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Custas Processuais

Curso de Ingresso 2019


Manual de apoio

Direção-Geral da Administração da Justiça


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Nota Prévia

O presente texto constitui o manual de apoio ao curso de ingresso na carreira


de oficial de justiça. A sua leitura deve ser sempre acompanhada dos
pertinentes diplomas legais e da regular consulta dos demais conteúdos
disponibilizados para o efeito na plataforma do Campus Virtual do Ministério da
Justiça, disponível em:

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As soluções e práticas processuais aqui assumidas e reputadas como corretas


resultam sempre prejudicadas perante determinação diversa dos senhores
magistrados.

Lisboa, maio de 2019

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Índice

1. Custas Processuais ......................................................................................................................... 11


1.1. Noção de custas ..................................................................................................................... 11
1.2. Processo autónomo ............................................................................................................... 12
2. Unidade de Conta (UC) ................................................................................................................... 15
2.1. Introdução .............................................................................................................................. 15
2.2. Fixação do valor...................................................................................................................... 15
2.3. Atualização ............................................................................................................................. 16
2.4. