão, que era de Cirene, e o obrigaram a carregar a cruz
de Jesus. E chegaram a um lugar chamado Gólgota, que quer dizer
Calvário. Deram-lhe de beber vinho misturado com fel. Ele provou,
mas não quis beber.

Segundo São Marcos:

Então o levaram para crucificá-lo. Os soldados obrigaram alguém


que lá passava voltando do campo, Simão de Cirene, pai de Alexandre
e de Rufo, a carregar a cruz. Levaram Jesus para o lugar chamado
Gólgota (que quer dizer Calvário). Deram-lhe vinho misturado com
mirra, mas ele não tomou.

Segundo São Lucas:

Enquanto levavam Jesus, pegaram um certo Simão, de Cirene, que


voltava do campo, e mandaram-no carregar a cruz atrás de Jesus.
Seguia-o uma grande multidão do povo, bem como de mulheres que
batiam no peito e choravam por ele. Jesus, porém, voltou-se para elas
e disse: “Mulheres de Jerusalém, não choreis por mim! Chorai por vós
mesmas e por vossos filhos! Porque dias virão em que se dirá:
‘Felizes as estéreis, os ventres que nunca deram à luz e os seios que
nunca amamentaram’. Então começarão a pedir às montanhas: ‘Caí
sobre nós!’, e às colinas: ‘Escondei- nos!’ Pois, se fazem assim com a
árvore verde, o que não farão com a árvore seca?” Levavam também
dois malfeitores para serem executados com ele.

Segundo São João:

Eles tomaram conta de Jesus. Carregando a sua cruz, ele saiu para o
lugar chamado Calvário (em hebraico: Gólgota). Lá, eles o
crucificaram com outros dois, um de cada lado, ficando Jesus no
meio. Pilatos tinha mandado escrever e afixar na cruz um letreiro;
estava escrito assim: “Jesus de Nazaré, o Rei dos Judeus”.
5. A Crucifixão e Morte de Jesus

Segundo São Mateus:

Depois de o crucificarem, repartiram as suas vestes tirando a sorte.


E ficaram ali sentados, montando guarda. Acima da cabeça de Jesus
puseram o motivo da condenação: “Este é Jesus, o Rei dos Judeus”.
Com ele também crucificaram dois ladrões, um à sua direita e outro
à esquerda. Os que passavam por ali o insultavam, balançando a
cabeça e dizendo: “Tu que destróis o templo e o reconstróis em três
dias, salva-te a ti mesmo! Se és o Filho de Deus, desce da cruz!” Do
mesmo modo zombavam de Jesus os sumos sacerdotes, junto com os
escribas e os anciãos, dizendo: “A outros salvou, a si mesmo não pode
salvar! É Rei de Israel: desça agora da cruz, e acreditaremos nele.
Confiou em Deus; que o livre agora, se é que o ama! Pois ele disse: ‘Eu
sou Filho de Deus’”. Do mesmo modo, também o insultavam os dois
ladrões que foram crucificados com ele.

Desde o meio-dia, uma escuridão cobriu toda a terra até às três horas
da tarde. Pelas três da tarde, Jesus deu um forte grito: “Eli, Eli, lamá
sabactâni?”, que quer dizer: “Meu Deus, meu Deus, por que me
abandonaste?” Alguns dos que ali estavam, ouvindo-o disseram: “Ele
está chamando por Elias!” E logo um deles correndo, pegou uma
esponja, ensopou-a com vinagre, colocou-a numa vara e lhe deu de
beber. Outros, porém, disseram: “Deixa, vamos ver se Elias vem
salvá-lo!” Então Jesus deu outra vez um forte grito e entregou o
espírito. Nisso, o véu do Santuário rasgou-se de alto a baixo, em duas
partes, a terra tremeu e as pedras se partiram. Os túmulos se abriram
e muitos corpos dos santos falecidos ressuscitaram! Saindo dos
túmulos, depois da ressurreição de Jesus, entraram na Cidade Santa
e apareceram a muitas pessoas. O centurião e os que com ele
montavam a guarda junto de Jesus, ao notarem o terremoto e tudo
que havia acontecido, ficaram com muito medo e disseram: “Este era
verdadeiramente Filho de Deus!” Grande número de mulheres
estava ali, observando de longe. Elas haviam acompanhado Jesus
desde a Galileia, prestando-lhe serviços. Entre elas estavam Maria
Madalena, Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de
Zebedeu.

