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Jurídicos
Material jurídico voltado para o
estudo acadêmico.
Conteúdo:
Direito Constitucional II;
Direito Civil II.
Material adquirido por Rafaella Carvalho (CPF 120.026.666-23) em 30/01/2023.
DIREITO CONSTITUCIONAL II
1. Direito à inviolabilidade da intimidade, vida privada, honra e imagem (art. 5°, X):
- Direito de informação;
- A liberdade de imprensa não permite que notícias inverídicas sejam divulgadas > cabe
direito de resposta e indenização (dano moral);
- A vida privada diz respeito a todos os relacionamentos dos indivíduos (relações de afeto,
relações de amizade, relações de parentesco, relações profissionais, etc.), isto é, trata-se
de um conceito mais amplo;
- A intimidade trata-se de um conceito mais restrito, retratando relações íntimas de afeto,
amizade, parentesco, etc.;
- Tanto a vida privada, quanto a intimidade concedem o “direito de estar só”;
- Honra:
Honra subjetiva: sentimento de dignidade própria (apenas pessoas físicas);
Honra objetiva: apreço/reputação social (pessoa física ou jurídica);
- Imagem:
Imagem social (art. 5º, V): atributos da pessoa física ou jurídica com base naquilo
que ela exterioriza;
Imagem retrato (art. 5º, X): imagem física do indivíduo (pessoa física), como partes
do corpo, gestos, atitudes (captadas por recursos tecnológicos e artificiais, como
por pintura ou por foto);
Imagem autoral (art. 5º, XXVIII): imagem do autor que participa diretamente de
obras coletivas, como um livro, por exemplo.
1. Direito de propriedade:
- Usar, gozar, dispor, reivindicar (tanto por ato gratuito, quanto por ato oneroso);
- Reconhecido nas primeiras constituições liberais;
- Um dos mais antigos e basilares direitos;
- Ligado ao modo de produção econômico > capitalismo > reconhecimento da propriedade
privada;
- Propriedade atualmente: bens materiais e imateriais;
- Os direitos individuais são dotados de caráter negativo, isto é, o Estado não pode
interferir, deve abster-se, entretanto, em casos de conflito entre direitos individuais e
coletivos/sociais, o poder público, ou seja, o Estado pode agir para compatibilizar tais
direitos;
- Limites ao exercício do direito de propriedade:
Intervenção do Estado na propriedade (reforma agrária, tombamento);
Criação de reservas florestais;
Criação de parques;
Edificação;
- Função social da propriedade:
Destinação econômica útil que se dá a propriedade/ao bem (material ou imaterial)
tanto para seu proprietário, quanto para a coletividade em nome do interesse
público;
Atributo próprio do atual paradigma;
As propriedades não podem ser improdutivas, de modo que caso não atendam à
função social, o Estado poderá intervir no direito de propriedade;
Atenção: o art. 186 da CR/88 pauta sobre a propriedade rural, mas serve de
interpretação análoga à propriedade urbana;
- Realização da função social: necessidade de o titular do domínio utilizar adequadamente
os recursos naturais disponíveis e fazer preservar o equilíbrio do meio ambiente (STF, MS
nº22.164, Rel. Min. Celso de Mello);
- Propriedade que não desempenha sua função social: desapropriação.
- Já se sabe que as coisas/bens podem ser tanto materiais quanto imateriais, de modo
que ambas são passíveis de proteção;
- Proteção da criação humana como um todo (art. 5º, XXIX);
- Lei nº 9.279/96 (Lei de Patentes);
- Em regra, o terceiro não pode utilizar-se dos inventos do inventor para exploração
econômica, salvo com a permissão desse último;
- INPI: autarquia federal que acolherá os registros de patente, pois é a partir do registro
que se adquire a propriedade da invenção;
- As invenções humanas são protegidas, mas excepcionalmente o Estado pode intervir,
como na epidemia da HIV, por exemplo.
- Testamento: ato solene de última vontade que apenas produz efeito depois da morte
(efeito suspensivo);
- Na ausência de testamento a sucessão se dá de maneira legítima, ou seja, se houver
herdeiros necessários (ascendentes, descendentes ou cônjuges), metade do patrimônio,
dos direitos e das obrigações é destinado a eles (patrimônio indisponível);
- A sucessão de bens de estrangeiros situados no Brasil será regulada pela lei brasileira em
benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a
lei pessoal do de cujus – falecido cujos bens estão em inventário (art. 5º, XXXI).
- Lei nº 9.051/95;
- Legitimados: titulares;
- Requisitos:
Existência comprovada de um legítimo interesse (justificativa);
Ausência de sigilo (os objetos/informações devem ser públicos);
Existência das informações solicitadas (os objetos/informações devem ser
existentes - informações-objeto);
- O interessado solicita a emissão de uma certidão ao poder público;
- O prazo para a emissão é de 15 dias contados do registro do pedido/solicitação.
