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PRÓ-REITORIA DE FORMAÇÃO
PROGRAMA FORMA PARÁ
LICENCIATURA PLENA EM LETRAS – LÍNGUA PORTUGUESA
Resumo
O presente artigo é uma pesquisa que buscou entender como é a vida das pessoas
que habitam nas proximidades de determinado lixão, despertada por interesse
pessoal, mas com fins exploratórios para exposição, já que ainda é um caso isolado
da sociedade e que não tem interferência do poder público. Com estes objetivos, os
pesquisadores fizeram uma pequena investigação, a qual teve suas limitações por
falta de conteúdos sobre a temática, por falta de apoio de instituições locais para
disponibilização de dados e por falta de tempo para uma pesquisa mais
aprofundada. Contudo, o pouco alcançado foi significante, foi possível ouvir um
pouco de cada pessoa a qual entrevistamos para entendê-las.
Palavras-chave: Lixão; sobrevivência; catadores.
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Graduando do curso de Letras – Língua Portuguesa – Forma Pará
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Graduando do curso de Letras – Língua Portuguesa – Forma Pará
1. Introdução
Este artigo aborda o tema “Lixão e Convivência”, o qual retrata a interação
social de pessoas que habitam nos lixões e em seus arredores, e sobrevivem do lixo
que é descartado no local, o que só retrata marcas da desigualdade social e da
miséria. No Brasil, milhões de pessoas estão vivendo em lixões espalhados por
todos os estados, não diferente dos demais estados, no Pará existem cerca de 134
lixões segundo apontou o levantamento da Abetre em 2020, divulgado pelo
OLiberal.com.
Devido a abrangência da temática, o artigo delimitou o foco apenas na
“Vivência de pessoas que atualmente se encontram morando nas proximidades de
um lixão no município de Monte Alegre”, ou seja, sobrevivendo da coleta de
materiais recicláveis, em condições precárias, passando por necessidades e sujeitos
a doenças por falta de saneamento básico. A lei federal n° 12.305/10 é bem clara, os
lixões já não deveriam mais existir, contudo, Monte Alegre, como muitos municípios
do estado, ainda não possui aterro sanitário para o correto descarte de resíduos
sólidos.
O tema escolhido foi movido pela busca por uma explicação, a qual fez as
pessoas pararem neste local. Para sermos mais específicos, nos deparamos com
um grupo de criaturas morando nas proximidades de um dos lixões do município, o
que despertou o interesse de pesquisar sobre como vivem as pessoas nesse
território.
Visto que há muitas consequências quanto a habitação dentro e perto de
onde se descartam resíduos sólidos a céu aberto, torna-se preocupante a
vulnerabilidade em que se encontram esses moradores, logo se vê o quão
necessário se faz reivindicar melhores condições de vida para esses seres
humanos, já que os mesmos situam-se em condições insalubres e padecem por
desinteresse ou falta de conhecimento da parte do governo e órgãos competentes.
Para estudar um pouco do que se passa em lixões, nada mais adequado que
usar como objeto de estudo pessoas que vivem essa realidade para falar sobre o
assunto. Nada mais correto que ir até esses sujeitos, ouvir e ver o cenário, o qual os
mesmos se enquadram, avaliar como proceder diante da situação e descobrir um
caminho que leve a uma resolução do problema.
OBJETIVO GERAL
Investigar os impactos sociais causados pelo lixão à céu aberto em Monte
Alegre – PA.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Analisar como é o dia a dia de indivíduos que residem em lixões à céu aberto;
Inferir como é a vida de indivíduos que residem em lixões à céu aberto;
Investigar se há uma política pública municipal voltada para esses indivíduos;
De acordo com o Ministério do Trabalho, no ano de 2002 foi reconhecida a
profissão de catador e decretada na CBO (Classificação Brasileira de Ocupações),
pelo 5192 de registro. Segundo a classificação, catadores são aqueles que catam,
selecionam e vendem materiais recicláveis como papel, vidro, papelão, materiais
ferrosos e não ferrosos, alumínio e outros materiais reaproveitáveis. Os catadores
de materiais recicláveis podem ser considerados grandes protagonistas da indústria
de reciclagem no país (GOUVEIA,2012), contudo, estes trabalhadores ainda sofrem
com o preconceito, com a exclusão social e falta de amparo. Logo, a profissão de
catador é vista como meio de sobrevivência, já que os trabalhadores lidam com
situações insalubres para ter um sustento, mas os mesmos não se envergonham do
que fazem, e usam argumentos como “É melhor tá aqui do que tá fazendo coisa
errada. Vergonha faz matar, roubar e isso a gente não faz” (FREIRE; OLIVEIRA;
SILVA, 2016).
O trabalho foi fundamentado com base em estatísticas disponibilizadas por
instituições públicas e artigos, os quais abordavam questões semelhantes
envolvendo a mesma temática. Trata-se de uma pesquisa de natureza descritiva-
exploratória, a qual LAKATOS E MARCONI (2003) compreendem como
investigações de pesquisa empírica, onde é sugerida a formulação de um
questionário ou um problema que tenha finalidade de: criar hipóteses e como
propõe nosso artigo, ter uma perspectiva sobre o modo de vida de quem se sustenta
por meio de coleta de resíduos sólidos recicláveis.
2. Metodologia
2.1 Local da pesquisa
A pesquisa foi realizada no município de Monte Alegre, no estado do Pará,
Região Norte do país. Localizada ao oeste do Estado (02º00'28") e (54º04'09").
