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Resumos

Jurídicos
Material jurídico voltado para o
estudo acadêmico.

Conteúdo:
 Direito Constitucional II;
 Direito Civil II.
Material adquirido por Rafaella Carvalho (CPF 120.026.666-23) em 30/01/2023.

DIREITO CONSTITUCIONAL II

Das inviolabilidades (art. 5º)

- Embasadas na infelicidade ditatorial;


- Proteção do indivíduo (tanto do ponto de vista patrimonial, quanto do personalíssimo)
em relação ao Estado e a outros particulares.

1. Direito à inviolabilidade da intimidade, vida privada, honra e imagem (art. 5°, X):
- Direito de informação;
- A liberdade de imprensa não permite que notícias inverídicas sejam divulgadas > cabe
direito de resposta e indenização (dano moral);
- A vida privada diz respeito a todos os relacionamentos dos indivíduos (relações de afeto,
relações de amizade, relações de parentesco, relações profissionais, etc.), isto é, trata-se
de um conceito mais amplo;
- A intimidade trata-se de um conceito mais restrito, retratando relações íntimas de afeto,
amizade, parentesco, etc.;
- Tanto a vida privada, quanto a intimidade concedem o “direito de estar só”;
- Honra:
 Honra subjetiva: sentimento de dignidade própria (apenas pessoas físicas);
 Honra objetiva: apreço/reputação social (pessoa física ou jurídica);
- Imagem:
 Imagem social (art. 5º, V): atributos da pessoa física ou jurídica com base naquilo
que ela exterioriza;
 Imagem retrato (art. 5º, X): imagem física do indivíduo (pessoa física), como partes
do corpo, gestos, atitudes (captadas por recursos tecnológicos e artificiais, como
por pintura ou por foto);
 Imagem autoral (art. 5º, XXVIII): imagem do autor que participa diretamente de
obras coletivas, como um livro, por exemplo.

Material elaborado exclusivamente por Ana Beatriz Felício e Silva;


Para mais informações, entrar em contato: (37) 9 9956 2093.
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2. Da inviolabilidade domiciliar (art. 5°, XI):


- 1824;
- Casa: todo local determinado, específico e separado que alguém ocupa com exclusividade
a qualquer título, inclusive profissionalmente (sentido constitucional > mais amplo);
 Compartimento habitado: barracas de moradores de rua, por exemplo;
 Aposento ocupado de habitação coletiva: quartos de hotéis e de repúblicas, por
exemplo;
 Compartimento privado no qual é exercida uma atividade: consultórios e escritórios,
por exemplo;
- O objetivo não é a proteção do indivíduo, mas do local, da privacidade;
- Os locais públicos não são protegidos por essa inviolabilidade;
- Locais abertos ao público:
 Regra: somente se adentra na casa com a permissão do morador;
 Exceções (sem consentimento do morador – art. 5º, XI):
 Flagrante delito (delito em ocorrência atual);
 Desastre ou para prestar socorro;
 Por determinação judicial (mandado judicial > período diurno > entre 06:00
a.m. e 18:00 p.m. no Brasil).

3. Da inviolabilidade dos sigilos de comunicações (art. 5°, XII):


- Sigilos de “comunicações” > gênero;
- Proteção de direitos personalíssimos (nome, honra, reputação) que valem tanto para
pessoas físicas, quanto para pessoas jurídicas;
- Garantia que decorre do direito à vida privada: proteger a vida privada e a intimidade dos
indivíduos perante o Estado e os demais indivíduos;
- Espécies:

3.1 Sigilo de correspondência (também chamado de “sigilo epistolar”):


- Acaba protegendo a liberdade de manifestação de pensamento;
- Correspondência: mensagem verbal realizada por instrumento de comunicação
escrito (carta, fax, extrato bancário, e-mail, WhatsApp, etc.);

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- Titulares: interlocutores, como os membros de um grupo de WhatsApp, por


exemplo;
- Violação: artigos 151 e 152 do Código Penal;
- Exceções para a quebra do sigilo de correspondência:
 Estado de defesa – art. 136, parágrafo 1°, I: exceção constitucional para
reparar crises que envolvam as instituições democráticas (medida mais
branda);
 Estado de sítio – art. 139, III: quando o estado de defesa não é suficiente
(medida mais drástica);
 Lei 7210/84 (Lei de Execução Penal - LEP): concede ao diretor da penitenciária
a permissão de abrir as cartas dos presos;
 Art. 22 Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA: os genitores podem ter
acesso às correspondências dos filhos menores ou incapazes (poder
familiar/pátrio poder);
 Ordem judicial: juízo competente (somente ele pode determinar a quebra do
sigilo) para fins de investigação (Princípio da Reserva da Jurisdição).

3.2 Sigilo das comunicações de dados:


- É constitucional, mas não se encontra citado expressamente, dependendo de
uma interpretação sistêmica;
- Se encontram sob proteção todas as informações e dados confidenciais sobre
pessoas físicas e jurídicas presentes em instituições financeiras, fiscais, no poder
público e em organismos privados (serasa, spc);
- Regra geral: informações sigilosas não podem ser reveladas;
- Exceções:
 Ordem judicial (Princípio da Reserva da Jurisdição);
 Conselho Nacional de Justiça – CNJ (órgão fiscalizador e correcional, pois
fiscaliza e controla a conduta funcional dos magistrados no âmbito externo
da atividade judiciária): emenda 45/2003;
* Observação: corregedoria > controle interno da atividade judiciária;
 Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI: investigação transitória sobre
qualquer fato determinado que envolva o poder público (art. 58, §3º);

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 Lei complementar 105/2001: dispõe sobre alguns órgãos de controle e


fiscalização das atividades financeiras, como o COAF;
 O Banco Central, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e quaisquer
outras organizações financeiras (quaisquer outros bancos) podem
enviar dados ao COAF sem necessidade de autorização judicial;
 A Receita Federal pode requisitar diretamente aos bancos informações
sobre determinado indivíduo, e de posse desses dados pode
compartilhá-los com o Ministério Público.

3.3 Sigilo das comunicações telefônicas:


- Proteção de direitos personalíssimos;
- Impede intromissões indevidas por parte do Estado e de outros particulares nas
relações íntimas e pessoais do titular;
- Comunicações: transmissão, emissão e decodificação de sinais linguísticos,
caracteres escritos, imagens e sons veiculados pelo telefone;
- O conteúdo das comunicações, em regra, é sigiloso, pois tal espécie de
inviolabilidade decorre do Direito de privacidade e intimidade, de modo que
somente por ordem judicial tal regra possa ser quebrada;
- Tipos de comunicação telefônica:
 Registro telefônico: registro de dados da conta (pode ser quebrado pelo juízo
competente ou pela CPI);
 Escuta telefônica: um dos interlocutores sabe que a conversa está sendo
gravada por terceiro (é ilegal/inconstitucional pelo fato de ser direito do outro
interlocutor saber da gravação);
 Gravação clandestina: gravação de conversa pessoal em um ambiente que os
demais não saibam (por terceiro ou por um dos interlocutores);
 Interceptação telefônica: nenhum dos interlocutores sabe que a conversa
está sendo gravada por terceiro;
- Observações sobre a interceptação telefônica:
 Sua transcrição deve ser integral e deve correr de maneira sigilosa pelos
autos do processo;

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 O jornalista que publica informações sobre a interceptação telefônica não


comete crime, mas quem vaza a informação sim (crime funcional);
 Em regra, é proibida, salvo pelo art. 5º, XI da lei nº 9.296/96 (Lei da Escuta
Telefônica);
 Prazo de 15 dias renovável por mais 15.

Direito de propriedade e função social (art. 5º, XXII e XXIII)

1. Direito de propriedade:
- Usar, gozar, dispor, reivindicar (tanto por ato gratuito, quanto por ato oneroso);
- Reconhecido nas primeiras constituições liberais;
- Um dos mais antigos e basilares direitos;
- Ligado ao modo de produção econômico > capitalismo > reconhecimento da propriedade
privada;
- Propriedade atualmente: bens materiais e imateriais;
- Os direitos individuais são dotados de caráter negativo, isto é, o Estado não pode
interferir, deve abster-se, entretanto, em casos de conflito entre direitos individuais e
coletivos/sociais, o poder público, ou seja, o Estado pode agir para compatibilizar tais
direitos;
- Limites ao exercício do direito de propriedade:
 Intervenção do Estado na propriedade (reforma agrária, tombamento);
 Criação de reservas florestais;
 Criação de parques;
 Edificação;
- Função social da propriedade:
 Destinação econômica útil que se dá a propriedade/ao bem (material ou imaterial)
tanto para seu proprietário, quanto para a coletividade em nome do interesse
público;
 Atributo próprio do atual paradigma;
 As propriedades não podem ser improdutivas, de modo que caso não atendam à
função social, o Estado poderá intervir no direito de propriedade;

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 Atenção: o art. 186 da CR/88 pauta sobre a propriedade rural, mas serve de
interpretação análoga à propriedade urbana;
- Realização da função social: necessidade de o titular do domínio utilizar adequadamente
os recursos naturais disponíveis e fazer preservar o equilíbrio do meio ambiente (STF, MS
nº22.164, Rel. Min. Celso de Mello);
- Propriedade que não desempenha sua função social: desapropriação.

2. Desapropriação (art. 5º XXIV):


- Intervenção do Estado no Direito de Propriedade na qual há a transferência compulsória
daquele bem privado para o domínio público mediante indenização;
- Em regra a desapropriação é indenizada (duas fases: administrativa – oferta de
indenização – e judicial – requisição de valor mais alto perante o judiciário);
- Objetivos:
 Contribuir para a execução de obras e serviços públicos;
 Implantar e organizar planos de urbanização;
 Preservar o meio ambiente contra a poluição e a devastação;
 Indenizar o patrimônio do proprietário;
- A desapropriação se dará por:
 Necessidade pública;
 Utilidade pública;
 Interesse social (artigos. 184, § 1º ao 5º, e 186):
 Tem como objeto a propriedade rural que não atende a função social;
 A União é competente para declarar, isto é, o decreto é sempre federal;
 A indenização se dará em títulos da dívida agrária resgatáveis até 20 anos;
 Destino: assentamento rural;
 INCRA: autarquia federal;
 Crítica: não há uma política séria de reforma agrária no Brasil, pois ela não
deve se dar em um ato isolado, mas combinada com outras políticas públicas,
como a de implantação de escolas e postos de saúde nas proximidades rurais;
- Desapropriação-Sanção ou Urbanística (art. 182, § 4º):
 Incide sobre o imóvel urbano que não atenda sua função social (não
edificado, subutilizado, não utilizado);

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 Trata-se de uma política de desenvolvimento urbanístico;


 Três medidas que podem ser tomadas pelo Poder Público Municipal
(legitimidade): parcelamento ou edificação compulsórios; imposto sobre a
propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo; desapropriação
com pagamento mediante títulos da dívida pública com prazo de resgate de
até 10 anos;
- Confisco, desapropriação confiscatória ou expropriação (art. 243):
 Trata-se de uma forma de sancionar o proprietário, pois não é indenizada
(por isso a expressão expropriação é mais cabível que desapropriação);
 Regra geral: proibido pelo fato de violar o direito de propriedade;
 Exceções: (xxx);
- Bens insuscetíveis de desapropriação (art. 185):
 A pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu
proprietário não possua outra;
 A propriedade produtiva.

3. Direito de “requisição” (art. 5º, XXV):


- Intervenção do Estado na propriedade que possibilita o uso do bem/serviço particular
por autoridade administrativa transitoriamente/temporariamente (não há transferência
do bem), não podendo bens públicos serem requisitados para utilização;
- Requisição pelo Poder Público devido a situação excepcional (independe de processo
judicial > se dá por decreto, mas em momentos de urgência efetiva-se a medida e depois
decreta-se);
- Iminente perigo público: impossibilita o funcionamento normal das instituições e
atividades, gerando caos;
- Cabe indenização caso haja DANO ao particular, entretanto, tal indenização não se dá
de maneira automática, devendo-se ajuizar uma ação contra o Poder Público perante o
judiciário.

4. Direito à propriedade intelectual (art. 5º, XXIX):


- Propriedade intelectual: conjunto de direitos que recaem sobre invenções destinadas à
exploração econômica;

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- Já se sabe que as coisas/bens podem ser tanto materiais quanto imateriais, de modo
que ambas são passíveis de proteção;
- Proteção da criação humana como um todo (art. 5º, XXIX);
- Lei nº 9.279/96 (Lei de Patentes);
- Em regra, o terceiro não pode utilizar-se dos inventos do inventor para exploração
econômica, salvo com a permissão desse último;
- INPI: autarquia federal que acolherá os registros de patente, pois é a partir do registro
que se adquire a propriedade da invenção;
- As invenções humanas são protegidas, mas excepcionalmente o Estado pode intervir,
como na epidemia da HIV, por exemplo.

5. Direito do autor ou direitos autorais (art. 5º, XXVII e XXVIII):


- Protegem o criador/autor de obras intelectuais (artísticas, científicas, literárias, tudo);
- Direito de explorar economicamente a obra;
- Lei nº 9.610/96 (Lei de Direitos Autorais);
- Herdeiros: utilização por 70 anos contados desde 1º de janeiro do ano subsequente à
morte do autor (passados os 70 anos a obra cai em domínio público);
- A pirataria, por exemplo, viola o direito autoral;
- Fiscalização e arrecadação da exploração econômica: ECADI (órgão ainda muito
precário).

6. Direito à herança (art. 5º, XXX):


- Correlato/decorrente ao/do direito de propriedade privada;
- Herança: conjunto patrimonial de bens, direitos e obrigações que se transmite aos
herdeiros em decorrência da morte daquela pessoa (sucessão);
- Transferência/sucessão causa mortis;
- Dois tipos de sucessão:
a) Sucessão legítima: defere-se a herança aos herdeiros expressamente indicados pela
lei, cuja ordem de vocação hereditária encontra-se no art. 1.829 do Código Civil;
b) Sucessão testamentária: a herança ou legado são deferidos aos herdeiros instituídos
ou legatários indicados no ato de última vontade;

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- Testamento: ato solene de última vontade que apenas produz efeito depois da morte
(efeito suspensivo);
- Na ausência de testamento a sucessão se dá de maneira legítima, ou seja, se houver
herdeiros necessários (ascendentes, descendentes ou cônjuges), metade do patrimônio,
dos direitos e das obrigações é destinado a eles (patrimônio indisponível);
- A sucessão de bens de estrangeiros situados no Brasil será regulada pela lei brasileira em
benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a
lei pessoal do de cujus – falecido cujos bens estão em inventário (art. 5º, XXXI).

Da defesa do consumidor (art. 5º, XXXII e 170, V)

- Um dos princípios que regem as atividades econômicas;


- Lei nº 8.078/90 (CDC);
- Consumidor visto como hipossuficiente na relação consumerista;
- Considerado direito de 3ª dimensão.

Do direito de receber informações dos órgãos públicos (art. 5º, XXXIII)

- Titularidade: brasileiros e estrangeiros;


- Questão: informações cujo sigilo seja importante para a segurança nacional;
- Leis 8.159/91 (Lei Arquivística) e 11.111/05 (Lei de Acesso à Informação): autorizam
o Estado a restringir o acesso aos documentos públicos considerados estratégicos para a
segurança nacional;
- Decreto 5.584/11: documentos secretos relativos a ditadura;
- Lei 12.527/11 (Lei de Acesso a Informações Públicas): estabelece o prazo máximo de
sigilo ou restrição de acesso a informações.

Do direito de petição (art. 5º, XXXIV, “a”)

- Solicitar, pedir, requerer, informar;


- Legitimados: todos (tanto brasileiros, quanto estrangeiros);
- Seu exercício não tem custo;

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- Pode ser exercido individual ou coletivamente;


- Próprio de regimes democráticos (prerrogativa) > relação com a cidadania;
- Não cabe no combate/questionamento de sentença;
- Âmbito administrativo;
- Legitimados podem se dirigir ao Poder Público para solicitar providências para seus
interesses individuais ou coletivos;
- Finalidade: comunicar ao Poder Público a prática de atos ilícitos/abusivos para que
sejam tomadas as providências cabíveis;
- Independe da lesão aos interesses particulares do peticionário, ou seja, não é necessário
comprovar a lesão para que esse direito possa ser exercido;
- Crítica: ausência de sanção ao Estado quando este desconsidera a petição.

Do direito de certidão (art. 5º, XXXIV, “b”)

- Lei nº 9.051/95;
- Legitimados: titulares;
- Requisitos:
 Existência comprovada de um legítimo interesse (justificativa);
 Ausência de sigilo (os objetos/informações devem ser públicos);
 Existência das informações solicitadas (os objetos/informações devem ser
existentes - informações-objeto);
- O interessado solicita a emissão de uma certidão ao poder público;
- O prazo para a emissão é de 15 dias contados do registro do pedido/solicitação.

Garantias Constitucionais Processuais

- Garantias constitucionais/fundamentais: são meios desenvolvidos pela técnica jurídica


moderna, a fim de se controlar a regularidade constitucional dos atos estatais em geral
e do ato jurisdicional (espécie) (BARACHO, 1984);
- Conjunto de normas presentes no art. 5º da CR/88 que estruturam o modelo de
processo constitucional;
- Releitura do processo judicial de acordo com o Estado Democrático de Direito;

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- Limites da atividade persecutória do Estado, evitando o abuso de poder para com o


cidadão em litígio.

1. Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição, do controle judicial ou do acesso à


jurisdição (art. 5º, XXXV):
- A ordem jurídica, no geral, não pode impedir o acesso à justiça;
- Conflito > recorrer > atividade jurisdicional;
- O Estado não pode se afastar da sua atividade jurisdicional, mas sim protegê-la e garanti-
la;
- Direito de postular do Estado a tutela jurisdicional, visando a preservação de direitos;
- Nenhuma das espécies normativas (chamadas também de espécies normativas primárias)
do art. 59 da CR (emendas à Constituição, leis complementares, leis ordinárias, leis
delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções) pode impedir a tutela
jurisdicional;
- Toda pessoa tem o direito de ser ouvida pelo Estado por intermédio do judiciário para
defesa de seu direito lesado;
- O acesso à jurisdição não está condicionado ao prévio ajuizamento das instâncias
administrativas (de curso forçado), pois o acesso à jurisdição, em regra, é livre, de modo
que algumas instituições, como o INSS, têm violado sutilmente esse acesso, originando
um ato inconstitucional;
- Duas exceções ao acesso direto à jurisdição:
 Art. 217, § 1º CR/88 (justiça desportiva);
 Art. 142, § 2º CR/88 (habeas corpus em relação a punições disciplinares militares);
- Objetivo: proteção dos direitos fundamentais;
- Não há excesso indiscriminado ao Judiciário;
- Súmula 667 do STF (“Viola a garantia constitucional de acesso à jurisdição a taxa judiciária
calculada sem limite sobre o valor da causa”);
- Inexistência de jurisdição condicionada.

2. Princípio do Devido Processo Legal (art. 5º, LIV):

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- Fundamento sobre o qual todas as garantias processuais repousam, pois propicia as


demais garantias processuais, impedindo que os direitos da pessoa humana fiquem à
deriva do Estado;
- “Bloco aglutinante de vários direitos e garantias fundamentais inafastáveis ostentados
pelas pessoas nas suas relações com o Estado” (DIAS, 2010, p. 72);
- Nascido na Magna Carta, em 1215;
- O modelo de processo deve acompanhar o modelo de Estado Democrático de Direito
atual (contribuição – comparticipação – das partes no processo, não o processo como ato
isolado);
- Processo constitucional;
- A pessoa não será desprovida de seu patrimônio ou de sua liberdade sem o devido
processo legal;
- Processo justo e tribunal prévio (não podem existir tribunais de exceção, como o de
Nuremberg);
- Impede que as liberdades públicas (direitos fundamentais) fiquem a arbítrio do Estado.

2.1 Princípio do juízo (competência) e do promotor (atribuição) natural (art. 5º,


XXXVII e LIII):
- O cidadão será processado (promotor) e julgado (juiz) pelo órgão jurisdicional
previamente constituído (anterior ao fato), cujas atribuições sejam pré-
constituídas;
- Juízo natural: assegura ao cidadão uma autoridade pré-constituída por lei para
apreciar a demanda;
- Promotor natural: lei anterior deve estabelecer as atribuições do Ministério
Público;
- Dupla função:
 Garantia individual;
 Limitação da atividade estatal por impedir a criação de tribunais de exceção
(tribunais “ad hoc”), que acabam tornando a jurisdição pessoal/parcial, como
o Tribunal de Nuremberg e o Tribunal Militar de Tóquio, por exemplo.