- Júri: tribunal popular composto pelo juiz e por 7 jurados decorrentes de uma
escolha/de um sorteio entre 21 opções para compor o conselho de sentença;
- Juízo togado preside a sessão do júri e vai se ater aos fatores jurídicos, ao passo
que os jurados irão se ater a matéria fática/provas;
- Competência: julgamento dos crimes dolosos (consumados ou tentados) contra
a vida;
- Aquele acusado será julgado pelos seus pares/por seus iguais;
- Plenitude de defesa: variante da ampla defesa;
- Sigilo das votações: princípio da convicção íntima dos jurados, pois estes não
precisam justificar o porquê de suas decisões, que fizeram, portanto, com que o réu
fosse declarado culpado ou inocente (exceção ao princípio da fundamentação das
decisões judiciais);
- Soberania dos vereditos: o juízo togado não pode substituir a decisão do
conselho de sentença, embora essa não seja absoluta, ou seja, existem hipóteses
em que cabe recurso, como no caso de a decisão do júri ser manifestamente
contrária às provas dos autos;
- A crítica que se faz ao tribunal do júri é a de que ele mexe mais com a emoção do
que com a razão.
a) contraditório:
Necessidade de cientificar os interessados da existência do procedimento;
Enseja a possibilidade de as partes argumentarem para se defenderem;
É a possibilidade de participação na construção do provimento jurisdicional;
b) ampla defesa:
- Garantia individual;
- Direito de defesa relacionado à ampla argumentação/ampla produção de provas
LÍCITAS;
- Defesa garantida para as partes amplamente argumentativas, de modo a garantir
(consequência) a possibilidade de ampla produção de prova por meios lícitos para a
reconstrução do fato e de circunstâncias relevantes para o processo;
- Subespécies:
Autodefesa:
2.5.2 Publicidade:
- Todos os atos do Estado devem ser públicos e de reconhecimento de todos
para que possam ser fiscalizados, salvo no Direito de Família (foro íntimo),
por exemplo;
- Exceções:
Lei pode restringir a publicidade dos atos processuais (art. 189, CPC);
Lei pode limitar a presença na audiência das partes e de seus advogados
ou somente deles;
- O juízo, em determinadas situações (interesse social/direitos e garantias
fundamentais), pode decretar o sigilo dos autos do processo, seja ele físico ou
eletrônico.
- Características:
Objeto lícito;
Agente capaz;
Forma prescrita ou não defesa em lei;
* Observação: tal ato não precisa produzir efeitos para ser protegido, basta estar
consumado.
- Tratam das penas; de suas execuções; das condições dos encarcerados (prerrogativas
dos acusados); etc.
14.7.2 Inciso LXV (“a prisão ilegal será imediatamente relaxada peela
autoridade judiciária”):
- A prisão ilegal é aquela que desrespeita a legislação (tanto constitucional,
quanto infraconstitucional);
- O “relaxamento da prisão” é uma peça apresentada pelo advogado para
combater a prisão ilegal, devendo ser analisada pelo juízo e, se fundamentada,
determinada a soltura do sujeito.
14.7.3 Inciso LXVI (“ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando
a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança”):
14.7.4 Inciso LXVII (“não haverá prisão civil por dívida, salvo a do
responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação
alimentícia e a do depositário infiel”):
- Regra geral: prisão apenas de caráter penal (inexistência de prisão de
caráter civil);
- Exceção: devedor de alimentos (depositário infiel ainda pode ser preso?
não);
- Convenção Americana (Pacto de São José da Costa Rica): prisão civil apenas
nos casos de devedor de alimentos;
- ATENÇÃO: tratados como esse, sobre direitos humanos, não podem ser
considerados normas ordinárias federais, mas normas de hierarquia
constitucional, isto é, hierarquicamente equiparadas à Constituição da
República;
- Como resolver o conflito aparente de normas? Princípio Pro Homine, ou seja,
incidirá a lei mais benéfica ao sujeito, isto é, a Convenção.
- Norma supralegal: aquela que se encontra abaixo da Constituição e acima
das ordinárias federais;
- §2º: relação com a Teoria do Bloco de Constitucionalidade/cláusula de
abertura (“os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem
outros decorrentes dos regimes e dos princípios por ela adotados, ou dos
tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”);
- Existência, além do controle de constitucionalidade, do controle de
“convencionalidade” (análise de leis perante convenções);
- §3º (...”serão equivalentes às emendas constitucionais”), ex.: Convenção de
Nova Iorque > Estatuto dos Deficientes; Convenção de proteção das crianças
1. Nacionalidade:
- "Vínculo jurídico-político de direito interno, que faz da pessoa um dos elementos
componentes da dimensão pessoal do Estado."
- Espécie de direitos fundamentais;
- É por meio da nacionalidade que o indivíduo passa a integrar o POVO (noção de
pertencimento);
- Nacionalidade – Cidadania;
- Da nacionalidade decorrem outros direitos, como os políticos;
- Os direitos da nacionalidade consagram uma série de prerrogativas ao nacional e são
considerados um “status jurídico” do indivíduo (condição/situação jurídico-política);
- Por meio deles é que se concede a cidadania (em sentido jurídico) > deliberação de
assuntos de interesse público;
- Povo (somente os nacionais) x nação (vínculos culturais, linguísticos) x população
(nacionais + estrangeiros);
- Princípios gerais: Constituição + regência por leis infraconstitucionais.
3) Art. 13:
- O idioma faz parte da formação cultural/nacional de um povo;
- Bandeira: símbolo de nacionalidade/soberania;
- Ditadura: queimou as bandeiras dos Estados.
