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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS

CARACTERIZAÇÃO DE MATERIAIS:

POLÍMEROS

ADHEMAR COLLÀ RUVOLO FILHO


TÉCNICAS DE CARACTERIZAÇÃO

Questões fundamentais a serem respondidas:

•As composições e estruturas dos materiais poliméricos são


conhecidas ou desconhecidas?
• O material analisado é um polímero puro ou é uma composição
polimérica (polímeros + aditivos)?
• Caracterização básica (ou fundamental) ou caracterização
aprofundada?
• Emprego de métodos químicos e/ou métodos instrumentais?
• Combinação de técnicas? A combinação de técnicas é
muito importante, principalmente para sistemas poliméricos
similares ou complexos.
• Os limites de sensibilidade das técnicas de caracterização são
compatíveis com as ordens de grandeza dos parâmetros que vão
ser determinados?
As dificuldades mais freqüentes na utilização das diferentes técnicas de
caracterização dos polímeros são normalmente relacionadas com:

• a preparação da amostra polimérica.


• o limite de detecção (ou sensibilidade) da técnica: a concentração de cada
componente investigado, seja proveniente do(s) polímero(s) ou de seus aditivos,
deve ser compatível com a sensibilidade da técnica.
• a natureza da análise pretendida.
•a interpretação do resultado gerado.
•a necessidade do estabelecimento de curvas de calibração, muitas vezes
imprescindível em análises quantitativas.
Aplicações no estudo de polímeros

•Identificação de polímeros e de aditivos de uma composição polimérica


• Determinação da composição de polímeros e de blendas poliméricas
• Determinação de aspectos relacionados com a caracterização estrutural
• Aplicações estruturais visando a correlação estrutura /propriedades
• Acompanhamento de reações químicas em polímeros
• Identificação de fases e morfologia
• Visualização do nível de adesão interfacial
• Determinação de temperaturas de transições de fases, de início de oxidação e
de início de degradação
PRINCIPAIS TÉCNICAS DE CARACTERIZAÇÃO

Técnicas de determinação do peso molecular: Cromatografia de Permeação em Gel -


GPC (ou Cromatografia de Exclusão por Tamanho -SEC), Espalhamento de Luz e
Osmometria de Membrana
Técnicas de caracterização térmica: Calorimetria Diferencial de Varredura -DSC,
Análise Termogravimétrica -TGA e Análise Térmica Dinâmico-Mecânica (DMTA ou
DMA)
Espectroscopia no Infravermelho (FTIR)
Ensaios termomecânicos de Temperatura de Deflexão ao Calor, sob carga (HDT),
Ponto de Amolecimento Vicat eTemperatura de Fragilização.
Ensaio mecânicos de tração, flexão e impacto
Ensaios de sorção e permeação de vapores e gases
Ressonância Magnética Nuclear -NMR, separada em Ressonância Magnética Nuclear
do Hidrogênio (NMR ¹H) e Ressonância Magnética Nuclear do Carbono-13 (NMR ¹³C).
Difração de Raios X.
Técnicas de Microscopia: Microscopia Ótica, Microscopia Eletrônica de Varredura (SEM
ou MEV) e Microscopia Eletrônica de Transmissão (TEM ou MET).
CROMATOGRAFIA DE PERMEAÇÃO EM GEL
(GPC)
CROMATOGRAFIA POR EXCLUSÃO DE TAMANHO
(SEC)

ASTM D 3593

PRINCÍPIO FUNDAMENTAL

SEPARAÇÃO DE MOLÉCULAS


"TAMANHO EFETIVO" EM SOLUÇÃO
VOLUME HIDRODINÂMICO

PESO MOLECULAR DA MOLÉCULA
DESCRIÇÃO RESUMIDA DA TÉCNICA

INJEÇÃO DE SOLUÇÃO POLIMÉRICA


COLUNA DE PARTÍCULAS DE GEL ALTAMENTE POROSAS


MOLÉCULAS POLIMÉRICAS COM TAMANHO EFETIVO PEQUENO
(BAIXO PESO MOLECULAR) IRÃO PENETRAR MAIS NOS POROS

MOLECULAS DE MAIOR PESO MOLECULAR
(MAIOR TAMANHO EFETIVO)
IRÃO PENETRAR MENOS NOS POROS
Ilustração de Coluna para Cromatografia de Permeação em Gel.
Cromatograma Típico