2.2 Tribunal do Júri (art. 5º, XXXVIII):

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- Júri: tribunal popular composto pelo juiz e por 7 jurados decorrentes de uma
escolha/de um sorteio entre 21 opções para compor o conselho de sentença;
- Juízo togado preside a sessão do júri e vai se ater aos fatores jurídicos, ao passo
que os jurados irão se ater a matéria fática/provas;
- Competência: julgamento dos crimes dolosos (consumados ou tentados) contra
a vida;
- Aquele acusado será julgado pelos seus pares/por seus iguais;
- Plenitude de defesa: variante da ampla defesa;
- Sigilo das votações: princípio da convicção íntima dos jurados, pois estes não
precisam justificar o porquê de suas decisões, que fizeram, portanto, com que o réu
fosse declarado culpado ou inocente (exceção ao princípio da fundamentação das
decisões judiciais);
- Soberania dos vereditos: o juízo togado não pode substituir a decisão do
conselho de sentença, embora essa não seja absoluta, ou seja, existem hipóteses
em que cabe recurso, como no caso de a decisão do júri ser manifestamente
contrária às provas dos autos;
- A crítica que se faz ao tribunal do júri é a de que ele mexe mais com a emoção do
que com a razão.

2.3 Princípio do contraditório e da ampla defesa (art. 5º, LV):


- Garantias estendidas aos acusados em geral, mas o contraditório, por doutrina
majoritária, não incide no inquérito policial/investigação;
- Investigado: inquérito policial (procedimento administrativo sigiloso realizado pela
autoridade policial) > emissão de relatório para poder indiciar aquele investigado. O
inquérito é encaminhado ao MP (titular da ação penal), e este irá decidir pelo
ajuizamento ou não da ação penal. Se sim, aquele investigado torna-se acusado e,
após a sentença penal condenatória transitada em julgado, culpado ou inocente;

a) contraditório:
 Necessidade de cientificar os interessados da existência do procedimento;
 Enseja a possibilidade de as partes argumentarem para se defenderem;
 É a possibilidade de participação na construção do provimento jurisdicional;

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- O processo é um procedimento realizado em contraditório, ou seja, por um


conjunto de atos concatenados oriundos da participação de ambas as partes
(acusação e defesa - acusado) que produzirão a sentença;
- O contraditório é a garantia da participação em simétrica-paridade dos
afetados/envolvidos/partes processuais, mantendo relação com a isonomia
processual (os sujeitos processuais devem ser tratados pela jurisdição de maneira
igualitária);
- Quando se realiza um ato processual, as partes têm o direito de serem informadas
através das chamadas intimações, e é a partir desse momento que se dá a faculdade
de contra argumentar aquele ato;
- A medida que as partes tomam ciência da dinâmica processual, elas podem
produzir novas provas > prerrogativa de influir na sentença condenatória, que é fruto
dessa dialética processual entre as partes, e não um ato isolado, legitimando a
sentença;
- Sujeito processual: sujeito de direito/participativo (influência da democracia
participativa);
- Construção participada da decisão judicial;
- Necessidade de cientificar as partes: princípio da não-surpresa (as partes
processuais não podem ser surpreendidas, haja vista que se a pessoa não é intimada
o ato é praticamente nulo);
* Atenção: sujeitos do processo são diferentes de partes do processo, haja vista que
estes últimos têm pretensão;

b) ampla defesa:
- Garantia individual;
- Direito de defesa relacionado à ampla argumentação/ampla produção de provas
LÍCITAS;
- Defesa garantida para as partes amplamente argumentativas, de modo a garantir
(consequência) a possibilidade de ampla produção de prova por meios lícitos para a
reconstrução do fato e de circunstâncias relevantes para o processo;
- Subespécies:
 Autodefesa:

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- Oportunidade que o acusado tem de se defender perante o órgão judicial,


ex.: interrogatório;
- Direito ao silêncio/direito a não incriminação (aquele acusado não pode ser
obrigado a produzir provas contra si mesmo);
 Defesa técnica:
- Patrocinada pelo advogado (único que tem capacidade postulatória, ou seja,
de postular/pedir em juízo);
- Em regra deve haver a presença do advogado no processo, mas existem
exceções:
 Lei nº 9.099 (Lei dos Juizados Especiais);
 Justiça do Trabalho;
- Crítica: pode haver uma desigualdade processual quando uma das partes não conta
com um advogado.

2.4 Princípio do duplo grau de jurisdição:


- Não é uma garantia expressa, depende de uma interpretação sistêmica;
- Os litigantes podem, por meio recursal, solicitar uma reanálise pelo órgão de
segunda instância (órgão colegiado, ao passo que o primeiro se trata de um órgão
monocrático), de modo que a sentença seja apreciada por órgão jurisdicional de
hierarquia superior à daquele que realizou o primeiro exame;
- Artigos 92, 102 e 106 da CR/88.

2.5 Princípio da fundamentação e da publicidade das decisões judiciais (art. 5º,


LX e art. 93, IX e X):
- Toda decisão judicial deverá ser fundamentada e justificada;
- Caso a decisão não seja fundamentada, ela será nula;
- Sentença: relatório > fundamentação (é aqui que age o recurso) > dispositivo;
- No regime democrático de Direito as decisões emanadas do Estado devem ser
fiscalizadas, de modo que o próprio princípio do duplo grau de jurisdição age como
fiscalizador;
2.5.1 Motivação das decisões:

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- Autoridades têm o dever de explicar as razões de fato e de direito das


decisões;
- Norma sancionatória:

2.5.2 Publicidade:
- Todos os atos do Estado devem ser públicos e de reconhecimento de todos
para que possam ser fiscalizados, salvo no Direito de Família (foro íntimo),
por exemplo;
- Exceções:
 Lei pode restringir a publicidade dos atos processuais (art. 189, CPC);
 Lei pode limitar a presença na audiência das partes e de seus advogados
ou somente deles;
- O juízo, em determinadas situações (interesse social/direitos e garantias
fundamentais), pode decretar o sigilo dos autos do processo, seja ele físico ou
eletrônico.

2.6 Princípio da razoável duração do processo (art. 5º, LXXVII):


- Fruto da EC 45 (reforma/reorganização do judiciário);
- Grande demanda judicial;
- Autoridades judiciais/administrativas devem exercer suas atribuições com rapidez,
presteza e segurança, sem tecnicismos exagerados ou demoras injustificáveis, a
fim de viabilizar a solução dos conflitos dentro de um prazo adequado;
- Crítica: não adianta uma norma constitucional garantir aquele prazo se não houver
outras normas/medidas correlatas, além disso, não há uma noção juridicamente
expressa do que seja um prazo “razoável”;
- Lei 11.419/06 (informatização do processo judicial): criou o PJE;
- Lei 11.418/06 (repercussão geral): a repercussão geral incide em sede de controle
difuso de constitucionalidade, ou seja, a parte processual, para que possa ajuizar
recurso extraordinário perante o STF, deve demonstrar que a causa repercute na
sociedade (forma de estabelecer juízo de admissibilidade > filtro);
- Lei 11.417 (súmula vinculante – art. 103, “a”, CR): também foi fruto da EC 45;

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- Súmulas vinculantes são decisões reiteradas do Supremo cujo entendimento já


esteja consolidado, vinculando todo o processo judiciário e executivo (administração
pública);
- A súmula só pode ser objeto de cancelamento, mas nunca de revogação;
- Crítica: a súmula engessa a dinâmica processual.

2.7 Princípio da presunção da inocência (art. 5º, LVII):


- Âmbito processual;
- Até o trânsito em julgado da sentença condenatória, o acusado tem o direito
público subjetivo de não ostentar o status de condenado/culpado;
- Compatível com o instituto da prisão cautelar.

2.8 Princípio da proibição da prova ilegal; da ilicitude das provas ou da


inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos (art. 5º, LVI):
- Inadmissível em todas as espécies processuais o uso de meios probatórios
contrários aos requisitos formais e materiais de validade das normas jurídicas;
- Não se pode processar, acusar e muito menos condenar alguém se baseando em
elementos probatórios obtidos/produzidos de maneira incompatível com os limites
jurídicos impostos ao Estado em sua percepção penal;
- Monopólio jurisdicional do Estado x limites da coleta de provas;
- Proteção do indivíduo contra possíveis arbitrariedades do Estado;
- Provas ilegais: imprestáveis/inidôneas/nulas, ou seja, não servem para
fomentar/embasar uma decisão;
- Prova ilegal (gênero): contrária ao Direito como um todo;
- Espécies:
 Prova ilícita (infringe o Direito material), ex.: interceptação telefônica não
autorizada judicialmente; violação domiciliar sem mandado; etc.;
 Prova ilegítima (viola as regras do Direito Processual), ex.: oitiva do acusado
sem assistência técnica (advogado) nos casos em que essa é indispensável;
* Observação: Lei Anticrime 2019;
- Exceção ao uso de provas ilegais (jurisprudências STF – ausência de previsão
expressa):

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 A convalidação das provas ilegais é admitida para assegurar a legítima defesa


da vítima > princípio da proporcionalidade pro reo como causa de excludente
de ilicitude;
- Quem declara a nulidade das provas é o juízo que, portanto, deve ser provocado
pela defesa para agir de tal forma;
- Se o juízo determinar nula a prova, ela será desentranhada do processo
(“desentranhação das provas nulas”);
- Provas ilegais por derivação (“frutos da árvore envenenada”): são aquelas que,
embora obtidas de forma lícita, são extraídas de provas conseguidas ilicitamente
(entendimento fundado nos EUA e acatado pelo STF);
- Dentro de uma cadeia probatória que faz parte do procedimento penal, o juízo irá
analisar se a prova originariamente ilegal contamina/influencia ou não as provas
subsequentes (decorrentes da primeira, mesmo que coletadas de forma regular);
- A prova ilícita contamina as outras, salvo se não houver nexo de causalidade entre
elas;
- Provas ilegais e suas derivações não são admitidas e devem ser desentranhadas do
processo;
- As provas autônomas (as que não decorrem das ilegais) são consideradas lícitas,
desde que não tenham vínculo com as ilícitas;
- Não cabe nulidade do processo quando a condenação repousa em provas lícitas
autônomas (Princípio da ampla defesa e da liberdade de provas – desde que de
acordo com o direito).

3. Garantia de estabilidade das relações jurídicas (art. 5º, XXXVI):


- Relacionada com o P. da segurança jurídica;
- “Lei”: sentido formal e material;
- “Não prejudicará”: lei recém editada disciplinará o que está por vir, jamais alterando
direitos consolidados sob a égide da ordem jurídica anterior, ou seja, os efeitos da lei,
em regra, não retroagem e não atingem tais institutos já consolidados:
3.1 Direito adquirido:
- Aquele que já se incorporou ao patrimônio e personalidade de seu titular de modo
que nem a norma e nem o fato posterior possam alterar situação jurídica

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consolidada – vide art. 6º, § 2º da LINDB (“consideram-se adquiridos assim os


direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo
começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável,
a arbítrio de outrem”);
- Direito adquirido é um elemento estabilizador das relações jurídicas (segurança
jurídica inerente ao Estado Democrático de Direito) e de proteção das prerrogativas
incorporadas e sedimentadas no patrimônio de seus titulares;
- Cláusula de bloqueio: função de manter tempo/espaço dos efeitos jurídicos de
preceitos que sofreram mudanças ou supressões;
- Não há direito adquirido contra a Constituição, somente contra as leis
infraconstitucionais;
- Garantia do direito adquirido não impede edição de lei que retroaja em benefício
do particular;
- A EC nº 41/2003 (reforma da previdência) possibilitou que o aposentado e o
pensionista (ambos do regime público) contribuíssem com a previdência e foi
declarada constitucional pelo STF, pois não há um direito subjetivo adquirido contra
a tributação constitucional, mas contra o recebimento da aposentadoria e da pensão;
- ADIN 3105/2005 – DF (“Não há na ordem jurídica nenhuma norma com efeito
específico do fato jurídico da aposentadoria que lhe imunize os proventos/pensões
de modo absoluto à tributação”);
- Diferença entre direito adquirido (espécie de direito subjetivo definitivamente
incorporado ao patrimônio jurídico do titular, já consumado ou não, porém exigível
na via jurisdicional, se não cumprido voluntariamente pelo obrigado); direito
consumado (aquele cujos efeitos não podem mais ser modificados) e expectativa
de direito (a expectativa de direito consiste em um direito que se encontra na
iminência de ocorrer, mas que não produz os efeitos do direito adquirido, pois não
foram cumpridos todos os requisitos exigidos por lei; já o direito expectado é
aquele que já preencheu todos os requisitos para a aquisição do direito, mas, por
discricionariedade, ainda não foi exercido).

3.2 Ato jurídico perfeito:


- Ato que já se consumou e está apto a produzir efeitos jurídicos;

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- Características:
 Objeto lícito;
 Agente capaz;
 Forma prescrita ou não defesa em lei;
* Observação: tal ato não precisa produzir efeitos para ser protegido, basta estar
consumado.

3.3 Coisa julgada:


- Fenômeno processual da imutabilidade/indiscutibilidade dos efeitos da decisão
judicial que também dota de proteção contra possíveis legislações posteriores.

Garantias Constitucionais Penais

- Tratam das penas; de suas execuções; das condições dos encarcerados (prerrogativas
dos acusados); etc.

1. Legalidade e anterioridade da lei penal incriminadora (art. 5º, XXXIX):


- A lei (aquela que observa o processo legislativo ordinário, haja vista que não se pode
criar um tipo penal através de medida provisória, por exemplo) delimita os limites do
comportamento delituoso (relação com o princípio da reserva legal).

2. Irretroatividade da lei penal (art. 5º, XL):


- O fato delituoso e a pena devem ser previstos em lei (em sentido estrito) anteriormente
a prática da infração penal, uma vez que o indivíduo não pode ficar à mercê de uma
condenação sem prévia cominação legal.

3. Vedação à discriminação de direitos e liberdades fundamentais (art. 5º, XLI):


- ADIN por omissão nº 26 (2019) > minoria LGBTI+ > ainda não há crime que puna esses
crimes de ódio.

4. Vedação à prática do racismo (art. 5º, XLII):

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- Racismo: todo e qualquer tratamento discriminador da condição humana em que o Estado


ou agente particular atinge a autoestima e patrimônio moral de uma pessoa/grupo,
limitando o exercício de seus direitos fundamentais tomando como critérios a raça e a cor
da pele;
- Crime de ódio/discriminador;
- Leis criminalizadora na seara penal:
 Lei Afonso Arinos (Lei nº 1.390/51) – criminaliza como contravenção penal;
 Lei de Racismo (Lei nº 7.716/89) – criminaliza como crime inafiançável e
imprescritível > alterada/complementada pela Lei nº 9.459/97 (complementação
com políticas públicas promocionais, onde passam a ser admitidas as ações
afirmativas, que são, portanto, transitórias);
 Estatuto da Igualdade Racial (2010);
 Lei de Cotas (2012); etc.

5. Crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça e anistia (art. 5º, XLIII):


- Graça: medida de clemência ou indulgência específica concedida pelo Presidente da
República desde que o condenado faça o pedido junto ao Conselho Penitenciário após
trânsito em julgado da sentença penal condenatória;
- Anistia: ato de clemência ou indulgência mais amplo/generalizado previsto em lei, por
meio do qual são esquecidos os atos ilícitos cometidos pelo agente;
- Tortura, terrorismo e tráfico (3 T’s) + hediondos que se assemelham aos 3 T’s são crimes
de natureza grave, isto é, inafiançáveis e imprescritíveis, pois dotam de um tratamento
mais rigoroso através do próprio comando constitucional e infraconstitucional;
- Lei nº 8.072/90 (Crimes Hediondos);
- Lei nº 9.455/98 (Tortura);
- Lei nº 11.343/06 (Antidrogas).

6. Vedação à ação de grupos armados civis e militares (art. 5º, XLIV):


- É vedada pela ordem constitucional brasileira a criação e a existência de grupos
paramilitares, pois estes atuam concomitantemente ao Estado através da prática de
autotutela (que também é defesa em lei), porém, apenas o Estado tem a competência
para punir (“ius puniendi”).

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7. Intransmissibilidade das penas (art. 5º, XL):


- Regra geral: pena pessoal, ou seja, sempre dirigida ao infrator, nunca aos seus
sucessores;
- Exceções (seara civil):
 Ressarcimento de danos à vítima ou à família;
 Pena de perdimento de bens;
- Sucessão causa mortis: transmissão dessas penas (pecuniárias/seara civil) aos
herdeiros/sucessores do infrator até o limite da herança (responsabilidade civil dos
sucessores), uma vez que o patrimônio pessoal dos mesmos não pode ser atingido em
situações em que o passivo supera o ativo.

8. Individualização das penas (Art. 5º XLVI):


- A pena deve ser analisada tanto em relação ao sujeito, quanto em relação ao crime, ou
seja, deve ser adaptada ao condenado, consideradas as características do sujeito e do
crime (especificação das penas);
- Individualização praticada tanto na aplicação quanto na execução da pena;
- Controle difuso de constitucionalidade > HC que alterou o art. 2º, § 31 da lei de crimes
hediondos.

9. Proibição das penas (Art. 5º XLVII):


 Pena de morte (art. 84, XIX):
- Não cumpre com a função ressocializadora;
- Característica de Estados totalitários;
- Em regra, proibida;
- Exceção: guerra externa declarada pelo Brasil mediante autorização do Congresso
Nacional e do Presidente da República;
- Prevista no Código Penal Militar;
- EUA: proíbe apenas o sofrimento, não a pena de morte;
- Crítica: direito penal seletivo, ou seja, os negros e pobres sofreriam mais as
consequências desse tipo de pena;
 Caráter perpétuo:

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- Não incentiva a ressocialização e o bom comportamento, violando, também, a


individualização da pena;
 Trabalho forçado:
- O condenado à pena privativa de liberdade está obrigado ao trabalho na medida
de suas aptidões e capacidade;
- Se é um dever, porque nem todos trabalham? Por mais que o trabalho do preso
seja obrigatório, este não pode ser forçado a trabalhar, pois a própria Constituição
Federal veda a pena de trabalhos forçados, (artigo 5º, XLVII, c), ou seja, o preso que
não quiser trabalhar não pode ser punido por qualquer tipo de castigo corporal
(agressões), sem qualquer benefício ou remuneração.
 Banimento:
- Forçar a retirada do indivíduo do território brasileiro, impedindo-o de voltar;
- Atinge o direito de identidade nacional e a dignidade humana;
 Cruéis:
- Atingem a integridade física e psíquica do indivíduo, ou seja, a dignidade da pessoa
humana.

10. Vedação à extradição (Art. 5º LI):


- Extradição: instituto do Direito Internacional Público que se relaciona com a cooperação
internacional e com a soberania dos Estados, uma vez que configura o ato pelo qual o
Estado entrega a outro um nacional para que ele possa ser processado ou cumprir pena
no território do Estado requerente;
- Para haver extradição deve existir um tratado bilateral ou um compromisso de
reciprocidade entre os países;
- O STF é o órgão responsável pela análise dos aspectos “formais” do pedido de extradição;
- Lei de Migração (Lei nº 13.445/17);
- Nacionalidade:
 Brasileiro nato/nacionalidade de 1º grau: são aqueles que nascem em território
brasileiro;
 Brasileiro naturalizado/nacionalidade de 2º grau: aqueles que solicitam a
naturalização depois de preenchidos requisitos constitucionais e
infraconstitucionais;

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- Em regra, o brasileiro nato nunca será extraditado, já o naturalizado pode ser


extraditado em caso de crime comum anterior a naturalização ou se comprovado seu
envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins.

11. Vedação à extradição de estrangeiro (Art. 5º LII):


- Em regra o estrangeiro não pode ser extraditado, salvo por crime político (aquele que
viola o bem-estar social, ou seja, de natureza pública e de motivação política) ou de
opinião (onde o agente extrapola os limites da liberdade de manifestação, atacando
autoridades e órgãos).

12. Vedação à identificação criminal (Art. 5º LVIII):


- O civilmente identificado é aquele que porta alguns documentos, como RG, carteira de
trabalho, carteira funcional, passaporte, etc., uma vez que o aparato estatal deve ter como
identificar os sujeitos;
- Objetivo da identificação civil: certificar a identidade do indivíduo acusado de transgredir
a lei penal;
- Lei 12.037/09 – identificação criminal do civilmente identificado (regulamenta o inciso
LVIII e elenca as exceções à regra geral da não identificação criminal dos sujeitos que
portam os documentos explanados anteriormente);
- Identificação criminal:
 Impressão digital;
 Reconhecimento fotográfico;
 Coleta de material biológico (perfil genético) – acréscimo advindo das leis
12.654/12 e 13.964/19 (pacote anticrime) > permissão para a criação de um banco
nacional de perfis genéticos pela coleta de material biológico.

13. Ação penal privada subsidiária da pública (Art. 5º LIX):


- Forma de atender aos interesses da vítima/ofendido quando o órgão do MP fica
inerte/omisso e não apresenta a ação penal pública dentro do prazo estipulado, uma vez
que o MP é o titular da ação penal pública, sendo a provocação privada por parte da vítima
subsidiária;
- Mecanismo limitador do ato de soberania do MP.

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14. Prerrogativas dos encarcerados:


14.1 Cumprimento das penas (Art. 5º, XLVIII):
- Princípio da individualidade das penas (atuação ampla, haja vista que a
individualidade deve ser levada em conta desde a fixação da pena até a execução da
mesma);
- Leva-se em conta a idade, o sexo, o gênero;
- Não se confunde com a prisão especial para aquelas pessoas que tem diploma de
curso superior (crítica: fere o p. da igualdade);
- Estatuto da OAB: estabelece que o advogado, se preso, é destinado à sala de estado
maior (prerrogativa da atividade profissional).

