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Direito fundamentais em espécie

1. Direito à Vida
1.1 Introdução
A Constituição Federal de 1946 foi a primeira a proteger o direito à vida

1.2 Âmbito de proteção


Art 5° Caput, CF (Ele tem que ser interpretado dialogando com o art 1°, III)
Tutela o direito à vida humana com dignidade (bens jurídicos distintos e
sem hierarquia)

Art. 5º, caput: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união


indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:

III - a dignidade da pessoa humana;

Com o direito à vida encontramos a proibição da pena de morte, salvo em


caso de guerra declarada. Bem como, o direito a uma vida digna, a
constituição garante as necessidades vitais básicas do ser humano e
proíbe qualquer tratamento indigno, como tortura, penas de caráter
perpétuo, trabalhos forçados, curéis, etc…

O que é vida?
A vida para fins de proteção constitucional se refere a vida eminentemente
biológica (existência física e corporal da pessoa).

⚠️ A VIDA ELA DEVE SER DIGNA DE SER VIVIDA


⚠️ O DIREITO A VIDA NÃO É ABSOLUTO!
1.3 Titularidade
Universalidade, protege a vida de todo e qualquer pessoa natural.

OBS: A pessoa jurídica não é titular do direito à vida, porque a vida


protegida pela constituição é a vida biológica.
O STF julgou que a titularidade do direito à vida é adquirida com o
nascimento. Com isso, a vida intrauterina é protegida por outros direitos
fundamentais.

A proteção jurídica da vida termina com a morte cerebral, e,


consequentemente, o início da vida se dá com o surgimento do
cérebro.

Eutanásia x Ortotanásia

Eutanásia: É uma conduta médica ativa que põem fim a vida do paciente.
No Brasil não há permissão para a realização de acordo com o Conselho
Federal de Medicina (CFM).

Ortotanásia: Consiste em uma conduta omissiva do profissional médico


que interrompe o tratamento do paciente que vem a óbito naturalmente.

O CFM permite, desde que preenchido alguns requisitos: Consentimento


do paciente ou do seu familiar; tem que se tratar de paciente com
enfermidade incurável; em estágio terminal e com intenso sofrimento
físico ou psíquico.

2. Proibição da tortura
⚠️ É um direito absoluto;
Art 5°, III, CF.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento


desumano ou degradante;

Sobre o uso de algemas:

SV, n°11: Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de


fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou
alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a
excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade
disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade
da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da
responsabilidade civil do Estado.
3. Privacidade e intimidade
3.1 Introdução
Art 5°, X, CF

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a


imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo
dano material ou moral decorrente de sua violação;

3.2 Âmbito de proteção


Privacidade: Relações pessoais em geral (Comerciais, profissionais, dados
financeiros e bancários)
Intimidade: Relações mais íntimas (Segredos, familiares e sexualidade).
Estar só, de não ser molestado, ser deixado em paz.

OBS: Dados pessoais: Autodeterminação informativa (Controle de dados).

3.3 Limites
⚠️ Não é absoluto;
Ou seja, pode haver restrições, quando necessária para a proteção de
outros direitos fundamentais e ela deve ser proporcional.

3.4 Dados bancários e fiscais


O sigilo não é absoluto, porém para haver a quebra do sigilo fiscal (sigilo
bancário) necessita de autorização judicial.
↪ OBS:
- Ordem Judicial (CPI: Comissão parlamentar de inquérito e Autoridade
Tributária: ilícito fiscal)
- Necessário para a proteção de outros Direitos Fundamentais ou para
realizar em finalidade constitucional.

ATENÇÃO: Em se tratando de contas públicas, ante os princípios da


publicidade e da moralidade, a proteção do direito à
intimidade/privacidade tem sido flexibilizada. Sendo assim, operações
financeiras que envolvam recursos públicos não estão abrangidas pelo
sigilo bancário.

Com isso, o Ministério Público tem o poder de requisitar os registros de


operações financeiras referentes a recursos públicos movimentados a
partir da conta corrente da municipalidade para a apuração de ilícitos
penais que os envolvam. Esse poder de requisição compreende também
os particulares para quem os recursos públicos são destinados.