Segundo São Marcos:

Eles o crucificaram e repartiram as suas vestes, tirando sorte sobre


elas, para ver que parte caberia a cada um. Eram nove horas da
manhã quando o crucificaram. O letreiro com o motivo da
condenação dizia: “O Rei dos Judeus”! Com ele crucificaram dois
ladrões, um à direita e outro à esquerda. Os que passavam por ali o
insultavam, balançando a cabeça e dizendo: “Ah! Tu que destróis o
templo e o reconstróis em três dias, salva-te a ti mesmo, descendo da
cruz”. Do mesmo modo, também os sumos sacerdotes zombavam
dele entre si e, com os escribas, diziam: “A outros salvou, a si mesmo
não pode salvar. O Messias, o rei de Israel desça agora da cruz, para
que vejamos e acreditemos!” Os que foram crucificados com ele
também o insultavam.

Quando chegou o meio-dia, uma escuridão cobriu toda a terra até às


três horas da tarde. Às três da tarde, Jesus gritou com voz forte: “Eloí,
Eloí, lemá sabactâni? – que quer dizer “Meu Deus, meu Deus, por que
me abandonaste?” Alguns dos que estavam ali perto, ouvindo-o,
disseram: “Vede, ele está chamando por Elias!” Alguém correu e
ensopou uma esponja com vinagre, colocou-a na ponta de uma vara
e lhe deu de beber, dizendo: “Deixai! Vejamos se Elias vem tirá-lo da
cruz. Então Jesus deu um forte grito e expirou. Nesse mesmo
instante, o véu do Santuário rasgou-se de alto a baixo, em duas
partes. Quando o centurião, que estava em frente dele, viu que Jesus
assim tinha expirado, disse: “Na verdade, este homem era Filho de
Deus!” Estavam ali também algumas mulheres olhando de longe;
entre elas Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago Menor e de Joset, e
Salomé. Quando ele estava na Galileia, estas o seguiam e lhe
prestavam serviços. Estavam ali também muitas outras mulheres
que com ele tinham subido a Jerusalém.

Segundo São Lucas:

Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, ali crucificaram Jesus


e os malfeitores: um à sua direita e outro à sua esquerda. Jesus dizia:
“Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem!” Repartiram então
suas vestes tirando a sorte. O povo permanecia lá, olhando. E até os
chefes zombavam, dizendo: “A outros ele salvou. Salve-se a si mesmo,
se, de fato, é o Cristo de Deus, o Eleito!” Os soldados também
zombavam dele; aproximavam-se, ofereciam-lhe vinagre e diziam:
“Se és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo!” Acima dele havia um
letreiro: “Este é o Rei dos Judeus”. Um dos malfeitores crucificados o
insultava, dizendo: “Tu não és o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós!”
Mas o outro o repreendeu: “Nem sequer temes a Deus, tu que sofres
a mesma pena? Para nós, é justo sofrermos, pois estamos recebendo
o que merecemos; mas ele não fez nada de mal”. E acrescentou:
“Jesus, lembra-te de mim, quando começares a reinar”. Ele lhe
respondeu: “Em verdade te digo: hoje estarás comigo no Paraíso”.

Já era mais ou menos meio-dia, e uma escuridão cobriu toda a terra


até às três da tarde, pois o sol parou de brilhar. O véu do Santuário
rasgou-se pelo meio, e Jesus deu um forte grito: “Pai, em tuas mãos
entrego o meu espírito”. Dizendo isto, expirou. O centurião, vendo o
que acontecera, glorificou a Deus dizendo: “Realmente! Este homem
era justo!” E as multidões que tinham acorrido para assistir à cena,
viram o que havia acontecido e foram embora, batendo no peito.
Todos os conhecidos de Jesus, bem como as mulheres que o
acompanhavam desde a Galiléia, se mantinham a distância, olhando
essas coisas.
Segundo São João:

Junto à cruz de Jesus, estavam de pé sua mãe e a irmã de sua mãe,


Maria de Cléofas, e Maria Madalena. Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado
dela, o discípulo que ele amava, disse à mãe: “Mulher, eis o teu filho!”
Depois disse ao discípulo: “Eis a tua mãe!” A partir daquela hora, o
discípulo a acolheu no que era seu.