14.2 Respeito à integridade física e moral (Art. 5º, XLIX):


- Preservação do D. à vida, da integridade física e moral dos apenados que, inclusive,
encontram-se sob a custódia do Estado;
- Vedação à tortura, aos tratamentos desumanos, cruéis;
- Assegura o cumprimento da pena em situações minimamente adequadas, caso
contrário haverá responsabilização por parte do Estado, ex.: Massacre do Carandiru.

14.3 Direito à maternidade das encarceradas (Art. 5º, L):


- Também caracteriza uma individualização de pena, posto que se leva em
consideração a situação transitória das apenadas;
- Dentro do próprio presídio feminino haverá uma ala destinada as mulheres em
período de gestação ou amamentação;
- 6 Meses de amamentação (jurisprudência).

14.4 Comunicação imediata da prisão (Art. 5º, LXII):


- Quando um indivíduo é preso, seja em flagrante ou por mandado, ele tem o direito
de informar à família ou a quem preferir e/ou ao seu devido assistente técnico-
jurídico (advogado) sobre o fato da prisão e acerca do lugar onde se encontrará
detido;
- Essas informações também serão comunicadas ao juízo;

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- Proteção advinda da traumática experiência ditatorial, pois, em regimes


autoritários, não existe uma série de garantias ao suposto acusado/detido/apenado,
existe o princípio da presunção da culpabilidade;
- CR/88 > marco da redemocratização;
- Audiência de custódia: logo após 24 horas, independentemente do tipo de prisão,
o juízo deve analisar a legalidade da prisão e verificar se houve ou não respeito a
sua vida e integridade (física e moral) durante a mesma, pois trata-se de uma
garantia do suposto acusado/detido/apenado.

14.5 Direito de permanecer em silêncio (Art. 5º, LXIII):


- O suposto acusado/detido/apenado deve ser informado de seus direitos e
garantias pela autoridade que está executando a prisão, como do direito de
permanecer em silêncio, por exemplo, também conhecido como direito a não
autoincriminação ou de não produzir provas contra si mesmo;
- Não se pode obrigar os acusados/investigados, no geral, a criar/fornecer base
probatória ao Estado para sua própria culpa, ou seja, esses sujeitos têm o direito de
permanecer inerte;
- A imputação de produção de provas recai sobre o órgão acusatorial, uma vez que
o MP é o órgão titular da ação penal pública;
- O silêncio, diferentemente da era ditatorial, não é sinônimo e nem significa culpa.

14.6 Direito à identificação dos responsáveis pela prisão e pelo interrogatório


policial (Art. 5º, LXIV):
- O agente, na execução da ordem judicial, deve apresentar o mandado e se
apresentar/identificar ao suposto acusado;
- O suposto acusado também tem o direito de identificar as pessoas que participam
do interrogatório policial;
- Esses direitos do suposto acusado também advêm do trauma ditatorial.

14.7 Prisões (Art. 5º, LXI, LXV, LXVI, LXVII):


14.7.1 Inciso LXI (“ninguém será preso senão em flagrante delito ou por
ordem judicial escrita e fundamentada de autoridade judiciária

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competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime


propriamente militar, definidos em lei”):
- Regra geral: a prisão decorre de situação em flagrante ou de ordem judicial
escrita;
- É necessário frisar que tanto a autoridade quanto qualquer do povo pode
prender em flagrante e que da ordem judicial ramificam as prisões cautelares
(no curso da investigação ou do processo) e as prisões definitivas;
 Prisões cautelares: quando o sujeito apresenta risco para a tramitação
regular do processo ou para a devida aplicação da lei penal, ex.:
prisões preventivas;
 Prisões definitivas: decorrentes da condenação criminal transitada
em julgado;
* Observação: a polícia que auxilia a atividade jurisdicional é a polícia judiciária
(civil, em nível inferior – nível estadual –, e federal em nível superior – nível
federal, à nível da união);
- Regra: direito à liberdade;
- Exceções: prisões;
- Lei reguladora do inciso: Código Penal Militar (CPM) > não se aplica a civis,
por isso não é estudado na academia;
- Não cabe HC em casos de punições militares.

14.7.2 Inciso LXV (“a prisão ilegal será imediatamente relaxada peela
autoridade judiciária”):
- A prisão ilegal é aquela que desrespeita a legislação (tanto constitucional,
quanto infraconstitucional);
- O “relaxamento da prisão” é uma peça apresentada pelo advogado para
combater a prisão ilegal, devendo ser analisada pelo juízo e, se fundamentada,
determinada a soltura do sujeito.

14.7.3 Inciso LXVI (“ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando
a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança”):

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- A liberdade provisória também é um mecanismo apresentado ao juízo pelo


detido em prisões legais para que o processo seja respondido em liberdade
que, em alguns casos, está atrelada ao pagamento de fiança;
- Fiança é um valor depositado em juízo que se paga levando em consideração
as características do crime e do infrator.
- Se absolvido, o dinheiro retorna ao suposto infrator.

14.7.4 Inciso LXVII (“não haverá prisão civil por dívida, salvo a do
responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação
alimentícia e a do depositário infiel”):
- Regra geral: prisão apenas de caráter penal (inexistência de prisão de
caráter civil);
- Exceção: devedor de alimentos (depositário infiel ainda pode ser preso?
não);
- Convenção Americana (Pacto de São José da Costa Rica): prisão civil apenas
nos casos de devedor de alimentos;
- ATENÇÃO: tratados como esse, sobre direitos humanos, não podem ser
considerados normas ordinárias federais, mas normas de hierarquia
constitucional, isto é, hierarquicamente equiparadas à Constituição da
República;
- Como resolver o conflito aparente de normas? Princípio Pro Homine, ou seja,
incidirá a lei mais benéfica ao sujeito, isto é, a Convenção.
- Norma supralegal: aquela que se encontra abaixo da Constituição e acima
das ordinárias federais;
- §2º: relação com a Teoria do Bloco de Constitucionalidade/cláusula de
abertura (“os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem
outros decorrentes dos regimes e dos princípios por ela adotados, ou dos
tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”);
- Existência, além do controle de constitucionalidade, do controle de
“convencionalidade” (análise de leis perante convenções);
- §3º (...”serão equivalentes às emendas constitucionais”), ex.: Convenção de
Nova Iorque > Estatuto dos Deficientes; Convenção de proteção das crianças

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e adolescentes > Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA); Lei Maria da


Penha;
- Tribunal Penal Internacional (TPI): combate a graves violações aos direitos
humanos;
- §4º (Tribunal Penal Internacional): P. da promoção de direitos humanos.

15. Insuficiência de recursos e Defensoria Pública (Art. 5º, LXXIV):


- O Estado presta assistência aos hipossuficientes através da Defensoria Pública, pois essa
visa defender a vítima de direitos lesados de forma íntegra e gratuita;
- Hipossuficientes: condição de vulnerabilidade econômico-financeira;
- Á nível federal (Defensoria Pública da União) e à nível estadual (Estados);
- Relação com a garantia de acesso à jurisdição;
- Órgão ligado ao poder executivo dos estados-membros e federal;
- Importantíssima em um país cuja desigualdade assola drasticamente;
- Antes de 1988 a assistência advinha do MP (art. 68 CPP) > ação ex delicto (indenização
na esfera civil);
- A partir de 1988: o estado-membro que não possuísse Defensoria Pública, adotava-se o
art 68 CPP;
- À medida que se criavam as defensorias, o MP deixava de agir nestes casos
(inconstitucionalidade progressiva);
- Assistência judiciária gratuita: aquelas pessoas que tem sua renda comprometida pelo
pagamento de custas processuais poderão requerer ao juízo a isenção destas, mesmo que
assistida por advogado privado > a declaração de assistência judiciária gratuita deve ser
assinada;
- Responsabilidade civil do Estado mediante ação civil própria posterior por erro judiciário
ou por prisão além do tempo fixado na sentença;
- Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais > gratuitos para os reconhecidamente
pobres, isto é, aqueles que usam programas de auxílio financeiro do Estado > atos de
cidadania.

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Direitos da Nacionalidade (Título II, artigos 12 e 13 CR/88)

1. Nacionalidade:
- "Vínculo jurídico-político de direito interno, que faz da pessoa um dos elementos
componentes da dimensão pessoal do Estado."
- Espécie de direitos fundamentais;
- É por meio da nacionalidade que o indivíduo passa a integrar o POVO (noção de
pertencimento);
- Nacionalidade – Cidadania;
- Da nacionalidade decorrem outros direitos, como os políticos;
- Os direitos da nacionalidade consagram uma série de prerrogativas ao nacional e são
considerados um “status jurídico” do indivíduo (condição/situação jurídico-política);
- Por meio deles é que se concede a cidadania (em sentido jurídico) > deliberação de
assuntos de interesse público;
- Povo (somente os nacionais) x nação (vínculos culturais, linguísticos) x população
(nacionais + estrangeiros);
- Princípios gerais: Constituição + regência por leis infraconstitucionais.

2. Brasileiros natos e naturalizados:


2.1 Nacionalidade originária/nata/de 1º grau (brasileiro nato, ou seja, aquele
que adquire a nacionalidade por um fato natural/involuntário, qual seja o
nascimento):
- Art. 12, I;
- Unilateral: é o Estado que estabelece critérios para a outorga do reconhecimento
desse nacional, independentemente da vontade do sujeito;
- Alínea “a" - regra do ius solis: são brasileiros os nascidos em território brasileiro.
Exceção (critério sanguíneo e funcional): quando os genitores (mesmo que apenas
um deles) são estrangeiros e um deles esteja a serviço do seu Estado de origem.
- Alínea "b" - regra do ius sanguinis + critério funcional: um dos genitores
brasileiro (nato ou naturalizado) e esteja a serviço do Estado brasileiro.

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- Alínea "c" - regra do ius sanguinis + critério residencial + opção confirmativa:


nacionalidade potestativa > registro em repartição brasileira competente (consulado)
> não tem prazo;
- Dois critérios principais do ponto de vista jurídico:
a) sanguíneo (jus sanguinis)/hereditariedade/ancestralidade: será brasileiro o
filho de brasileiro;
b) critério territorial (jus solis): leva em consideração o local de nascimento
daquela pessoa, ou seja, será brasileiro aquele que nascer em território
brasileiro (aqui a noção de território engloba a extensão das embarcações,
etc.);
* O critério brasileiro é misto, pois abrange os dois supracitados.

2.2 Nacionalidade adquirida/de eleição/naturalizada/secundária/de 2º grau


(brasileiro naturalizado, ou seja, aquele que adquire a nacionalidade por um ato
de manifestação de vontade perante o Estado):
- Art. 12, II;
 Alínea “a”: naturalização ordinária/comum;

- A partir da naturalização se torna brasileiro, não existe a expressão estrangeiro
naturalizado;
- Manifestação expressa de vontade por intermédio de procedimento
administrativo (naturalização);
- É posterior ao nascimento da pessoa;
- Forma derivada de aquisição de nacionalidade;
- Pode ser adquirida tanto pelos estrangeiros, quanto pelos apátridas;
- Não existe Direito Público à naturalização;
- Preenchimento de requisitos tanto constitucionais, quanto infraconstitucionais (Lei
de Migração – Lei 13.445/17, artigos 63 ao 76).

2.2.1 Naturalização ordinária/comum:


- Junto ao Ministério da Justiça;
- Requisitos explícitos (constitucionais + 63 ao 73 Lei de Migração);

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- Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Açores, Macal, Timor Leste,


Guiné Bissau, Gamão, Príncipe Goa;
- Residência por um ano ininterrupto;
- Inidoneidade moral;
- Requisito implícito: aquiescência do Chefe do Executivo em aceitar a
solicitação do interessado;
- Procedimento de naturalização tramita no M. da Justiça > expedição de um
certificado de naturalização (eficácia ex nunc).

2.2.2 Naturalização extraordinária/quinzenária:


- Junto ao Ministério da Justiça;
- Requisitos mais rigorosos: 15 anos de residência ininterrupta + ausência de
condenação criminal + requerimento do interessado (direito público
subjetivo?);
- Autor: estrangeiro interessado;
- A naturalização, ainda que preenchidos todos os requisitos, é ato de
soberania do Estado;
- A naturalização não retroage (eficácia ex nunc);
- Caso o interessado consiga a naturalização, haverá a emissão de um
certificado pela justiça federal (cessão judiciária).

2.2.3 Cláusula/elo de reciprocidade - Art. 12, parágrafo 1°:


- Português (nascidos em Portugal) equiparado ao brasileiro naturalizado
(nunca ao nato), desde que: exista reciprocidade entre ordem brasileira e
lusitana e residência fixa no Brasil;
- Essa reciprocidade não é automática, devendo ser solicitada junto ao
Ministro da Justiça;
- Não haverá perda da nacionalidade portuguesa.

2.2.4 Equiparação de brasileiro nato e naturalizado (exceções) - Art. 12,


parágrafo 2°:

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- Art. 5°, LI (“nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso


de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado
envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da
lei”);
- Art. 12, parágrafo 3º (cargos privativos dos brasileiros natos);
- Art. 89, VII (Conselho da República – brasileiros natos);
- Art. 222 caput e parágrafo 1°da CR (prioridade dos brasileiros natos ou
naturalizados no que tange às empresas de radiofusão).

2.2.5 Perda da Nacionalidade - art. 12, parágrafo 4° (rol taxativo):


- Direito à nacionalidade é fundamental, é humano, sendo a perda do mesmo
uma exceção tanto para os natos quanto para os naturalizados
- Privação excepcional da condição político-jurídica de nacional (causa
extralegal) - Naturalização adquirida mediante fraude eficácia (ex tunc
(retroage) > como se nunca tivesse sido naturalizado);
I) Perda-punição:
- Cancelamento/perda da naturalização em virtude de uma sentença
penal condenatória, ex.: terrorismo, contra a segurança nacional;
- O cancelamento não é tácito, mas voluntário > MP é o legitimado, ou
seja, o responsável por ajuizar a ação que, inclusive, tramitará na justiça
federal (que comunicará à justiça eleitoral) > sentença (efeito ex nunc,
ou seja, pró-futuro);
- A pessoa que teve a naturalização cancelada não tem direito de propor
novo procedimento de naturalização no Brasil.
II) Perda-mudança (naturalização voluntária):
- Regra geral dotada de validade tanto para os brasileiros natos, quanto
para os naturalizados;
- Brasileiro nato/naturalizado não perderá a nacionalidade caso seja
reconhecida a nacionalidade originária pela lei estrangeira e haja
imposição de naturalização pela norma estrangeira;
- Efeitos ex nunc;

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- Requisitos: capacidade civil, manifestação expressa, efetiva


naturalização estrangeira;
- Exceções:
 Dupla nacionalidade (depende da lei de outro país).

2.2.6 Aquisição ou não aquisição de duas ou mais nacionalidades:


a) Conflito negativo:
- Quando nenhum dos ordenamentos jurídicos que o indivíduo tem
contato o admitem como nacional = Apátrida/heimatlos; p. ex.: filho
de nacionais cujo país adota somente o critério territorial, mas que
nasce em território cujo país adota somente o critério sanguíneo;
* Observação: cada vez mais os países buscam adotar mais de um
critério para evitar o surgimento de apátridas.
b) Conflito positivo:
- Quando sobre o mesmo indivíduo geram-se muitas nacionalidades =
polipátrida.

3) Art. 13:
- O idioma faz parte da formação cultural/nacional de um povo;
- Bandeira: símbolo de nacionalidade/soberania;
- Ditadura: queimou as bandeiras dos Estados.

Direitos Políticos

- Conjunto de normas jurídicas que asseguram a participação popular nas decisões do


processo político ou restringem essa participação;
- Início: Civilização Grega (ágoras);
- Desdobramento do Princípio da Soberania Popular – Art. 1º parágrafo único e Art. 14 –
e inerentes ao regime democrático de direito:
 Participação direta (democracia direta/participativa): não há figura
intermediária, ex.: plebiscito, referendo, audiências públicas, orçamento
participativo;

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 Participação indireta (democracia indireta/representativa): há figura


intermediária, representante e representado > crise de legitimidade de
representação;
 Direta + indireta = semidireta (a partir de 1988);
- Dispositivos infraconstitucionais: Código Eleitoral e Regimento dos Partidos Políticos;
- Interesse público:
 Direito ao sufrágio: direito público subjetivo de votar e ser votado - capacidades
eleitorais.
- Sufrágio é universal: amplo e irrestrito (para todos os nacionais que
preencham determinados requisitos).
- No passado houve sufrágio restrito:
a) restritivo censitário: condição relacionada à capacidade financeira;
b) restritivo capacitário: condição relacionada à capacidade intelectual
(homens brancos);
 Em 1932: mulheres viúvas, casadas e as solteiras com renda
própria;
 Em 1946 o direito se amplia;
 Em 1984: analfabetos dotados do direito facultativo de votar, mas
sem possuir capacidade eleitoral passiva, isto é, para serem
votados
- Direito de voto: é o exercício do direito do sufrágio em seu aspecto ativo, ou
seja, é o mecanismo que implementa/possibilita o exercício do sufrágio;
- Características do voto:
 Direto e pessoal: cidadão participa diretamente, com exceção do
parágrafo 1º do art. 81 CR/88;
 Secreto: forma de preservar o eleitor de pressões/submissões –
existência de PEC que tenta estabelecer a impressão do voto alegando
fraude nas urnas;
 Igual: todo voto tem o mesmo peso;
 Obrigatório: fruto da traumática experiência ditatorial, que inibia o
direito ao voto, causando um déficit social, por isso o voto obrigatório
age buscando incentivar a participação no regime democrático; insta

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salientar, portanto, que a obrigatoriedade é no comparecimento


(devendo haver justificativa se não se cumpre), não do voto em si, que
pode ser branco, por exemplo;
 Livre: só se atinge uma liberdade para votar quando não se sofre
pressões;
 Periódico: acompanha o prazo dos mandatos eletivos, art. 60, §4º, inciso
II.
- Direito de participar da organização da vontade geral;
- O voto é considerado um direito ou um dever? Visto, ainda, como direito, diante do
atual paradigma do Estado Democrático de Direito;
- Aquisição de direitos políticos: mediante alistamento eleitoral (espécie de
procedimento administrativo que se dá junto à Justiça Eleitoral pelo qual o nacional
se apresenta e solicita seu enquadramento eleitoral desde que preenchidos
determinados requisitos);
- Direitos políticos:

a) positivos:
- Garantem e reconhecem a liberdade de manifestação;
- Ativos: direito de votar/oportunidade de participação (jus sufragi) na
escolha dos representantes (depende do alistamento eleitoral (Art. 14,
parágrafos 1º e 2º) e, consequentemente, envolve a questão da aptidão
– entre 18 e 70 anos de idade o voto é obrigatório; para os analfabetos,
menores de 18 e maiores de 16, e maiores de 70 é facultativo; existindo,
ainda, os inalistáveis);
- Passivos: direito de ser votado/de se submeter ao processo eletivo
como candidato (depende da aferição das condições de elegibilidade
(Art. 14, parágrafos 3º, 4º e 8º - rol taxativo);
* Observação: domicílio constitucional x eleitoral x civil e não existe
candidatura avulsa, sempre precisa existir o vínculo com um partido
político.

b) negativos:

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- Conjunto de normas que impedem/limitam o exercício das atividades


político-partidárias.
- Regras de inelegibilidade e privação de direitos políticos: Art. 14,
parágrafos 4º, 5º, 7º e 9º;
- Inelegibilidade:
- Restrições que impedem o direito de ser votado - obsta a elegibilidade;
- Obs.: o art. 14, §3º, inciso VI da Constituição, além de elencar idades
mínimas para determinados cargos, estabelece, implicitamente,
condições de elegibilidade e inelegibilidade;
- Em regra, todos têm livre acesso para participar formalmente (vínculo
com partido político) de debates político-partidários, contudo, existem
exceções:
> Inelegibilidade absoluta (Art. 14, parágrafo 4º):
 Inalistáveis e analfabetos.
> Inelegibilidade relativa/inelegibilidade funcional por motivo
de reeleição (Art. 14, parágrafo 5º):
 Restrições específicas a certos tipos de cargos, funções,
pessoas e situações eletivas.
 EC 16/1997. Críticas: ocupantes do executivo não
precisarem ser destituídos dos cargos para se candidatarem
à reeleição gera uma desigualdade de candidaturas e,
proposta por Fernando Henrique Cardoso e por ele
aproveitada, a EC em questão permitiu a reeleição sem
destituição de cargo quando o mais sensato seria a
destituição pelo menos 6 meses antes das eleições.
 Qualidade da possibilidade de reeleição: 4 anos para quem
governa bem é pouco.
 Existe uma PEC que visa retirar a possibilidade de reeleição
e aumentar o mandato para 5 anos.
 A reeleição atinge os vices e não cabe renúncia para
concorrer à reeleição.