4. Inviolabilidade de Domicílio
4.1 Introdução
Art 5°, XI, CF

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo


penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de
flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante
o dia, por determinação judicial;

4.2 Casa
Qualquer local onde a pessoa exerce a privacidade com exclusividade;
Compartimento habitado;

O termo “casa” abrange não só o domicílio, mas também o escritório,


oficinas, garagens, etc., ou, até, os quartos de hotéis.

4.3 Titularidade
Pessoa física/jurídica;
Habitam a casa/Protege o local que exerce a atividade jurídica;

4.4 Âmbito de proteção


Proíbe o ingresso não autorizado na casa;
OBS: Meios eletrônicos.
Uso tranquilo do imovel

4.5 Exceções constitucionais


Flagrante delito;
Prestação de socorro;
Desastre;
Ordem judicial (somente pelo dia das 6:00 ás 18:00);
Caso específico da “Lei do Mosquito”:
A autoridade máxima do Sistema Único de Saúde de âmbito federal,
estadual, distrital e municipal fica autorizada a determinar, executar,
dentre outras medidas necessárias ao controle das doenças causadas
pelos vírus transmitidos pelo mosquito, o ingresso forçado nos imóveis
públicos e particulares. Porém, em apenas 3 situações: abandono, ausência
ou recusa de pessoa que possa permitir o acesso de agente público,
regularmente designado e identificado.

Essa restrição decorre da ponderação a ser realizada à luz de outros


preceitos, como direito à vida e o direito à saúde.

5. Sigilo das comunicações:


⚠️ Não é absoluto.
Art 5°, XII, CF

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações


telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no
último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a
lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução
processual penal;

Garante o sigilo das correspondências postais, Sigilo das comunicações


telegráficas: Telegrama, Sigilo das comunicações telemáticas, ou seja, as
comunicações eletrônicas (email, whatsapp, sms), sigilo das comunicações
telefônica: Ele não é absoluto.

Sigilo das comunicações telefônicas:

Interceptação telefônica: Capta o áudio;


Necessita de 2 requisitos para existir a quebra:

1° Ordem formal: Decisão judicial, competência exclusiva do poder


judiciário (cláusula de reserva jurisdicional).

2° Finalidade: Só pode haver a Interceptação telefônica para fins de


investigação criminal ou prova em processo penal.
Quebra dos registros telefônicos: Número originado, número recebido,
local, data e hora, duração da ligação.

OBS: A gravação clandestina de um dos interlocutores na comunicação


telefônica é uma prova lícita, desde que ausente causa legal de sigilo ou de
reserva da conversação.

Sigilo das correspondências


Como regra, o sigilo de correspondência é inviolável, salvo nas hipóteses de
decretação de estado de defesa e de sítio, quando poderá ser restringido.
Cumpre observar, também, que esse direito não é absoluto e poderia, de
acordo com circunstância do caso concreto, ser afastado, por exemplo, na
interceptação de uma carta enviada por sequestradores. A suposta prova
ilícita convalida-se em razão do exercício da legítima defesa;

Sigilo das comunicações telegráficas


Também inviolável, salvo nas hipóteses de decretação de estado de defesa
e de sítio, que poderá ser restringido ou em razão de eventual ponderação
a ser feita no caso concreto;

6. Direito à igualdade:
6.1 Introdução:
Art 5°, caput, I.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos


termos desta Constituição;

Igualdade formal (igualdade perante a lei): É que a lei tem que ser
aplicada igualmente a todos (aplicação uniforme/idêntica da lei para
todos).
↪ É importante para abolir privilégios, evitar perseguições e
favorecimentos.
↪ Ela não é capaz de corrigir desigualdades.

Igualdade material (Igualdade na lei): Visa corrigir desigualdades,


devendo-se tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais na
medida de suas desigualdades
6.2 Dimensão objetiva:
A igualdade é um valor, onde é referenciada como tal no preâmbulo da
constituição.

É também um princípio constitucional: Estruturante (está na base


estrutural do sistema jurídico brasileiro).

Objetivo da república federativa do Brasil: art 3, III e IV

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa


do Brasil:

III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as


desigualdades sociais e regionais;

6.3 Âmbito de proteção:

Proibição da discriminação
OBS: O tratamento desigual só será lícito se for para proteger outros bens
tutelados pela constituição e devem ser proporcionais;

Dever de tratamento diferenciado: Tem que ser realizado para corrigir


desigualdades;

6.4 Ações afirmativas:


São políticas públicas de tratamento benéfico e diferenciado a grupos
historicamente vulneráveis, que visam redistribuir bens e oportunidades
para corrigir distorções do passado que os colocaram em situações de
desigualdades no presente

Ex: Cota racial, cota de gênero nos tribunais, PROUNI, FIES.

