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“eu sinto falta
e de fato falta sinto
falta faz sentido
falta fatal
faltam-me palavras
faltam-me ânimo
faltam-me falar de ti
faltam-me nossas ideias
e além da falta, a falta
quem sabe faltem bikes que pedalem a lua
ou faltem ciclistas que queiram pedalar até lá
mas que não faltem-nos imaginação
que não faltem-nos fôlego e empolgação
o que agora impor... Falta
se na falta de ter você
faltou um pouco da minha alegria
faltou um pouco do meu dia
faltou-me um pouco de ti
faltou-me ir até você
faltou-me assoprar a brasa e deixar o fogo viver
eis que faltou-me você, meu amigo irmão
foi na falta do que fazer, que inventamos as nossas liberdades
mas nada falta-me quando lembro-me de sorrir do que falamos
e não faltou sobre o que falar
não faltou amor, nem paz
não faltou diálogos, nem “alô”
não faltou discordar, nem concordar
nao faltou ouvir, nem falar
não faltou abraçar, nem olhar
mas de falta, faltou-me.”
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EDITORIAL
APART WE FALL UNITED WE RISE
Parte de construir uma te de nós não apenas conhe- ao registro da nossa cena.
cena reserva-se ao esforço ce como faz parte ativamen- A levantar e publicizar as
de registrá-la. Em uma cida- te. Mas, quase sempre, sem demandas de quem está
de como Curitiba em que se nenhum registro além dos na rua todos os dias. Sejam
veem mais artistas que arte, nossos celulares e algumas eles de guerra, ou de glória.
onde temos tantas bicicle- postagens nas redes sociais.
tas, e ainda assim um núme- Narremos as histórias de so- Ciclistas de Curitiba e do
ro tão grande de acidentes brevivência no trânsito, seja mundo, Uni-vos.
fatais. Sentimos a necessi- ao visitar um xaveco ou indo
dade de registrarmos nossa para o trabalho. Apenas nós
história, nós por nós mes- sabemos a vitória de chegar Capa: José Prendin
mas/os. Movidas/os menos em casa ileso após mais um Agradecimentos: Akio Nojima,
pela indignação de onde dia de guerra.
Doug Oliveira, Gustavo Alves
estão quem possa registrar
Marx dizia que os seres Lara (@otaldegus), Paulo Cesar
a cena. E mais pela pergun-
ta, o que nós podemos fazer humanos produzem a sua Ferreira (@guumball_)
para construir a cena? própria história sem sa- e Pedro Klein.
bê-la. Nós sabemos. Mas
Contato:
“Construir a história é nar- não temos a ilusão de que
vmdl.zine@gmail.com
rá-la”, dizia H. Pirenne. Nar- ela será contada em algum
remos então às histórias de lugar além da propaganda
vmdl.zine/
alleycats, festas, shows, fixo- pra nos vender produtos,
limpíadas, coletivos, expo- ou do filme holywoodiano
sições, feiras e toda agenda estereotipando nossa cul- @hlbgfixedgear/
contra-cultural que boa par- tura. Propomo-nos então
Diego Prestes Guilherme Costa Heitor Oliveira Roberto Lagarto Victor Scaff
20V 47x15 49x15 49x16 46x16
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ÍNDICE
06 O MITO
09 CONHEÇA
ART ATTACK 10
17 ABRAosOLHOS
FETICHISMO 22
28 CPCM 2017
EAGLE CRIT 33
40 CAIXAde FERRAMENTAS
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O Mito
do
Fixêro
tradução: Roberto Lagarto
fotos: Diego Prestes
Quem é O ‘Fixêro’? É a questão do mo-
mento que um monte de gente vai querer
saber, tanto por questões nefastas, quan-
Tradução livre de um texto do livro 42x12. to benignas. Se quisermos acreditar nas
The Cult of Fixed. Patrick Portter
definições nada amáveis da internet en-
tão o fixêro é um macho mimado de seus
vinte e poucos anos com background
influente, que nunca teve que crescer e
gasta todo dinheiro do bolso em brinque-
dos legais e manias num esforço infinito
pra parecer descolado. Cínicos dirão que
o fixêro é um mito em processo de inven-
ção pelas pessoas que querem vender
coisas para crianças ricas: AS MARCAS!
