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EDIFÍCIO GRAND PARC – AS RESPONSABILIDADES INERENTES DE

UM LAUDO PERÍCIAL

GRAND PARC BUILDING – THE INHERENT RESPONSIBILITIES OF A


FORENSIC REPORT

BAIENSE, Thuany Fraga1


LOBO, Whinster Langa2
PINAPHO, Ana Caroline Rodrigues3
ALMEIDA, Eliézer Pedrosa4
RESUMO
Este trabalho visa demonstrar os tópicos importantes e essenciais para a confecção de
um laudo pericial, baseando-se no acontecido no dia 19 de julho de 2016 com o edifício
Grand Parc, onde o colapso de um pavimento de uso comum sobre outros dois
pavimentos de garagem deixou uma vítima fatal, 4 não fatais e 166 condôminos
lesados. O presente artigo também abordará o assunto relacionando-o as normas e leis
pertinentes ao assunto, como a ABNT NBR 13.752/96 que disciplina as perícias de
engenharia na construção civil, a ABNT NBR 14.653 que determina a metodologia e
parametrização utilizada nos laudos e o Código de Processo Civil que atesta a
necessidade da inclusão do laudo pericial a uma causa para determinação de uma
sentença.

Palavras-chave: Laudo Pericial; Grand Parc; Perícia Judicial.

ABSTRACT
This paper aims to demonstrate the important and essential topics for the preparation of
an expert report, based on what happened on July 19, 2016 with the Grand Parc
building, where the collapse of a pavement in common use on two other floors of garage
left one fatal victim, 4 non-fatal and 166 condominium owners impaired. The present
article will also be based on the norms and laws pertinent to the subject, such as ABNT
NBR 13.752 / 96 that disciplines the engineering skills in construction, ABNT NBR
14.653 that determines the methodology and parameterization used in the reports and
the Code of Civil Procedure which testifies to the need to include the expert report in a
case to determine a judgment.

Keywords: Forensic Report, Grand Parc, Judicial Expertise.

1 Graduanda do Curso de Engenharia Civil do Centro Universitário São Camilo-ES, thuany_baiense@hotmail.com.


2 Graduando do Curso de Engenharia Civil do Centro Universitário são Camilo-ES, whinsterj@gmail.com.
3 Graduanda do Curso de Engenharia Civil do Centro Universitário são Camilo-ES, ac.pinapho@gmail.com.
4 Professor orientador: Mestre, Centro Universitário São Camilo-ES, eliezerpa@hotmail.com.

Centro Universitário São Camilo Espírito Santo


Cachoeiro de Itapemirim – ES, dezembro de 2017.
1. INTRODUÇÃO

São grandes as perdas materiais geradas por tragédias com sinistros na


engenharia, em alguns casos até imensuráveis quando acompanhadas de perdas
humanas. No dia 19 de julho de 2016 um incidente desse porte fora vivenciado na
cidade de Vitória no Espirito Santo. Com valores indenizatórios negociados em cerca de
130 milhões e um óbito, o Edifício Grand Parc ligou o alerta dos profissionais de
engenharia e trouxe à mesa um assunto pouco difundido nos colegiados da profissão: A
Engenharia Legal.
Disciplina associada a assuntos jurídicos, tem como finalidade esclarecer pontos
indistintos em um processo criminal. Conta como importante ferramenta o Laudo
Pericial, documento responsável por comunicar detalhes técnicos com jurídicos para
entendimento dos magistrados.

“O laudo é o resultado final das investigações e pesquisas e deverá ser objetivo


e conclusivo, esclarecendo os aspectos técnicos obscuros referentes às questões
levantadas em cada caso.” (DEUTSCH, 2016, p. 93).

Após um ano da tragédia em Vitória, três laudos técnicos já foram


confeccionados a pedido dos administradores, incorporadores e construtoras. Com
base nas informações disponíveis, este trabalho detalhará as atribuições inerentes de
um laudo pericial com base no acontecido no Edifício Grand Parc.