7. Direitos de liberdade
7.1 Direito geral de liberdade
Art 5°, II

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
senão em virtude de lei;

Significa que todos nós podemos fazer aquilo tudo que desejar, desde que
a lei não nos proíba (Princípio da legalidade).

No âmbito das relações particulares, pode-se fazer tudo o que a lei não
proíbe, vigorando o princípio da autonomia da vontade, lembrando a
possibilidade de ponderação desse valor com o da dignidade da pessoa
humana e, assim, a aplicação horizontal dos direitos fundamentais nas
relações entre particulares.

Já no que tange à administração, esta só poderá fazer o que a lei permitir.

7.2 Direito a liberdade de expressão


7.2.1 Introdução
Art 5°, IV, V e IX

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o


anonimato;

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo,


além da indenização por dano material, moral ou à imagem;

IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística,


científica e de comunicação, independentemente de censura ou
licença;

Ela é uma pedra fundamental no nosso ordenamento jurídico porque ela


tem uma interdependência com a democracia.

Não se pode falar em democracia sem liberdade de expressão, porque ela


necessita de diálogo e para existir diálogo precisa de liberdade de
expressão.

7.2.2 Âmbito de proteção


Dimensão individual: Nos garantem 3 direitos:
1) Formar o pensamento (opiniões, ideias e informações): Foro
interno/íntimo.
2) Exteriorizar/manifestar o pensamento: Exteriorizar nossas opiniões,
ideias e informações. Direito de manifestar nossas opiniões.

3) Fazer circular o pensamento: Difundir o pensamento

Dimensão coletiva: Significa dizer que temos o direito de buscar a


informação, direito a acessar a informação, as ideias e as opiniões das
pessoas, ou seja, o direito de receber a informação.

A CF protege todas as formas de manifestação são garantidas, desde que


não sejam violentas.

7.2.3 Limitações à liberdade de expressão


Não é um direito absoluto, ela encontra restrições “voltadas ao combate do
preconceito e da intolerância contra minorias estigmatizadas.”

As limitações devem ser aplicadas com cautela (levando em conta o


princípio da proporcionalidade), ela só poderá ser restringida para proteger
outros bens tutelados pela constituição.

Ex: Tipificação dos crimes contra a honra;

Art 13 da CADH
As piadas (manifestações artísticas) são limitadas quando são
discriminativas. O humor preconceituoso (utiliza estereótipos negativos) é
um humor ilícito.

7.2.4 Vedação da censura


O CADH proíbe a censura prévia, que é uma restrição prévia à liberdade de
expressão pelo estado que proíbe a veiculação de determinado conteúdo.
A classificação etária a espetáculos não se classifica como censura prévia.
Art 220 CF.

7.2.5 Vedação do anonimato


Art 5, IV
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o


anonimato;
A CF proíbe o anonimato, para garantir o alvo dos discursos eventual
reparação do dano.

Não proíbe a denúncia anônima;

7.2.6 Direito de resposta proporcional ao agravo


Art 5, V

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo,


além da indenização por dano material, moral ou à imagem;

É um instrumento de resposta/defesa que pode ser utilizado pelos alvos de


discursos ofensivos, negativos, etc.

Promove o contraditório na arena pública do diálogo contra opiniões


públicas negativas.

7.3 Direito à liberdade religiosa


Art 5, VI

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo


assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na
forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;

7.3.1 A neutralidade religiosa do Estado


Art 19, I - O Estado é laico

Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos


Municípios:

I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los,


embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus
representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na
forma da lei, a colaboração de interesse público;

O Estado é neutro no ponto de vista religioso

Laicidade e Laicismo
Laicidade:
Neutralidade religiosa, separação do estado e a igreja. O estado não pode
favorecer, perseguir a igreja.

Neutralidade religiosa, distanciamento entre estado e religião, porém essa


distância não é completa e absoluta, devido que o estado diz que o
casamento religioso tem efeitos civis.

Pode haver ensino religioso nas escolas públicas. O estado pode colaborar
com as igrejas para realizar o interesse público.