Solventes normalmente utilizados para eluição da amostra:

•Água, tolueno,THF,DMF para amostras solúveis na temperatura ambiente

•1,2,4,triclorobenzeno(TCB) para amostras solúveis à quente ( 75 a 145oC)


Desempenho das Colunas

THF

ODCB

Número teórico de pratos por comprimento=N’= (16/L ) . (VR/W)2


VR = volume de eluição medido no máximo do pico;
W = largura do pico medido em sua base usando extrapolação a partir do ponto
de inflexão de cada lado do pico;
L = comprimento total das colunas
Valor de N’ em SEC de alto desempenho deve ser acima de 13.000 pratos/m
Curva de Calibração

Curvas de SEC compostas por 4 padrões de


PS cada uma, produzindo 16 picos para a
curva de calibração

A faixa medida de volumes de eluição


corresponde a valores de massa molar
de padrões PS de 1.945.000 a 580 g/mol
Conversão da curva de calibração do PS para qualquer outro polímero

Log M2 = [1/(1+ α2)] . Log (K1/K2) +[1+α1/1+α2] . Log M1

M2 = massa molar do polímero

M1 = massa molar do PS padrão

α2,K2 e α1,K1 são as constantes de Mark-Houwink (ηsp = K . Mα)

do polímero e do PS padrão

Polímero K (mL/g) α

Poliestireno (PS) 19 .10-3 0,655

Polietileno (PE ) 39 .10-3 0,725

Polipropileno (PP) 19. 10-3 0,725


INDICE DE FLUIDEZ (IF)

ASTM D 1238

INSTRUMENTO CAPILAR

FLUXO DO MATERIAL FUNDIDO OU AMOLECIDO É


CRIADO POR PESOS SELECIONADOS

GEOMETRIA DO BARRIL E MATRIZ SÃO ESPECIFICADAS


L/D DE APROXIMADAMENTE 4
Elementos de um Plastômetro de Extrusão.
VAZÃO = GRAMAS / 10 MINUTOS

CONDIÇÕES SELECIONADAS

- SIMPLICIDADE E BAIXO CUSTO

- CONTROLE DE QUALIDADE

- COMPARAÇÃO ENTRE MATERIAIS DE UMA MESMA FAMÍLIA

"A VAZÃO OBTIDA COM O PLASTÔMETRO DE EXTRUSÃO


NÃO É UMA PROPRIEDADE FUNDAMENTAL DO POLÍMERO"

"É INFLUENCIADA DE MANEIRA CRÍTICA PELAS PROPRIEDADES


FÍSICAS E PESO MOLECULAR DO POLÍMERO, BEM COMO PELAS
CONDIÇÕES DE MEDIDA"
REOMETRIA CAPILAR

ÍNDICE DE FLUIDEZ

ÚNICA TENSÃO E TAXA DE CISALHAMENTO


SOB CONDIÇÃO DE TEMPERATURA E GEOMETRIA FIXA

REÔMETRO CAPILAR

VISCOSIDADE APARENTE vs TENSÃO E TAXA DE CISALHAMENTO

FUNCIONAMENTO

POLÍMERO FUNDIDO / AMOLECIDO


FLUIR EM UM CAPILAR
VELOCIDADE DO PISTÃO
+
CARACTERÍSTICAS DO CAPILAR
(DIÂMETRO E COMPRIMENTO)