Direitos Políticos
a) positivos:
- Garantem e reconhecem a liberdade de manifestação;
- Ativos: direito de votar/oportunidade de participação (jus sufragi) na
escolha dos representantes (depende do alistamento eleitoral (Art. 14,
parágrafos 1º e 2º) e, consequentemente, envolve a questão da aptidão
– entre 18 e 70 anos de idade o voto é obrigatório; para os analfabetos,
menores de 18 e maiores de 16, e maiores de 70 é facultativo; existindo,
ainda, os inalistáveis);
- Passivos: direito de ser votado/de se submeter ao processo eletivo
como candidato (depende da aferição das condições de elegibilidade
(Art. 14, parágrafos 3º, 4º e 8º - rol taxativo);
* Observação: domicílio constitucional x eleitoral x civil e não existe
candidatura avulsa, sempre precisa existir o vínculo com um partido
político.
b) negativos:
distribuídos entre os Estados, de modo que a Justiça Eleitoral irá checar tais
informações e títulos a fim de evitar fraudes;
> Atualmente existem 33 partidos políticos registrados e 77 aguardando
autorização da Justiça Eleitoral;
> Os partidos proporcionam uma participação política formal, haja vista que
os que não têm vínculo com partidos políticos também participam de debates
político-partidários, mas de maneira informal;
> Os partidos políticos são instituições de formação da vontade política;
> 1822 – 1831: ausência de partidos políticos;
> Durante a ditadura militar alguns partidos atuavam na clandestinidade;
> AI-4: criação do sistema político bipartidário (Arena e MDB);
> 1988: pluripartidarismo;
> Lei 9.096/1995 (Lei Orgânica dos Partidos Políticos);
> Art. 17 - Princípio da Liberdade Partidária: a não observância de todos
estes requisitos pode gerar o cancelamento do registro civil e do estatuto
(depositado TSE) do Partido Político;
> Cláusula de desempenho (gradativa): permite que o partido político tenha
acesso ao fundo eleitoral que dá direito de propagandas gratuitas em
mecanismos de rádio fusão de acordo com o nº de representantes eleitos no
Congresso, de modo que o partido que não cumpre a cláusula de desempenho,
não tem direito ao fundo;
> Fundo Eleitoral (Lei 13.487 e 13.488):
Financia, com recursos públicos, a construção político-partidária;
Antes tanto as pessoas físicas, quanto as jurídicas podiam financiar as
campanhas políticas, hoje, somente o fundo eleitoral e pessoas físicas
podem, pois, as pessoas jurídicas financiavam e depois cobravam
regalias dos candidatos eleitos, ex.: Lava-jato;
Decisão STF – Ministro Barroso;
O perigo é que haja fraude nas informações das pessoas físicas;
Crítica: até que ponto os recursos públicos podem arcar com essas
campanhas políticas?
Direitos Sociais
Era Vargas;
Presunção de que o trabalhador é hipossuficiente;
Proteção do hipossuficiente em detrimento do hiperssuficiente nas relações
trabalhistas;
Inciso III: FGTS criado no governo militar cujo valor advém do próprio empregador +
contribuição do Governo;
> políticas públicas habitacionais;
> mitiga/relativiza o acesso ao fundo;
Inciso XX: medicina do trabalho;
Inciso XXIV: ligado ao direito previdenciário/previdência social;
2017 - Minirreforma trabalhista: flexibilizou a noção dos acordos e convenções
acima da CLT (inciso XXVI) > convenções e acordos são frutos de negociações entre
trabalhadores e associações, podendo valer mais que a CLT em alguns casos;
Inciso XXIX: reclamatória trabalhista;
Inciso XXX: concretização do direito à igualdade; par. Único: conquista para
trabalhadores e trabalhadoras domésticos (as).
Direitos Coletivos
- Art. 10 e 11:
Gestão democrática.
Direito à educação
- Canotilho: ideia de uma Constituição diligente, isto é, que tem como papel essencial
(dever) promover direitos sociais pela realização de serviços públicos e de políticas
públicas;
- A educação é um “direito-meio”, um “direito instrumental”, pois é por meio dessa que
se tornará viável o exercício de outros direitos sociais, ex.: o analfabeto não tem
capacidade eleitoral passiva;
- Ligado ao direito de manifestação política pois, para a manifestação exige-se determinado
acesso à informação que, na maior parte dos casos, tem relação com a educação formal;
- Direito socioeconômico, que também ultrapassa as individualidades dos sujeitos (direito
supraindividual/metaindividual), ex.: a problemática da falta de internet para as aulas
remotas na pandemia do covid-19 é coletiva e transgeracional (afetará gerações futuras);
- O direito à educação é tanto usufruto quanto empecilho para a concretização de outros
direitos, haja vista que, embora proporcione bastante sucesso profissional quando
exercido de maneira positiva, causa muita pobreza se exercido ao contrário, haja vista que
o mercado de trabalho se encontra cada vez mais selecionado;
- O direito à educação é um direito de todos (universalização) e, em se tratando de um
comando constitucional, o Estado deve, por intermédio de políticas públicas e serviços
públicos, efetivá-lo;
- Essa efetivação, entretanto, depende de recursos (tributação), do ponto de vista
macroeconômico;
- O Brasil investe relativamente pouco na educação tendo em vista seu PIB;
- Objetivos da efetivação do direito à educação: realização pessoal, profissional,
desenvolvimento da cidadania, correção das desigualdades sociais pela aproximação de
grupos;
Art. 205: educação visa ao pleno desenvolvimento e preparo da cidadania;
Arts. 205 – 214: detalhamento de uma série de aspectos que envolvem a
concretização do direito à educação (princípios/objetivos que o informam (art. 206),
deveres de cada ente político (art. 211), estrutura educacional brasileira em níveis e
modalidades de ensino (art. 208), previsão de um sistema próprio de financiamento
(arts. 212, 213 e FUNDEB);
- Promover a educação é dever da própria família e da sociedade, ex.: abandono material
inflige o direito à educação;
- Deve-se chamar a sociedade civil organizada para promover esse direito por meio, por