Laicismo:
O estado tem uma posição de hostilidade para com a religião.

7.3.2 Conteúdo da liberdade religiosa - Âmbito de proteção


Liberdade de crença religiosa (foro íntimo): o direito de professar ou não
uma fé. É absoluta, porque o estado não nos pode obrigar a nada.

Liberdade de culto: Está relacionada a exteriorização da fé, ou seja, está


relacionada com as liturgias religiosas, locais sagrados.

Liberdade de organização religiosa: Direito de criar as igrejas. O livre


funcionamento das igrejas.

7.3.3 Titulares e destinatários


Quem são os titulares da liberdade de culto e crença: Somente pessoas
físicas.
As pessoas jurídicas são titulares apenas da liberdade de organização
religiosa.

7.3.4 Limites
Ela encontra limites em outros direitos.

A liberdade de culto é relativa, onde ela só poderá ser restringida para


garantir outros direitos fundamentais.

Testemunha de Jeová (Direito a liberdade religiosa) e Transfusão de sangue


(Direito à vida)
-Menor de idade prevalece o Direito à vida
-Maior de idade e capazes prevalece o Direito à liberdade religiosa

7.3.5 Escusa de consciência


Art 5, VIII

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença


religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as
invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e
recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

É um direito que nós temos de não cumprir com uma obrigação legal
imposta a todos, quando essa obrigação for contrária/violar a nossa crença.
Mas, deverá cumprir com uma prestação alternativa. Caso se recuse a
cumprir a obrigação originária e também a alternativa, o indivíduo poderá
ter seus direitos políticos suspensos, nos termos do art. 15, IV, da CF/88.

Ex: Participar de uma Guerra; Ser jurado.

7.4 Liberdade de locomoção


7.4.1 Introdução
Art 5, XV

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz,


podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar,
permanecer ou dele sair com seus bens;

É o direito de ir e vir
7.4.2 Âmbito de proteção
Direito de circular livremente pelo Brasil, significa também o direito de fixar
residência onde quisermos, garante também o direito de sair do país e
voltar quando quiser.

Não é apenas um direito de defesa, ela também é um direito de prestação.


(O estado tem o dever de garantir o pleno exercício da liberdade de
locomoção, ou seja, criar as condições necessárias para a liberdade de
locomoção. Ex: Transporte público, vias públicas)

7.4.3 Titulares e destinatários


Os titulares são apenas as pessoas físicas;

7.4.4 Garantias da liberdade de locomoção


A constituição federal garante 3 garantias.
Vedação da prisão civil: A prisão por dívida Art 5 LXVII
OBS: Salvo por dívida alimentar
Prisão depende de ordem judicial: Cláusula de reserva jurisdicional Art 5
LXI
OBS: Flagrante de delito é a exceção, ela não depende de ordem judicial;
Habeas Corpus: Garantir a nossa liberdade de locomoção; Art 5 LXVIII

7.4.5 Restrições
Não é um direito ABSOLUTO!

Durante o estado de defesa, contudo, o decreto poderá estabelecer


restrição ao direito de reunião, ainda que exercida no seio das associações.

No caso de estado de sítio decretado, poderão ser tomadas contra as


pessoas as medidas de obrigação de permanência em localidade
determinada; detenção em edifício não destinado a acusados ou
condenados por crimes comuns; suspensão da liberdade de reunião.

Já no da hipótese de declaração de estado de guerra ou resposta a


agressão armada estrangeira, a liberdade de locomoção também poderá
ser restringida ou suspensa.
NACIONALIDADE

1. Conceito
É um vínculo jurídico que se estabelece entre o indivíduo e o estado, no
qual existem deveres e direitos para ambas as partes.

2. Tipos de nacionalidade
Primária ou Originária: É aquela que resulta de um fato natural, o
nascimento. (Não é decorrente de ato de vontade)

Secundária ou Derivada: É aquela que decorre de um ato de vontade do


interessado.

3. Nacionalidade originária ou primária: Decorre do nascimento


3.1 Os critérios de aquisição da nacionalidade originária ou primária

1- Ius soli: Critério territorial, ou seja, leva em consideração o local do


nascimento. Desse modo, será nacional todo aquele que nascer em
território nacional independentemente da nacionalidade dos ascendentes.

