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FACULDADE ARI DE SÁ

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL – MANHÃ


DISCIPLINA DE ÉTICA E LEGISLAÇÃO

SEGUNDA ATIVIDADE AVALIATIVA DE ÉTICA E LEGISLAÇÃO

Pedro Henrique Oliveira Diniz

Gisele Coelho de Sousa

FORTALEZA – CE

2021
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
Ética e Legislação – 2021.2
Prof. Ana Paula Lima

Os engenheiros José Oswaldo e Bruna, sócios do escritório SPRINT ENGENHARIA


LTDA (ou o nome que constituíram) possuem boas relações do mercado, possuindo
vários parceiros, principalmente na realização de obras mais complexas.
Um desses parceiros, Marcos Lisboa, é o responsável técnico (CREA-CE nº 14.719) e
proprietário do escritório de engenharia SOMA ENGENHARIA LTDA, recentemente
envolvido na seguinte situação fática, descrita em jornal de grande circulação, nos
seguintes termos.
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DESABAMENTO DE PRÉDIO: ENGENHEIRO PERDE O REGISTRO
PROFISSIONAL DO CREA
Após um ano do desabamento do prédio no bairro Lagoa Redonda, que atingiu família,
engenheiro é responsabilizado e tem cinco anos para pedir novo registro.
Diário da Rotina 21/05/2018 12h38
Por Fernando Melo
O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Fortaleza (CREA-CE) divulgou
nesta sexta-feira (21) o resultado do processo instaurado para apurar as responsabilidades
do engenheiro pelo desabamento de um prédio que estava em construção no bairro Lagoa
Redonda, zona sul de Fortaleza, há um ano.
O procedimento concluiu que o engenheiro, Marcos Lisboa, 64 anos de idade e 30 anos
de profissão, foi o responsável pelo desabamento do prédio que atingiu o pedreiro e a sua
família, já que foi constatado em laudo técnico, realizada na época, que houve falha tanto
na elaboração como na execução do projeto. O engenheiro teve o registro no Conselho
suspenso. Somente após cinco anos ele poderá dar entrada com um novo registro, o que
será avaliado pelo CREA-CE.
O engenheiro está enquadrado no artigo 75 da Lei 5.194, que diz a penalidade aplicada
pelo cancelamento definitivo por má conduta pública e escândalo público. Em relação à
questão civil e criminal o processo agora é analisado pelo Ministério Público.
Na época do desabamento, uma Comissão Especial com nove peritos, todos engenheiros
civis, foi formada especificamente para este caso e em 120 dias elaboraram o laudo final
concluído em dezembro de 2014. Após passar ainda por oitivas e prazos de defesa, o
laudo embasou a decisão da Câmara Especializada de Engenharia Civil e a Câmara de
Ética Profissional do CREA que decidiram pela suspensão do registro do engenheiro.
Segundo o presidente do Conselho, Augusto Mota, o problema maior foi verificado no
cálculo do projeto. De acordo com o laudo houve uma associação de erros, como
direcionamento de fundações (base) e estrutura de concreto; ausência da sondagem do
terreno; os traços para fazer concreto não foram observados e construção de um
pavimento a mais. Além disso, após controvérsias, foi apontado pelo proprietário do
prédio que o engenheiro quase não comparecia à obra e, portanto, não acompanhava.
"Para a gente o que prevalece é o documento da RT, de responsabilidade técnica, onde
diz que ele é efetivamente o responsável técnico e também por tudo aquilo que venha
acontecer com aquela obra", explica.
Este é a primeira vez em 20 anos do CREA/CE que um engenheiro perde o registro. O
caso passou por três instâncias, e teve prazo de 60 dias para que o engenheiro pudesse
recorrer, o que não aconteceu.
“Para o conselho não interessa se o proprietário fez isso ou aquilo, a responsabilidade é
do engenheiro. Para isso ele deveria ter acompanhado a obra, e não poderia ter dado baixa
já que a obra ainda não havia finalizado. O engenheiro é o responsável pela obra até
finalizá-la, depois disso deve dar baixa. Depois a assistência técnica da empresa se
responsabiliza”, explica Augusto.
O engenheiro não foi localizado para comentar o assunto até a publicação desta matéria.
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Considerando as informações contidas na matéria jornalística e em consulta à
legislação sobre a ética profissional do engenheiro civil estudada (Código de Ética,
Resolução nº 1004/2003, Resolução 1.090/2017 e Lei nº 5.194/66), responda o que se
pede?

1. O engenheiro Marcos Lisboa, parceiro dos engenheiros José Oswaldo e Bruna,


foi responsabilizado por quais fatos?