TAXA DE CISALHAMENTO IMPOSTA
AO MATERIAL FUNDIDO

FORÇA NECESSÁRIA PARA MOVER O PISTÃO



TENSÃO DE CISALHAMENTO CORRESPONDENTE

ESCOLHA DE CAPILARES E
VELOCIDADE DE TESTE

CURVAS DE COMPORTAMENTO REOLÓGICO
EQUAÇÕES BÁSICAS

ζ= η. γ
ζ= K . (γ)n
Log ζ= Log K + n . Log γ

Onde

ζ= tensão de cizalhamento

γ= taxa de cizalhamento

η=viscosidade

K= coeficiente de viscosidade

n= índice relacionado ao comportamento do fluído


REOMETRIA DE TORQUE

APLICAÇÕES TÍPICAS

- ESTIMAR COMPORTAMENTO DE POLÍMEROS EM


PROCESSAMENTO SOB FUSÃO

- ESTABILIDADE TÉRMICA DE POLÍMEROS

- DEGRADAÇÃO EM CONDIÇÕES DE PROCESSAMENTO

- REAÇÕES DE LIGAÇÕES CRUZADAS / OUTRAS REAÇÕES

- EFEITOS DE MUDANÇAS DE COMPOSIÇÃO E CONDIÇÕES


DE MISTURA (VELOCIDADE DE MISTURA, TEMPERATURA).
REGISTRO

TORQUE VS TEMPO

Nylon-6 puro
14

12
(A) 220oC, 60 rpm
(B) 220oC, 170 rpm
(C) 240oC, 60 rpm
10
(D) 240oC, 170 rpm
Torque (Nm)

0
0 5 10 15 20
Tempo (min)
Caracterização via FTIR e TGA-OOT

O trabalho consistiu no desenvolvimento de uma metodologia baseada nas


técnicas de FTIR e TGA-OOT, permitindo determinar a concentração residual
de aditivos para a proteção da degradação termo-oxidativa do PEBD após
seguidas operações de extrusão.
Preparação das misturas PEBD + aditivos

Foram pesados 1g de PEBD(polietileno de baixa


densidade) e os aditivos Irganox 1010 e Irgafos 168 nas
suas proporções indicadas na tabela abaixo:

Irganox
1010 0,0001 0,0005 0,001 0,01
Irgafos 0,0002 0,0001 0,002 0,02
168
O polímero e os aditivos pesados foram fundidos num sistema de
aquecimento (170ºC) e homogeneizados por 4 minutos.
Análise por FTIR
Preparação de amostras na forma de filmes

Uma certa quantidade de mistura, foi colocada entre duas folhas de acetato de
celulose e estas entre duas chapas de aço inox. O conjunto foi então
introduzido entre as placas de uma termoprensa, previamente aquecida a
150 oC, por um período de 2 minutos sem pressão. A seguir, aplicou-se 0,5
tonelada métrica de pressão aliviando-se e reaplicando-se 1 tonelada métrica,
novamente aliviando-se e finalmente aplicando-se 2 toneladas métrica, que foi
mantida por 15 segundos. Depois, o conjunto foi retirado da termoprensa e
resfriado rapidamente em um banho de água a 25 ºC.
Análise das bandas de absorção selecionadas

Sem deconvolução Com deconvolução


Lei de Lambert-Beer

A = a . L. C

onde,
A=absorbância = Área integrada na região correspondente
a banda de absorção

a = absortividade molar

L = espessura da amostra ( filme)


A/L = a . C

A representação da Lei de Lambert-Beer nesta forma, elimina o efeito


da espessura da amostra no cálculo da área de absorção e portanto
a razão A/L deve variar, independentemente da espessura, de forma
proporcional a concentração do aditivo na amostra.
A/L(micra) = 0, 0076 + 0,84. C (g/g de PEBD)
A/L(micra) = 0, 0049 + 2,25. C (g/g de PEBD)
Análise após sucessivas extrusões

Primeiramente o PEBD na forma de pelete


foi moído para facilitar sua mistura com os
aditivos na forma de pó.
Foram realizadas 4 extrusões
sucessivas para se avaliar a perda dos
aditivos. Como referencia utilizou-se a
mistura física obtida por fusão a 170oC por
4 minutos.
Análise por TGA-OOT

-Condições:fluxo de gás 90 cm3 e balança 10 cm3.