VIZINHO
bicicleta acaba sendo
parte do nosso dia
a dia gostaria de
apresentar o trabalho
do youtuber, editor
CICLISTA
e também ciclista,
Francis Cade
10
ART ATTACK
ART ATTACK
12
ART ATTACK
EAT
SLEEP
RIDE
REPEAT 13
Doug Oliveita @by.doug
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Abra os olhos para
o ciclista Brasil!
Brasil tem, em média, 32 ciclistas internados por dia devido a acidentes
texto: Guilherme Costa
fotos: Doug Oliveira
fonte: g1.globo.com
Trinta e dois ciclistas são internados por ção grave. Pois bem, o Código de Trânsito
dia no Brasil vítimas de acidentes. Muitas Brasileiro diz que o motorista tem que ficar
vezes nem a ciclovia é respeitada. A rede a um metro e meio de distância do ciclista
de ciclovias em todo o país cresceu muito em pistas ou em ciclofaixas. Mas tem mo-
nos últimos anos juntamente com a falta torista que nem cinco centimetros respei-
educação no trânsito. Os motoristas não ra, colocando em risco a vida dos ciclistas.
respeitam ciclistas, não respeitam as mar-
cações das ciclovias, muito menos as les O último levantamento do Ministério
que às regem. da Saúde realizado em 2014 sobre aci-
dentes de trânsito afirma que 1.357 ci-
Ações de colar na traseira do ciclista ou clistas morreram em todo o país. No ano
reduzir o espaço de condução aproximan- anterior em 2013, foram relatadas 1.348
do os bikers contra a calçada é uma infra- mortes. Mas e quando não há mortes?
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O gasto com ciclistas acidentados é alto. campanha educativa nesse sentido, ter ci-
Em 2015, foram registrados 10.935 in- clovia não impede ciclista de andar na rua”-
ternações de ciclistas, acarretando em Raphael Dorneles, ONG Rodas da Paz.
um custo de R$ 13,2 milhões ao Siste-
ma Único de Saúde. No ano passado, em Sequer nas ciclovias os ciclistas conse-
2017, esse número aumentou, sendo re- guem pedalar direito. Em Curitiba, mo-
gistrado 11.741 internações com o custo toristas ignoram a faixa exclusiva. Cami-
aproximado de R$ 14,3 milhões. nhões, carros, motos e atletas de corrida
usam o espaço a toda hora bloquando a
“Muitas vezes os motoristas acham que, real necessidade de ir e vir com seguran-
então, a bicicleta não tem o direito de andar ça por parte dos ciclistas. Isso também
na rua, mas tem. Então, tem que ter uma acontece em São Paulo, Salvador e em
(set\2016); Porto Alegre: GPEM\EPTC (jan\2017); Belém: Semob (ago2016); Prefeitura de Vitória; Fortaleza: SCSP (jan\2017);
Aracaju: SMTT (dez\2015); Rio Branco: RBTrans (jan\2017); Recife: CTTU; João Pessoa: Semob; Teresina: Semplan; Campo Grane:
Planurb (jul\2014); Salvador: Transalvaor; Manaus: Seminf; Prefeitura de Cuiabá: (dez\2016); Florianópolis (abr\2015)
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“ ”
Muitas vezes os motoristas acham que, então, a
bicicleta não tem o direito de andar na rua, mas tem.