Adotado como regra geral no Brasil

2- Ius sanguinis: Critério da consanguinidade, no qual leva em


consideração a nacionalidade dos ascendentes.

Pelo critério do Ius sanguinis será nacional todo o descendente de nacional


independentemente do local do nascimento

3.2 Hipótese de aquisição da nacionalidade primária ou originária


Estamos falando de brasileiros natos

Estão elencadas em um rol taxativo nos art 12, I CF

1- Art 12, I, "a", CF (Ius solis): Será brasileiro todo aquele que nascer no
Brasil ainda que os ascendentes sejam estrangeiros. Não será brasileiro
quando ambos os pais sejam estrangeiros e pelo menos um dos pais esteja
a serviço do seu país

Art. 12. São brasileiros:


I - natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais
estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;

2- Art 12, I, "b", CF: Os nascidos no estrangeiro filhos de pai ou mãe


brasileira e que um ou o outro esteja a serviço da república federativa do
Brasil (Da União, De Estado, do Distrito Federal ou de município brasileiro).

Art. 12. São brasileiros:


I - natos:

b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira,


desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa
do Brasil;

3- Art 12, I, "c", 1° parte, CF: Serão brasileiros natos os nascidos no


estrageiro, pai brasileiro ou mãe brasileira e que seja feito o registro da
pessoa nascida na repartição pública brasileira.

Art. 12. São brasileiros:


I - natos:

c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe


brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira
competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil
e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade,
pela nacionalidade brasileira;

4- Art 12, I, "c", parte final, CF: Tem que ter nascido no estrangeiro, pai ou
mãe brasileira, tem que vir a residir no Brasil e tem que optar pela
nacionalidade brasileira, após a maioridade.

Art. 12. São brasileiros:


I - natos:

c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira,


desde que sejam registrados em repartição brasileira competente
ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem,
em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela
nacionalidade brasileira;

Obs: Em se tratando de menor de idade a lei brasileira permite uma


nacionalidade provisória a estrangeiros;
DECRETO Nº 9.199, DE 20 DE NOVEMBRO DE 2017, Regulamenta a
Lei nº 13.445, de 24 de maio de 2017, que institui a Lei de Migração.

Art. 244. A naturalização provisória poderá ser concedida ao


migrante criança ou adolescente que tenha fixado residência no
território nacional antes de completar dez anos de idade e deverá
ser requerida por intermédio de seu representante legal.

4. Nacionalidade secundária ou derivada:


4.1 Introdução
Depende de manifestação de vontade do interessado
Ela é adquirida por meio da naturalização.

OBS: O interessado não tem direito subjetivo à obtenção da naturalização


ainda que preenchidos os requisitos normativos da legislação brasileira. O
governo brasileiro não é obrigado a conceder a nacionalização brasileira.

4.2 Espécies de naturalização:


4.2.1 Tácita, também chamada de grande naturalização:

É a concessão automática da nacionalidade brasileira aos estrangeiros


residentes no Brasil.

Só ocorreu duas vezes no Brasil, não está na CF 88

4.2.2 Expressa:
Depende de manifestação de vontade do interessado

Ela pode ser Ordinária e Extraordinária;

4.3 Naturalização expressa Ordinária:


Art 12, II, "a", CF

Art. 12. São brasileiros:


II - naturalizados:

a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira,


exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas
residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;

1- Originários de países de língua portuguesa:


- Residir no Brasil ininterruptamente por pelo menos 1 ano;
- Idoneidade moral;

2- Demais estrangeiros: Precisa atender os requisitos estabelecidos em


lei (art 65 da Lei de Migração)
- Ter capacidade civil;
- Residir no Brasil por pelo menos 4 anos:
- Comunicar-se em língua portuguesa
- Não possuir condenação penal ou estiver reabilitado, nos termos da lei.

Mesmo que atenda a todos os requisitos o governo brasileiro pode


negar a nacionalidade (não é um direito subjetivo)

4.4 Naturalização expressa extraordinária:


Art 12, II, "b", CF

Art. 12. São brasileiros:


II - naturalizados:

b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na


República Federativa do Brasil há mais de quinze anos
ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a
nacionalidade brasileira.

Requisitos:
- Residência ininterrupta por pelo menos 15 anos no Brasil
- Ausência de condenação penal.
- Requerimento do interessado.