-O aquecimento foi em atmosfera de O2(g) a uma taxa de
10ºC/min até cerca 400ºC.
Norma de referência: ASTM E 2009-99
.
Irgafos 168

Irganox 1010
C = [0, 0086 – 0, 0214]/ [1+ exp (OOT- 294, 25)1,943] + 0, 0214

C= [0, 0041 – 0, 0099]/ [1+ exp (OOT – 292, 78)1,622] + 0, 0099


Por meio da correlação entre os valores das OOT e das concentrações
dos aditivos estimada por FTIR foi possível obter-se uma correlação, para a
mesma história de processamento ( 4 extrusões consecutivas) cujas curvas
com melhor ajuste foram do tipo sigmoidal. As equações resultantes, obtidas
para cada aditivo foram:

Irganox 1010: C= [0, 0041 – 0, 0099]/ [1+ exp (OOT – 292, 78)1,622] + 0, 0099

Irgafos 168: C = [0, 0086 – 0, 0214]/ [1+ exp (OOT- 294, 25)1,943] + 0, 0214

Estas equações mostram que a partir do conhecimento da temperatura


de início de oxidação de um lote de amostra de PEBD, é possível estimar a
quantidade de aditivo primário e secundário que deverá ser utilizada na
restabilização do material antes de seu reprocessamento. Esta metodologia
garante a reposição dos aditivos nas concentrações ideais para evitar a
degradação termo-oxidativa, sem desperdícios com superdosagem de
materiais com elevado custo.
PROPRIEDADES MECÂNICAS DE
POLÍMEROS SOB TRAÇÃO

ASTM D638 e ISO 527-1

Travessa
Móvel

Sentido do
Carregamento

Corpo de
provas

Travessa
Fixa

Representação esquemática do dispositivo


de ensaio de tração uniaxial
Parâmetros de Ensaios de Tração em Curvas Típicas

A
B
Tensão (σ) C

E
D

A & E: Resistência à tração na ruptura


Elongação na ruptura
B: Resistência à tração no escoamento
Elongação no escoamento
C: Tensão de tração na ruptura
Elongação na ruptura
D: Tensão de tração no escoamento
Elongação no escoamento

Deformação (ε)
Tipos de Comportamento Mecânico de Polímeros sob Tração

A A – Duro e Frágil
C
Tensão (σ)

B B – Duro e Forte

C – Duro e Tenaz

D D – Mole e Tenaz

E – Mole e Fraco
E

Deformação (ε)

Curvas típicas tensão versus deformação em polímeros


Efeitos de Temperatura e Taxa de Deformação no Teste

Aumento da

Tensão (σ)
velocidade do ensaio

Aumento da
temperatura

Deformação (ε)

Efeitos da temperatura e da velocidade do ensaio sobre


o comportamento mecânico de um plástico dúctil.
Comportamento Frágil e Dúctil em Polímeros
PROPRIEDADES MECÂNICAS DE
POLÍMEROS SOB COMPRESSÃO

ASTM D695
Comparação entre as curvas tensão vs deformação percentual
PROPRIEDADES MECÂNICAS DE
POLÍMEROS SOB FLEXÃO

ASTM D790 e ISO 178

Sentido do
Carregamento

Apoio
Corpo de Móvel
provas

L/2 L/2 Apoio


Fixo
L

Representação esquemática do dispositivo de


Ensaio de Flexão em três pontos
Tensões de Tração e de Compressão no corpo de
prova durante o ensaio de Flexão
Cálculo do Módulo Elástico e
da Tensão Máxima nas Fibras Externas
RESISTÊNCIA AO IMPACTO

ASTM D256 ASTM D6110

(a) Ensaio de Impacto tipo Izod e (b) Ensaio de Impacto tipo Charpy
Detalhes da Execução do Ensaio
Detalhes da Execução do Ensaio
Com Entalhe
Aspectos termodinâmicos aplicados ao ensaio mecânico de tração de materiais
poliméricos: variação da função trabalho de Helmholtz (∆A), da energia interna (∆U)
e da entropia conformacional (∆S)