Então, tem que ter uma campanha educativa nesse
sentido, ter ciclovia não impede ciclista de andar na rua
diversas cidades que proveem da malha como: acessibilidade das vias, sinalização,
alternativa de locomoção. Chegamos manutenção e materias utilizados para
ao ponto que em Brasília, os motoristas contrução por exemplo.
transformaram o espaço das bicicletas
em estacionamento. “O motorista no Brasil infelizmente ain-
da não está preparado para conviver com
O especialista em trânsito David Du- ciclista nas vias. Ele desrespeita, ele não
arte acredita que é preciso investir mais se coloca no lugar do ciclista. As nossas
em ciclovias. Por mais que as principaos ciclovias e ciclofaixas ainda são, na sua
capitais do País apresentem uma malha maioria, construídas de forma precária, o
cicloviária, ainda é preciso uma atenção que representa muito risco para o ciclis-
nas caracteristicas de implatação tais ta”, disse o especialista.
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Doug Oliveita @by.doug
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MAO.INC
Boné de ciclismo.
OLD STYLE
PARA SEU DIA-A-DIA
+
MUITAS NOVIDADES EM 2018
@MAO.INC
APOIANDO O CICLISMO SEMPRE.
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Fetichismo da
BICICLETA
texto: Roberto Lagarto
imgens: Victor Scaff
Fetiche e idolatria são formas como os Durante a década de 1950 o carro es-
seres humanos se relacionam com as teve diretamente ligado à venda de um
imagens e com suas coisas. Se desenvol- modelo de vida, o modelo do bem-estar
vo uma relação erótica com um objeto, social. Em conjunto com uma forte mo-
podemos supor que tenho uma relação ral religiosa vendiam o modelo da família
fetichista e, o objeto, meu fetiche. Por nuclear com um carro na garagem. Era o
outro lado, se desenvolvo uma relação auge do pacto fordista, da linha de pro-
de adoração, dizemos que temos uma re- dução em massa, do boom da indústria
lação idólatra, e o objeto, por conseguin- de carro. Essa pequena caixa de metal
te, sendo Deus. O fetiche e a idolatria ambulante se torna a única possibilida-
seriam, portanto, formas como os seres de de sair da caixa de concreto privada
humanos relacionam valores subjetivos e chegar à caixa de concreto na qual sua
como libido, adoração, identidade, etc. a força-de-trabalho é vendida para pagar
objetos ou imagens. Tornando-os assim as duas caixas anteriores. Ou mesmo,
objetivos. Começamos a acreditar terem acesso às outras possíveis caixas de uma
valor intrínseco, e não um valor que atri- vida cada vez mais setorizada.
“ ”
buímos. O fetiche e a idolatria resolvem,
ainda que Sendo as-
...o carro passa a funcionar não
superficial- sim, o car-
mente, nos- apenas como um meio rápido de ro passa a
sa libido, ou locomoção, mas como um padrão de funcionar
necessidade não apenas
de divinda- vida, um status social. como um
de ou me- meio rápi-
tafísica, e até mesmo nossa identidade do de locomoção, mas como um padrão
na vida moderna. Fetiche seria então a de vida, um status social. Ele difere o ser
relação de atribuir aos objetos à venda humano comum, do ser humano mediano
um valor sobrenatural. Imputando-lhes e sem carro. Ele constrói a identidade da-
um valor para além de seu preço (apesar quele que o compra. E partindo do prin-
de um preço maior sempre vir embutido). cípio de que construímos e moldamos o
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Estado, a política e de você como ser
as relações sociais, humano. O objeto
tais como somos constitui sua iden-
moldados pelas tidade e não mais
mesmas: o fetiche sua personalidade
do carro constrói, molda os objetos.
além da identidade A necessidade de
dos indivíduos de dirigir é vendida
uma década, toda como a liberdade
uma política e uma de dirigir. Mas que
forma de ver o mundo. tipo de liberdade de escolha te-
nho quando não há opções?