2. O EDIFÍCIO GRAND PARC

A capital capixaba registrou uma expansão significativa no ramo imobiliário nos


últimos 10 anos. Dentro deste crescimento está registrado a construção do luxuoso
condomínio Grand Parc Residencial Resort. Empreendimento que tem como sócia a
Cyrela Brazil Realty, uma das maiores incorporadoras de imóveis de capital aberto do
país.
Diante de muitas especulações e expectativas, em 2007 deu-se início a obra do
condomínio Grand Parc Resort na grande Vitória, capital do Espirito Santo.

Localizado na Enseada do Suá, hoje considerado um dos bairros nobres da


capital, pelas suas vias movimentadas e vistas privilegiadas, o condomínio foi
inaugurado apenas no ano de 2011.

Figura 01: Localização do Grand Parc Resort

Imagem: Google Maps, editado pelo autor. (2017).

O projeto é sociedade da Cyrela com a empresa capixaba Incortel Incorporações


e Construções - construtora está que executou a obra.

Ao ser inaugurado muitos sonhos acabavam de tomar forma e aparentemente o


Grand Parc muito luxo e conforto. O marketing criado para divulgar esse residencial
resort fez com que em pouco mais de 3 (três) anos de inauguração quase todos os
apartamentos já estavam vendidos, uma ocupação de aproximadamente 160 famílias
vivendo a realização de um grande sonho.

Pronto para morar, o diretor da Cyrela, Romeu Braga e a diretora da Incortel,


Cecilia Zon, apresentaram as instalações do luxuoso condomínio - o primeiro resort
pronto de Vitória e primeiro empreendimento da parceria no mercado.
A proposta das empresas era gerar um novo conceito de moradia, agregando a
prestação de serviços que tornam a vida do morador mais prática, proporcionando
tempo livre para desfrutar dos mais de 40 itens de lazer, sem pagar a mais por isso.

Foto 01: Área de Lazer / Piscina do Grand Parc Resort

Fonte: WIKIMAPIA, (2017).

O empreendimento conta com três torres residenciais. Com média de dois


apartamentos por andar totalizando 166 apartamentos. Chegou a ter imóveis
comercializados por cerca de R$ 1 milhão. O empreendimento ainda contava com uma
garagem subsolo com 254 vagas e uma outra no térreo com 215 vagas, com proporção
de duas a três vagas de garagem por apartamento.
3. A TRAGÉDIA

Na madrugada do dia 19 de julho de 2016, por volta das 2h da manhã ouve-se


os primeiros rangeres da estrutura, era o início de uma grande tragédia que se
aproximava. Cerca de uma hora após os primeiros estalos parte da estrutura veio
abaixo. Dois pavimentos de garagem desabaram com aproximadamente três centenas
de veículos lá estacionados, juntamente com o salão de festas, a área de lazer e a
portaria principal. A tragédia deixou alguns feridos, entre eles o sindico do condomínio,
além de uma vítima fatal, o porteiro.

O síndico do condomínio foi gravemente ferido durante o colapso da estrutura,


teve o fêmur quebrado. Em entrevista a diversos jornais, relatou o que fora vivenciado
naquele dia.

Era por volta de 2h quando a portaria me ligou porque a piscina estava


estalando. Quando cheguei lá, o porteiro me disse que se tratava da
piscina aquecida. Vi o chão estufado e estalando, e começou a estalar
muito mais forte. Quando nós saíamos de lá para tentar esvaziar a
piscina, o piso arriou, toda a laje caiu, e eu caí junto. (MARQUES, 2016)

Foto 02: Área de lazer após o desabamento

Fonte: Estadão, (2017).


A Defesa Civil Municipal, já tinha comparecido ao edifício Grand Parc cerca de 1
mês antes da tragédia. O laudo emitido na visita afirmava que foram apresentados
problemas nas esquadrias e orientou que os condôminos procurassem a construtora
para avaliar a situação.

O colapso da estrutura, além da ruína, afetou também os andares superiores, os


moradores relataram que após os tremores causados pelo desabamento, a porta de um
apartamento foi arrombada. O impacto também lançou um dos portões da garagem
para o outro lado da rua. Para sair de seus estabelecimentos, os moradores precisaram
passar em meio aos escombros, já que as entradas foram destruídas.