O estado de equilíbrio de uma cadeia flexível corresponde ao formato enovelado. Se


tais cadeias são estendidas por forças externas, os movimentos térmicos das
unidades das cadeias irão atuar contra as forças externas.
Com base na termodinâmica, para um processo ocorrendo a volume e temperatura
constantes, a variação de energia livre de Helmholtz (dA) está relacionada com
a variação da energia interna (dU) e a entropia (dS) pela expressão:

dA = dU –TdS (1)

De outro lado, dA é o trabalho útil realizado no sistema. Se este trabalho for um


trabalho de tração, então dA = fdl, onde f é a força e dl a variação no comprimento do
corpo de prova. Logo, fdl = dU – TdS, ou

⎛ ∂U ⎞ ⎛ ∂S ⎞ (2)
f =⎜ ⎟ −T⎜ ⎟
⎝ ∂l ⎠T ⎝ ∂l ⎠T
A partir da equação 2, observa-se que pode haver dois tipos de forças elásticas: uma
associada à variação da energia interna e outra com a variação da entropia e com o
movimento térmico.

Na deformação de um cristal ideal, as variações nos arranjos relativos de seus íons


ou átomos são muito pequenas e podem ser negligenciadas e portanto o termo

⎛ ∂S ⎞
⎜ ⎟ =0 (3)
⎝ ∂l ⎠T
⎛ ∂U ⎞ (4)
Logo, f =⎜ ⎟
⎝ ∂l ⎠T

Isto é o trabalho realizado por uma força externa deformando o corpo de prova só
altera a energia interna. A deformação de um cristal ideal é puramente energética
em sua natureza.
A deformação de uma borracha ideal não envolve variação da energia interna e
portanto

⎛ ∂U ⎞ (5)
⎜ ⎟ =0
⎝ ∂l ⎠T
Logo, a deformação da borracha ideal dependerá somente do termo -T(δS/δl), isto
é, da temperatura e da variação da entropia. Ao se deformar, a borracha passa de
um estado inicial não perturbado, de maior entropia, para um estado alongado, em
que as cadeias poliméricas mudam de conformação, de menor entropia. A
deformação de uma borracha ideal, à temperatura constante, será puramente
entrópica em sua natureza.

35 σ
σE F
30
D
G
25 σ1
B
Tensão / [MPa]

20

15

10

5 ε1 ε εE

0
0 1 2 C 3 E H 4 5 6 7
Deformação / [%]

Figura 1:Diagrama esquemático tensão (σ) - deformação (ε) de material polimérico


semicristalino.
Dissipação de energia em relação ao comportamento perfeitamente elástico

Com base na equação (1), considerando-se que o polímero apresente o


comportamento ideal de um cristal perfeito (∆S=0) até a deformação de escoamento
εE, na Figura 1, o material armazenaria uma quantidade de energia elástica ∆A =
∆U, igual ao produto de l0 pela área do triângulo (0,0;F;H), cujo formalismo é
semelhante ao anteriormente apresentado. Como a curva típica da resposta
mecânica, do material semicristalino, apresenta um desvio da linearidade, a
energia dissipada na região elástica devido ao desvio deste comportamento
ideal (cristal perfeito) pode ser definida como um fenômeno de elasto-
plasticidade, observado na região de pequenas deformações, entre 2 a 3,5%.

A estimativa do valor desta energia pode ser realizado através do produto de l0 pela
área da figura BFG da Figura 1, que é igual à área do triângulo (0,0;F;H) subtraída
da área sob a curva tensão deformação.

Área (0,0;F;H ) = (½ ) σ εE
Mas σ = E εE, então
Área (0,0;F;H ) = E εE2/2 que corresponde a unidades de energia / volume, logo,
εE
Dissipação de energia = l0 (E εE2/2) - l0 ∫ σ T dε (6)
0
Essa energia dissipada representa a quantidade de energia que poderia ser
armazenada se o material se comportasse de maneira perfeitamente elástica
(ausência do fenômeno elasto-plástico) até o ponto de máxima deformação na
região elástica (área 0,0;F;G), considerada no diagrama da Figura 1. A partir da
equação (6) e dos resultados do ensaio mecânico de tração é possível calcular esta
dissipação de energia, conhecendo-se o módulo elástico E, a deformação no
escoamento, εE, e a área sob a curva tensão – deformação.