Por isso desde a mais tenra
infância somos ensinados a Para toda força de ação ha-
“olhar para os dois lados da verá uma força de reação na
rua”, parar, olhar, escutar antes física e no ser humano. Nesse
de atravessar. Apesar de 100% contexto a bicicleta surge como
dos acidentes de trânsito ter veículos a grande salvadora nesse apocalipse
automotores envolvidos, somos nós, pe- motorizado. Desde o Plano das Bicicletas
destres e ciclistas quem devemos prezar Brancas dos Provos às bicicletas do Itaú
pela nossa segurança. Nos EUA cunhou- (sic), a bicicleta aparece como alternativa
-se um termo para aqueles que ousavam a esse plano de cidade e de vida. De Lan-
vivenciar a cidade e a rua como se as ce Armstrong à Albert Hofmann, existe
mesmas fossem destinadas aos seres hu- um ar mítico relativo a bicicleta. Diz-se
manos, Jaywalking. Numa tradução por- que os povos pré-colombianos utilizavam
ca e livre, algo como “atravessar como a roda apenas para brinquedos e jogos,
um caipira”. ignorando seu uso em transportes. Os
tibetanos por outro lado resumiam seu
Construída por aqueles enfeitiçados uso a instrumentos de oração, para Mat-
pela ilusão da chegada do ponto A ao teo Guarnaccia, a bicicleta seria a síntese
ponto B cada vez mais rápida, a cidade perfeita das possíveis utilizações da roda:
torna-se palco dos carros. Os lugares brinquedo, transporte e meditação.
que precisamos ir se tornam cada vez
mais distantes, os pontos de encontro Do ponto de vista simbólico a bicicleta é
se tornam estacionamentos. A ironia é um instrumento de iniciação. Em toda ini-
que, quanto mais pessoas usando carros, ciação há marcas, sejam os joelhos e mãos
mais a cidade se molda através desse raladas, ou as canelas com hematomas
modelo e mais esse modelo se torna im- quando ainda estamos aprendendo a se
prescindível, único, ou comumente dito equilibrar nesse estranho instrumento de
“a melhor opção”. O carro torna-se parte locomoção. Contudo é radiante perceber
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“ ”
Enquanto de carro todo o contato
com o mundo é feito através dessa
o próprio percurso seja
corpo en- TV gigante chamada para-brisa, que ainda mais
trando no só passa o mesmo programa: longo. So-
automáti- mos menos
co, domi- engarrafamento. velozes, mas
nando os chegamos
movimen- antes! A bici-
tos que cleta favore-
antes lhe eram estranhos e agora são sin- ce o contato humano. Enquanto de car-
cronizados. Percebe-se que o equilíbrio ro todo o contato com o mundo é feito
vem antes do movimento, que da estati- através dessa TV gigante chamada para-
cidade. “Assim como andar e fazer amor, -brisa, que só passa o mesmo programa:
andar de bicicleta está programado em engarrafamento. A bicicleta surge como
algum ponto de nossos genes: Uma vez símbolo de mobilidade urbana, direito à
que se aprendeu, é impossível esquecer”. cidade e um futuro menos poluído.
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CPCM 2017
ou Campeonato Paranaense de Ciclo Mensageiro!
texto: Akio Nojima
fotos: Doug Oliveira
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maior, horários específicos de coleta, todos que se comprometeram a ajudar
tempo limite de entrega, e eram objetos no evento estavam lá, preparados.
a serem levados). Foram 9 checkpoints
distribuídos no centro da cidade de Foram 13 inscritos, 2 mulhere, 4 de fora
Curitiba, o que nos leva a outra questão. do estado (POA e BNU). Foi fantástico
Os campeonatos geralmente utilizam ver pessoas que viajaram para participar
um percurso fechado para a prova, por do evento. Mostra que o interesse de um
questão de segurança e ser um circuito encontro mensageiro no Brasil já existe a
inédito (competidores de fora da cidade tempo e ainda corre entre o pessoal! Fiquei
não ficam em desvantagem sobre os na praça a prova toda, que terminava
competidores da cidade sede). O CPCM às 14:00 em ponto. Cada minuto de
por questões de facilidade teve a prova atraso acarretava num desconto de 5pts.