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> Inelegibilidade funcional por motivo de


desincompatibilização (Art. 14, §6º):
 Os chefes do executivo que se candidatarem a outro cargo
devem renunciar ao cargo presente 6 meses antes do pleito,
isto é, da reeleição, fazendo com que o mesmo perca o
cargo que antes ocupava se perder ao que concorre.
 Crítica: faltou estabelecer algo do tipo quando se tratar de
reeleição para mesmo cargo; não precisava ser no sentido
de renúncia, mas, ao menos, afastamento.

> Inelegibilidade reflexiva - substituição de cargo (Art. 14, §7º):


 Atinge as relações de parentesco (consanguinidade tanto
em linha direta quanto em linha colateral; adoção –
parentesco civil), as de conjugalidade (casamento civil,
união estável ou homoafetiva) e as de afinidade (parentes
do outro cônjuge).

> Inelegibilidades militares (Art. 14, §8º):


 Atingem os componentes das forças armadas (à nível
federal), da polícia militar (à nível estadual) e do corpo de
bombeiros (à nível estadual), pois não se pode conciliar
cargo eletivo com carreira militar, devendo haver o devido
afastamento pelo tempo que durar o mandato.

> Inelegibilidades legais – 1ª parte (Art. 14, §9º):


 A própria Constituição permite que leis infraconstitucionais
criem/ampliem os casos de inelegibilidade além dos
presentes no art. 14, ex.: Leis Complementares 64/1990 e
135/2010 (Lei da Ficha Limpa). A Lei da Ficha Limpa
estabelece que aquele que tem seu mandato caçado; que
está respondendo à processo de cassação e renuncia ao

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mandato; ou aquele condenado por órgão colegiado se


torna inelegível por 8 anos.

b.a) Art. 15 - PRIVAÇÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS (subespécie dos


direitos políticos negativos):
- Em regra, não há cassação de direitos políticos (era ditatorial), mas
pode haver a relativização dos mesmos através da suspensão (privação
temporária) ou da perda (privação definitiva) em algumas situações;
- Obs.: a improbidade administrativa (inciso V) envolve 4 tipos de
sanções, sendo uma delas a perda de direitos políticos.

- Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (Art. 14, parágrafos 10º e 11º):


> Proposta junto à Justiça Federal, inclusive pelo Ministério Público Eleitoral;
> 15 dias contados da diplomação (ato solene da Justiça Eleitoral que declara
que a pessoa foi eleita porque atingiu-se os requisitos de aptidão para o
exercício do mandato, que começa, portanto, depois da posse) para impugnar;
> Função: sancionar o candidato eleito que se utilizou de fraude, de abuso
de poder, ou de meios ilícitos que prejudicarem a inidoneidade da eleição.

- Princípio da Anuidade Eleitoral (Art. 16):


> Qualquer alteração na legislação eleitoral deve ter, no mínimo, 1 ano de
antecedência ter aplicabilidade na próxima eleição.

- Partidos Políticos (Art. 17 e parágrafos):


> Inclusos nos direitos políticos;
> São mais que pessoas jurídicas de direito privado, são fatores de
intermediação entre cidadãos/eleitores e Estado;
> Adquirem personalidade jurídica após registro em cartório civil de pessoa
jurídica junto ao TSE;
> Mínimo 101 fundadores distribuídos entre os Estados da Federação + coleta
(espécie de abaixo-assinado) de assinaturas de, no mínimo, 500 mil cidadãos

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distribuídos entre os Estados, de modo que a Justiça Eleitoral irá checar tais
informações e títulos a fim de evitar fraudes;
> Atualmente existem 33 partidos políticos registrados e 77 aguardando
autorização da Justiça Eleitoral;
> Os partidos proporcionam uma participação política formal, haja vista que
os que não têm vínculo com partidos políticos também participam de debates
político-partidários, mas de maneira informal;
> Os partidos políticos são instituições de formação da vontade política;
> 1822 – 1831: ausência de partidos políticos;
> Durante a ditadura militar alguns partidos atuavam na clandestinidade;
> AI-4: criação do sistema político bipartidário (Arena e MDB);
> 1988: pluripartidarismo;
> Lei 9.096/1995 (Lei Orgânica dos Partidos Políticos);
> Art. 17 - Princípio da Liberdade Partidária: a não observância de todos
estes requisitos pode gerar o cancelamento do registro civil e do estatuto
(depositado TSE) do Partido Político;
> Cláusula de desempenho (gradativa): permite que o partido político tenha
acesso ao fundo eleitoral que dá direito de propagandas gratuitas em
mecanismos de rádio fusão de acordo com o nº de representantes eleitos no
Congresso, de modo que o partido que não cumpre a cláusula de desempenho,
não tem direito ao fundo;
> Fundo Eleitoral (Lei 13.487 e 13.488):
 Financia, com recursos públicos, a construção político-partidária;
 Antes tanto as pessoas físicas, quanto as jurídicas podiam financiar as
campanhas políticas, hoje, somente o fundo eleitoral e pessoas físicas
podem, pois, as pessoas jurídicas financiavam e depois cobravam
regalias dos candidatos eleitos, ex.: Lava-jato;
 Decisão STF – Ministro Barroso;
 O perigo é que haja fraude nas informações das pessoas físicas;
 Crítica: até que ponto os recursos públicos podem arcar com essas
campanhas políticas?

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Direitos Sociais

- Título II (art. 6º ao art. 11);


- Direitos de 2ª dimensão (virada do Estado Liberal para o Estado Social);
- Revolução Russa;
- Reinvindicação de direitos que perfaziam as relações sociais e econômicas dos indivíduos;
- Primeiras previsões à nível constitucional:
 Weimar (1919);
 Mexicana (1917);
- Constitucionalismo social;
- Previsões no Brasil:
 Constituição de 1934 (Era Vargas – 1º mandato) e seguintes;
 Constituição de 1988, influenciada pelas Constituições portuguesa e espanhola
amplia esses direitos sociais;
- Compatibilização entre direitos individuais e sociais;
- Os sociais se dirigem, majoritariamente, aos mais vulneráveis/necessitados, guardando
relação com o princípio da igualdade (tanto material, quanto promocional);
- Fundamento: princípio da dignidade da pessoa humana;
- Caráter positivo (o Estado – tanto do ponto de vista legislativo, quanto do executivo –
deve ser proativo, pois ele tem o dever de atuar para garantir/promover/implementar
esses direitos), diferentemente dos individuais, que possuem caráter negativo, ou seja,
que dependem da abstenção do Estado;
- Os direitos sociais são direitos prestacionais no sentido de serem exigidos do Estado;
- Natureza de “crédito”, pois estão constitucionalizados, mas devem ser prestados pelo
Estado;
- Ligados ao princípio da tutela jurisdicional, pois é a partir deste que ocorrerá a
judicialização destes direitos;
- Título VIII: especificidades dos direitos sociais;
- “O Brasil é uma belíndia”, pois conta com nuances de um país como a Bélgica e é dotado
de situações tão precárias como na Índia;
- Marco civil do saneamento básico;
- Art. 7º (Direitos Trabalhistas):

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 Era Vargas;
 Presunção de que o trabalhador é hipossuficiente;
 Proteção do hipossuficiente em detrimento do hiperssuficiente nas relações
trabalhistas;
 Inciso III: FGTS criado no governo militar cujo valor advém do próprio empregador +
contribuição do Governo;
> políticas públicas habitacionais;
> mitiga/relativiza o acesso ao fundo;
 Inciso XX: medicina do trabalho;
 Inciso XXIV: ligado ao direito previdenciário/previdência social;
 2017 - Minirreforma trabalhista: flexibilizou a noção dos acordos e convenções
acima da CLT (inciso XXVI) > convenções e acordos são frutos de negociações entre
trabalhadores e associações, podendo valer mais que a CLT em alguns casos;
 Inciso XXIX: reclamatória trabalhista;
 Inciso XXX: concretização do direito à igualdade; par. Único: conquista para
trabalhadores e trabalhadoras domésticos (as).

Direitos Coletivos

- Art. 8º ao art. 11;


- Direitos que tem como titulares categorias profissionais e/ou grupos sociais;
- Art. 8º (sindicalização):
 Regula o funcionamento dos sindicatos (associações que unem empregados ou
empregadores que detém objetivos comuns);
 Desdobramento da liberdade associativa/liberdade de associação;
 Estabelece os direitos dos trabalhadores com base nos sindicatos e prerrogativas
sindicais aos filiados;
 A lei não proíbe a constituição de sindicatos, mas estes devem preencher
determinados requisitos;
 Inciso II: princípio da unicidade sindical;
 Inciso III: podem atuar em juízo (representação extraordinária);

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 Inciso IV: contribuição sindical;


 Inciso V: liberdade associativa.

- Art. 9º (direito à greve):


 Direito de se posicionar frente seu empregador, envolvendo passeatas, abaixo-
assinados, propagandas, paralização das atividades laborais, etc.;
 Tanto o trabalhador rural, quanto o urbano tem direito à greve;
 Norma de eficácia limitada (depende de norma superveniente);
 Ainda não há lei que regulamente o direito de greve dos servidores públicos,
somente dos trabalhadores da iniciativa privada, de modo que a lei geral de greve
(da iniciativa privada) se aplica analogicamente aos casos de greve dos servidores
públicos (STF > mandado de injunção nº 670, 708 e 712);
 Servidores envolvidos com a segurança pública: proibidos de fazer greve.

- Art. 10 e 11:
 Gestão democrática.

Direito à educação

- Canotilho: ideia de uma Constituição diligente, isto é, que tem como papel essencial
(dever) promover direitos sociais pela realização de serviços públicos e de políticas
públicas;
- A educação é um “direito-meio”, um “direito instrumental”, pois é por meio dessa que
se tornará viável o exercício de outros direitos sociais, ex.: o analfabeto não tem
capacidade eleitoral passiva;
- Ligado ao direito de manifestação política pois, para a manifestação exige-se determinado
acesso à informação que, na maior parte dos casos, tem relação com a educação formal;
- Direito socioeconômico, que também ultrapassa as individualidades dos sujeitos (direito
supraindividual/metaindividual), ex.: a problemática da falta de internet para as aulas
remotas na pandemia do covid-19 é coletiva e transgeracional (afetará gerações futuras);
- O direito à educação é tanto usufruto quanto empecilho para a concretização de outros
direitos, haja vista que, embora proporcione bastante sucesso profissional quando

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exercido de maneira positiva, causa muita pobreza se exercido ao contrário, haja vista que
o mercado de trabalho se encontra cada vez mais selecionado;
- O direito à educação é um direito de todos (universalização) e, em se tratando de um
comando constitucional, o Estado deve, por intermédio de políticas públicas e serviços
públicos, efetivá-lo;
- Essa efetivação, entretanto, depende de recursos (tributação), do ponto de vista
macroeconômico;
- O Brasil investe relativamente pouco na educação tendo em vista seu PIB;
- Objetivos da efetivação do direito à educação: realização pessoal, profissional,
desenvolvimento da cidadania, correção das desigualdades sociais pela aproximação de
grupos;
 Art. 205: educação visa ao pleno desenvolvimento e preparo da cidadania;
 Arts. 205 – 214: detalhamento de uma série de aspectos que envolvem a
concretização do direito à educação (princípios/objetivos que o informam (art. 206),
deveres de cada ente político (art. 211), estrutura educacional brasileira em níveis e
modalidades de ensino (art. 208), previsão de um sistema próprio de financiamento
(arts. 212, 213 e FUNDEB);
- Promover a educação é dever da própria família e da sociedade, ex.: abandono material
inflige o direito à educação;
- Deve-se chamar a sociedade civil organizada para promover esse direito por meio, por
exemplo, de conselhos de gestores (formulação e efetivação de políticas públicas e de
fiscalização), do conselho tutelar, etc.;

- Art. 206:
 Inciso I: condições iguais para acessar e para permanecer no ensino (público) e
fim de que se evite a evasão escolar;
 Inciso II: liberdade de cátedra (direito que assiste ao professor de exteriorizar e
de comunicar seus conhecimentos no exercício do magistério, é um direito
próprio do que exerce a atividade docente, garantido pela Constituição Federal
(art. 206) e pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação);
* Observação: o ensino religioso nas escolas foi julgado constitucional;
 Inciso III: princípio do pluralismo político;

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 Inciso IV: não pode haver exploração econômica dos ensinos públicos;
 Inciso V: concursos de provas e títulos (CR/1988); princípio da valorização da
carreira e piso salarial nacional, em regra (inciso VIII);
 Inciso VI: gestão democrática;
 §único: Lei de Diretrizes e Bases da Educação; Plano Nacional de Educação (Lei
13.005/2014) e Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e
Valorização dos Profissionais da Educação – FUNDEB (Lei 14.113/2020) – (fruto
de emenda constitucional, disposto no art. 60 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias – ADCT – e renovado para o art. 212-A da CR/1988);

- Art. 211:
 Deveres dos entes federados em relação a implementação desses direitos;
 Auxílio técnico e financeiro;
 Regime de colaboração;
 Os municípios têm o dever de, prioritariamente, cuidar da educação de base e da
educação à nível do ensino fundamental; ao passo que os Estados têm o dever
de, prioritariamente, cuidar dos ensinos fundamental e médio; ou seja, percebe-
se que o ensino fundamental é o único de competência comum;
 A universalização do ensino, quando alcançada, age no combate à desigualdade;
 §5º: aos Estados também cabe o tratamento do ensino público superior;

- Art. 208 (estrutura):


 A escola, principalmente a pública, não pode rejeitar nenhum aluno;
 O ensino domiciliar (“homeschooling”) é permitido em alguns países estrangeiros
e se dão pelo fato de os próprios pais ou responsáveis atuarem como
mensageiros do conhecimento (“professores”);
 No Brasil, o ensino domiciliar não é inconstitucional, mas, até então, não é
permitido por não existir lei própria que o regulamente;

- Art. 209:
 O direito à educação (em todas as suas modalidades/categorias, ou seja, desde
a educação básica até a superior) também pode ser oferecido por instituições de

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ensino de iniciativa privada, desde que essas observem as normas gerais


elencadas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação e sejam avaliadas e
autorizadas pelo MEC;

- Art. 210:
 Alvo de ADIN cuja temática se referia a constitucionalidade ou não do ensino
religioso;
 Não há inconstitucionalidade quando o espaço de propagação de tal conteúdo se
dá em rede de ensino privada cuja matrícula é “facultativa”, podendo o aluno
(ou seus representantes – como ocorre na maior parte dos casos – optar pelo
estudo ou não) > liberdade de escolha;

- Art. 211 (financiamento):


 A própria Constituição estabelece a origem e o mínimo dos recursos destinados
à educação;

- Art. 212:

PARTE DA ENTES
UNIÃO
RECEITA FEDERADOS

PARTE DA
FEDERAÇÃO MUNICÍPIOS
RECEITA

- Art. 212-A:
 Prorrogação do FUNDEB (Lei 11.494/07 e art. 60 ADCT);
 O FUNDEB é responsável pelo financiamento do ensino e pela manutenção dos
profissionais da educação;

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- Art. 213:
 Escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas são exceções e, por não
visarem a distribuição dos lucros, isto é, por não se tratarem de sociedades
empresárias, podem receber determinadas verbas públicas;

- Art. 214 (Direito à cultura – objetivos e metas):


 Direito social (que se refere ao modo como se dão as relações socioeconômicas
dos indivíduos);
 Além de direito social, trata-se de direito difuso/transindividual;
 Proteção da história e do patrimônio cultural a fim de que se conserve a memória,
a identidade e a história de um país;

- Art. 215:
 Pluralismo político;
 Direito de liberdade de expressão/manifestação;
 §1º: dever do Estado;
 §2º: representatividade das minorias sociais, ex.: dia da consciência negra;

- Art. 216:
 Bens (materiais e imateriais) que compõem o patrimônio cultural brasileiro e que
são indispensáveis para a reprodução cultural do país;
 Exemplo de bem material: cristo redentor;
 Exemplo de bem imaterial: samba;
 Desapropriação (perda da propriedade mediante prévia indenização, em regra) é
diferente de tombamento (o proprietário continua exercendo o direito de
propriedade, mas com algumas limitações, de modo que tanto a União, quanto
os Estados e os Municípios podem decretar o tombamento);
 IEPHA (Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico);
 §3º: Leis de incentivo à cultura, ex.: Lei Rouanet (Lei Federal);
 §6º: Estados e DF podem criar fundos destinados à cultura;

- Art. 216-A:

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 §4º: autonomia dos entes federados.

Meio Ambiente

- A CR/88 é a primeira a instaurar o regime de proteção ecológica, reconhecendo o meio


ambiente como um direito de todos que deve ser protegido tanto pelo Estado, quanto pela
sociedade;
- O termo “ambiente” se refere aos sistemas físicos/biológicos/químicos relacionados às
relações sociais; à fauna e à flora; e também se relaciona com a qualidade de vida, sendo
articulado ao bem-estar físico, mental, social, e cultural dos sujeitos, proporcionando
relações de fraternidade e solidariedade;
- Dupla dimensão: direito subjetivo do indivíduo (tanto como direito difuso, quanto
como transindividual/metaindividual, sendo um direito de 3ª dimensão) e dever estatal
e comunitário;
- Com o advento da CR/88 há a determinação de criação de órgãos públicos e políticas
públicas ambientais, como o IBAMA (Lei 7.735/89), o ICMBIO, a Lei de Crimes Ambientais
(Lei 9.605/98) e o Código Florestal (Lei 12.651/12);
- Art. 225 (norma principiológica):
 Princípio do ambiente ecologicamente equilibrado;
 Direito intergeracional que deve, ao mesmo tempo, ser preservado em reparado;
 §1º: princípio da natureza pública do direito ambiental;
 IV: precisa, também, de licenças ambientais;
 §2º: princípio do agente poluidor-pagador;
 §3º: imputabilidade da pessoa jurídica para com o cometimento de crimes
ambientais (antes não era possível);
- Em síntese, o poder público tem o dever de não violar regras desse direito, de impedir
a violação dessas por parte da sociedade e de criar leis, órgãos e políticas públicas
em prol da preservação do meio ambiente.

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DIREITO CIVIL II

INTRODUÇÃO AO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

- O que é Direito? É o conjunto de normas gerais e positivas responsáveis por regular a


vida em sociedade (relações públicas e privadas);
- Caráter genérico de Direito: normas destinadas a todos os indivíduos;
- Caráter jurídico de Direito: a norma não tem caráter apenas moral, mas coercitivo;
- Direito Público: Constitucional, Administrativo, Tributário, Penal, Processual,
Internacional e Ambiental (prevalecem relações entre Estado e particular);
- Direito Privado: Civil, Empresarial, Agrário, Marítimo, Trabalho, Consumidor e
Aeronáutico (prevalecem relações entre particulares);
- Direito Civil:
 Ramo do Direito Privado que trata do conjunto de normas reguladoras
das relações particulares, isto é, dos direitos e obrigações de ordem
privada concernente às pessoas, aos seus direitos e obrigações, aos
bens e às suas relações enquanto membros da sociedade;
 O Direito Civil cuida tanto do âmbito da pessoa em si como de seu
patrimônio, sendo este último dividido em direitos reais e direitos
obrigacionais (relação transitória);
- Obrigação: vínculo jurídico entre duas pessoas (naturais ou jurídicas)
mediante o qual uma pessoa é obrigada a realizar uma prestação (dever)
em favor da outra pessoa, ou seja, trata-se de uma relação jurídica de
caráter transitório (a obrigação é um processo que conta com início,
meio e fim, ou seja, abrange uma série de atos a serem praticados com
a finalidade comum de atingir o adimplemento contratual) estabelecida
entre um devedor (sujeito passivo) e um credor (sujeito ativo) cujo
objeto consiste numa prestação pessoal, econômica, positiva ou
negativa devida pelo primeiro ao segundo, garantindo-lhe o
adimplemento através de seu patrimônio;

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- Então, o que é o Direito das Obrigações?


 É o conjunto de normas (regras e princípios jurídicos) reguladoras
das relações patrimoniais entre um credor (sujeito ativo) e um
devedor (sujeito passivo) a quem se incumbe o dever de cumprir,
espontânea ou coativamente, uma prestação de dar, de fazer e
de não fazer que se localiza entre os artigos 233 e 420 do
CC/2002;
 Desse modo, o credor, em ocupando o polo ativo do vínculo
obrigacional, possui o direito subjetivo de exigir da outra parte
(devedor – sujeito passivo) uma prestação em seu favor que,
inclusive, deve ter conteúdo patrimonial/econômico e ser
judicialmente exigível (objeto possível, lícito, determinado ou
determinável);
- Regras gerais das relações obrigacionais:
 Conteúdo econômico, ou seja, a responsabilidade do devedor é
sempre patrimonial, nunca podendo recair sobre sua pessoa;
 Sempre interpretadas em consonância com os princípios
constitucionais (dignidade da pessoa humana; solidarismo
constitucional e teoria do estatuto do patrimônio mínimo);
- Mas o que é patrimônio mínimo? É um piso essencial, um mínimo
de bens que assegure a cada pessoa sua condição existencial própria
e digna, ou seja, determinada parcela do patrimônio do devedor é
imune à tutela executiva do credor, pois a autonomia privada dos
contratantes é intrinsecamente limitada pelo direito fundamental à
subsistência;
- Efeitos (deletérios) do inadimplemento: perdas e danos, juros,
correção e honorários advocatícios.