Após isso, sabendo Jesus que tudo estava consumado, e para que se
cumprisse a Escritura até o fim, disse: “Tenho sede”! Havia ali uma
jarra cheia de vinagre. Amarraram num ramo de hissopo uma
esponja embebida de vinagre e a levaram à sua boca. Ele tomou o
vinagre e disse: “Está consumado”. E, inclinando a cabeça, entregou
o espírito.
MISTÉRIOS GLORIOSOS

1. A Ressureição

Segundo São Mateus:

Após o sábado, ao raiar o primeiro dia da semana, Maria Madalena e


a outra Maria foram ver o sepulcro. De repente, houve um grande
terremoto: o anjo do Senhor desceu do céu e, aproximando-se,
removeu a pedra e sentou-se nela. Sua aparência era como um
relâmpago, e suas vestes, brancas como a neve. Os guardas ficaram
com tanto medo do anjo que tremeram e ficaram como mortos. Então
o anjo falou às mulheres: “Vós não precisais ter medo! Sei que
procurais Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui! Ressuscitou,
como havia dito! Vinde ver o lugar em que ele estava. Ide depressa
contar aos discípulos: ‘Ele ressuscitou dos mortos e vai à vossa frente
para a Galiléia. Lá o vereis’. É o que tenho a vos dizer”. E saindo às
pressas do túmulo, com sentimentos de temor e de grande alegria,
correram para dar a notícia aos discípulos.

Nisso, o próprio Jesus veio-lhes ao encontro e disse: “Alegrai-vos!”


Elas se aproximaram e abraçaram seus pés, em adoração. Jesus lhes
disse: “Não tenhais medo; ide anunciar a meus irmãos que vão para
a Galiléia. Lá me verão”.

Segundo São Marcos:

Passado o sábado, Maria Madalena, Maria (a mãe de Tiago) e Salomé


compraram perfumes para embalsamar o corpo de Jesus. Bem cedo,
no primeiro dia da semana, ao raiar do sol, foram ao túmulo.
Comentavam entre si quem removeria a pedra da entrada do túmulo,
pois era muito grande. Ao chegarem, viram que a pedra já havia sido
removida. Entraram e viram um jovem sentado do lado direito,
vestido de branco, e ficaram assustadas. O jovem disse: “Não vos
assusteis! Procurais Jesus, o nazareno, aquele que foi crucificado? Ele
ressuscitou! Não está aqui! Vede o lugar onde o puseram! Ide, dizei a
seus discípulos e a Pedro: ‘Ele vai à vossa frente para a Galiléia. Lá o
vereis, como ele vos disse!’” Tremendo e fora de si, as mulheres
saíram do túmulo e não disseram nada a ninguém, pois estavam com
medo.

Ressuscitado na madrugada do primeiro dia depois do sábado, Jesus


apareceu primeiro a Maria Madalena. Ela foi anunciar o fato aos
seguidores de Jesus, que estavam de luto e choravam. Ao ouvirem
que ele estava vivo e tinha sido visto por ela, não acreditaram. Depois
disso, Jesus apareceu a dois deles, enquanto estavam indo para o
campo, mas também não foram acreditados. Finalmente, Jesus
apareceu aos onze discípulos enquanto estavam comendo. Ele os
criticou pela falta de fé e pela dureza de coração, porque não tinham
acreditado naqueles que o tinham visto ressuscitado. Jesus então
instruiu os discípulos a irem pelo mundo e anunciarem a Boa-Nova a
toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo, e aqueles que
crerem realizarão sinais como expulsar demônios, falar novas
línguas e curar os doentes. Depois de falar com os discípulos, Jesus
foi elevado ao céu e sentou-se à direita de Deus. Os discípulos foram
e anunciaram a Boa Nova por toda parte, sendo ajudados pelo
Senhor, que confirmava a palavra deles com sinais.

Segundo São Lucas:

No primeiro dia da semana, bem de madrugada, as mulheres foram


ao túmulo levando os perfumes que tinham preparado. Ao chegarem,
encontraram a pedra do túmulo removida. Ao entrarem, não
encontraram o corpo do Senhor Jesus e ficaram sem saber o que
estava acontecendo. Nesse momento, dois homens com vestes
resplandecentes pararam perto delas. Tomadas de medo, as
mulheres olhavam para o chão, mas os homens disseram: “Por que
procurais entre os mortos aquele que está vivo? Não está aqui.
Ressuscitou! Lembrai-vos do que ele vos falou quando ainda estava
na Galileia: ‘É necessário que o Filho do Homem seja entregue nas
mãos dos pecadores, seja crucificado e, no terceiro dia, ressuscite’”.
Então as mulheres se lembraram das palavras de Jesus.