4. O LAUDO PERICIAL

O laudo é uma ferramenta jurídica que auxilia aos magistrados o entendimento


de um acontecimento através de um olhar técnico. Porém, nem sempre uma ocorrência
que esteja associada aos mesmos fatores técnicos necessitará de um laudo pericial.
Cabe ao juiz determinar sua necessidade ou não, como orienta o artigo 464 do Código
de Processo Civil (CPC).

Art. 464. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou


avaliação. § 1o O juiz indeferirá a perícia quando: I - a prova do fato não
depender de conhecimento especial de técnico; II - for desnecessária
em vista de outras provas produzidas; III - a verificação for impraticável.

Para RIBEIRO (2012, p. 30) “o laudo é a tradução das impressões captadas pelo
técnico ou especialista, em torno do fato litigioso ou particular, por meio dos
conhecimentos científicos de quem o examinou”.
Para o IBAPE-SP (2015, p. 5), o laudo é o “documento técnico elaborado por
profissional habilitado no qual são relatadas constatações, análises e conclusões de
perícias, exames, vistorias e avaliações”.
ABUNAHMAN (2008, p. 300) complementa, afirmando que “as pericias podem
ser judiciais (quando realizadas dentro do processo por determinação do juiz) ou
extrajudiciais (quando realizadas fora do processo por iniciativa dos interessados)”.
Para o caso do Edifício Grand Parc, a prova pericial foi solicitada por uma das
partes envolvidas na ação judicial. O pedido foi deferido pelo juiz que emitiu no dia 30
de setembro de 2016 a decisão contendo o perito nomeado por ele, e os honorários
solicitados pelo profissional, que fora dividido entre as partes (Vide anexo 01 e 02).
Esta etapa do processo está descrita no artigo 465, do código de processo civil.

Art. 465. O juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e


fixará de imediato o prazo para a entrega do laudo. § 1o Incumbe às
partes, dentro de 15 (quinze) dias contados da intimação do despacho
de nomeação do perito: I - arguir o impedimento ou a suspeição do
perito, se for o caso; II - indicar assistente técnico; III - apresentar
quesitos. § 2o Ciente da nomeação, o perito apresentará em 5 (cinco)
dias: I - proposta de honorários; II - currículo, com comprovação de
especialização; III - contatos profissionais, em especial o endereço
eletrônico, para onde serão dirigidas as intimações pessoais.

Seguindo os trâmites normais do processo, mais especificamente da produção


antecipada de provas, como descreve o CPC na Seção X, temos o Laudo Pericial.
A NBR 14653-1, orienta que no laudo de avaliação seja abordado algumas
informações mínimas, mas que não são pertinentes aos laudos periciais, que por sua
vez tem como particularidade o trâmite em questões jurídicas.
A NBR 13752 é quem trata especificamente de pericias de engenharia na
construção civil, e nela não há uma exigência quantitativa de informações a serem
abordadas.

4.3.1.1 Os requisitos exigidos em uma perícia estão diretamente


relacionados com as informações que possam ser extraídas. Estes
requisitos, que medem a exatidão do trabalho, são tanto maiores quanto
menor for a subjetividade contida na perícia. (ABNT, 1996).

Ainda assim, existe a orientação das atividades básicas a serem demonstradas


no processo de produção de prova.
5 Condições específicas
5.1 Atividades básicas
Correspondem às seguintes etapas:
a) vistoria e/ou exame do objeto da perícia; b) diagnóstico dos itens
objeto da perícia; c) coleta de informações; d) escolha e justificativa dos
métodos e critérios periciais; e) análise das ocorrências e elementos
periciais; f) soluções e propostas, quando possível e/ou necessário;
g) considerações finais e conclusões. (ABNT, 1996).