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Credor (polo Devedor (polo


Vínculo
ativo) passivo)
jurídico

Pessoa física Pessoa física


ou jurídica ou jurídica
Obrigação

Pode haver Pode haver


pluralidade pluralidade
de credores de
Objeto devedores
imediato ou
mediato

SUJEITOS DA OBRIGAÇÃO

- Sujeito ativo: credor;


 Direito subjetivo de exigir de outra pessoa uma prestação em seu favor;
 Direito subjetivo de conteúdo econômico e exigível judicialmente;
- Sujeito passivo: devedor.

ELEMENTOS DA OBRIGAÇÃO

1) Elementos subjetivos ou pessoais:


- Partes ocupantes dos polos ativo e passivo da relação obrigacional (podendo ser tanto
pessoas naturais, quanto pessoas jurídicas), ou seja, credor (titular do direito de crédito,
isto é, detentor do poder subjetivo de exigir, em caso de inadimplemento, o cumprimento
coercitivo da prestação pactuada) e devedor (a quem é incumbido o dever de efetuar a
prestação);

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- Requisitos:
 Devem ser determinados ou, ao menos determináveis (indeterminação subjetiva
na relação obrigacional);
* Observação:
- A obrigação propter rem é aquela que recai sobre determinada pessoa por força de
determinado direito real, ou seja, ela só existe em razão da situação jurídica de titular
do domínio ou de detentor de determinada coisa em que se encontra o obrigado; ex.:
IPTU.

2) Elemento objetivo ou material:


- Prestação (atividade do devedor para satisfazer o crédito do credor);
- Espécies:
 Objeto direto ou imediato: é a própria prestação (atividade positiva – ação – ou
negativa – omissão – do devedor satisfativa do interesse do credor);
 Objeto indireto ou mediato: objeto da prestação de dar, de fazer ou de não fazer,
ou seja, é o próprio bem da vida (utilidade material) posto em circulação jurídica
em pauta na relação obrigacional; ex.: o carro em uma relação de compra e venda.
- Requisitos:
 Licitude: a prestação deve ser congruente com os limites impostos pelo
ordenamento jurídico, pela moral e pelos bons costumes;
 Possibilidade: a prestação deverá ser física (quando realizável diante das leis da
natureza) e juridicamente (quando realizável diante do ordenamento jurídico,
confundindo-se com a própria licitude) possível;
 Determinabilidade: toda prestação deve contar com elementos mínimos de
identificação e individualização:
 Determinada: contém todos os elementos mínimos de identificação (gênero,
quantidade e espécie), já sendo especificada, certa e individualizada;
 Determinável: contém elementos mínimos de identificação (gênero e
quantidade), mas não é completamente especificada.

3) Elemento ideal, imaterial ou espiritual:


- Vínculo jurídico entre credor e devedor;

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- Espécies:
 Vínculos jurídicos simplificados: o sujeito passivo/devedor (uma das partes) obriga-
se a cumprir uma prestação patrimonial de dar, de fazer ou de não fazer em
benefício do sujeito ativo/credor, ou seja, trata-se de uma relação de prestação
unilateral;
 Vínculos jurídicos complexos: cada parte é simultaneamente credora e devedora
uma da outra.

FONTES

- Fatos jurídicos que dão origem às obrigações:


 Fonte primária ou imediata: lei;
 Fonte secundária ou mediata:
- Fatos jurídicos que concretizam o suposto normativo, dividindo-se em:
 Atos jurídicos negociais: vontade manifestada de forma unilateral ou
bilateral;
 Atos jurídicos não negociais: independem da manifestação de vontade
humana, de modo que seus efeitos jurídicos derivam do próprio cumprimento
da lei;
 Atos ilícitos (podem ser objetivos ou subjetivos): com a prática de um ato
ilícito nasce uma obrigação específica de indenizar.

CLASSIFICAÇÃO BÁSICA DAS OBRIGAÇÕES

1) Obrigação de dar:
- Compreende os atos de dar, entregar e restituir;
- Na obrigação de dar o devedor é o proprietário, na de restituir é o credor;
- Se divide em obrigação de dar coisa certa e dar coisa incerta;
1.1) Dar coisa certa:
- Objeto mediato específico, certo e determinado;
- Regras:

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 O credor não será obrigado a receber coisa diversa da descrita no título da


obrigação, ainda que mais valiosa (art. 313 CC);
 O acessório segue o principal (art. 233 CC);
 Quanto ao risco de perecimento, aplica-se a regra res perit domino suo (a
coisa perece para o dono), pois, por caso fortuito ou força maior, suportará
o prejuízo o proprietário;
 Perecimento total sem culpa do devedor: Art. 234 CC, 1ª parte (“se, no
caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor,
antes da tradição (entrega do bem), ou pendente a condição suspensiva,
fica resolvida a obrigação para ambas as partes”);
 Perecimento total com culpa do devedor: Art. 234 CC, 2ª parte (“se a
perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e
mais perdas e danos”);
 Perecimento parcial sem culpa do devedor: Art. 235 CC (“deteriorada a
coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a
obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que
recebeu”);
 Perecimento parcial com culpa do devedor: Art. 236 CC (“sendo
culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a
coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em
outro caso, indenização das perdas e danos”);
- Em suma:
 Com culpa: perdas e danos e equivalente;
 Sem culpa: sem perdas e danos e equivalente;
- Regras gerais para obrigações de restituir que, portanto, possuem tratamento
jurídico específico (depositário infiel/locatário):
 Perecimento:
 Sem culpa: se antes da tradição de coisa certa, sofre o credor a perda e a
obrigação se resolve, ficando ressalvados seus direitos até o dia da perda
(art. 238 CC);
 Com culpa: devedor responde pelo equivalente + perdas e danos (art. 239
CC);

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 Somente deterioração (art. 240 CC):


 Sem culpa do devedor: credor recebe a coisa do jeito em que se encontra
e não tem direito de ser indenizado;
 Com culpa do devedor: equivalente + perdas e danos;
- Regras concernentes aos melhoramentos, acréscimos e frutos nas obrigações de
restituir (art. 241 CC e 242 CC):
 Sem concurso de vontade: lucrará o credor, desobrigado de indenização;
 Com concurso de vontade: observar-se-á a boa e a má-fé;
- Regras concernentes às benfeitorias necessárias e úteis:
 Art. 1.219 CC e 1.220 CC; em suma:
I- Possuidor de boa-fé, ou seja, aquele que guarda posse de bem em
consonância com a lei e na ausência de vícios ou irregularidades (art. 1.201
CC): ressarcimento de benfeitorias necessárias e úteis e tem o direito de
levantar as voluptuárias;
II- Possuidor de má-fé: ressarcimento apenas de benfeitorias
necessárias e sem direito de levantar as voluptuárias.

1.2) Dar coisa incerta:


- Objeto mediato com gênero e quantidade especificados (art. 243 CC);
- A quem cabe a escolha? Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a
escolha pertence ao devedor (art. 244 CC);
- Antes da escolha o devedor não pode alegar perda ou deterioração da coisa, ainda
que por caso fortuito ou força maior (art. 246 CC);
- Art. 245 CC.

2) Obrigação de fazer:
- Volta-se para a própria atividade (ação) do devedor;
- Essa atividade pode ser fungível (capaz de ser realizada por terceiro, senão o devedor)
ou infungível (incapaz de ser realizada por terceiro, podendo ser realizada apenas pelo
devedor);
- Regras para a obrigação de fazer fungível (art. 249 CC):

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 Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar
à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização
cabível. Parágrafo único: em caso de urgência, pode o credor, independentemente
de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois
ressarcido;
- Regras para a obrigação de fazer infungível:
 Descumprimento por opção: incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o
devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exequível (art. 247
CC);
 Descumprimento por impossibilidade de cumprimento da prestação: se a
prestação do fato se tornar impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a
obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos (art. 248 CC).

3) Obrigação de não fazer:


- Volta-se para uma prestação negativa, um comportamento omissivo;
 Descumprimento sem culpa: extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem
culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não
praticar (art. 250 CC);
 Descumprimento com culpa: praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se
obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua
custa, ressarcindo o culpado perdas e danos. Parágrafo único: em caso de urgência,
poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente de autorização
judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido (art. 251 CC).

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Diagrama revisional: Não será obrigado a dar


coisa diversa

O acessório segue o
Coisa principal
certa
Obrigação
de DAR Perecimento ao
proprietário quando por
Coisa caso fortuito ou força
incerta maior

Total sem culpa: se


Especificada pelo resolve;
gênero e pela Total com culpa:
quantidade (a equivalente mais perdas e
escolha do bem danos;
deve ser Parcial sem culpa:
intermediária e resolve-se ou aceita-se o
cabe ao devedor) bem no estado em que se
encontra;
Parcial com culpa:
equivalente mais perdas e
Se o fato puder ser executado por terceiro, danos ou aceita-se o bem
será livre ao credor mandá-lo executar à no estado em que se
custa do devedor, havendo recusa ou mora encontra mais perdas e
deste, sem prejuízo da indenização cabível. danos.
Em caso de urgência, pode o credor,
independentemente de autorização judicial,
executar ou mandar executar o fato, sendo
depois ressarcido.

Pode ser cumprida por


Fungível terceiro

Obrigação
de FAZER
Infungível Não pode ser cumprida
por terceiro

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Por opção/vontade (dolo): perdas e danos;


Por impossibilidade sem culpa: resolve-se a obrigação;
Por impossibilidade com culpa: perdas e danos.

Sem culpa: resolução da


obrigação
Obrigação
de NÃO
FAZER Com culpa: desfazimento +
perdas e danos

CLASSIFICAÇÃO ESPECIAL DAS OBRIGAÇÕES

Levando-se em consideração o elemento subjetivo (os sujeitos da relação


obrigacional), as obrigações poderão ser:
a) Obrigações fracionárias (art. 257, CC):
- Pluralidade de devedores ou de credores, de modo que cada um deles
responde por parte da dívida ou é credor de determinada proporção;
- Regras:
 Cada credor não pode exigir mais do que a parte que lhe
corresponde, e cada devedor não está obrigado senão à fração que
lhe cumpre pagar;
 Para os efeitos da prescrição, pagamento de juros moratórios, anulação
ou nulidade da obrigação e cumprimento de cláusula penal, as
obrigações são consideradas autônomas, não influindo a conduta de
um dos sujeitos, em princípio, sobre o direito ou dever dos outros;
 Como a solidariedade decorre de lei, a presunção é que a obrigação
com pluralidade de credores e/ou devedores seja fracionária (regra
geral que é aplicada às obrigações divisíveis);
 Partícula “e” (100 mil do A, 100 mil do B e 100 mil do C).

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Devedor/Credor A

R$100.000,00 Credor/Devedor
Devedor/Credor B
de cada (R$300.000,00)

Devedor/Credor C

b) Obrigações conjuntas:
- São também chamadas de unitárias ou de obrigações em comum;
- Ocorre uma pluralidade de devedores ou credores, impondo-se a todos o
pagamento conjunto de toda a dívida, não se autorizando a um dos
credores exigi-la individualmente.

c) Obrigações disjuntivas:
- Devedores se obrigam alternativamente ao pagamento da dívida;
- Regras:
 Cabe ao credor a escolha do demandado;
 O cumprimento por um desonera o(s) outro(s);
 Difere das obrigações solidárias por lhes faltar relação interna, o que
não justifica o direito de regresso.

d) Obrigações solidárias (art. 264, CC):


- Existe solidariedade quando, em uma mesma obrigação, concorre a
pluralidade de credores, cada um com direito à dívida toda (solidariedade
ativa – polo ativo –, arts. 267 a 274, CC), ou uma pluralidade de devedores,
cada um obrigado à dívida inteira (solidariedade passiva – polo passivo –,
arts. 275 a 285, CC);
- Regras:
 A relação jurídica é única;
 A solidariedade não se presume, ela decorre da lei;

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 Existe uma relação jurídica interna entre os credores e os devedores,


de modo que o pagamento ou o recebimento por um só importará na
compensação dos demais, que buscarão alcança-la;
 Os credores que não participam do processo apenas podem ser
beneficiados com a coisa julgada, jamais prejudicados (art. 274, CC);
 Partícula “ou” (300 mil do A, 300 mil do B ou 300 mil do C).

Devedor/Credor A
R$300,000,00

Credor/Devedor
Devedor/Credor B R$300.000,00 (R$300.000,00)

R$300.000,00
Devedor/Credor C

- Supondo que o devedor A, diante da existência de uma solidariedade passiva, foi o


escolhido para pagar a dívida toda:

Devedor A R$300.000,00 Credor

Torna-se o credor de R$100.000,00 do B


e R$100.000,00 do C

- O mesmo ocorre se o credor A, diante da existência de uma solidariedade ativa,


recebe a dívida toda:

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Devedor R$300.000,00 Credor A

Torna-se o devedor de R$100.000,00 ao


credor B e de R$100.000,00 ao credor C

* Observação: Responsabilidade subsidiária (circunstâncias expressas em lei), ex.:

Trabalhador

Vínculo empregatício Prestação de serviços

Empresa Empresa tomadora


terceirizante de serviço

Responsabilidade subsidiária com


relação ao trabalhador, pois este tem
vínculo empregatício com a empresa
terceirizante.

Levando-se em consideração o elemento objetivo (a própria prestação), as obrigações


poderão ser:
a) Obrigações alternativas (arts. 252 a 256 CC/2002):
- Têm por objeto duas ou mais prestações (objeto múltiplo ou composto), sendo
que o devedor se exonera cumprindo apenas uma delas, ou seja, as prestações
são excludentes entre si;

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- A regra geral é que o direito de escolha cabe ao devedor, se o contrário não


houver sido estipulado no título da obrigação (art. 252 CC/2002), porém, existem
variações dessa regra:
 Embora a escolha caiba ao devedor, o credor não está obrigado a receber parte
em uma prestação e parte em outra (princípio da indivisibilidade do objeto);
 Se a obrigação for de prestações periódicas, o direito de escolha poderá ser
exercido em cada período;
 Havendo pluralidade de optantes (imagine, por exemplo, um grupo de
devedores com direito de escolha), não tendo havido acordo unânime entre
eles, a decisão caberá ao juiz, após expirar o prazo judicial assinado para que
chegassem a um entendimento (suprimento judicial da manifestação de
vontade);
 Também caberá ao juiz escolher a prestação a ser cumprida, se o título da
obrigação houver deferido esse encargo a um terceiro, e este não quiser ou
não puder exercê-lo.
O atual diploma civil não cuidou do estabelecimento de prazo para o exercício do
direito de escolha, restando ao CPC suprir a omissão em seu art. 800 (“Art. 800. Nas
obrigações alternativas, quando a escolha couber ao devedor, esse será citado para
exercer a opção e realizar a prestação dentro de 10 (dez) dias, se outro prazo não lhe foi
determinado em lei ou em contrato. §1º Devolver-se-á ao credor a opção, se o devedor não
a exercer no prazo determinado. §2º A escolha será indicada na petição inicial da execução
quando couber ao credor exercê-la”).
Em síntese:
a) Impossibilidade Total (todas as prestações alternativas):
- Sem culpa do devedor: extingue-se a obrigação (art. 256 do CC/2002);
- Com culpa do devedor:
 Se a escolha cabe ao próprio devedor: deverá pagar o valor da prestação que
se impossibilitou por último, mais as perdas e danos (art. 254 do CC/2002);
 Se a escolha cabe ao credor: poderá exigir o valor de qualquer das prestações,
mais perdas e danos (art. 255, segunda parte, do CC/2002).
b) Impossibilidade Parcial (de uma das prestações alternativas):

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- Sem culpa do devedor: concentração do débito na prestação subsistente (art. 253


do CC/2002);
- Com culpa do devedor:
 Se a escolha cabe ao próprio devedor: concentração do débito na prestação
subsistente (art. 253 do CC/2002);
 Se a escolha cabe ao próprio credor: poderá exigir a prestação remanescente
ou valor da que se impossibilitou, mais as perdas e danos (art. 255, primeira
parte, do CC/2002).

b) Obrigações facultativas:
- O CC/2002 não cuidou dessa espécie, também conhecida como obrigação com
faculdade alternativa ou obrigação com faculdade de substituição;
- É aquela que tem um único objeto e o devedor tem a faculdade de substituir a
prestação devida por outra de natureza diversa, prevista subsidiariamente, de modo
que caso a prestação inicialmente prevista se impossibilitar sem culpa do devedor,
a obrigação extingue-se, não tendo o credor o direito de exigir a prestação
subsidiária;
- Essa difere das obrigações facultativas pelo fato dessas terem por objeto duas ou
mais prestações que se excluem alternativamente;
- Efeitos das obrigações facultativas:
 O credor pode exigir o cumprimento da prestação facultativa;
 A impossibilidade de cumprimento da prestação devida extingue a obrigação;
 Somente a existência de defeito na prestação devida pode invalidar a
obrigação.

c) Obrigações cumulativas:
- Têm por objeto uma pluralidade de prestações que devem ser cumpridas
conjuntamente, ou seja, mesmo que sejam diversas as prestações, elas são
cumpridas como se fossem uma só e encontram-se vinculadas pela partícula
conjuntiva “e”;
- Nesses casos, o devedor apenas se desobriga cumprindo todas as prestações.

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d) Obrigações divisíveis e indivisíveis:


- As obrigações divisíveis são aquelas que admitem o cumprimento fracionado ou
parcial da prestação, ao passo que as indivisíveis só podem ser cumpridas por
inteiro;
- Insta salientar, portanto, que mesmo sendo a prestação indivisível por sua
natureza, o credor não é obrigado a receber por partes se assim não foi
convencionado;
- A indivisibilidade poderá ser:
 Natural (material): quando decorre da própria natureza da prestação;
 Legal (jurídica): quando decorre da norma legal;
 Convencional: quando decorre da vontade das próprias partes que optam por
estipular a indivisibilidade do título da obrigação;
- Qualquer que seja a origem da indivisibilidade (natural, legal ou convencional), se
concorrerem dois ou mais devedores, cada um deles estará obrigado pela dívida
toda (art. 259 CC/2002), mas isso não significa que entre eles haja solidariedade,
pois é o objeto da própria obrigação que determina o cumprimento integral do
débito, não o vínculo dos mesmos;
- Se a pluralidade for de credores poderá qualquer deles exigir a dívida por
inteiro pelas mesmas razões acima indicadas, de modo que o devedor ou os
devedores se desobrigarão em duas hipóteses:
 Pagando a todos os credores conjuntamente;
 Pagando a um, dando este caução de ratificação dos outros credores;
- Recebendo a dívida por inteiro, o credor deverá repassar aos outros, em dinheiro,
as partes que lhes caibam no total (art. 261 do CC/2002). Essa regra se justifica pelo
fato de que a coligação entre os credores decorreu da própria impossibilidade de
fracionamento da prestação, e, se assim foi, os outros deverão se contentar com as
suas parcelas em dinheiro;
- Além disso, perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em
perdas e danos.

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OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS OBRIGAÇÕES INDIVISÍVEIS


O critério que se utiliza é o da O critério que se utiliza embasa-se no
estipulação convencional ou por próprio objeto da prestação, de modo
determinação legal imposta aos que a atenção não se volta aos
sujeitos, ou seja, a relação jurídica sujeitos, mas ao objeto.
interna entre os sujeitos não decorre
do objeto em si, mas de uma
estipulação imposta a eles.

- A causa da solidariedade é o título, e a da indivisibilidade é, normalmente, a


natureza da obrigação;
- Na solidariedade, cada devedor paga por inteiro, porque deve integralmente,
enquanto na indivisibilidade solve a totalidade, em razão da impossibilidade jurídica
de se repartir em quotas a coisa devida;
- A solidariedade é uma relação subjetiva, e a indivisibilidade objetiva, em razão
de que, enquanto a indivisibilidade assegura a unidade da prestação, a solidariedade
visa a facilitar a satisfação do crédito;
- A indivisibilidade justifica-se com a própria natureza da prestação, quando o
objeto é, em si mesmo, insuscetível de fracionamento, enquanto a solidariedade é
sempre de origem técnica, resultando da lei ou da vontade das partes;
- A solidariedade cessa com a morte dos devedores, enquanto a indivisibilidade
subsiste enquanto a prestação suportar;
- A indivisibilidade termina quando a obrigação se converte em perdas e danos,
enquanto a solidariedade conserva este atributo.

e) Obrigações líquidas e ilíquidas:


- Líquida é a obrigação certa quanto à sua existência e determinada quanto ao
seu objeto, enquanto que a ilíquida carece de especificação quanto ao seu
quantum para que possa ser cumprida;
- A liquidação consiste no conjunto de atos que visa à quantificação dos valores
devidos, por força do comando sentencial exequendo, ou seja, trata-se da fase
preparatória da execução e, que um ou mais atos são praticados, por uma ou por

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ambas as partes, para que seja estabelecido o valor da condenação ou da


individualização do objeto da obrigação;
- Somente podem ser objetos de liquidação os títulos judiciais (sentenças), uma
vez que os extrajudiciais hão de ser líquidos já antes do ajuizamento da execução;
- Modalidades de liquidação:
 Liquidação por cálculos: se dá quando existem nos autos elementos
suficientes para a quantificação do julgado;
 Liquidação por artigos: trata-se de um procedimento para alegar e provar um
fato novo – inexistente nos autos – necessário à liquidação do julgado;
 Liquidação por arbitramento: feita quando inexistem elementos objetivos
para a liquidação do julgado, seja nos autos ou fora deles, devendo-se valer o
magistrado de uma estimativa para quantificar a obrigação;
- Síntese: na liquidação por cálculo há elementos nos autos; na liquidação por artigos
há elementos fora dos autos; na liquidação por arbitramento não há elemento nem
dentro nem fora dos autos.