Foi o responsável pelo desabamento do prédio que atingiu o pedreiro e a sua família, onde
houve falha tanto na elaboração como na execução do projeto.

2. Quais os argumentos apresentados na referida acusação, ou seja, o que teria feito


de errado o engenheiro?

De acordo com o laudo houve uma associação de erros, como direcionamento de


fundações (base) e estrutura de concreto; ausência da sondagem do terreno; os traços para
fazer concreto não foram observados e construção de um pavimento a mais. Além disso,
o engenheiro quase não comparecia à obra e, portanto, não acompanhava.

3. Qual a pena que lhe foi imposta e qual fundamentação jurídica apresentada?

O engenheiro está enquadrado no artigo 75 da Lei 5.194, que diz a penalidade aplicada
pelo cancelamento definitivo por má conduta pública e escândalo público. O mesmo teve
seu registro suspenso pelo conselho e poderá apenas somente da entrada num novo
registro após 5 anos que ainda será avaliado pelo CREA.
4. Além da pena administrativa imposta, o engenheiro pode responder em outras
esferas? Se sim, quais? Explique.

Sim. Ele pode responder em relação a questão civil e criminal que é analisado pelo
ministério público.

5. Comente a declaração do Presidente do CREA-CE sobre a condenação de


Marcos exposta no penúltimo parágrafo da matéria jornalística.

A declaração do Presidente do CREA-CE está correta, pois o engenheiro é responsável


pela obra até finalizá-la, não podendo dar baixa a obra que não foi finalizada. A RT é um
documento de responsabilidade técnica que diz qual profissional é responsável pelo
começo ao fim da obra. Assim, tudo que acontece naquela obra é de total responsabilidade
do profissional que aceitou a responsabilidade técnica.

6. O rito descrito na Resolução 1.090/2017 parece ter sido observado? Indique a


parte do relato sugere isso, em caso de resposta positiva.

De acordo com o citado no relato “O engenheiro está enquadrado no artigo 75 da Lei


5.194, que diz a penalidade aplicada pelo cancelamento definitivo por má conduta pública
e escândalo público”, o rito descrito na Resolução 1.090/2017 foi observado, pois
classifica má conduta pública e escândalo:

Resolução CONFEA Nº 1090 DE 03/05/2017

Art. 2º

I - má conduta pública: a atuação incorreta, irregular, que atenta contra as normas legais
ou que fere a moral quando do exercício profissional;

II - escândalo: aquilo que, quando do exercício profissional, perturba a sensibilidade do


homem comum pelo desprezo às convenções ou à moral vigente, ou causa indignação
provocada por um mau exemplo, por má conduta pública ou por ação vergonhosa,
leviana, indecente, ou constitui acontecimento imoral ou revoltante que abala a opinião
pública;

Art. 3º São enquadráveis como má conduta ou escândalos passíveis de cancelamento do


registro profissional, entre outros, os seguintes atos e comportamentos:
I - incidir em erro técnico grave por negligência, imperícia ou imprudência, causando
danos.

7. O contraditório e ampla defesa parece ter sido assegurada e exercida pelo


acusado? Indique a parte do relato sugere isso, em caso de resposta positiva.

O caso passou por três instâncias, e foi dado ao engenheiro um prazo de 60 dias para que
o engenheiro pudesse recorrer a decisão tomada, porém não aconteceu.

8. Marcos Lisboa pode voltar a usar o CREA-CE nº 14.719? Se sim, explique o


porquê com base na legislação. Se não, explique o porquê e sinalize uma
alternativa para voltar a atuar no ramo da construção civil, como engenheiro,
caso isso seja possível.

Marcos Lisboa, que teve seu registro cancelado por má conduta pública e escândalo, pode
requerer sua reabilitação, mas com um novo registro. Portanto, não poderá utilizar o seu
registro atual (CREA-CE nº 14.719). Essa afirmação se embasa na Resolução 1.090/2017:
Art. 6º O profissional que tiver o seu registro cancelado por má conduta pública,
escândalo ou crime infamante poderá requerer sua reabilitação, mediante novo registro,
decorridos no mínimo cinco anos da data do trânsito em julgado da decisão administrativa
que ensejou seu cancelamento.
§ 2º O profissional que tiver concedida sua solicitação de reabilitação receberá novo
registro, com nova numeração, devendo o acervo técnico constante de seu registro
anterior ser transferido para o novo registro.
Assim, Marcos Lisboa poderá atuar no ramo da construção civil, como engenheiro, mas
com um novo registro após ser concedida sua solicitação de reabilitação.
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