RIBEIRO (2012, p. 31) também afirma que “o laudo pericial é uma peça técnica
que não tem uma formatação rígida ou normatizada”. Para o autor, deve-se seguir o
padrão com os seguintes tópicos: Identificação dos autos e das partes; sumário;
observações preliminares, síntese do objeto de perícia; vistoria e diligencias realizadas;
relatório fotográfico; considerações técnicas, metodologia aplicada; transcrição e
respostas aos quesitos; conclusão e encerramento.
Já para DEUTSCH (2016, p. 101), “um laudo pericial bem redigido deve
contemplar, ordenadamente, os seguintes tópicos: Identificação; histórico processual;
narração ou descrição; vistoria; exames realizados; conclusões e diagnósticos; resposta
aos quesitos e encerramento”.
Ainda segundo o IBAPE (2015, p.10), “os laudos periciais devem conter as
seguintes estruturas: Solicitante; objetivo; objeto, histórico ou anamnese; constatações
ou verificações; análises e fundamentações; resposta aos quesitos; conclusões e
encerramento”.
FIKER (2008, p. 135) é ainda mais sucinto ao afirmar que “o laudo pericial, sob o
ponto de vista da sua estrutura lógica, contém: Introdução; Vistoria; Confirmação e
Conclusões”.
A fim de demonstrar, de maneira ampla e organizada os tópicos de um laudo
pericial para o caso em estudo, tomaremos como base os índices relatados das
bibliografias consultadas associando-as com as determinações da NBR 13752/96.
4.1. Identificação

Essa primeira informação compreende nada mais que a identificação dos


envolvidos no processo, como juiz, peritos, requerentes e requeridos.
Para tal, é costumeiro se colocar um cabeçalho, indicando a quem o laudo é
direcionado, em que vara a ação está se desenvolvendo. Logo abaixo deverá ser
identificado o número do processo, para que o documento possa se processar dentro
do Fórum. (Vide Anexo 03).
“[...] deve-se relacionar os nomes das partes envolvidas no processo [...] bem
como o tipo de ação a que se refere o processo.” (DEUTSCH, 2016, p. 102).
Nesse processo, estão como requeridas as empresas Incortel Incorporações e
Construções LTDA, Pós Tensão Engenharia LTDA, Cyrela Malasia Empreendimentos
Imobiliários LTDA, Vix One Empreendimentos Imobiliários SPE LTDA, Condimínio
Grand Parc Residêncial Resort e a MCA Tecnologia e Estruturas LTDA como
requerente.
O exmo. Dr. Marcos Assef do Vale Depes é o juiz de direito do caso de processo
número 0025001-57.2016.8.08.0024, que tramita na 7ª vara cível de Vitória.
O perito nomeado trata-se da pessoa jurídica Hamilton Azevedo Rebello Filho -
ME, composta pelos engenheiros Hamilton Azevedo Rebello Filho e João Luiz Loureiro
de Moraes, ambos devidamente inscritos no CREA e com especializações em pericias
de engenharia e avaliações. (Vide anexo 01).

4.2. Observações Preliminares

Nessa etapa deve se descrever o objeto de estudo para que o leitor esteja
ambientado ao causo.
Essa descrição deverá conter a identificação do local, a vizinhança, o
detalhamento das características do terreno, a identificação do imóvel, podendo a
mesma ser abrangente ou não, dependendo do que está sob análise na ação e dos
fatos pertinentes ao caso em estudo.
É indispensável para uma caracterização completa do local vistoriado, a coleta
de informações por parte do perito, que também servirá como base para os estudos
periciais. RIBEIRO (2012, p. 31) diz que, “o perito tem fé pública para solicitar
documentações frente as partes envolvidas”.
A NBR 14653-1 completa:

7.1 Requisição da documentação


Cabe ao engenheiro de avaliações solicitar ao contratante ou
interessado o fornecimento da documentação relativa ao bem,
necessária à realização do trabalho. (ABNT, 2000)

O CPC outorga o direito do perito em ter acesso irrestrito aos autos do processo,
valendo-se de todos recursos disponíveis.

§ 3° Para o desempenho de sua função, o perito e os assistentes


técnicos podem valer-se de todos os meios necessários, ouvindo
testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos que estejam
em poder da parte, de terceiros ou em repartições públicas, bem como
instruir o laudo com planilhas, mapas, plantas, desenhos, fotografias ou
outros elementos necessários ao esclarecimento do objeto da perícia.

Além destes, a NBR 13752/96 indica expor o objetivo da perícia, salientando as


atividades a serem desenvolvidas no laudo.

4.6 Objetivo da perícia


O objetivo é definir a finalidade a que se destina a perícia, de sorte a
estabelecer o grau de detalhamento das atividades a serem
desenvolvidas e do laudo, ou segundo informação de quem o tenha
solicitado.