exemplo, de conselhos de gestores (formulação e efetivação de políticas públicas e de
fiscalização), do conselho tutelar, etc.;
- Art. 206:
Inciso I: condições iguais para acessar e para permanecer no ensino (público) e
fim de que se evite a evasão escolar;
Inciso II: liberdade de cátedra (direito que assiste ao professor de exteriorizar e
de comunicar seus conhecimentos no exercício do magistério, é um direito
próprio do que exerce a atividade docente, garantido pela Constituição Federal
(art. 206) e pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação);
* Observação: o ensino religioso nas escolas foi julgado constitucional;
Inciso III: princípio do pluralismo político;
Inciso IV: não pode haver exploração econômica dos ensinos públicos;
Inciso V: concursos de provas e títulos (CR/1988); princípio da valorização da
carreira e piso salarial nacional, em regra (inciso VIII);
Inciso VI: gestão democrática;
§único: Lei de Diretrizes e Bases da Educação; Plano Nacional de Educação (Lei
13.005/2014) e Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e
Valorização dos Profissionais da Educação – FUNDEB (Lei 14.113/2020) – (fruto
de emenda constitucional, disposto no art. 60 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias – ADCT – e renovado para o art. 212-A da CR/1988);
- Art. 211:
Deveres dos entes federados em relação a implementação desses direitos;
Auxílio técnico e financeiro;
Regime de colaboração;
Os municípios têm o dever de, prioritariamente, cuidar da educação de base e da
educação à nível do ensino fundamental; ao passo que os Estados têm o dever
de, prioritariamente, cuidar dos ensinos fundamental e médio; ou seja, percebe-
se que o ensino fundamental é o único de competência comum;
A universalização do ensino, quando alcançada, age no combate à desigualdade;
§5º: aos Estados também cabe o tratamento do ensino público superior;
- Art. 209:
O direito à educação (em todas as suas modalidades/categorias, ou seja, desde
a educação básica até a superior) também pode ser oferecido por instituições de
- Art. 210:
Alvo de ADIN cuja temática se referia a constitucionalidade ou não do ensino
religioso;
Não há inconstitucionalidade quando o espaço de propagação de tal conteúdo se
dá em rede de ensino privada cuja matrícula é “facultativa”, podendo o aluno
(ou seus representantes – como ocorre na maior parte dos casos – optar pelo
estudo ou não) > liberdade de escolha;
- Art. 212:
PARTE DA ENTES
UNIÃO
RECEITA FEDERADOS
PARTE DA
FEDERAÇÃO MUNICÍPIOS
RECEITA
- Art. 212-A:
Prorrogação do FUNDEB (Lei 11.494/07 e art. 60 ADCT);
O FUNDEB é responsável pelo financiamento do ensino e pela manutenção dos
profissionais da educação;
- Art. 213:
Escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas são exceções e, por não
visarem a distribuição dos lucros, isto é, por não se tratarem de sociedades
empresárias, podem receber determinadas verbas públicas;
- Art. 215:
Pluralismo político;
Direito de liberdade de expressão/manifestação;
§1º: dever do Estado;
§2º: representatividade das minorias sociais, ex.: dia da consciência negra;
- Art. 216:
Bens (materiais e imateriais) que compõem o patrimônio cultural brasileiro e que
são indispensáveis para a reprodução cultural do país;
Exemplo de bem material: cristo redentor;
Exemplo de bem imaterial: samba;
Desapropriação (perda da propriedade mediante prévia indenização, em regra) é
diferente de tombamento (o proprietário continua exercendo o direito de
propriedade, mas com algumas limitações, de modo que tanto a União, quanto
os Estados e os Municípios podem decretar o tombamento);
IEPHA (Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico);
§3º: Leis de incentivo à cultura, ex.: Lei Rouanet (Lei Federal);
§6º: Estados e DF podem criar fundos destinados à cultura;
- Art. 216-A:
Meio Ambiente
DIREITO CIVIL II
SUJEITOS DA OBRIGAÇÃO
ELEMENTOS DA OBRIGAÇÃO
- Requisitos:
Devem ser determinados ou, ao menos determináveis (indeterminação subjetiva
na relação obrigacional);
* Observação:
- A obrigação propter rem é aquela que recai sobre determinada pessoa por força de
determinado direito real, ou seja, ela só existe em razão da situação jurídica de titular
do domínio ou de detentor de determinada coisa em que se encontra o obrigado; ex.:
IPTU.
- Espécies:
Vínculos jurídicos simplificados: o sujeito passivo/devedor (uma das partes) obriga-
se a cumprir uma prestação patrimonial de dar, de fazer ou de não fazer em
benefício do sujeito ativo/credor, ou seja, trata-se de uma relação de prestação
unilateral;
Vínculos jurídicos complexos: cada parte é simultaneamente credora e devedora
uma da outra.
FONTES
1) Obrigação de dar:
- Compreende os atos de dar, entregar e restituir;
- Na obrigação de dar o devedor é o proprietário, na de restituir é o credor;
- Se divide em obrigação de dar coisa certa e dar coisa incerta;
1.1) Dar coisa certa:
- Objeto mediato específico, certo e determinado;
- Regras:
2) Obrigação de fazer:
- Volta-se para a própria atividade (ação) do devedor;
- Essa atividade pode ser fungível (capaz de ser realizada por terceiro, senão o devedor)
ou infungível (incapaz de ser realizada por terceiro, podendo ser realizada apenas pelo
devedor);
- Regras para a obrigação de fazer fungível (art. 249 CC):
Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar
à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização
cabível. Parágrafo único: em caso de urgência, pode o credor, independentemente
de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois
ressarcido;
- Regras para a obrigação de fazer infungível:
Descumprimento por opção: incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o
devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exequível (art. 247
CC);
Descumprimento por impossibilidade de cumprimento da prestação: se a
prestação do fato se tornar impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a
obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos (art. 248 CC).