um circuito aberto, dentro das ruas da Mensageria é pontual, estimar e conhecer
cidade, com transito, pedestres, sinaleiros seu tempo era fator crucial para a prova! Os
…. (por isso os checkpoints foram competidores iam e vinham, entregando
liberados com antecedência da prova). e coletando novos pacotes, suando e
se divertindo. Eu queria muito estar na
08/10 - 9:00 da manhã - Pç. Nossa bicicleta com a cabeça louca de entregas,
Senhora de Salette, toldo, algumas mas foi lindo ver a galera correndo para
cadeiras e mesas, manifestos e fitas de todos os lados. Mensagens corriam no
sinalização tomam forma no gramado da celular dos checkpoints, algumas dúvidas,
praça, nada complexo nem exagerado. comentários, entregas especiais.
O que ficava na mente era se todos os 1º (5) LINCOLN - 485 pts
checkpoints estariam prontos as 11:30 2º (10) RODRIGO - 470 pts
quando a largada fosse dada. 10:00 os 3º (420) BARBARA - 445 pts
amigos começam a chegar para retirar 4º (7) KKT - 440 pts
4º (1206) JULI (BNU) - 440pts
os números de inscrição e observar o 5º (67) RAFA - 405 pts
mapa de Curitiba com a posição dos 6º (109) ISRAEL - 385 pts
checkpoints. Todo momento checando o 7º (142) BETO - 305 pts
celular para ver a situação dos voluntários 8º (31) JOÃO (POA) - 245 pts
8º (20) FOGAÇA (BNU) - 245 pts
que estavam nos pontos pela cidade, 9º (0) SHELDON (BNU) - 225 pts
tudo em ordem para a largada, o que deu 10º (12) XIMA - 170 pts
uma grande alegria no coração, ver como 11º (13) CEZAR - 25 pts
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Colocação geral da prova em 2h30min erradas, ou completamente amassados
de prova. A prova inicialmente tinha 2 foram desconsiderados. O corpo e a
categorias, locais e competidores de fora, mente perde sentido quando no frenesi
divido em fem/masc (que se tornou um da pedalada se instala. Alguns desses
fator de discussão bem interessante após erros custaram a vitória ou empates no
os resultados finais). É um jogo mental, resultado final. Jogo de calma e paciência.
muito mais mental que físico. A estratégia
a ser empregada, sequência de coletas e 07/02 - um dia antes - Bazar do Czar e
entregas, avaliar bem os tempos de cada Alleytrotsky. Foi um sincronia de datas,
entrega e os tempos dos manifestos quando estava elaborando a possibilidade
especiais. As pontuação similares foram de organizar o CPCM conversei com
alguns amigos, já tinha a intenção de
fazer um evento no dia anterior da prova,
aquela de sempre jogar um pouco mais
de lenha no fogo, aquecer as pernas
para o próximo dia. Quando joguei a
ideia para o Lagarto, tudo se resolveu na
hora, já existia a intenção de organizar
um alleycat nessa data, comemoração
do centenário da Revolução Russa. As
coisas sempre funcionam com troca de
ideias e pensamentos positivos. Dai a
coisa só foi crescendo, rolou o Bazar do
Czar, marcas independentes da cidade
construidas de formas muito distintas. e dos conhecidos! É muito legal ver que
Alguns competidores se focaram mais a cena abrange uma grande galera, e
no manifesto especial, enquanto outros ver todos unidos é sempre o motivo de
estavam focados no manifesto normal. E organizar os eventos!
chegaram a pontuação muito parecidas.