PP/PP-g-MA/Cloisite 20A
140

120
2

100
Energia dissipada, kJ/m

80

60

40

20

-1 0 1 2 3 4 5 6 7 8

%MMT
PP/PP-g-MA/Cloisite 20 A
130

120

110

100

90
2
∆A,kJ/m

80

70

60

50

40

-1 0 1 2 3 4 5 6 7 8
%MMT
PP/PP-g-MA/Cloisite 20 A
34

32

30

28
2

26
∆U,kJ/m

24

22

20

18

-1 0 1 2 3 4 5 6 7 8

% MMT
PP/PP-g-MA/Cloisite 20A
100

90

80

70
2

60
-T∆S,kJ/m

50

40

30

20

10
-1 0 1 2 3 4 5 6 7 8

%MMT
140

PP/PP-g-MA/Cloisite 20A
120

100

80
2
-T∆S,kJ/m

60

40

20

0
0 20 40 60 80 100 120 140
2
Energia dissipada,kJ/m
0.30

PP/PP-g-MA/MMT
0.25

0.20
Tenacidade, N/m

0.15

0.10

0.05

0.00
0 1 2 3 4 5 6 7 8

% MMT
Balanço Rigidez x Tenacidade

2.5
PP/PP-gMA/Cloisite 20 A

Módulo elástico, GPa

2.5%
0

2.0 5% 1.5% 0

7.5%

1.5
0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.30

Tenacidade, N/m
.Reometria de Torque
Torque – Temperatura- tempo

20
Poliolefinas 45% / PET 40% / Engage 10% / PP-g-MA 5% .

250
τ =ηγ
15
Torque / [N.m]

Temperatura / [ºC]
10 200

5
150

0
.
τ =ηγ
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
tempo / [min]

“Wet Point”
Torque de Equilíbrio T = kηω
Torque de equilíbrio – composição

6
com compatibilizante
5 sem compatibilizante

Torque de equilíbrio / N.m


4

0
0 20 40 60 80 100
Fração mássica de
Poliolefinas Recicladas / [%]

Efeito de aumento do torque de equilíbrio com a adição do compatibilizante.


Razão de torque:
Fase rica em poliolefina = 0,15 Fase rica em PET = 6,5
Trabalho totalizado - tempo

4000

20 PET 40% / PEMD 45% / Engage 10% / PP-g-MA 5%


Poliolefinas 45% / PET 40% / Engage 10% / PP-g-MA 5%

Trabalho totalizado / [ J ]
250 3000
15
Torque / [N.m]

Temperatura / [ºC]
Mistura
10 200

2000
tom P= (dW/dt)
5
150

0 1000
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
tempo / [min]
Carregamento
0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
tempo / [ min ]

t
W = 2πω ∫ Tdt
0

3 regiões: carregamento,
W = trabalho ω = rotação transição e mistura
T = torque t = tempo
Potência de mistura - composição

35

com compatibilizante
30
sem compatibilizante

25

Potência / [ W ]
20

15

10

0
0 20 40 60 80 100
Fração mássica de
Poliolefinas Recicladas/ [%]

∂W
P= P = potência
∂t W = trabalho
t = tempo
Potência parcial composicional

25

20
Potência Parcial Composicional / W

15

10 Pm=P1o+X1(∂Pm/ ∂X1)
5

-5

-10 poliolefinas sem compatibilizante


PET sem compatibilizante
-15 poliolefinas com compatibilizante
PET com compatibilizante
-20
0 20 40 60 80 100
Fração Mássica de
Poliolefinas Recicladas / [%]