O acessório segue o
Coisa principal
certa
Obrigação
de DAR Perecimento ao
proprietário quando por
Coisa caso fortuito ou força
incerta maior
Obrigação
de FAZER
Infungível Não pode ser cumprida
por terceiro
Devedor/Credor A
R$100.000,00 Credor/Devedor
Devedor/Credor B
de cada (R$300.000,00)
Devedor/Credor C
b) Obrigações conjuntas:
- São também chamadas de unitárias ou de obrigações em comum;
- Ocorre uma pluralidade de devedores ou credores, impondo-se a todos o
pagamento conjunto de toda a dívida, não se autorizando a um dos
credores exigi-la individualmente.
c) Obrigações disjuntivas:
- Devedores se obrigam alternativamente ao pagamento da dívida;
- Regras:
Cabe ao credor a escolha do demandado;
O cumprimento por um desonera o(s) outro(s);
Difere das obrigações solidárias por lhes faltar relação interna, o que
não justifica o direito de regresso.
Devedor/Credor A
R$300,000,00
Credor/Devedor
Devedor/Credor B R$300.000,00 (R$300.000,00)
R$300.000,00
Devedor/Credor C
Trabalhador
b) Obrigações facultativas:
- O CC/2002 não cuidou dessa espécie, também conhecida como obrigação com
faculdade alternativa ou obrigação com faculdade de substituição;
- É aquela que tem um único objeto e o devedor tem a faculdade de substituir a
prestação devida por outra de natureza diversa, prevista subsidiariamente, de modo
que caso a prestação inicialmente prevista se impossibilitar sem culpa do devedor,
a obrigação extingue-se, não tendo o credor o direito de exigir a prestação
subsidiária;
- Essa difere das obrigações facultativas pelo fato dessas terem por objeto duas ou
mais prestações que se excluem alternativamente;
- Efeitos das obrigações facultativas:
O credor pode exigir o cumprimento da prestação facultativa;
A impossibilidade de cumprimento da prestação devida extingue a obrigação;
Somente a existência de defeito na prestação devida pode invalidar a
obrigação.
c) Obrigações cumulativas:
- Têm por objeto uma pluralidade de prestações que devem ser cumpridas
conjuntamente, ou seja, mesmo que sejam diversas as prestações, elas são
cumpridas como se fossem uma só e encontram-se vinculadas pela partícula
conjuntiva “e”;
- Nesses casos, o devedor apenas se desobriga cumprindo todas as prestações.
b) Obrigações a termo:
- São obrigações que têm sua exigibilidade ou sua resolução subordinada a evento
futuro e certo;
- O termo é o acontecimento futuro e certo que subordina o início ou o término da
eficácia jurídica de determinado ato negocial;
c) Obrigações modais:
- São aquelas oneradas com um modo ou encargo (ônus) por cláusula acessória,
imposto a uma das partes, que experimentará um benefício maior e, além disso,
são geralmente identificadas pelas expressões “para que”, “com a obrigação de”,
“com o encargo de”;
- Contudo, essa espécie de determinação acessória não suspende a aquisição nem
o exercício do direito, salvo na hipótese de ter sido fixado o encargo como condição
suspensiva;
- Por não suspender os efeitos do negócio jurídico, o não cumprimento do encargo
não gera a invalidade da avença, apenas a possibilidade de sua cobrança ou,
eventualmente, posterior revogação;
- Se a obrigação não for condicional, a termo ou modal, diz-se que é obrigação pura.
b) Obrigações de resultado:
- São aquelas em que o devedor se obriga não apenas a empreender uma
atividade, mas, principalmente, a produzir o resultado esperado pelo credor,
c) Obrigações de garantia:
- Tais obrigações têm o objetivo de eliminar riscos que pesam sobre o credor,
reparando suas consequências, como os contratos de seguro, por exemplo, em que
mesmo que o bem pereça em face de atitude de terceiro, a seguradora deve
responder.
* Obrigação propter rem ou ob rem: natureza híbrida (de direito real e de direito
pessoal).
PAGAMENTO
modo que as pessoas não saberão que o menino foi despedido e realizarão os
pagamentos de boa-fé (Art. 309. O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é
válido, ainda provado depois que não era credor”). Assim sendo, são requisitos
indispensáveis para a validade do pagamento do credor putativo:
Boa-fé do devedor;
Escusabilidade de seu erro (que o erro seja perdoável, ou seja, que a
lei não seja explícita a respeito).
do estipulado, devendo a obrigação ser cumprida da mesma maneira como foi concebida
originalmente) e tempo (também não se pode modificar o pactuado), todos os requisitos
sem os quais não é válido o pagamento”.
Situações de possibilidade ou impossibilidade de levantamento do depósito pelo
devedor:
Antes da aceitação ou da impugnação do depósito o devedor tem total
liberdade para levantar o depósito;
Depois da aceitação ou impugnação do depósito pelo credor a oferta já se
encontra caracterizada, de modo que o depósito poderá ser levantado pelo
devedor somente com a anuência do credor que, por sua vez, perderá a
preferência e a garantia que lhe competia sobre a coisa consignada;
Julgado procedente o depósito, isto é, admitido em caráter definitivo, o
devedor não pode mais levantá-lo, ainda que o credor consinta, apenas de
acordo com os outros devedores e fiadores, caindo por terra o impedimento
criado por lei e retornando tudo ao status quo ante por expressa manifestação
da autonomia da vontade.
A consignação pode ser de coisa certa ou de coisa incerta, embora na maioria das
vezes envolva obrigações pecuniárias. Na forma do art. 341 do CC/2002, se a coisa devida
for imóvel ou corpo certo que deva ser entregue no mesmo lugar onde está, poderá o
devedor citar o credor para vir ou mandar recebê-la, sob pena de ser depositada.