Contabilizar os pontos depois da prova 2017 foi um ano que quase não organizei
foi demorado, recontagens para checar nenhum evento, ajudei em algumas
os pontos foram efetuadas umas 3 corridas da galera que vem organizando
vezes… Manifestos com assinaturas e movimentando a cidade, mas além
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disso foi um ano parado para mim, Apoios do CPCM:
rolou o CPCM, que foi o gás total - Katsukazan
de evento, nunca tinha organizado - Curitiba Messenger
algo tão “grande” e “complexo”. - Kosobo Co.
que envolvesse tanta gente, e que - Cernunnos Bike Shop
tivesse um nome ou uma força - YUF
além da corrida. Era um marco, foi - Mao.Inc
um marco, um primeiro suspiro da - Capish
mensageria unida no Brasil?! Não - Veganera
sei haha, mas muita gente comentou - Marcel MEC bike
e se interessou. O movimento foi - Anker Pedal Straps
feito. A largada foi dada. Foi um ano - Mobilibike
complexo que precisaria mais tempo - Viva la Vegan
para refletir e escrever sobre. Mas - Camomila Vulgar
digo que esse evento deu muito - Toni Rack’s
calor no meu coração! - Radio Fantasma
- lowlife
08/10 - 16:00 depois do término - Öus Brasil
da prova rolou rango, cerveja, - KuritBike Cicloturismo Urbano
musica, e tudo que a mensageria - Azazel Bikes
pede. Enfim, 2018 tem Brasileiro, - VeloClub Curitiba
2019 tem movimentação para um - BikeHandling
Latino Americano. Na sua cidade - Casa 102
tem ruas e pessoas que andam - Smelly Boyz
de bike. E idéias na cabeça nunca - Eleven Messenger Bags
faltam. - Hell Lane Fixed Crew
- Rainbow Alleycat
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eagle
Eagle
Um final de semana
de aprendizado.
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nal. Curitiba, a cidade mais fria da história tando organizar uma prova com poucos
da humanidade, corroborava pro aumen- recursos e uma outra na lojinha.
to de expectativas e amanhecia com sol.
Pelo menos era o que esperávamos. Algumas expectativas foram comple-
tamente frustradas, e com razão. Foram
Logo pela manhã a primeira surpresa, o pessoas de mais de 5 cidades diferentes,
local destinado ao evento aparentemente de longe, e nem tão longe assim que dis-
tinha sido levemente reformulado. O que puseram de seu tempo e dinheiro para
seria um estacionamento inteiro, acabou vi- um evento que ficou aquém do ofertado.
rando meio estacionamento. A correria pra
varrer a pista, reformular o trajeto e colo- Mas superado, ou melhor resignado as
car as (poucas) grades de contenção e fita frustrações, 43 manos e 16 minas tenta-
para delimitar a pista acabou atrasando a ram fazer o final de semana valer a pena
checagem das bikes, que acabou atrasan- e se dispuseram a colocar ácido láctico
do as inscrições, que atrasou as baterias de em suas coxas e darem o seu melhor na
qualificação, e a partir daí parecia um efeito competição. Talvez essa seja uma das coi-
dominó numa grande cascata de desastres sas mais incríveis do ciclismo: Apesar de
e imprevistos que mais parecia um episódio ser um esporte individual e competitivo
de desventuras em série. é, depois do skate, o esporte com o maior
senso de coletividade que conheço. Sen-
A marca que assinava o evento havia do seu maior inimigo você mesmo.
terceirizado a produção do mesmo ao
Rainbow Team, e, ao que parece, devido E talvez seja essa a lição ser aprendida,
a correria e dificuldades de se fazer um se há alguma lição nessa sucessão de
evento de grande porte, não houve uma eventos aleatórios entre o nascimento e
reunião de instruções e demandas. Era a morte. Nosso maior inimigo talvez seja
claro, pra quem estava no evento, que nós mesmas, e nossa ambição maior que
pareciam haver duas equipes: Uma ten- nossa capacidade. Ou como diria a gran-
34
de filósofa chamada mãe: o olho maior ou o que você decidir chamar. Com um
que a barriga. pouco de trabalho parte da pista conse-
guiu ser iluminada para as finais. Que fi-
Logo no começo das provas pude perce- nalmente (sem trocadilhos) iria acontecer.