Ao voltarem do túmulo, anunciaram tudo isso aos Onze e a todos os


outros. Eram Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago, além de
outras mulheres que estavam com elas. Contudo, os apóstolos
acharam tudo isso um delírio e não acreditaram. Pedro, no entanto,
levantou-se e correu ao túmulo. Ao olhar para dentro, viu apenas os
lençóis. Admirado com o que havia acontecido, voltou para casa.

Segundo São João:

No primeiro dia da semana, bem de madrugada, quando ainda estava


escuro, Maria Madalena foi ao túmulo e viu que a pedra tinha sido
retirada. Ela saiu correndo e foi se encontrar com Simão Pedro e com
o outro discípulo, aquele que Jesus mais amava. Maria Madalena
disse a eles: "Tiraram o Senhor do túmulo, e não sabemos onde o
colocaram". Pedro e o outro discípulo saíram e foram ao túmulo.
Correndo juntos, o outro discípulo chegou primeiro e, inclinando-se,
viu as faixas de linho no chão, mas não entrou. Pedro, que vinha atrás,
entrou no túmulo, observou as faixas de linho e o pano que tinha
coberto a cabeça de Jesus, que estava enrolado num lugar à parte. O
outro discípulo, que tinha chegado primeiro, entrou, viu e creu.
Ainda não tinham compreendido a Escritura, que dizia que Jesus
devia ressuscitar dos mortos. Os discípulos, então, voltaram para
casa.
Maria Madalena, no entanto, permaneceu perto do túmulo,
chorando. Enquanto chorava, inclinou-se para olhar dentro do
túmulo e viu dois anjos vestidos de branco, sentados onde o corpo de
Jesus tinha sido colocado, um à cabeceira e outro aos pés. Os anjos
perguntaram: "Mulher, por que choras?" Ela respondeu: "Levaram o
meu Senhor, e não sei onde o colocaram". Ao dizer isso, Maria virou-
se e viu Jesus em pé, mas não percebeu que era ele. Jesus perguntou-
lhe: "Mulher, por que choras? Quem procuras?" Pensando que fosse
o jardineiro, ela disse: "Senhor, se foste tu que o levaste, diz-me onde
o colocaste, e eu irei buscá-lo". Então, Jesus a chamou pelo nome, e
ela o reconheceu. Ele disse a ela para não segurá-lo, pois ainda não
tinha subido para o Pai, mas pediu que fosse aos discípulos e lhes
dissesse que ele estava ascendendo para o Pai. Maria Madalena foi
aos discípulos e anunciou: "Eu vi o Senhor!" e contou o que ele tinha
dito.

Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, os discípulos


estavam reunidos com as portas fechadas por medo dos judeus. Jesus
apareceu no meio deles e disse: "A paz esteja convosco". Mostrou-
lhes as mãos e o lado, e os discípulos se alegraram ao verem o Senhor.
Jesus disse novamente: "A paz esteja convosco. Assim como o Pai me
enviou, eu vos envio". Ele soprou sobre eles e disse: "Recebei o
Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, eles serão
perdoados; àqueles a quem retiverdes, serão retidos".

Tomé, chamado Gêmeo, que não estava com os discípulos quando


Jesus apareceu, não acreditava no relato deles. Ele disse que só
acreditaria se visse as marcas dos pregos e colocasse o dedo nas
feridas. Oito dias depois, estando os discípulos reunidos novamente,
com as portas fechadas, Jesus apareceu no meio deles e disse: "A paz
esteja convosco". Ele dirigiu-se a Tomé, pedindo-lhe para ver suas
mãos e colocar o dedo nas feridas. Tomé respondeu: "Meu Senhor e
meu Deus!" Jesus disse a ele: "Creste porque me viste? Bem-
aventurados são aqueles que não viram e creram!"
2. A Ascenção do Senhor aos Céus

Segundo São Lucas:

Após esses eventos, enquanto os discípulos estavam reunidos, Jesus


apareceu no meio deles e desejou-lhes paz. Eles ficaram assustados
e cheios de medo, pensando que estavam vendo um espírito. Para
tranquilizá-los, Jesus mostrou-lhes suas mãos e pés, convidando-os
a tocá-lo para que pudessem verificar que ele tinha carne e ossos, não
sendo um espírito. A alegria e surpresa dos discípulos eram tão
grandes que ainda tinham dificuldade em acreditar. Para confirmar
sua presença física, Jesus pediu algo para comer e, ao receber um
pedaço de peixe assado, comeu diante deles.