Possui 18.152,560 km2 de área territorial, e está a uma altitude de 38 metros acima
do nível do mar. Sua população, conforme estimativas do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) de 2020, era de 58.162 habitantes. A pesquisa foi
desenvolvida no lixão a céu aberto distando aproximadamente 2 km da sede do
município.
2.2 Amosta da pesquisa
A amostra se deu pelos moradores que residiam próximo ao lixão a céu
aberto, pelos catadores que deslocam-se para coletar o material reciclável e pela
análise do local.
2.3 Tipo de pesquisa
Trata-se de uma pesquisa do tipo pesquisa de campo, onde foi realizada
observações diretas sob área de estudo, visando a diagnosticar qual a situação atual
do lixão a céu aberto de Monte Alegre - PA. Para tal, utilizou-se de visitas ao local do
lixão à céu aberto e de entrevistas direcionadas para indivíduos que residem na
região.
2.4 Abordagem e métodos de abordagem
A pesquisa é qualitativa, pois busca entender as condições em que catadores
vivem e seguiu o método indutivo na qual partiu de vivência particular para uma
pesquisa mais ampla, ou seja, um aspecto geral. A partir da observação foi possível
formular uma hipótese de como, de modo geral, os catadores sustentam-se e quais
os obstáculos enfrentam.
2.5 Etapas da pesquisa
O Art. 137 da Lei Orgânica (2015, p.37) do município de Monte Alegre (PA)
afirma que:
Ainda na Lei Orgânica Municipal de Monte Alegre (2015, p.45), consta que:
4. Resultados
Uma senhora que não quis ser identificada fez o seguinte relato “A vida aqui é
tranquila, longe do barulho da cidade, apesar da falta de energia e água, a gente
vive bem aqui, graças a Deus”. A mesma mora com outras 6 pessoas, nas quais 2
são crianças e estudam. Recebe auxílio do governo federal chamado Auxílio Brasil,
mora a 3 anos na localidade, em seu próprio terreno. Quando perguntada se a
família tinha ajuda da prefeitura ou qualquer instituição vinculada ao município, a
resposta foi a mesma que os demais entrevistados, “não”.
Em outra entrevista, perguntamos quanto tempo o catador exercia a profissão
obtivemos a seguinte resposta: “Há 10 anos eu e a minha esposa sobrevivemos
disso, temos 4 filhos e além do ganho com recicláveis, recebemos Bolsa Família”
(Valdiney, 45 anos)
Ao visitarmos outra residência, entrevistamos um rapaz o qual é recém-
chegado ao local que informou que pela dificuldade de trabalhar por conta de um
problema de saúde, veio parar no local em um terreno de um empresário. “Não tô
podendo fazer força esses tempo então a família que morava aqui se mudou e eu
vim para cá”. (Paulo Marques, 27 anos)
Questionados quanto a doenças, todos falaram que não tiveram doenças em
decorrência dos resíduos. Afirmaram que o lugar não apresentava muitos riscos e
que tomavam cuidado para não se cortarem nos vidros, latas e pontas de madeira.
Percepção dos pesquisadores
Ao entrevistarmos os moradores e/ou catadores, fizemos análise dos espaços
em que eles se encontravam, percebemos que mesmo com afirmações que vivem
bem, há lacunas a serem preenchidas, é notável a escassez de mantimentos,
utensílios de cozinha, falta de saneamento básico, falta de acesso a saúde pública,
falta de água de qualidade. Em nossa visão, essas pessoas encontram-se isoladas,
literalmente excluídas, pois o descaso é preocupante. Apesar de todos afirmarem
que vivem de catar matérias recicláveis e de benefícios do governo federal, notamos
que também era possível ver marcas de agricultura, pois encontramos pequenos
plantios de milho, macaxeira, coco, jerimum, feijão, banana e caju que certamente a
produção serve de consumo.
5. Considerações finais
O presente artigo como principal objetivo mostrar para a sociedade monte-
alegrense e principalmente o poder público a situação das famílias que moram no
lixão da cidade. Assim impactar a sociedade mostrando a situação miserável em que
essas famílias vivem em que outros tempos não se via em nosso município.
De modo geral, foi constatado que esses moradores não são atendidos pelo
poder público qual deveria ampará-los.
Diante disso o artigo contribui com uma nova visão da sociedade para com as
famílias que moram no lixão e assim encontrar soluções para os seus problemas.
As limitações deste trabalho foram a falta de conteúdo escrito sobre o tema.
Sugere-se então, para futuras pesquisas e aprofundamento do assunto que os
meios de comunicação, os pesquisadores, escritores e repórteres abordassem mais
essa temática. E outra sugestão seria o papel da sociedade mais atuante e presente
na vida desses seres humanos que merecem viver em condições dignas.
Através desta pesquisa foi possível constatar que está aumentando o número
de famílias no lixão e que as providencias do setor público não chegam para acolher
os vulneráveis habitantes do Bairro da Paz.
REFERÊNCIAS
Abetre. Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos e Efluentes.
Disponível em: https://www.google.com/amp/s/www.oliberal.com/para/fim-dos-lixoes-
ainda-e-grande-desafio-no-para-1.505642%famp=1. Acesso em 20 de ferreiro de
2023.
BRASIL. Lei Orgânica (2015). Lei Orgânica do Município de Monte Alegre (PA).
Monte Alegre, PA: Câmara de Vereadores. Disponível em:
http://www.montealegre.pa.gov.br/lei-organica-municipal/. Acesso em 21 de ferreiro
de 2023.