Levando-se em consideração o elemento acidental (diz respeito ao plano de eficácia


das obrigações), as obrigações poderão ser:
a) Obrigações condicionais:
- São obrigações condicionadas a evento futuro e incerto por meio do qual se
subordinam ou resolvem os efeitos jurídicos (tanto a eficácia jurídica, isto é, a
exigibilidade, quanto os direitos e obrigações decorrentes do negócio) de
determinado negócio;
- Nessa modalidade de obrigação, enquanto não se implementar a condição, não
poderá o credor exigir o cumprimento da dívida.

b) Obrigações a termo:
- São obrigações que têm sua exigibilidade ou sua resolução subordinada a evento
futuro e certo;
- O termo é o acontecimento futuro e certo que subordina o início ou o término da
eficácia jurídica de determinado ato negocial;

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- Diferentemente do que ocorre com a condição, no negócio jurídico a termo, pode


o devedor cumprir antecipadamente a sua obrigação, uma vez que, não tendo
sido pactuado o prazo em favor do credor, o evento (termo) não subordina a
aquisição dos direitos e deveres decorrentes do negócio, mas apenas o seu
exercício, não havendo enriquecimento sem causa do credor, como ocorreria em
se tratando de negócio sob a condição suspensiva.

c) Obrigações modais:
- São aquelas oneradas com um modo ou encargo (ônus) por cláusula acessória,
imposto a uma das partes, que experimentará um benefício maior e, além disso,
são geralmente identificadas pelas expressões “para que”, “com a obrigação de”,
“com o encargo de”;
- Contudo, essa espécie de determinação acessória não suspende a aquisição nem
o exercício do direito, salvo na hipótese de ter sido fixado o encargo como condição
suspensiva;
- Por não suspender os efeitos do negócio jurídico, o não cumprimento do encargo
não gera a invalidade da avença, apenas a possibilidade de sua cobrança ou,
eventualmente, posterior revogação;
- Se a obrigação não for condicional, a termo ou modal, diz-se que é obrigação pura.

Levando-se em consideração o conteúdo, as obrigações poderão ser:


a) Obrigações de meio:
- São aquelas em que o devedor se obriga a empreender sua atividade sem
garantir, todavia, o resultado esperado, como as profissões do médico e do
advogado, por exemplo, pois estes se utilizam das técnicas adequadas e disponíveis
naquele momento para atuarem, mas não podem garantir o pleno êxito desta
atuação e, consequentemente, do resultado.

b) Obrigações de resultado:
- São aquelas em que o devedor se obriga não apenas a empreender uma
atividade, mas, principalmente, a produzir o resultado esperado pelo credor,

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como a atividade desenvolvida pela companhia de ônibus, por exemplo, que se


compromete a levar os passageiros em segurança até seus destinos;
- Observação importante circunda a cirurgia plástica estética, pois esta foge à regra
da medicina, no geral, se encaixando no ramo das obrigações de resultado;
- Em se tratando de cirurgia plástica reparadora a obrigação do médico será de
meio e sua responsabilidade excluída se, ausente a culpa, se utilizar de todas as
técnicas possíveis à obtenção do resultado esperado.

c) Obrigações de garantia:
- Tais obrigações têm o objetivo de eliminar riscos que pesam sobre o credor,
reparando suas consequências, como os contratos de seguro, por exemplo, em que
mesmo que o bem pereça em face de atitude de terceiro, a seguradora deve
responder.

* Obrigação propter rem ou ob rem: natureza híbrida (de direito real e de direito
pessoal).

PAGAMENTO

1. Conceito e natureza jurídica:


- Paga quem satisfaz o prometido ou o devido em qualquer variedade de obrigação,
não apenas aquele que cumpre com a obrigação de dar quantia em dinheiro, assim sendo,
o pagamento é composto por três elementos fundamentais:
a) Vínculo obrigacional: causa/fundamento do pagamento;
b) Sujeito ativo do pagamento: devedor (solvens), que ocupa o polo passivo da
obrigação;
c) Sujeito passivo do pagamento: credor (accipiens), que ocupa o polo ativo da
obrigação.
- O pagamento guarda natureza jurídica (o que isso é para o direito) de fato jurídico (todo
acontecimento que produz efeitos na órbita do Direito), entretanto, em virtude de o fato
jurídico ser de extrema amplitude, o pagamento é alvo de mais de um entendimento
(subteorias) quanto à sua natureza jurídica:

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a) Ato jurídico em sentido estrito: pagamento como um simples comportamento


do devedor, sem conteúdo negocial, cujo principal e único efeito previsto pelo
ordenamento jurídico é a extinção da obrigação;
b) Negócio jurídico: pagamento como uma declaração de vontade, acompanhada
do animus solvendi;
b.a) Há os que defendem, ainda, a bilateralidade do pagamento, sendo de
natureza contratual (ânimo de solver);
b.b) Há os que defendem sua unilateralidade, sendo o ânimo de solver
dispensado.
- Não há posição definitiva quanto à natureza jurídica do pagamento, de modo que apenas
o caso concreto poderá dizer se este tem ou não natureza negocial e se esta pode ser
considerada bilateral ou unilateral.

2. Condições subjetivas do pagamento:


2.1. De quem deve pagar:
Não é apenas o devedor que está legitimado a efetuar o pagamento, podendo este
ser realizado, também, por terceiro que esteja ou não juridicamente interessado no
cumprimento da obrigação (art. 304 CC/2002), não sendo lícita a recusa do pagamento
por parte do credor que deseja recebê-lo das mãos do próprio devedor.
O terceiro interessado é aquele que, sem integrar o polo passivo da relação
obrigacional-base, encontra-se juridicamente adstrito ao pagamento da dívida, como
o fiador, por exemplo.
Já o terceiro não interessado é aquele que não guarda vinculação jurídica na
relação obrigacional-base pelo fato de nutrir interesse meramente moral, como ocorre
no caso do pai que paga a dívida do filho maior, por exemplo.
No caso de terceiro desinteressado pode ocorrer:
a) Pagamento em nome e à conta do devedor (art. 304 CC/2002): o terceiro,
neste caso, não tem o direito de cobrar o valor que desembolsou para solver
a dívida;
b) Pagamento em seu próprio nome (art. 305 CC/2002): neste caso, o terceiro
tem o direito de reaver o que pagou, mas este não se sub-roga nos direitos
do credor.

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Entretanto, insta salientar que, havendo o desconhecimento ou a oposição do


devedor e o pagamento ainda assim se der (pelo terceiro, na maior parte dos casos,
desinteressado), o terceiro não será reembolsado (art. 306 CC/2002).
No que se refere ao pagamento com transferência de domínio, apenas poderá ser
feito pelo titular do objeto cuja propriedade se pretenda transferir (art. 307 CC/2002).
Se, todavia, se der em pagamento coisa fungível, não se poderá mais reclamar do
credor que, de boa-fé, a recebeu e a consumiu, ainda que o devedor não tivesse o direito
de aliená-la. Nesse caso, o verdadeiro proprietário da coisa deverá exigir, não do credor
de boa-fé, mas do próprio devedor, as perdas e danos devidas por força da alienação
indevida.

2.2. Daqueles a quem se deve pagar:


- Art. 308 CC/2002
a) Próprio credor;
b) Representante do credor;
- Representação legal: prevista em lei (ex.: pai de filho incapaz);
- Representação convencional: convencionada em instrumento de valor
entre as partes (ex.: procuração para advogado);
- Representação judicial (também tem uma certa natureza legal): fixada
pelo juiz que, portanto, baseia-se na lei (ex.: administrador judicial na
recuperação judicial);
c) Terceiro: se uma pessoa – diversa do credor e sem poderes de
representação – se apresenta como credor e recebe o pagamento, o devedor poderá
ser compelido a pagar novamente o verdadeiro credor se não cuidou de investigar
a legitimidade do recebedor, de modo que “quem paga mal, paga duas vezes” e
“o direito não socorre os negligentes/os que dormem”;
d) Credor aparente ou putativo: pessoa que se apresenta como credora
(sujeito ativo na relação obrigacional e passivo no pagamento) e não há razão
plausível para que o devedor desconfie de sua legitimidade, pois passa aos olhos de
todos como sendo a verdadeira titular do crédito, ex.: office boy que realiza
cobranças e recebe vários pagamentos todos os dias e um dia é despedido, de modo
que passa exercendo a mesma função de antes para se vingar do seu ex-patrão, de

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modo que as pessoas não saberão que o menino foi despedido e realizarão os
pagamentos de boa-fé (Art. 309. O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é
válido, ainda provado depois que não era credor”). Assim sendo, são requisitos
indispensáveis para a validade do pagamento do credor putativo:
 Boa-fé do devedor;
 Escusabilidade de seu erro (que o erro seja perdoável, ou seja, que a
lei não seja explícita a respeito).

3. Condições objetivas do pagamento:


3.1. Do objeto do pagamento e sua prova:
Já sabemos que o credor não está obrigado a receber prestação diversa da que
lhe é devida, ainda que mais valiosa, e que, também, não está adstrito a receber por
partes — nem o devedor a pagar-lhe fracionadamente —, se assim não se
convencionou (arts. 313 e 314 CC/2002).
Além disso, deve-se ter ciência de que as dívidas em dinheiro deverão ser
pagas em moeda corrente e pelo valor nominal (salvo o disposto nos artigos
subsequentes), e de que é lícito convencionar o aumento progressivo de
prestações sucessivas (arts. 315 e 316 CC/2002).

3.2. Prova do pagamento (arts. 319 a 321 CC/2002):


A quitação é, primordialmente, o meio de prova do pagamento, tratando-se
de ato devido, imposto ao credor que recebeu o pagamento, que deve contar com o
valor e a espécie da dívida quitada, com o nome do devedor ou de quem por este
pagou, o tempo e o lugar do pagamento.
Esta deve, ainda, se concretizar por instrumento público ou particular
datado e assinado pelo próprio credor ou por quem o represente. Assim sendo, o
devedor que tiver seu direito subjetivo à quitação negado pode reter a coisa.
Além disso, existe previsão de que o pagamento pode ser provado se de seus
termos ou circunstâncias resultar haver sido paga a dívida.

3.3. Hipóteses de presunção de pagamento, quando este não possa ser


comprovado por meio de quitação total e regular (arts. 322 a 324 CC/2002):

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a) Quotas periódicas: o pagamento da última estabelece, até prova em


contrário, a presunção de estarem solvidas as anteriores;
b) Capital sem reserva de juros: os juros presumem-se pagos;
c) Dívidas literais: a entrega do título (nota promissória, cheque, letra de
câmbio, etc.) ao devedor firma presunção de pagamento > prazo decadencial de
60 dias para que o credor prove a inocorrência do pagamento.
Todas essas formas de presunção de pagamento são relativas, cabendo o
ônus de provar o contrário ao credor.

3.4. Despesas com o pagamento (art. 325 CC/2002):


As despesas com o pagamento ou com a quitação deverão ocorrer a cargo do
devedor, salvo a hipótese de o aumento da despesa decorrer de fato atribuído
ao credor, que responderá pelo acréscimo.

3.5. Prevalência dos usos e costumes legais (art. 326 CC/2002):


Nos termos do art. 326, privilegiam-se os usos e costumes do local para que
seja preservada a boa-fé dos contratantes que, em regra, se valem dos parâmetros
que habitualmente utilizam em seu dia a dia, como no caso do Alqueire que em
Minas Gerais equivale a 10.000 braças quadradas (4,84 hectares) e em São Paulo a
5.000 braças quadradas (2,42 hectares), por exemplo.

3.6. Lugar do pagamento (art. 327 CC/2002):


A regra geral (aplicada quando não há estipulação contratual neste sentido) é
a de que o pagamento será efetuado no domicílio do devedor – dívidas quesíveis
–, entretanto, esta pode ser afastada pela própria lei, pela natureza da obrigação
(como no caso de imóvel), ou por outras circunstâncias.
O pagamento efetuado no domicílio do credor trata-se de dívida portável.
Além disso, se forem designados dois ou mais lugares para o pagamento, a escolha
caberá ao credor.

3.6.1. Em relação à imóvel (art. 328 CC/2002):

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Se o pagamento consistir em tradição de imóvel ou, até mesmo, em


prestações relativas ao imóvel, o pagamento será feito onde estiver situado
o imóvel, uma vez que será nesse lugar que se procederá o registro do título
de transferência, na forma da Lei de Registros Públicos e do próprio Código
Civil.

3.7. Pagamento em local diverso do pactuado (arts. 329 e 330 CC/2002):


Tendo como base os princípios da razoabilidade e da eticidade, ficou
permitida a realização do pagamento em lugar diverso do pretendido, havendo
motivo para tanto, devendo o devedor buscar a localidade mais próxima para
realizar o pagamento.
Além disso, o pagamento feito reiteradamente em outro local faz presumir a
renúncia do credor ao lugar previsto no contrato, existindo a perda da eficácia da
disposição convencionada.

3.8. Tempo do pagamento (art. 331 CC/2002):


Em regra, todo pagamento deve ser efetuado no dia do vencimento da
dívida, contudo, na falta de ajuste e não dispondo a lei em sentido contrário,
poderá o credor exigir o pagamento de forma imediata (regra que apenas se aplica
às obrigações puras, e não às condicionais).

3.9. Obrigações condicionais (art. 332 CC/2002):


Uma obrigação condicional é aquela que contém cláusula que subordina seu
efeito – total ou parcial – a evento futuro e incerto, podendo ser suspensiva ou
resolutiva.

3.10. Exigência antecipada da dívida (art. 333 CC/2002):


Se a obrigação é a termo, em sendo o prazo concedido a favor do devedor,
nada impede que este antecipe o pagamento, podendo o credor retê-lo. Em caso
contrário, se o prazo estipulado for feito para favorecer o credor, não poderá o
devedor pagar antecipadamente. Tudo dependerá de como se convencionou a
obrigação.

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Hipóteses (numerus clausus – rol taxativo) previstas em lei:


a) Falência do devedor ou concurso de credores;
b) Bens hipotecados ou empenhados penhorados em execução de outro
credor;
c) Fim ou insuficiência das garantias do débito, fidejussórias ou reais e o
devedor, intimado, se negar a reforça-las.
Em todas essas situações, havendo solidariedade passiva (entre devedores),
a antecipação da exigibilidade da dívida não prejudicará os demais devedores
solventes.

3.11. Teoria do adimplemento substancial:


A teoria do adimplemento substancial sustenta que uma obrigação não deve
ser resolvida se a atividade do devedor, posto não haja sido perfeita, aproximou-se
consideravelmente (substancialmente) do resultado esperado, ou seja, se o
descumprimento obrigacional for ínfimo ou insignificante, não se deve
extinguir o contrato.
Contudo, a Corte Superior não tem admitido a aplicação dessa teoria no
âmbito dos contratos de alienação fiduciária e há resistência quanto à aplicação
da mesma no que tange à obrigação de alimentar derivada do Direito de Família.

FORMAS INDIRETAS/ESPECIAIS DE PAGAMENTO

1. Cessão de crédito e assunção de dívidas (artigos):


A cessão de crédito é um negócio jurídico bilateral pelo qual o credor transfere –
sem a necessidade de haver o pagamento neste momento – seus direitos da relação
obrigacional a outrem, podendo se dar em forma de alienação onerosa ou gratuita.
O credor que transfere seus direitos denomina-se cedente. O terceiro a quem estes
são transferidos, cessionário. O devedor, o cedido.
Na cessão de crédito não existe obrigatoriedade de anuência por parte do
devedor, mas este deve ser comunicado por qualquer dos intervenientes, cessionário
ou cedente, podendo essa se dar de forma judicial ou extrajudicial. Se não há notificação
a cessão é inexistente para o devedor, de modo que seu pagamento ao cedente será

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válido. O pagamento e a consequente desobrigação também serão válidos no caso de


pagar ao cessionário que lhe apresentar título comprobatório da obrigação. E em se
tratando de obrigação solidária, todos os codevedores devem ser notificados.
Contudo, existem créditos que, devido ao objeto e, consequentemente, à natureza
destes, não podem ser cedidos, quais sejam as relações jurídicas de caráter
personalíssimo e as de direito de família. Além disso, por lei, não pode haver cessão
do direito de preferência (art. 520 CC), do benefício de justiça gratuita (art. 10 da Lei
1.060/50), da indenização derivada de acidente no trabalho, etc. Por convenção das
partes pode ser estabelecida a inacessibilidade do crédito.
A cessão convencional não exige forma especial para valer entre as partes, salvo se
tiver por objeto direitos em que a escritura pública seja substância do ato, entretanto, para
valer para terceiros exige instrumento público ou particular revestido das solenidades do
§1º do art. 654.
A cessão de títulos de crédito é feita mediante endosso (“declaração, escrita no dorso
de um título de crédito ou papel comercial, que transmite a outrem a sua propriedade”).
O cedente não responde pela solvência do devedor, correndo os riscos por conta
do cessionário, salvo estipulação em contrário, de modo que se ficar expressamente
convencionado que o cedente responde pela solvência do devedor, essa
responsabilidade se limitará ao que recebeu do cessionário, com os respectivos juros
e as despesas. Ou seja, a responsabilidade, em regra, imposta ao cedente diz respeito
apenas à existência do crédito ao tempo da cessão.
Insta salientar, portanto, que a liberdade contratual é exercida nos limites da função
social do contrato e que as relações privadas dotam da prevalência do princípio da
intervenção mínima e da excepcionalidade da revisão contratual.
A assunção de dívidas ou cessão de débito trata-se de negócio jurídico bilateral pelo
qual o novo devedor fica no lugar de quem o era, sendo obrigatória a observância da
anuência do credor, de modo que o novo devedor não pode opor ao credor as exceções
pessoais que competiam ao devedor originário.
Além disso a assunção pode ser voluntária ou convencional.

2. Pagamento em consignação (artigos 334 A 345 CC/2002):

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A consignação em pagamento, que pode ser tanto judicial quanto extrajudicial,


admite forma de extinção da obrigação por pagamento indireto da prestação (natureza
jurídica), sendo uma faculdade do devedor, e não uma obrigação.
O credor, além de ter a obrigação de cumprir com a obrigação pactuada e de realizar
o pagamento, também tem o direito de assim fazer, de modo que se o credor –
teoricamente, o mais interessado – se nega a recebê-lo ou surgem outros fatos impeditivos
para tal, o devedor pode se valer da consignação para se ver livre da obrigação
assumida. O mesmo pode ocorrer em se tratando de prestações periódicas em que o
credor se recusa a recebê-las, restando ao devedor consigná-las na medida em que forem
vencendo.
- Devedor (sujeito ativo da ação de consignação): consignante.
- Credor (sujeito passivo da ação de consignação): consignatário.
- Bem objeto do depósito, judicial ou extrajudicial: consignado.
A consignação em pagamento não se confunde com a venda por consignação,
pois esta última é um negócio jurídico por meio do qual uma das partes (consignante)
transfere a outra (consignatário) bens móveis a fim de que os venda, segundo um preço
previamente estipulado, ou simplesmente que os restitua ao próprio consignante.
- Hipóteses em que se configura a consignação em pagamento (art. 335 CC/2002):
 Se o credor não puder ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento ou
dar quitação na devida forma (inciso I);
 Se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição
devidos (inciso II);
 Se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou
residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil (inciso III);
 Se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do
pagamento (inciso IV);
 Se pender litígio sobre o objeto do pagamento (inciso V).
Na forma do art. 336 do CC/2002, “para que a consignação tenha força de
pagamento, será mister concorram, em relação às pessoas (a consignação deverá ser feita
pelo devedor, ou quem o represente, em face do alegado credor, sob pena de não ser
considerado válido, salvo se ratificado por este ou se reverter em seu proveito), ao objeto
(o pagamento deve ser feito em sua integralidade), modo (não se admitirá modificação

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do estipulado, devendo a obrigação ser cumprida da mesma maneira como foi concebida
originalmente) e tempo (também não se pode modificar o pactuado), todos os requisitos
sem os quais não é válido o pagamento”.
Situações de possibilidade ou impossibilidade de levantamento do depósito pelo
devedor:
 Antes da aceitação ou da impugnação do depósito o devedor tem total
liberdade para levantar o depósito;
 Depois da aceitação ou impugnação do depósito pelo credor a oferta já se
encontra caracterizada, de modo que o depósito poderá ser levantado pelo
devedor somente com a anuência do credor que, por sua vez, perderá a
preferência e a garantia que lhe competia sobre a coisa consignada;
 Julgado procedente o depósito, isto é, admitido em caráter definitivo, o
devedor não pode mais levantá-lo, ainda que o credor consinta, apenas de
acordo com os outros devedores e fiadores, caindo por terra o impedimento
criado por lei e retornando tudo ao status quo ante por expressa manifestação
da autonomia da vontade.
A consignação pode ser de coisa certa ou de coisa incerta, embora na maioria das
vezes envolva obrigações pecuniárias. Na forma do art. 341 do CC/2002, se a coisa devida
for imóvel ou corpo certo que deva ser entregue no mesmo lugar onde está, poderá o
devedor citar o credor para vir ou mandar recebê-la, sob pena de ser depositada.
Entretanto, se a coisa for incerta, é preciso proceder à sua certificação pela operação
denominada “concentração do débito” ou “concentração da prestação devida” (art. 342
CC/2002).
Se a escolha couber ao devedor, nenhum problema se dará, entretanto, se couber
ao credor, deve ele ser citado para tal fim sob cominação de perder o direito e de ser
depositada coisa que o devedor escolher (ver art. 543 CPC/2015).
No que tange às despesas processuais, se o depósito for julgado procedente essas
concorrerão à conta do credor, em caso contrário, à conta do devedor.