Então, Jesus lembrou-lhes das palavras que havia dito quando ainda
estava com eles, explicando que tudo o que aconteceu era necessário
para cumprir as Escrituras, incluindo a Lei de Moisés, os Profetas e
os Salmos. Ele abriu a mente dos discípulos para compreenderem as
Escrituras e anunciou que o Cristo sofreria, ressuscitaria ao terceiro
dia, e que a mensagem de arrependimento e perdão seria
proclamada em seu nome a todas as nações, começando por
Jerusalém. Jesus enfatizou que os discípulos eram testemunhas
desses eventos e que em breve receberiam o que o Pai havia
prometido, instruindo-os a permanecer na cidade até serem
revestidos da "força do alto".

Em seguida, Jesus levou os discípulos para fora da cidade, até perto


de Betânia. Ali, abençoou-os, ergueu as mãos e, enquanto os
abençoava, afastou-se deles e foi elevado ao céu. Os discípulos o
adoraram e, cheios de alegria, voltaram para Jerusalém,
permanecendo constantemente no templo, bendizendo a Deus.
3. A Vinda do Espírito-Santo

Segundo os Atos dos Apóstolos:

No dia de Pentecostes, os discípulos estavam reunidos no mesmo


lugar, e de repente, um som semelhante a um vento forte veio do céu
e encheu toda a casa onde estavam. Apareceram então línguas como
de fogo, que se distribuíram e pousaram sobre cada um dos
presentes. Todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar
em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia expressar-se.

Nesse momento, encontravam-se em Jerusalém judeus devotos de


todas as nações, e, ao ouvirem o som, uma multidão se reuniu,
ficando perplexa, pois cada pessoa ouvia os discípulos falarem em
sua própria língua. Cheios de espanto, perguntavam-se como aqueles
que falavam eram todos galileus. Alguns diziam: "Como é que nós os
escutamos na nossa língua de origem? Nós, que somos partos, medos
e elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judéia e da Capadócia, do
Ponto e da Ásia, da Frigia e da Panfília, do Egito e da parte da Líbia
próxima de Cirene, e os romanos aqui residentes, judeus e prosélitos,
cretenses e árabes, todos nós os escutamos anunciando as
maravilhas de Deus em nossa própria língua!"

A perplexidade era grande, e as pessoas se questionavam sobre o


significado do que estavam presenciando.
4. A Assunção de Maria

“Por isto, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas


as gerações, porque realizou em mim maravilhas aquele que é
poderoso e cujo nome é Santo.”

Em tua maternidade conservaste a virgindade e em tua Ascenção não


abandonaste o mundo, ó Mãe de Deus. Foste levada para a vida sendo
a Mãe da Vida, e por tuas orações resgatas nossas almas da morte.

Nem o túmulo nem a morte prevaleceram sobre a Mãe de Deus, que,


sem cessar, reza por nós e permanece firme esperança de
intercessão. Com efeito, aquele que habitou um seio sempre virgem
assumiu para a vida aquela que é a Mãe da Vida.

A tua gloriosa Ascenção alegra os céus, faz exultar a multidão dos


anjos: a terra toda exulta de alegria elevando a ti um canto de adeus,
ó Mãe do Senhor de todas as coisas, Virgem santíssima
desconhecedora de núpcias, que libertaste o gênero humano da
antiga condenação.

Oh, Imaculada Mãe de Deus, sempre vivente com o Rei da vida e Filho
teu, reza sem cessar para que seja conservada e salva de toda insídia
do adversário a multidão de teus filhos, pois nós estamos debaixo da
tua proteção e te glorificamos por todos os séculos.
5. A Coroação de Maria Santíssima

Então apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida


com o sol, tendo a lua debaixo dos pés e, sobre a cabeça, uma
coroa de doze estrelas. Estava grávida e gritava em dores de
parto, atormentada para dar à luz.

Maria, Virgem sem mancha, reparou a queda de Eva; e esmagou com


seu pé imaculado a cabeça do dragão infernal. Filha de Deus, Mãe de
Deus, Esposa de Deus. O Pai, o Filho e o Espírito Santo coroam-na
como Imperatriz que é do Universo. E rendem-lhe preito de
vassalagem os Anjos, e os patriarcas e os profetas e os Apóstolos, e
os mártires e os confessores e as virgens e todos os santos..., e todos
os pecadores, e tu e eu.

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