Entretanto, se a coisa for incerta, é preciso proceder à sua certificação pela operação
denominada “concentração do débito” ou “concentração da prestação devida” (art. 342
CC/2002).
Se a escolha couber ao devedor, nenhum problema se dará, entretanto, se couber
ao credor, deve ele ser citado para tal fim sob cominação de perder o direito e de ser
depositada coisa que o devedor escolher (ver art. 543 CPC/2015).
No que tange às despesas processuais, se o depósito for julgado procedente essas
concorrerão à conta do credor, em caso contrário, à conta do devedor.
4. Imputação do pagamento:
A imputação do pagamento é entendida como a determinação feita pelo devedor,
dentre dois ou mais débitos da mesma natureza, positivos e vencidos, devidos a um só
credor, indicativa de qual dessas dívidas quer solver, ou seja, trata-se muito mais de uma
forma de indicar o pagamento do que propriamente um modo satisfativo de
adimplemento.
Não se deve confundir, portanto, dação em pagamento (in solutum) com dação pro
solvendo cujo fim precípuo não é o de solver imediatamente a obrigação, mas de facilitar
o seu cumprimento.
Para que seja possível a ocorrência da dação em pagamento a obrigação primitiva
não precisa ser, necessariamente, pecuniária, pouco importando se fora inicialmente
pactuada obrigação de dar, de fazer ou de não fazer, pois o que realmente interessa é a
natureza diversa da nova prestação.
Requisitos da dação em pagamento:
Existência de dívida vencida;
Consentimento do credor;
Entrega de coisa diversa da devida;
Ânimo de solver.
Tema que se faz importante no estudo da dação em pagamento é o da evicção, que
ocorre quando o adquirente de um bem vem a perder a sua propriedade ou posse em
virtude de decisão judicial que reconhece direito anterior de terceiro sobre o mesmo,
sendo o alienante aquele que responderá pelos riscos da evicção, ou seja, que será
responsabilizado pelo prejuízo causado ao adquirente; o evicto o adquirente; e o evictor o
terceiro que prova o seu direito anterior sobre a coisa.
No caso de o credor da dação em pagamento ser evicto da coisa recebida – ou seja,
perdê-la para o terceiro que prove ser o verdadeiro dono desde antes de sua entrega
– a obrigação primitiva será restabelecida, ficando sem efeito a quitação dada ao
devedor, devendo ser ressalvados os direitos de terceiros de boa-fé.
Ânimo de novar.
A novação pode ser objetiva (ocorre quando as partes de uma relação obrigacional
convencionam a criação de uma nova obrigação para substituir e extinguir o
conteúdo/objeto da anterior, sendo obrigatório que a obrigação primitiva seja
pecuniária); subjetiva (por mudança de devedor, por mudança de credor ou por
mudança de credor e devedor); ou mista (quando ambos os sujeitos da relação
obrigacional são substituídos em uma incidência simultânea dos incisos II e II do art.
360 do CC/2002, alterando-se, também, o conteúdo ou o objeto da relação obrigacional).
A novação subjetiva por mudança de devedor, isto é, novação subjetiva passiva
(art. 360, II, CC/2002), consoante a doutrina, pode se dar por expromissão (a substituição
do devedor se dá independentemente do seu consentimento, por simples ato de vontade
do credor que o afasta, fazendo-o substituir por um novo devedor – art. 362 CC/2002) ou
por delegação (o devedor participa do ato novatório, indicando terceira pessoa que
assumirá o débito com a devida aquiescência do credor).
Na novação subjetiva por mudança de credor, ou seja, na novação subjetiva ativa
(art. 360, III, CC/2002), extingue-se a relação obrigacional em face do credor primitivo
que sai e dá lugar ao novo credor. Essa forma de novação tem pouca utilidade frente às
vantagens da cessão de crédito.
Não se deve confundir, portanto, a novação objetiva com a dação em pagamento,
pois, nesta, a obrigação originária permanece a mesma, apenas havendo uma modificação
do seu objeto, com a devida anuência do credor. Diferentemente, na novação objetiva, a
primeira obrigação é quitada e substituída pela nova.
O principal efeito da novação é liberatório, ou seja, a extinção da obrigação
primitiva por meio de outra, criada para substituí-la, de modo que, no geral, realizada a
novação extinguem-se todos os acessórios e garantias da dívida (como a hipoteca e a
fiança) sempre que não houver estipulação em contrário (art. 364, primeira parte,
CC/2002). Quanto à fiança, o legislador foi mais além, ao exigir que o fiador consentisse
para que permanecesse obrigado em face da obrigação novada (art. 366 do CC/2002). Da
mesma forma, a ressalva de uma garantia real (penhor, hipoteca ou anticrese) que tenha
por objeto bem de terceiro (garantidor da dívida) só valerá com a anuência expressa
deste (art. 364, segunda parte, do CC/2002).
8. Transação:
A transação é o negócio pelo qual os interessados previnem ou terminam um litígio
mediante concessões mútuas (art. 840 CC/2002), guardando natureza jurídica
contratual, pois nasce do acordo de vontades cujos sujeitos têm o objetivo de extinguir
relações obrigacionais controvertidas anteriores.
Assim sendo, somente podem ser objeto de transação os direitos patrimoniais
de caráter privado, podendo se materializar, quanto ao momento em que for realizada,
de forma extrajudicial (antes à instauração de um litígio, com a intenção de preveni-lo)
ou judicial (se a demanda já tiver ocorrido).
Elementos constitutivos fundamentais da transação:
Acordo entre as partes (pois trata-se de um negócio jurídico bilateral);
Existência de relações jurídicas controvertidas;
Animus (ânimo) de extinguir as dívidas, prevenindo ou terminando um
litígio;
Concessões recíprocas (as partes cedem mutuamente) > se tal não ocorrer
inexistirá transação, mas sim renúncia, desistência ou doação.