4.3. Vistoria

A vistoria é o ponto elementar na construção do laudo pericial. Nessa etapa


serão coletadas as informações em modo presencial, que permitirão análise junto aos
documentos e projetos já coletados anteriormente.
“Vistoria, onde se expõe os fatos que levam às conclusões técnicas.” (FIKER,
2008, p. 135).
Segundo a NBR 14653-1:

7.3 Vistoria do bem avaliado


7.3.1 Nenhuma avaliação poderá prescindir da vistoria. Em casos
excepcionais, quando for impossível o acesso ao bem avaliando,
admite-se a adoção de uma situação paradigma, desde que acordada
entre as partes e explicitada no laudo.
7.3.2 A vistoria deve ser efetuada pelo engenheiro de avaliações com o
objetivo de conhecer e caracterizar o bem avaliando e sua adequação
ao seu segmento de mercado, daí resultando condições para a
orientação da coleta de dados.
7.3.3 É recomendável registrar as características físicas e de utilização
do bem e outros aspectos relevantes à formação do valor.
7.3.4 O conhecimento de estudos, projetos ou perspectivas tecnológicas
que possam vir a afetar o valor do bem avaliando deverá ser explicitado
e suas consequências apreciadas.

A NBR 13752/96, traz ainda os elementos essenciais que devem ser elucidados
pela vistoria, de um modo geral.

5.2 Vistoria
A vistoria deve proporcionar elementos para o prescrito em 5.2.1 a 5.2.7.
5.2.1 Caracterização da região;
5.2.2 Caracterização do imóvel e de seus elementos;
5.2.3 Constatação de danos;
5.2.4 Condições de estabilidade do prédio;
5.2.5 Fotografias;
5.2.6 Plantas do prédio;
5.2.7 Subsídios esclarecedores; (ABNT, 1996).

O item 5.2.5 da NBR 13752/96 nos traz um item importante na concepção o


laudo pericial: as fotografias. Elas devem servir de referência para apontar falhas,
fissuras, trincas etc. Além disso devem ser sempre acompanhadas de croqui para
exemplificação da situação relatada.
As imagens abaixo são exemplos de um dos laudos técnicos realizados no caso
do Edifício Grand Parc, e exemplificam o que é pedido na norma.
Imagem 02: Conteúdo de laudo técnico.

Fonte: A GAZETA (2016).

Imagem 03: Conteúdo de laudo técnico.

Fonte: A GAZETA (2016).

O conhecimento sobre a fotografia técnica pericial traz detalhes importantes para


a coleta de imagens. Recomenda-se a tomada de no mínimo três fotografias de ângulos
diferentes por objeto/detalhe periciado além de uma que permita localizar o item
periciado no contexto geral do acontecimento.

4.4. Diagnóstico e Conclusões

Descrito todos o acontecido e realizada as vistorias necessárias para


entendimento do fato, nesse tópico o perito dará seu parecer conclusivo e
fundamentado. É importante que se atente as dúvidas que deram origem à ação
judicial.
Vale ressaltar que o perito deve apenas evidenciar os fatos técnicos, evitando
qualquer parcialidade na causa, do mesmo modo como recomenda o Código de
Processo Civil no seu artigo 473.

§ 2º É vedado ao perito ultrapassar os limites de sua designação, bem


como emitir opiniões pessoais que excedam o exame técnico ou
científico do objeto da perícia.

Durante o caso do Grand Parc, quando ainda em destaque pela mídia, três
laudos de cunho extrajudicial ficaram em evidência com conclusões distintas entre duas
das partes.
No primeiro, confeccionado pela MCA Tecnologias um mês após o ocorrido,
concluiu-se que o fato gerador do colapso se deu pelo mal posicionamento das
cordoalhas de protensão. (Vide Anexo 04).
Nos outros dois laudos, reivindicados à terceiros pela Incortel e que vieram a
público em pouco tempo após a primeira, concluiu-se que o subdimensionamento da
estrutura causou o colapso. (Vide Anexo 05 e 06).
Esse ponto conflitante do processo certamente será a dúvida a ser esclarecida
pelo perito no processo.