Efeito do compatibilizante nos componentes poliolefínico e PET separadamente


ANÁLISE TÉRMICA DINÂMICO-MECÂNICA

Solicitação cíclica, tipo senoidal, e resposta de um corpo visco-elástico

δ
EQUAÇÕES BÁSICAS

ε(t)=εo sen(wt)
σ(t)= σosen(wt +δ)
σ(t)= σo [sen(wt)cos(δ)+cos(wt)sen(δ)]

Como E = amplitude da tensão/ amplitude da deformação= σ/ε


E’= σ’/ε’= (σo/ε ) cos(δ) dito em fase com a deformação
E”= σ”/ε”= (σo/ε ) sen(δ) dito fora de fase com a deformação

E* = E’ + iE”

E* = √(E’)2 + (E”)2

tan(δ) = E”/E’ para tração e flexão


Relaxações primárias: αc, αc’

Relaxações secundárias: αa, βa,, γa

Shatzki (1962)
Movimento de virabrequim através
da sequência etilênica linear da cadeia
principal. ( Mudança de conformação,
permitindo a relaxação localizada da
molécula)
LLDPE/óxido lamelar
9,6

9,4

9,2

9,0
Log E' (Pa)

8,9/1,82 MPa
8,8

8,6 0% óxido
1,0% óxido 2,3% óxido
4,0% óxido
8,4 6,5% óxido
5,0% óxido

8,2

8,0
-40 -20 0 20 40 60 80

Temperatura (°C)

1,82 MPa

TEMPERATURA DE DEFLEXÃO
AO CALOR (HDT)

ASTM D648
LLDPE/óxido lamelar

1.5
T = 25°C

1.4
E'Nano/E'Matriz

1.3

1.2

1.1

1.0

-2 0 2 4 6 8 10

Concentração do Óxido Lamelar (%)


Resultados DMTA PP/PP-g-MA/Cloisite 20 A
HDT determinado via módulo de armazenamento para logE' = 8.9 Pa( tensão equivalente de 1.82 MPa)

75

70
HDT( C, via DMTA)

65

60
o

55

50

-1 0 1 2 3 4 5 6 7 8

% MMT, Cloisite 20 A
DIFRAÇÃO DE RAIOS-X (WAXD)
n. λ = 2 d sen θ Lei de Bragg

n=ordem de difração e em geral para o cálculo do espaço


interplanar do cristal, d, é tomado como sendo igual a 1.
Os 14 retículos de Bravais, com os desdobramentos dos 6 sistemas cristalinos
básicos: cúbico, monoclínico,triclínico, hexagonal, ortorrômbico e tetragonal)
Cristal polimérico triclínico de hexametileno adipamida ou Nylon 6,6
Formas cristalinas do polipropileno isotático (iPP)

Fatores determinantes: história térmica, massa molar e grau de isotaticidade

Forma cristalina principal, estrutura


monoclínica,com conformação
elicoidal das cadeias moleculares.

Geralmente formada em mistura com


a forma α, a partir do congelamento
do fundido para temperaturas entre
100 e 120oC.

Observada em PP com baixa


massa molar e grau de isotaticidade
não muito baixo.
Picos de difração

Halo amorfo

% Xc = Ic/(Ic + KIa) x 100


Ic e Ia são os resultados da integração dos picos de difração e do
halo amorfo
K= constante ( característica de cada polímeero)
cujo valor varia entre 0,98 a 1,23.
Estimativa da proporção entre fases cristalinas distintas

Mistura das formas cristalinas α e β do iPP

K = Hβ1/( Hβ1 + Hα1 + Hα2 + Hα3 )


Conversão de β em α , à várias temperaturas de tratamento térmico, com
um valor inicial de K = 0,85.
Estimativa do tamanho de cristalito – Equação de Scherrer

tp= Kp . λ/(βo. cosθ)

Kp= 0,9 corresponde a geometria de partícula esférica


βo2 = βm2 - βs2
Onde βm e βs são respectivamente a largura a meia altura
do pico (principal) de difração da amostra e de um padrão (em geral MICA),
ambos obtidos nas mesmas condições operacionais do equipamento utilizado.

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