ber que algo estava estranho. Pelo micro-
fone nosso amigo Ênio Satan berrava os Algumas atletas decidiram não correr
retardatários que haviam sido ultrapas- devido a pouca visibilidade da pista. Ou-
sados. Demorou alguns segundos pra tros decidiram que “se é pra morrer,
que eu entendesse, mas não havia a eu digo bora”. E assim a prova con-
tradicional motinha a frente do pri- tinuou ocorrendo com alguns vo-
meiro lugar (ou recebendo uns ber- luntários que se dispuseram a por
ros da campeã da cat 2 feminina na seus carros para (tentar) iluminar
fixolímpiadas 2016 de: PODE ACE- a pista. Algumas quedas, tanto
LERAR!). Isso deixava a prova ainda
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ga de gritar, as coxas queimam, a respira- com Carla Fracchiolla e Erica Harumi.
ção pesa e tudo ao seu redor se emudece,
foi insana. Em todos os sentidos da pa- Após algumas quedas de energia, a
lavra. Apesar de perigosa Diego Mendes aparelhagem da banda que iria tocar
e Gustavo Matos travaram uma batalha queimou. Fazendo com que os car-
épica digna de David e Golias. O Mendes
é conhecido na cidade pelo seu foco e
determinação. Daqueles tão determina-
dos que sua concentração comumente
é confundida com arrogância. Talvez por
isso, ou por estar sofrendo pra fechar a
passagem pra um magrelo de Sunburst
enquanto pedalava uma linda Cinelli a ga-
lera ia ao delírio a cada ataque que o Gus
realizava. No final, assim como no livro
sagrado, venceu David, ou melhor Gus
Matos, levando o terceiro lugar na cat1.
E Mendes aplaudiu, porque o ciclismo é
isso, feliz quando ganha, mais feliz ainda
quando superamos limites. Os segundos
e primeiros lugares ficaram com Fogaça
e André Andrade, mais conhecido como
Blumenau, ou sortudo-do-caralho, já que,
além de levar um frameset pelo primei-
ro lugar, ganhou uma bike inteira novinha
no sorteio que rolou entre participantes
e expectadores. Na Cat 2 o pódio ficou roceiros bicicletistas da Taco Rat em
com Marcelo Leitão, Thiago Ribas e Edu- débito com o público que ansiava por
ardo Rebelo em primeiro, segundo e ter- um bom stoned rock pra lavar a alma. Já
ceiro lugares respectivamente. diria o grande poeta da nossa geração,
cada escolha é uma renúncia, e Curitiba,
Outra coisa maravilhosa de se ver foi o essa ingrata, já havia dado o sol. A sorte
grande número de meninas competindo. pra que tudo ocorresse bem, apesar do
Dezesseis garotas se arriscaram e deram despreparo, ficou faltando.
tudo de si. A Cat 2 ficou com a papa-tu-
do cicloativista e artista Maria Clara a.k.a. Após algumas confusões de onde esta-
Cacaut que saiu engolindo todo mundo ria a colocação final das competidoras e
até sobrar apenas três competidoras e competidores, ocorreu a prova de trick,
mantendo sua posição até o final da pro- e infelizmente a prova do rollo não ocor-
va. Adri Masson e Maíra Kaline ficaram reu. Matheus Tide e Jessé Silva presen-
em segundo e terceiro respectivamen- tearam nossos olhos com algumas plas-
te. Na Cat 1, representando a message- ticidades um tanto quanto confusas de
ria Blumenauense Denise Delastra ficou se entender na fixa e acabaram levando
com o primeiro lugar. Os segundos e ter- quase toda a premiação entre bar spins,
ceiros lugares da cat 1 feminina ficaram fish’n’chips e trackstands.
36
Akio e Rafael Leal compareceram. Sendo
este último o único a completar a prova.
Eu não vi, estava muito cansado. Mas se
está no Strava, aconteceu, né?