3. Pagamento com sub-rogação (artigos 346 a 351 CC/2002):


Sub-rogação traduz a ideia de substituição – tanto em relação à posição quanto à
situação (transferência de direitos e, eventualmente, de garantias do credor originário) –

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de sujeitos na relação jurídica obrigacional originária pelo cumprimento da dívida por


terceiro: sai o credor e entra o terceiro que pagou a dívida ou emprestou o necessário
para que o devedor solvesse a obrigação, pois considera-se extinta a dívida em face do
antigo credor, remanescendo, todavia, o direito transferido ao novo titular do crédito.
O pagamento com sub-rogação pessoal ou real diz respeito, portanto, ao
pagamento com substituição de sujeitos no polo ativo da relação obrigacional.
Efeitos necessários da sub-rogação:
 Liberatório: pela extinção do débito em relação ao credor original;
 Translativo: pela transferência dos direitos e garantias da relação
obrigacional ao novo credor.
A principal diferença entre o pagamento com sub-rogação e a cessão de crédito é
que nessa última a transferência da qualidade creditória opera-se sem que tenha havido
o pagamento da dívida, ou seja, apenas com a mudança nos polos, enquanto que na sub-
rogação há que ter havido o pagamento para que haja a mudança, a extinção do débito
e, consequentemente, a transferência dos direitos e garantias.
A substituição que decorre do pagamento com sub-rogação pode ser legal/de pleno
direito (por força da lei, art. 346 CC/2002) ou convencional (pela vontade/convenção das
partes, art. 347 CC/2002).
Insta salientar, portanto, que na sub-rogação legal, o sub-rogado não poderá
exercer os direitos e as ações do credor, senão até a soma que tiver desembolsado
para desobrigar o devedor (art. 352 CC/2002); e que na sub-rogação convencional as
partes poderão convencionar a diminuição de privilégios ou garantias concedidas ao
credor originário.
Havendo concorrência de direitos entre o credor originário e o credor sub-rogado,
ao primeiro assistirá preferência na satisfação do crédito (art. 351 CC/2002).

4. Imputação do pagamento:
A imputação do pagamento é entendida como a determinação feita pelo devedor,
dentre dois ou mais débitos da mesma natureza, positivos e vencidos, devidos a um só
credor, indicativa de qual dessas dívidas quer solver, ou seja, trata-se muito mais de uma
forma de indicar o pagamento do que propriamente um modo satisfativo de
adimplemento.

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São requisitos simultâneos da imputação do pagamento:


 Igualdade de sujeitos (credor e devedor);
 Liquidez e vencimento de dívidas e que essas sejam da mesma natureza;
 “Anuência do credor” (interpretação extensiva).
Nos casos em que figura a ausência de qualquer manifestação de vontade e
ocorrendo o silêncio do devedor sobre qual das dívidas líquidas e vencidas quer imputar
o pagamento, observa-se a regra prevista no art. 353 CC/2002 (“não tendo o devedor
declarado em qual das dívidas líquidas e vencidas quer imputar o pagamento, se aceitar
a quitação de uma delas, não terá direito a reclamar contra a imputação feita pelo
credor, salvo provando haver ele cometido violência ou dolo”) – imputação do credor.
Entretanto, sendo a quitação omissa quanto à imputação e fugindo à regra supracitada,
aplica-se as regras da imputação legal.
Fazendo a interpretação conjunta dos artigos 354 e 355, devemos estabelecer a
seguinte ordem preferencial:
 Prioridade para os juros vencidos, em detrimento do capital;
 Prioridade para as dívidas líquidas e vencidas anteriormente, em detrimento
das mais recentes;
 Prioridade para as dívidas mais onerosas, em detrimento das menos vultosas,
se vencidas e líquidas ao mesmo tempo.
Por fim, se todas as dívidas tiverem exatamente a mesma natureza, vencimento e
valor, como proceder? À luz dos princípios da equidade e da razoabilidade, o magistrado
deve imputar à conta de cada dívida o valor pago, na sua devida proporção. Embora tal
entendimento culmine por impor ao credor o recebimento parcial da dívida, devemos
lembrar que ele de certa forma contribuiu para o embaraço da situação, ao não cuidar de
indicar, na quitação, em qual das dívidas imputava o pagamento.

5. Dação em pagamento (artigos 356 a 359 CC/2002):


A dação em cumprimento ou dação em pagamento consiste na realização de uma
prestação diferente da que é devida, com o fim de, mediante acordo do credor,
extinguir imediatamente a obrigação.

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Não se deve confundir, portanto, dação em pagamento (in solutum) com dação pro
solvendo cujo fim precípuo não é o de solver imediatamente a obrigação, mas de facilitar
o seu cumprimento.
Para que seja possível a ocorrência da dação em pagamento a obrigação primitiva
não precisa ser, necessariamente, pecuniária, pouco importando se fora inicialmente
pactuada obrigação de dar, de fazer ou de não fazer, pois o que realmente interessa é a
natureza diversa da nova prestação.
Requisitos da dação em pagamento:
 Existência de dívida vencida;
 Consentimento do credor;
 Entrega de coisa diversa da devida;
 Ânimo de solver.
Tema que se faz importante no estudo da dação em pagamento é o da evicção, que
ocorre quando o adquirente de um bem vem a perder a sua propriedade ou posse em
virtude de decisão judicial que reconhece direito anterior de terceiro sobre o mesmo,
sendo o alienante aquele que responderá pelos riscos da evicção, ou seja, que será
responsabilizado pelo prejuízo causado ao adquirente; o evicto o adquirente; e o evictor o
terceiro que prova o seu direito anterior sobre a coisa.
No caso de o credor da dação em pagamento ser evicto da coisa recebida – ou seja,
perdê-la para o terceiro que prove ser o verdadeiro dono desde antes de sua entrega
– a obrigação primitiva será restabelecida, ficando sem efeito a quitação dada ao
devedor, devendo ser ressalvados os direitos de terceiros de boa-fé.

6. Novação (artigos 360 a 367 CC/2002):


Ocorre quando, por meio de uma estipulação negocial, as partes criam uma nova
obrigação destinada a substituir e extinguir a obrigação anterior, de modo que toda
novação tem natureza jurídica negocial, ou seja, em princípio, nunca poderá ser imposta
por lei, dependendo sempre de convenção firmada entre os sujeitos da relação
obrigacional.
Requisitos para a configuração da novação:
 Existência de obrigação anterior;
 Criação de nova obrigação, substancialmente diversa da primeira;

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 Ânimo de novar.
A novação pode ser objetiva (ocorre quando as partes de uma relação obrigacional
convencionam a criação de uma nova obrigação para substituir e extinguir o
conteúdo/objeto da anterior, sendo obrigatório que a obrigação primitiva seja
pecuniária); subjetiva (por mudança de devedor, por mudança de credor ou por
mudança de credor e devedor); ou mista (quando ambos os sujeitos da relação
obrigacional são substituídos em uma incidência simultânea dos incisos II e II do art.
360 do CC/2002, alterando-se, também, o conteúdo ou o objeto da relação obrigacional).
A novação subjetiva por mudança de devedor, isto é, novação subjetiva passiva
(art. 360, II, CC/2002), consoante a doutrina, pode se dar por expromissão (a substituição
do devedor se dá independentemente do seu consentimento, por simples ato de vontade
do credor que o afasta, fazendo-o substituir por um novo devedor – art. 362 CC/2002) ou
por delegação (o devedor participa do ato novatório, indicando terceira pessoa que
assumirá o débito com a devida aquiescência do credor).
Na novação subjetiva por mudança de credor, ou seja, na novação subjetiva ativa
(art. 360, III, CC/2002), extingue-se a relação obrigacional em face do credor primitivo
que sai e dá lugar ao novo credor. Essa forma de novação tem pouca utilidade frente às
vantagens da cessão de crédito.
Não se deve confundir, portanto, a novação objetiva com a dação em pagamento,
pois, nesta, a obrigação originária permanece a mesma, apenas havendo uma modificação
do seu objeto, com a devida anuência do credor. Diferentemente, na novação objetiva, a
primeira obrigação é quitada e substituída pela nova.
O principal efeito da novação é liberatório, ou seja, a extinção da obrigação
primitiva por meio de outra, criada para substituí-la, de modo que, no geral, realizada a
novação extinguem-se todos os acessórios e garantias da dívida (como a hipoteca e a
fiança) sempre que não houver estipulação em contrário (art. 364, primeira parte,
CC/2002). Quanto à fiança, o legislador foi mais além, ao exigir que o fiador consentisse
para que permanecesse obrigado em face da obrigação novada (art. 366 do CC/2002). Da
mesma forma, a ressalva de uma garantia real (penhor, hipoteca ou anticrese) que tenha
por objeto bem de terceiro (garantidor da dívida) só valerá com a anuência expressa
deste (art. 364, segunda parte, do CC/2002).

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Havendo solidariedade passiva (de devedores) o ato da novação será eficaz


apenas para o que novou, ficando liberado os demais (art. 365 CC/2002). Já se a
solidariedade for ativa (de credores), os credores que não participaram do ato se
entenderão com o credor operante.

7. Compensação (artigos 368 a 380 CC/2002):


Duas são as espécies de compensação encontradas no sistema brasileiro: a legal e
a convencional. A compensação legal é a regra, exigindo a observância de diversos
requisitos legais para sua configuração e declaração pelo juiz, desde que provocado. Os
requisitos para a configuração da compensação legal são:
 Reciprocidade das obrigações;
 Liquidez das dívidas;
 Exigibilidade atual das prestações;
 Fungibilidade dos débitos.
Já a compensação convencional decorre da autonomia de vontade das partes, não
exigindo o atendimento aos requisitos supracitados.
O art. 373 CC/2002 elenca algumas situações em que não é admissível a
compensação, como no caso de dívidas provenientes de esbulho, furto ou roubo (inciso
I); se uma das dívidas se originar de comodato, depósito ou alimentos (inciso II); ou se
uma das dívidas for de coisa não suscetível de penhora (inciso III). Além disso, não se
admite compensação em prejuízo de terceiros e há restrições à extinção direta das
obrigações pela compensação em se tratando de dívidas pagáveis em locais diferentes,
devendo ser feita a dedução das dívidas necessárias à operação (art. 378 CC/2002).
Insta salientar, ainda, que para as dívidas fiscais e parafiscais a disciplina é a
mesma do Direito Civil.
Por fim, segue a ordem hierárquica em havendo várias dívidas a compensar:
a) tem o devedor o direito subjetivo de apontar a dívida que pretende
compensar (art. 352 do CC/2002);
b) no silêncio do devedor, pode o credor fazer a imputação, quitando uma
delas (art. 353 do CC/2002);
c) no silêncio de ambas as partes, procede-se à seguinte imputação legal
(arts. 354 e 355 do CC/2002):

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c.1) prioridade para os juros vencidos, em detrimento do capital;


c.2) prioridade para as líquidas e vencidas anteriormente, em
detrimento das mais recentes;
c.3) prioridade para a mais onerosas, em detrimento das menos
vultosas, se vencidas e líquidas ao mesmo tempo;
c.4) por construção doutrinária, proporcionalmente a cada dívida, se
de mesmo valor, vencidas e líquidas ao mesmo tempo.

8. Transação:
A transação é o negócio pelo qual os interessados previnem ou terminam um litígio
mediante concessões mútuas (art. 840 CC/2002), guardando natureza jurídica
contratual, pois nasce do acordo de vontades cujos sujeitos têm o objetivo de extinguir
relações obrigacionais controvertidas anteriores.
Assim sendo, somente podem ser objeto de transação os direitos patrimoniais
de caráter privado, podendo se materializar, quanto ao momento em que for realizada,
de forma extrajudicial (antes à instauração de um litígio, com a intenção de preveni-lo)
ou judicial (se a demanda já tiver ocorrido).
Elementos constitutivos fundamentais da transação:
 Acordo entre as partes (pois trata-se de um negócio jurídico bilateral);
 Existência de relações jurídicas controvertidas;
 Animus (ânimo) de extinguir as dívidas, prevenindo ou terminando um
litígio;
 Concessões recíprocas (as partes cedem mutuamente) > se tal não ocorrer
inexistirá transação, mas sim renúncia, desistência ou doação.
No que tange à sua forma, nos termos do art. 842 CC/2002, a transação (judicial)
far-se-á por escritura pública, nas obrigações em que a lei o exige, ou por instrumento
particular, nas em que ela o admite; se recair sobre direitos contestados em juízo, será
feita por escritura pública, ou por termo nos autos, assinado pelos transigentes e
homologado pelo juiz.
A principal característica da realização da transação é a da indivisibilidade,
entretanto, são admitidas algumas cláusulas de transação quando demonstrada a
autonomia dessas frente à invalidada.

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A transação gera efeito semelhante ao da coisa julgada entre as partes, gerando,


também, a extinção dos acessórios, contudo, se a transação for relacionada à
ocorrência de um delito, ela não extingue a ação penal pública.
Por fim, frisa-se que a transação não deve ser confundida com a conciliação, pois
esta pode ser celebrada por meio de uma transação, que passa a ser seu conteúdo.

9. Confusão (artigos 381 a 384 CC/2002):


A confusão se opera quando as qualidades de credor e de devedor são reunidas
em uma mesma pessoa, extinguindo-se, consequentemente, a relação jurídica
obrigacional, podendo se dar por causa mortis (quando um sujeito é devedor de seu tio
e, por força do falecimento deste adquire, por sucessão, sua herança, por exemplo) ou por
ato inter vivos (quando, por exemplo, um indivíduo subscreve um título de crédito, como
uma nota promissória, obrigando-se a pagar o valor do documento e esta, após circular,
chega às suas próprias mãos, por endosso).
A confusão poderá determinar a extinção total ou parcial da dívida (art. 382
CC/2002). Além disso, a doutrina reconhece a denominada confusão imprópria, que se
dá quando se reúnem na mesma pessoa as condições de garante e de sujeito (ativo ou
passivo), não extinguindo a obrigação primitiva, somente a relação obrigacional
acessória.
O principal efeito da confusão é a extinção da obrigação, entretanto, em face da
solidariedade – tanto ativa quanto passiva –, a confusão operada em face de um sujeito
não se transmite aos demais, sendo mantidas as respectivas quotas (art. 383 CC/2002).
Por fim, insta salientar, portanto, que a previsão do art. 384 do CC/2002 não diz
respeito a extinção propriamente dita da obrigação em razão da confusão, mas apenas de
sua suspensão ou paralisação.

10. Remissão (artigos 385 a 388 CC/2002):


O destino natural do estabelecimento de uma obrigação é seu cumprimento,
entretanto, pode acontecer de o credor não ter mais interesse na concretização da
prestação pactuada, dispensando-a, ou seja, a remissão de dívida é o perdão da dívida,
onde o credor renuncia a um direito seu, despojando-se da exigibilidade de seu
crédito.

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Por este motivo a natureza jurídica da remissão é de modo de extinção das


obrigações, e são seus requisitos:
 Ânimo de perdoar;
 Aceitação do perdão.
Do ponto de vista jurídico a remissão de dívida deve ser aceita, tácita ou
expressamente, para que produza efeitos, sendo operada apenas entre as partes, não
sendo admitido prejuízo de terceiros (art. 385 CC/2002).
A remissão pode ser total ou parcial e expressa (pode ocorrer tanto de forma
escrita quanto verbalmente, embora a comprovação desta última seja de grande
dificuldade no caso concreto) ou tácita (hipóteses dos artigos 386 e 387 CC/2002).
No que tange à devolução voluntária do título da obrigação, deve-se incluir sua
própria destruição para que enseje na remissão tácita da dívida.
É importante destacar, também, que a remissão presumida é a da relação jurídica
obrigacional acessória com a devolução do objeto do penhor, não da dívida principal.
A remissão a codevedor é plenamente válida, na forma do art. 388 CC/2002, mas
impõe o reequacionamento da dívida com a dedução da parte remitida, pois, de fato,
ocorrerá a extinção parcial da dívida em relação a esse codevedor, entretanto, tal regra
não deve ser confundida com as regras previstas nos artigos 277 e 282 do CC/2002, sobre
renúncia à solidariedade.
A doação e a remissão são, portanto, institutos distintos, pois, nessa última, é
irrelevante o motivo pelo qual se dá, enquanto que na doação há o intuito da
liberalidade.

11. Compromisso - arbitragem:


É através do compromisso que as partes, pela manifestação livre da vontade
(estipulação contratual, por exemplo), se dirigem à arbitragem em busca de uma solução
para o conflito de interesses. Desse modo, a arbitragem pode ser conceituada como um
processo de solução de conflitos jurídicos pelo qual o terceiro, estranho aos
interesses das partes, tenta conciliar e, sucessivamente, decide a controvérsia. Nota-
se, portanto, que os elementos necessários à configuração da arbitragem são a existência
de um conflito e a atuação de um terceiro mediante uma sequência de atos ordenados

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(noção de procedimento/processo) na busca por uma solução, seja pela conciliação, seja
pela imposição de uma decisão.
A arbitragem é conhecida como forma de “Justiça Privada”, de modo que o Poder
Judiciário até pode anular a sentença arbitral, mas não pode modificar o mérito da
mesma.
Assim sendo, a natureza jurídica do compromisso é a de um negócio jurídico, e
a da arbitragem é a de mecanismo de solução de conflitos e de atividade jurisdicional
pelo fato de “dizer” o direito aplicável ao caso concreto.
As principais características da arbitragem são:
 Celeridade;
 Informalidade do procedimento;
 Confiabilidade;
 Especialidade;
 Confidencialidade ou sigilo;
 Flexibilidade.
A arbitragem pode, quanto ao modo, pode ser tanto voluntária (as partes,
livremente, optam por essa forma de solução de conflitos, tendo ampla liberdade para
escolha dos árbitros e procedimento) quanto obrigatória (compulsoriamente imposta
pelo Estado como forma de solução para determinados tipos de controvérsia).
Quanto ao espaço ela pode ser internacional (onde há o despedaçamento do
contrato, de modo que cada parte pode ser regida por lei diferente) ou interna (onde
há a atuação de um único sistema jurídico).
Quanto à forma de surgimento ela pode ser institucional (quando as partes se
reportam a uma entidade arbitral ou a um órgão técnico especializado) ou ad hoc
(criada para o caso concreto).
Quanto aos fundamentos da decisão ela pode ser “de Direito” (os fundamentos
decisórios encontram-se embasados em preceitos jurídicos stricto sensu) ou “de
equidade” (os fundamentos jurídicos encontram-se embasados no livre convencimento
do que seja justiça para o caso concreto).
Quanto à liberdade de decisão do árbitro ela pode ser “de oferta final” (o árbitro
fica literalmente condicionado a optar por uma das ofertas de cada parte, sem a
possibilidade de uma decisão intermediária), “por pacote” (há um conjunto de propostas

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que deverão ser apreciadas pelo árbitro, havendo mais flexibilidade), “medianeira” (o
árbitro atua inicialmente como mediador, na busca por uma solução negociada, e somente
após a frustração efetiva das propostas conciliatórias é que estará autorizado a exercer
a arbitragem propriamente dita) ou, por fim, “arbitragem de queixas” (aquela que se dá
sem qualquer condicionamento).
No mais, diante de uma visão sistemática dos mecanismos de solução de conflitos,
estes se dividem em autocompositivos (negociação direta, mediação e conciliação) e
heterocompositivos (arbitragem e jurisdição estatal) em função de o resultado final
decorrer do entendimento das partes ou da imposição da vontade de um terceiro.
Não se deve confundir, portanto, a arbitragem com o arbitramento, que é uma das
formas de quantificação do julgado; nem com arbítrio ou arbitrariedade.

INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES E SUAS CONSEQUÊNCIAS

1. Inadimplemento das obrigações (TÍTULO IV e capítulos):


A obrigação — entendida como a relação jurídica patrimonial que vincula o
credor ao devedor — é um liame economicamente funcional, por meio do qual se efetiva
a circulação de bens e direitos no comércio jurídico.
Desse modo, a relação obrigacional obedece a um ciclo que se encerra com a sua
extinção, que se dá, geralmente, por meio do pagamento, entretanto, pode ocorrer de a
obrigação não ser cumprida em razão de atuação culposa ou de fato não imputável
ao devedor.

1.1 Inadimplemento absoluto das obrigações:


O inadimplemento que decorre de desídia, negligência ou dolo do devedor é o
inadimplemento culposo no cumprimento da obrigação, que acarretará o consequente
dever de indenizar a parte prejudicada.
O inadimplemento que decorre de fato não imputável ao devedor (caso fortuito
ou força maior) configura o inadimplemento fortuito da obrigação, sem consequências
indenizatórias para qualquer das partes, entretanto, existem situações em que a
ocorrência de evento fortuito não exclui a obrigação de indenizar.

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A característica básica da força maior é a da inevitabilidade, mesmo sendo sua


causa conhecida. A do caso fortuito seria a da imprevisibilidade, segundo os parâmetros
do homem médio
O inadimplemento tratado pela norma do art. 389 CC/2002 é o denominado
absoluto, impossibilitando o credor de receber a prestação, total ou parcialmente
(quando há pluralidade de objetos e apenas parte deles se inviabiliza), devida, quer decorra
de culpa do devedor (inadimplemento culposo), quer derive de evento não imputável à
sua vontade (inadimplemento fortuito).
Desse modo, inexistindo um vínculo contratual anterior entre o causador do dano e
a vítima, aquele deverá indenizar segundo os princípios da responsabilidade civil
extracontratual ou aquiliana, devendo-se levar em consideração a necessária
preexistência de uma relação jurídica entre lesionado e lesionante; o ônus da prova
quanto à culpa; e a diferença quanto à capacidade para a diferenciação da
responsabilidade civil aquiliana e da responsabilidade civil contratual.

RESPONSABILIDADE CIVIL AQUILIANA RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL


Viola-se um dever necessariamente A vítima e o autor do dano já devem ter se
negativo, ou seja, a obrigação de não aproximado anteriormente e se vinculado
causar dano a ninguém. para o cumprimento de uma ou mais
prestações, sendo a culpa contratual a
violação de um dever de adimplir, que
constitui justamente o objeto do negócio
jurídico.
Deve ser sempre provada pela vítima. Presumida.
“Incapaz será responsabilizado pelos O menor púbere somente se vincula
prejuízos que a sua atuação ilícita causar, contratualmente quando assistido por
se as pessoas por ele responsáveis não seu representante legal – e,
tiverem obrigação de fazê-lo ou não excepcionalmente, se maliciosamente
dispuserem de meios suficientes”. declarou-se maior –, somente devendo
ser responsabilizado nestes casos.

1.2 Inadimplemento relativo das obrigações:

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No inadimplemento relativo a prestação ainda pode ser realizada, mas não foi
cumprida no tempo, lugar e forma legais ou que foram convencionados,
remanescendo, por parte do credor, o interesse de que a dívida seja adimplida sem
prejuízo de exigir uma compensação pelo atraso causado.
Esse retardamento culposo no cumprimento de uma obrigação ainda realizável
caracteriza a mora. Contudo, não é toda retardação no solver ou no receber que
configura mora, havendo de estar presente o fato humano – intencional ou não
intencional – gerador da demora na execução.
Espécies de mora:
 Mora do devedor (solvendi ou debendi):
- Quando o devedor retarda culposamente o cumprimento da obrigação;
- Havendo, portanto, o feitio de obrigação negativa (de não fazer), não terá
havido mora, mas inadimplemento absoluto e, nas obrigações
provenientes de ato ilícito, considera-se em mora o devedor desde que o
praticou (art. 398 CC/2002);
- Requisitos: existência de dívida líquida e certa; vencimento (exigibilidade)
da dívida; culpa do devedor e, de acordo com Orlando Gomes, viabilidade
do cumprimento tardio da obrigação, de modo que se a prestação se tornar
inútil ao credor, este poderá enjeitá-la e exigir a satisfação das perdas e danos
em relação ao que perdeu (dano emergente) ou que deixou de ganhar (lucros
cessantes), tratando-se de inadimplemento absoluto, não de mora;
- Efeitos jurídicos da mora do devedor: responsabilidade civil pelo prejuízo
causado ao credor em decorrência do descumprimento culposo da obrigação;
responsabilidade pelo risco de destruição da coisa devida durante o
período em que há a mora do devedor, ainda que por caso fortuito ou força
maior – perpetuatio obligationis (art. 399 CC/2002).
 Mora do credor (accipiendi ou credendi):
- Quando o próprio credor se recusa a receber a prestação no tempo, lugar
e forma condicionados ou previstos em lei;
- Diante da recusa do credor, o devedor, pretendendo exonerar-se da
obrigação, utiliza-se da consignação em pagamento;

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- Efeitos jurídicos da mora do credor: subtrai do devedor o ônus pela guarda


da coisa, ressalvada a hipótese de ter agido com dolo; obriga o credor a
ressarcir o devedor pelas despesas de conservação da coisa; sujeita o
credor a receber a coisa pela estimação mais favorável ao devedor se
houver oscilação entre o dia estabelecido para o pagamento (vencimento) e o
dia de sua efetivação.
A purgação ou emenda da mora consiste no ato por meio do qual a parte
neutraliza os efeitos de seu retardamento, ofertando a prestação devida ou aceitando-
a no tempo, lugar e forma estabelecidos pela lei ou pela convenção. A eficácia da
purgação da mora é ex nunc, ou seja, para o futuro, de modo que os efeitos jurídicos até
então produzidos deverão ser observados. Já a cessação da mora é mais abrangente
que a purgação ou emenda, pois decorre da própria extinção da obrigação.

2. Perdas e danos (artigos 389, 393 e 402 CC/2002):


Perdas e danos nada mais são que os prejuízos causados ante o descumprimento
obrigacional, ou seja, pagar perdas e danos significa indenizar aquele que experimentou
um prejuízo, uma lesão em seu patrimônio material ou moral, por força do comportamento
ilícito do transgressor da norma.
As perdas e danos, em geral, devidas em razão de inadimplemento contratual,
exigem, além da prova do dano, o reconhecimento da culpa do devedor. Além disso, o
inadimplemento relativo (mora) também autoriza o pagamento das perdas e danos
correspondentes ao prejuízo derivado do retardamento imputável ao credor ou ao
devedor.
Deve-se atentar, principalmente, ao fato de as perdas e danos devidas ao credor
compreenderem tanto o dano emergente (o que efetivamente se perdeu) quanto os
lucros cessantes (o que razoavelmente se deixou de lucrar) – diretos e imediatos –, pois,
para que o dano seja considerado indenizável ele deverá conjugar dos seguintes
requisitos:
 Efetividade ou certeza;
 Subsistência;
 Lesão a um interesse juridicamente tutelado, de natureza material ou
moral.

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O pagamento de perdas e danos (todo tipo de prejuízo material ou moral decorrente


do descumprimento) não se confunde, portanto, com o pagamento do equivalente
(devolução dos valores pagos ou adiantados, evitando-se o enriquecimento indevido de
um dos sujeitos da relação obrigacional).
Um instituto que vem ganhando bastante observância no cenário jurídico brasileiro
é o do “dever de mitigar o próprio prejuízo” diz respeito ao dever do titular de um direito
(credor), sempre que possível, atuar para minimizar o âmbito de extensão do próprio
dano, mitigando, assim, a gravidade da situação experimentada pelo devedor em virtude
do princípio da boa-fé objetiva.
Quanto aos juros (“rendimento do capital, preço do seu uso, preço locativo ou
aluguel do dinheiro, prêmio pelo risco corrido decorrente do empréstimo, cabendo aos
economistas o estudo de sua incidência, da taxa normal em determinadas situações e de
suas repercussões na vida do país”), trata-se, do ponto de vista jurídico, de um fruto civil
correspondente à remuneração devida ao credor em virtude da utilização de seu
capital.
Os juros podem ser determinados por lei ou convencionados pelas partes,
subdividindo-se em compensatórios (objetivam remunerar o credor pelo simples fato de
haver desfalcado o seu patrimônio, concedendo o numerário solicitado pelo devedor)
ou moratórios (traduzem uma indenização devida ao credor por força do retardamento
culposo no cumprimento da obrigação).

3. Cláusula penal (CAPÍTULO V):


A cláusula penal, também denominada pena convencional, é um pacto acessório
pelo qual as partes de determinado negócio jurídico fixam, previamente, a indenização
devida em caso de descumprimento culposo da obrigação principal (inexecução
completa da obrigação), de alguma cláusula acessória/especial do contrato ou em
caso de mora, ou seja, guarda a função de pré-liquidar danos, em caráter antecipado,
para o caso de inadimplemento culposo, absoluto ou relativo, da obrigação.
Assim sendo, são funções da cláusula penal: pré-liquidação de danos (decorre de
sua própria estipulação) e função intimidatória (atua mais no âmbito psicológico do
devedor para que ele não deixe de solver o débito no tempo e na forma estipulada).

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A cláusula penal pode ser compensatória (estipulada para o caso de


descumprimento da obrigação principal) ou moratória (estipulada para o caso de haver
infringência de qualquer das cláusulas do contrato ou inadimplemento relativo – mora).
Estipulada a cláusula penal para o caso de descumprimento da obrigação a escolha
quanto à exigência do valor pactuado ou do cumprimento do próprio objeto do contrato
caberá ao credor, diferentemente do que ocorre na obrigação com faculdade alternativa.
O que o credor não pode fazer é pleitear a indenização e, cumulativamente, exigir a
cláusula.
Se o prejuízo do credor exceder ao previsto na cláusula penal, não poderá ele exigir
indenização suplementar se não houver previsão contratual neste sentido. Além disso,
a pena prevista no contrato não poderá, por expressa disposição legal (art. 412 CC/2002),
exceder do valor da obrigação principal, sob pena de invalidade.
Contudo, a redução do valor da pena convencional pode se dar em dois casos:
 Se a obrigação já houver sido cumprida em parte pelo devedor;
 Se houver manifesto excesso da penalidade, tendo-se em vista a natureza e
a finalidade do negócio.
Levando-se em conta que a cláusula penal traduz a liquidação antecipada de danos,
realizada pelas próprias partes contratantes, uma vez ocorrido o descumprimento
obrigacional, não precisará o credor provar o prejuízo, uma vez que este será
presumido (art. 416 CC/2002). Ressalvamos, apenas, a hipótese de o próprio contrato
haver admitido a indenização suplementar (art. 416, parágrafo único), consoante vimos
anteriormente, caso em que o credor deverá provar o prejuízo que excedeu o valor da
pena convencional. Se a obrigação principal por qualquer motivo é declarada nula ou
simplesmente anulada, obviamente que a pena convencional, pacto acessório que é,
restará prejudicada.
A cláusula penal não deve se confundir com as arras penitenciais, pois estas, além
de serem pagas antecipadamente, garantem ao contraente o direito de se arrepender,
desfazendo, portanto, o negócio. A pena convencional não garante direito de
arrependimento algum.
Não se deve confundir a cláusula penal com as obrigações alternativas, pois nestas
existe um vínculo obrigacional com objeto múltiplo, cabendo a escolha ao credor ou ao

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devedor ao passo que a cláusula penal, além de não ser necessariamente alternativa à
prestação principal somente será devida quando descumprida, a título indenizatório.
A cláusula penal difere, também, da “astreinte” (multa diária para compelir o
cumprimento de uma obrigação de fazer), pois esta não decorre da manifestação de
vontade das partes, mas da atuação do Estado-juiz.

4. Arras ou sinal (CAPÍTULO VI):


As arras ou sinal transmitem-nos a ideia de garantia, segurança. Trata-se, portanto,
de uma disposição convencional pela qual uma das partes entrega determinado bem à
outra – em geral, dinheiro –, em garantia da obrigação pactuada, podendo ou não, a
depender da espécie de arras dadas, conferir às partes o direito de arrependimento.
As arras podem ser confirmatórias (art. 417 CC/2002) ou penitenciais (art. 420
CC/2002). As confirmatórias não admitem direito de arrependimento e firmam o
princípio do pagamento, ou seja, significam o princípio do pagamento, pois é justamente
o sinal dado por uma das partes à outra, marcando o início da execução do negócio, de
modo que sendo da mesma natureza da prestação principal, são computadas no valor
devido para efeito de amortizar a dívida. Tendo natureza diversa, deverão ser
restituídas ao final da execução do negócio. Contudo, não sendo cumprido o contrato,
observar-se-á a regra estabelecida pelo art. 418 CC/2002 (“se a parte que deu as arras
não executar o contrato, poderá a outra tê-lo por desfeito, retendo-as; se a inexecução for
de quem recebeu as arras, poderá quem as deu haver o contrato por desfeito, e exigir sua
devolução mais o equivalente, com atualização monetária segundo índices oficiais
regularmente estabelecidos, juros e honorários de advogado”).
Já as arras penitenciais se dão quando as partes pactuam o direito ao
arrependimento (direito de desistir do negócio jurídico firmado). Sendo este direito
exercido, a quantia ou o valor entregue a título de arras será perdido ou restituído em
dobro por quem as deu ou as recebeu, respectivamente, a título indenizatório. Note-se,
assim, que a perda das arras penitenciais, e, bem assim, a sua restituição em dobro, atuam
no ânimo das partes, com escopo intimidatório, para que, preferencialmente, não desistam
da avença.
As arras penitenciais diferem da cláusula penal principalmente pelo fato de serem
pagas antecipadamente e garantirem ao contraente o direito de se arrepender, ao

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passo que a cláusula penal não é paga previamente e somente é devida em caso de
inadimplemento culposo da obrigação, tendo apenas caráter indenizatório, sem
viabilizar arrependimento algum. Além do mais, a cláusula penal, quando fixada,
impede o pagamento de indenização suplementar à título de perdas e danos, salvo
quando há previsão contratual específica. Já as arras somente impedem indenização
suplementar na modalidade penitencial. Somente a cláusula penal poderá sofrer
redução judicial quando exceder o valor da prestação principal ou já tiver havido
cumprimento parcial da obrigação.
Em síntese, podemos diferenciar as arras confirmatórias das arras penitenciais da
seguinte forma:
a) embora ambas sejam pagas antecipadamente, sua finalidade é distinta, uma vez
que as primeiras (confirmatórias) apenas confirmam a avença, enquanto as segundas
(penitenciais) garantem o direito de arrependimento;
b) na primeira (confirmatórias) modalidade de arras, como não há direito de
arrependimento, a inadimplência gerará direito à indenização, funcionando as arras
para tal finalidade, guardadas as suas peculiaridades (cômputo na indenização devida por
quem as deu ou devolução em dobro por quem as recebeu, no lugar de pleitear
indenização); na segunda (penitenciais) modalidade, como assegura o direito de
arrependimento, não há que falar em indenização complementar, uma vez que se
arrepender foi uma faculdade assegurada no contrato, com a perda (por quem as deu) ou
devolução em dobro (por quem as recebeu) das arras;
c) as arras devem ser sempre expressas (não se admitindo arras tácitas).

5. Enriquecimento sem causa e pagamento indevido:


O enriquecimento sem causa é um gênero do qual o pagamento indevido é
apenas espécie e traduz a situação em que uma das partes de determinada relação
jurídica experimenta injustificado benefício em detrimento da outra, que se empobrece,
inexistindo causa jurídica para tanto. A concepção de pagamento indevido encontra-se
estampada no art. 876 CC/2002 (“todo aquele que recebeu o que lhe não era devido fica
obrigado a restituir; obrigação que incumbe àquele que recebe dívida condicional antes de
cumprida a condição”).

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Quem voluntariamente pagou o indevido deve provar não somente ter realizado o
pagamento, mas também que o fez por erro, poia a ausência de tal comprovação leva a
se presumir que se trata de uma liberalidade.
Porém, se o pagamento indevido tiver consistido no desempenho de obrigação de
fazer ou de não fazer (dever de abstenção), não haverá mais, em princípio, como restituir
as coisas ao estado anterior, pelo que, não sendo mais possível, “aquele que recebeu a
prestação fica na obrigação de indenizar o que a cumpriu, na medida do lucro obtido”,
consoante previsto no art. 881 do CC/2002.
Sobre a dívida condicional, é preciso lembrar que a posição de condição suspensiva
subordina não apenas a sua eficácia jurídica (exigibilidade), mas, principalmente, os
direitos e obrigações decorrentes do negócio. O contrato gerará, pois, uma obrigação
de dar condicionada, o que não ocorre quando se tratar de termo, pois o devedor pode,
em regra, renunciá-lo, pagando o débito antecipadamente.
O pagamento pode ser objetivamente indevido (quando há erro quanto à
existência ou a extensão da obrigação) ou subjetivamente indevido (quando realizado
por alguém que não é devedor ou feito a alguém que não é credor), o que não afasta
o direito do pagador de reaver a prestação adimplida indevidamente.
No que tange à boa e à má-fé, tem-se as seguintes consequências:
a) se o bem, indevidamente recebido, fora transferido a um terceiro, de boa-fé, e a
título oneroso, o alienante ficará obrigado a entregar ao legítimo proprietário a
quantia recebida;
b) se o bem, indevidamente recebido, fora transferido a um terceiro, de má-fé, e a
título oneroso, o alienante ficará obrigado a entregar ao legítimo proprietário a quantia
recebida, além de pagar perdas e danos;
c) se o bem fora transferido ao terceiro, a título oneroso, estando este último de
má-fé, caberá ao que pagou por erro o direito à reivindicação;
d) se o bem fora transferido ao terceiro, a título gratuito, caberá ao que pagou por
erro o direito à reivindicação;
e) “fica isento de restituir pagamento indevido aquele que, recebendo-o como parte
de dívida verdadeira, inutilizou o título, deixou prescrever a pretensão ou abriu mão das
garantias que asseguravam seu direito; mas aquele que pagou dispõe de ação regressiva
contra o verdadeiro devedor e seu fiador” (art. 880 do CC/2002).

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A ação que objetiva evitar ou desfazer o enriquecimento sem causa denomina-


se actio in rem verso e, para que se configure, devem ser observados, simultaneamente,
cinco requisitos:
 Enriquecimento do réu;
 Empobrecimento do autor;
 Relação de causalidade;
 Inexistência de causa jurídica para o enriquecimento;
 Inexistência de ação específica.
A ação de in rem verso tem pretensão indenizatória e cabe em todos os casos em
que se identificar um enriquecimento sem causa, mesmo que não tenha havido
propriamente pagamento indevido.

6. Prisão Civil:
A prisão civil é entendida como ato de constrangimento pessoal, autorizado por
lei, mediante segregação celular, do devedor, para forçar o cumprimento de um
determinado dever ou de uma determinada obrigação, ou seja, trata-se de uma medida
de força, restritiva da liberdade humana que, sem conotação de castigo, serve como meio
coercitivo para forçar o cumprimento de determinada obrigação, haja vista que boa parte
dos réus, principalmente pelo inadimplemento de obrigação alimentar, somente cumprem
com suas obrigações quando ameaçados pela ordem de prisão.
A prisão civil do depositário infiel foi considerada ilícita pelo ordenamento
jurídico brasileiro, embora pareça-nos ser bastante necessária nestes casos. Desse modo,
a única possibilidade de prisão civil válida na legislação brasileira é a da inadimplência
por pensão alimentícia (devedor de alimentos).
Consoante ao entendimento jurisprudencial, para que seja decretada a prisão do
devedor da pensão alimentícia, exige-se o cumprimento de alguns requisitos. A prisão
deve demonstrar o caráter de urgência, o qual é verificado quando:
1) A prisão for indispensável à consecução do pagamento da dívida;
2) A prisão for indispensável para garantir, pela coação extrema, a sobrevida
do alimentando;
3) Se apresentar como medida de maior efetividade, com a mínima restrição dos
direitos do devedor.

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A ausência desses requisitos tira o caráter de urgência da prisão, que possui


natureza excepcional.
Um ponto importante sobre a prisão civil é que ela somente pode ser decretada pelo
juiz quando o devedor não prove que tenha efetuado o pagamento espontaneamente
ou qualquer justificativa por não o ter feito, pois pode ser que a inadimplência seja
justificável, a qual deverá ser devidamente exposta apreciação do juiz e, em não havendo
justificativa, será decretada a prisão, que poderá perdurar pelo prazo de 1 (um) a 3 (três)
meses.
Ainda assim, é importante salientar que, por expressa previsão contida no artigo
528, §7º do Código de Processo Civil, o débito alimentar que autoriza a prisão somente
pode recair em face das três últimas parcelas que estejam em atraso por parte do
devedor que sejam anteriores ao ajuizamento da execução. Tal entendimento não tem
o intuito de desmerecer a importância dos alimentos em face de quem deles dependa, mas
tão somente, tem a intenção de expor que o caráter de urgência repousa nessas três
últimas parcelas, necessárias para atender as necessidades do alimentando e o que
excede a este valor segue o procedimento denominado de execução por quantia certa,
a qual viabiliza a possibilidade de penhora sobre o patrimônio do devedor para a satisfação
do débito.

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