No que tange à sua forma, nos termos do art. 842 CC/2002, a transação (judicial)
far-se-á por escritura pública, nas obrigações em que a lei o exige, ou por instrumento
particular, nas em que ela o admite; se recair sobre direitos contestados em juízo, será
feita por escritura pública, ou por termo nos autos, assinado pelos transigentes e
homologado pelo juiz.
A principal característica da realização da transação é a da indivisibilidade,
entretanto, são admitidas algumas cláusulas de transação quando demonstrada a
autonomia dessas frente à invalidada.
(noção de procedimento/processo) na busca por uma solução, seja pela conciliação, seja
pela imposição de uma decisão.
A arbitragem é conhecida como forma de “Justiça Privada”, de modo que o Poder
Judiciário até pode anular a sentença arbitral, mas não pode modificar o mérito da
mesma.
Assim sendo, a natureza jurídica do compromisso é a de um negócio jurídico, e
a da arbitragem é a de mecanismo de solução de conflitos e de atividade jurisdicional
pelo fato de “dizer” o direito aplicável ao caso concreto.
As principais características da arbitragem são:
Celeridade;
Informalidade do procedimento;
Confiabilidade;
Especialidade;
Confidencialidade ou sigilo;
Flexibilidade.
A arbitragem pode, quanto ao modo, pode ser tanto voluntária (as partes,
livremente, optam por essa forma de solução de conflitos, tendo ampla liberdade para
escolha dos árbitros e procedimento) quanto obrigatória (compulsoriamente imposta
pelo Estado como forma de solução para determinados tipos de controvérsia).
Quanto ao espaço ela pode ser internacional (onde há o despedaçamento do
contrato, de modo que cada parte pode ser regida por lei diferente) ou interna (onde
há a atuação de um único sistema jurídico).
Quanto à forma de surgimento ela pode ser institucional (quando as partes se
reportam a uma entidade arbitral ou a um órgão técnico especializado) ou ad hoc
(criada para o caso concreto).
Quanto aos fundamentos da decisão ela pode ser “de Direito” (os fundamentos
decisórios encontram-se embasados em preceitos jurídicos stricto sensu) ou “de
equidade” (os fundamentos jurídicos encontram-se embasados no livre convencimento
do que seja justiça para o caso concreto).
Quanto à liberdade de decisão do árbitro ela pode ser “de oferta final” (o árbitro
fica literalmente condicionado a optar por uma das ofertas de cada parte, sem a
possibilidade de uma decisão intermediária), “por pacote” (há um conjunto de propostas
que deverão ser apreciadas pelo árbitro, havendo mais flexibilidade), “medianeira” (o
árbitro atua inicialmente como mediador, na busca por uma solução negociada, e somente
após a frustração efetiva das propostas conciliatórias é que estará autorizado a exercer
a arbitragem propriamente dita) ou, por fim, “arbitragem de queixas” (aquela que se dá
sem qualquer condicionamento).
No mais, diante de uma visão sistemática dos mecanismos de solução de conflitos,
estes se dividem em autocompositivos (negociação direta, mediação e conciliação) e
heterocompositivos (arbitragem e jurisdição estatal) em função de o resultado final
decorrer do entendimento das partes ou da imposição da vontade de um terceiro.
Não se deve confundir, portanto, a arbitragem com o arbitramento, que é uma das
formas de quantificação do julgado; nem com arbítrio ou arbitrariedade.
No inadimplemento relativo a prestação ainda pode ser realizada, mas não foi
cumprida no tempo, lugar e forma legais ou que foram convencionados,
remanescendo, por parte do credor, o interesse de que a dívida seja adimplida sem
prejuízo de exigir uma compensação pelo atraso causado.
Esse retardamento culposo no cumprimento de uma obrigação ainda realizável
caracteriza a mora. Contudo, não é toda retardação no solver ou no receber que
configura mora, havendo de estar presente o fato humano – intencional ou não
intencional – gerador da demora na execução.
Espécies de mora:
Mora do devedor (solvendi ou debendi):
- Quando o devedor retarda culposamente o cumprimento da obrigação;
- Havendo, portanto, o feitio de obrigação negativa (de não fazer), não terá
havido mora, mas inadimplemento absoluto e, nas obrigações
provenientes de ato ilícito, considera-se em mora o devedor desde que o
praticou (art. 398 CC/2002);
- Requisitos: existência de dívida líquida e certa; vencimento (exigibilidade)
da dívida; culpa do devedor e, de acordo com Orlando Gomes, viabilidade
do cumprimento tardio da obrigação, de modo que se a prestação se tornar
inútil ao credor, este poderá enjeitá-la e exigir a satisfação das perdas e danos
em relação ao que perdeu (dano emergente) ou que deixou de ganhar (lucros
cessantes), tratando-se de inadimplemento absoluto, não de mora;
- Efeitos jurídicos da mora do devedor: responsabilidade civil pelo prejuízo
causado ao credor em decorrência do descumprimento culposo da obrigação;
responsabilidade pelo risco de destruição da coisa devida durante o
período em que há a mora do devedor, ainda que por caso fortuito ou força
maior – perpetuatio obligationis (art. 399 CC/2002).
Mora do credor (accipiendi ou credendi):
- Quando o próprio credor se recusa a receber a prestação no tempo, lugar
e forma condicionados ou previstos em lei;
- Diante da recusa do credor, o devedor, pretendendo exonerar-se da
obrigação, utiliza-se da consignação em pagamento;
devedor ao passo que a cláusula penal, além de não ser necessariamente alternativa à
prestação principal somente será devida quando descumprida, a título indenizatório.