OBS: A naturalização extraordinária é direito subjetivo do estrangeiro


(preencheu os requisitos o governo brasileiro é obrigado a consagrar a
naturalização)

5. Quase nacionalidade:
Art 12, parágrafo 1°, CF
Art. 12. São brasileiros:

§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se


houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os
direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta
Constituição.

Se trata da igualdade de direitos entre brasileiros e portugueses:


- Tem que haver reciprocidade, ou seja, tem que se assegurar aos
brasileiros que residem em portugal os mesmo direitos que são garantidos
aos portugueses.

- Igualdade de direitos, mas não de todos direitos. Direitos privados de


brasileiros natos não podem ser exercidos pelos portugueses.

6. Distinção entre brasileiros natos e naturalizados.

- Regra: Como regra a constituição proíbe a distinção entre brasileiros


natos e naturalizados. Art 12, parágrafo 2°, CF

Art. 12. São brasileiros:

§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e


naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição.

Exceções (Rol taxativo):


1. Cargo: Prevista no art 12, parágrafo 3° da CF.

Art. 12. São brasileiros:


§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:

I - de Presidente e Vice-Presidente da República;


II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
III - de Presidente do Senado Federal;
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática;
VI - de oficial das Forças Armadas.
VII - de Ministro de Estado da Defesa.

OBS: Apenas brasileiros natos podem exercer certos cargos. (Presidente,


vice-presidente, presidente da câmara e do senado, integrantes da
carreiras diplomáticas, ministro stf, oficiais das forças armadas, ministro da
defesa, presidente do cnj)

2. Função pública: Art 89, VII CF.

Art. 89. O Conselho da República é órgão superior de consulta do


Presidente da República, e dele participam:

VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos
de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente da República, dois
eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos pela Câmara dos
Deputados, todos com mandato de três anos, vedada a
recondução.

O Conselho da República é um órgão de consulta do presidente da


República. 6 cidadãos brasileiros natos devem fazer parte desse conselho.

Brasileiro naturalizado pode ser membro do conselho da república,


sendo líderes das minorias e maiorias do senado ou da câmara ou
como ministro da justiça.

3. Extradição: Art 5°, LI, CF

Art 5°:

LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em


caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de
comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e
drogas afins, na forma da lei;

Entrega de uma pessoa a um país para que lá seja processado e julgado


por um crime que ele cometeu fora do Brasil

- Nato: Não pode ser extraditado de forma alguma.

- Naturalizado: Só pode ser extraditado em crimes cometidos antes da


naturalização.

OBS: Se tratando de tráfico de drogas pode ser extraditado em crimes


cometidos antes e depois da naturalização.

4. Propriedade de empresa jornalística, rádio e televisão: art 222, CF.

Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão


sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou
naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas
constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País.

É privativa de brasileiro nato e naturalizado há mais de 10 anos.

7. Perda da nacionalidade brasileira:


Art 12, parágrafo 4, I e II

Art. 12. São brasileiros:


§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em
virtude de fraude relacionada ao processo de naturalização ou de
atentado contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;

II - fizer pedido expresso de perda da nacionalidade brasileira


perante autoridade brasileira competente, ressalvadas situações
que acarretem apatridia.

7.1 Cancelamento da naturalização:


Requisitos:
Formal: Só pode acontecer por sentença judicial.
Motivos: - Fraude no processo de naturalização e/ou a prática de ato
atentatório à ordem constitucional e à democracia.

Uma vez perdida a nacionalidade não se pode mais tê-la de volta. Salvo
em caso de ação rescisória.

7.2 Renúncia à nacionalidade brasileira


Art 12, parágrafo 4°, II

Art. 12. São brasileiros:


§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:

II - fizer pedido expresso de perda da nacionalidade brasileira


perante autoridade brasileira competente, ressalvadas situações
que acarretem apatridia.

O brasileiro pode pedir a renúncia da nacionalidade brasileira, desde que


não gere apatridia.

Nessa hipótese é possível readquirir a nacionalidade brasileira.


Art 12, parágrafo 5°

Art. 12. São brasileiros:

§ 5º A renúncia da nacionalidade, nos termos do inciso II do § 4º


deste artigo, não impede o interessado de readquirir sua
nacionalidade brasileira originária, nos termos da lei.

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