“ ”
de colegas que iriam satisfazer suas posi-
...pontos altos do evento ções sociais no seleto grupo de ciclistas,
com certeza foi a grande competindo, mas ao mesmo tempo me
quantidade de pessoas senti tranquilo, pois apenas assistiria e
observaria de perto o grande espetáculo
que se deslocaram de ci- das bicicletinhas sem freio, tão estranhas
dades vizinhas... aos olhos de clientes da Havan que estacio-
naram seus carros (o evento aconteceu em
um estacionamento a céu aberto).
O cronograma do evento não seguiu o
ritmo das atividades, e confesso que em
certos momentos perdi noção do que es-
Ao final, os guerreiros e guerreiras que tava acontecendo no momento, sol a pino
aguentaram bravamente lotaram a Rua e cerveja gelada na cabeça, o restante do
São Franscisco a fim de aproveitar a pro- pessoal também não se importava ou fingia
moção de chopp e batata promovida pelo não se importar.
bar Golden Era; Socializar entre os turis- Alguns pontos altos do evento com certe-
tas e locais que compunham parte dos za foi a grande quantidade de pessoas que
competidores, público e organização do se deslocaram de cidades vizinhas, ou nem
evento; E trocar uma ideia, fazer um ba- tanto, para prestigiar, mostrando o quanto
lanceamento, e, por que não, aprender temos público e também o quanto temos
um pouco com isso tudo? que de certa maneira “agradar” esse pessoal.
Reza a lenda que no outro dia aconteceu Estando fora da competição talvez seja um
o “Fuga Sunrise” organizado pela marca modo diferente de analisar o evento, sem a
local, Katszukazan, onde os incansáveis adrenalina, preocupação e até para alguns
bicicleteiros se encontrariam às 4h20 da medo, de estar aguardando para entrar na
manhã e repetiriam um percurso de 11km pista, seja para estreiar ou para o momento
por dez vezes, completando assim 110km de notoriedade em que tanto treinaram.
antes do meio dia. Tiago Gotia, Guilherme
Diego Prestes
37
Em corpo de quem participou do even-
to como competidor posso dizer que foi
um tanto quanto frustrante, a divulga-
ção, a arte, a clareza do cronograma, e os
prêmios deram ao evento porte e credi-
bilidade, atraindo atletas de vários níveis
do ciclismo. Porém, contudo, todavia,
tratava-se de um evento que tinha tudo
pra ser interessante até acontecer.
Cronograma atrasado, pista mal sinali-
zada, percurso muito curto, sem moto,
fatores que foram se agravando confor-
me caía a noite. Nas voltas de reconheci-
mento alguns atletas estavam tendo uma
série de dificuldades nas curvas, do pedal
pegando no chão até a falta de técnica
nas curvas.
De certa forma a corrida em si não pa-
receu ser a dona da prioridade no dia,
aparentemente foi “um pulo maior que
“ ”
as pernas” da organização que não con-
seguiu entregar tudo o que prometeu e ,,,não conseguiu entregar
tudo que nos fez esperar.
tudo o que prometeu e
tudo que nos fez esperar.
Heitor Oliveira
38
E por último e não menos importante, o voluntariado, formado pelo pessoal do
Rainbow Alleycat, pessoal que se esforçou o dia todo para poder da melhor forma
possível contornar os imprevistos do evento gerados pela falta de organização que
em partes deixava-os de mãos atadas
39
texto: Marcos Paese
desenhos: Victor Scaff
Hoje ensinaremos a
esticar sua corrente
sem nenhum
acessório alem da sua
inseparável chave
15. Manutenção
básica na
sua bicicleta
garante menos
acidentes
inesperados.
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Essa posição evita se sujar (muito), e Puxe a frente da roda contra o lado esquer-
garante controle sobre a bike mesmo do do quadro (você poderá repetir daqui o
sem apoio. movimento caso fique muito esticada).
Olhando por
tras da bike,
alinhe a roda
ao quadro
puxando ela
para o lado
direito.
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vamos trocar umas idéias
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