A cláusula penal difere, também, da “astreinte” (multa diária para compelir o
cumprimento de uma obrigação de fazer), pois esta não decorre da manifestação de
vontade das partes, mas da atuação do Estado-juiz.
passo que a cláusula penal não é paga previamente e somente é devida em caso de
inadimplemento culposo da obrigação, tendo apenas caráter indenizatório, sem
viabilizar arrependimento algum. Além do mais, a cláusula penal, quando fixada,
impede o pagamento de indenização suplementar à título de perdas e danos, salvo
quando há previsão contratual específica. Já as arras somente impedem indenização
suplementar na modalidade penitencial. Somente a cláusula penal poderá sofrer
redução judicial quando exceder o valor da prestação principal ou já tiver havido
cumprimento parcial da obrigação.
Em síntese, podemos diferenciar as arras confirmatórias das arras penitenciais da
seguinte forma:
a) embora ambas sejam pagas antecipadamente, sua finalidade é distinta, uma vez
que as primeiras (confirmatórias) apenas confirmam a avença, enquanto as segundas
(penitenciais) garantem o direito de arrependimento;
b) na primeira (confirmatórias) modalidade de arras, como não há direito de
arrependimento, a inadimplência gerará direito à indenização, funcionando as arras
para tal finalidade, guardadas as suas peculiaridades (cômputo na indenização devida por
quem as deu ou devolução em dobro por quem as recebeu, no lugar de pleitear
indenização); na segunda (penitenciais) modalidade, como assegura o direito de
arrependimento, não há que falar em indenização complementar, uma vez que se
arrepender foi uma faculdade assegurada no contrato, com a perda (por quem as deu) ou
devolução em dobro (por quem as recebeu) das arras;
c) as arras devem ser sempre expressas (não se admitindo arras tácitas).
Quem voluntariamente pagou o indevido deve provar não somente ter realizado o
pagamento, mas também que o fez por erro, poia a ausência de tal comprovação leva a
se presumir que se trata de uma liberalidade.
Porém, se o pagamento indevido tiver consistido no desempenho de obrigação de
fazer ou de não fazer (dever de abstenção), não haverá mais, em princípio, como restituir
as coisas ao estado anterior, pelo que, não sendo mais possível, “aquele que recebeu a
prestação fica na obrigação de indenizar o que a cumpriu, na medida do lucro obtido”,
consoante previsto no art. 881 do CC/2002.
Sobre a dívida condicional, é preciso lembrar que a posição de condição suspensiva
subordina não apenas a sua eficácia jurídica (exigibilidade), mas, principalmente, os
direitos e obrigações decorrentes do negócio. O contrato gerará, pois, uma obrigação
de dar condicionada, o que não ocorre quando se tratar de termo, pois o devedor pode,
em regra, renunciá-lo, pagando o débito antecipadamente.
O pagamento pode ser objetivamente indevido (quando há erro quanto à
existência ou a extensão da obrigação) ou subjetivamente indevido (quando realizado
por alguém que não é devedor ou feito a alguém que não é credor), o que não afasta
o direito do pagador de reaver a prestação adimplida indevidamente.
No que tange à boa e à má-fé, tem-se as seguintes consequências:
a) se o bem, indevidamente recebido, fora transferido a um terceiro, de boa-fé, e a
título oneroso, o alienante ficará obrigado a entregar ao legítimo proprietário a
quantia recebida;
b) se o bem, indevidamente recebido, fora transferido a um terceiro, de má-fé, e a
título oneroso, o alienante ficará obrigado a entregar ao legítimo proprietário a quantia
recebida, além de pagar perdas e danos;
c) se o bem fora transferido ao terceiro, a título oneroso, estando este último de
má-fé, caberá ao que pagou por erro o direito à reivindicação;
d) se o bem fora transferido ao terceiro, a título gratuito, caberá ao que pagou por
erro o direito à reivindicação;
e) “fica isento de restituir pagamento indevido aquele que, recebendo-o como parte
de dívida verdadeira, inutilizou o título, deixou prescrever a pretensão ou abriu mão das
garantias que asseguravam seu direito; mas aquele que pagou dispõe de ação regressiva
contra o verdadeiro devedor e seu fiador” (art. 880 do CC/2002).
6. Prisão Civil:
A prisão civil é entendida como ato de constrangimento pessoal, autorizado por
lei, mediante segregação celular, do devedor, para forçar o cumprimento de um
determinado dever ou de uma determinada obrigação, ou seja, trata-se de uma medida
de força, restritiva da liberdade humana que, sem conotação de castigo, serve como meio
coercitivo para forçar o cumprimento de determinada obrigação, haja vista que boa parte
dos réus, principalmente pelo inadimplemento de obrigação alimentar, somente cumprem
com suas obrigações quando ameaçados pela ordem de prisão.
A prisão civil do depositário infiel foi considerada ilícita pelo ordenamento
jurídico brasileiro, embora pareça-nos ser bastante necessária nestes casos. Desse modo,
a única possibilidade de prisão civil válida na legislação brasileira é a da inadimplência
por pensão alimentícia (devedor de alimentos).
Consoante ao entendimento jurisprudencial, para que seja decretada a prisão do
devedor da pensão alimentícia, exige-se o cumprimento de alguns requisitos. A prisão
deve demonstrar o caráter de urgência, o qual é verificado quando:
1) A prisão for indispensável à consecução do pagamento da dívida;
2) A prisão for indispensável para garantir, pela coação extrema, a sobrevida
do alimentando;
3) Se apresentar como medida de maior efetividade, com a mínima restrição dos
direitos do devedor.