4.5. Resposta aos Quesitos

Conforme dita o artigo 421 do CPC, as partes podem indicar seus assistentes
técnicos e formular quesitos.
“Quesitos são indagações postuladas pelas partes, Ministério Público e pelo
Magistrado, que servirão ao juízo para apuração dos fatos e como consequência,
proferir a sentença.” (Ribeiro, 2012, p. 32).
“Os quesitos devem ser pertinentes à matéria que está sendo analisada.”
(DEUTSCH, 2016, p.108).
ABUNAHMAN (2008, p. 308) ainda afirma que “se novas dúvidas surgirem no
decorrer dos trabalhos periciais, poderão as partes apresentar quesitos suplementares
durante a diligência”, cabendo ao juiz indeferir quesitos impertinentes.
Nas respostas aos quesitos, o perito deverá remeter o leitor ao item
correspondente no corpo do laudo, onde estarão de forma esclarecedora as descrições
do questionamento.

Ao elaborar seu laudo apresentando toda a descrição do problema, o


relato da vistoria e o diagnóstico, normalmente já abordou a maioria das
situações, senão todas elas relacionadas ao problema em tela, tendo,
portanto, respondido as indagações apresentadas na quesitação. Neste
caso, ao responder às perguntas, basta citar em que ponto de suas
explanações encontra-se a explicação para o ponto específico
questionado. (DEUTSCH, 2016, p. 108).

4.6. Encerramento

O encerramento do laudo pericial deverá indicar o local onde a ação tramita, a


data e a assinatura do profissional responsável, devendo, ainda, indicar o número total
de páginas que compõem o trabalho e a listagem dos anexos, se houverem.
(DEUTSCH, 2016, p. 108). (Vide Anexo 07).
A NBR 13752 ainda salienta no item 6.3 que “as perícias de engenharia na
construção civil devem ser acompanhadas da ART (Anotação de Responsabilidade
Técnica)”.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta parte do trabalho pretende apresentar as principais conclusões, destacando


o progresso e as aplicações que a pesquisa propicia.
A escrita das considerações finais deve expressar a relação entre os objetivos do
trabalho e os resultados encontrados. Pode ser iniciada com o que foi aprendido. Deve
ser exposto de forma muito resumida e pontual as idéias principais e as contribuições
que o trabalho proporcionou para a área de estudos.
Nas Considerações Finais podem ser colocadas também as limitações do estudo
com relação ao problema, sugestões de modificações no método para futuros estudos.
Deve, portanto, abster-se do uso de citações. Destinando-se a demonstrar se as
hipóteses foram confirmadas, quando houver, a responder às perguntas feitas no início
do trabalho e a esclarecer se os objetivos fixados na introdução foram atingidos. A
conclusão não é um resumo do trabalho.,

6. REFERÊNCIAS

ABUNAHMAN, Sérgio Antonio. Curso básico de engenharia legal e de avaliações. 4


ed. São Paulo: PINI, 2008. 336 p.

DEUTSCH, Simone Feigelson. Perícias de engenharia: A apuração dos fatos. 3 ed.


São Paulo: Leud, 2016. 270 p.

FIKER, José. Manual de avaliações e perícias em imóveis urbanos. 3 ed. São Paulo:
PINI, 2008. 149 p.

RIBEIRO, Fernando. A perícia judicial. São Paulo: Clube de Autores, 2012. 113 p.

MARQUES, J. F. L. Entrevista. [20 de julho de 2016]. Vitória: Jornal A Gazeta.


Entrevista concedida ao jornal A Gazeta.
7. PREÂMBULO
ANEXO 01
Anexo 02
Anexo 03

EXMO. SR. DR. JUIZ DA 7ª VARA CÍVEL DE VITÓRIA – ES

PROCESSO Nº.: 0025001-57.2016.8.08.0024

RECLAMANTE:

RECLAMADA:

Fulando de Tal, perito judicial nomeado nos autos da reclamatória,


tendo concluído os exames e demais atividades que se fizeram necessárias,
vem respeitosamente à presença de V. Exa., submeter a apreciação o resultado
do trabalho, consubstanciado no laudo.

LAUDO PERICIAL
Anexo 04
Anexo 05
Anexo 06

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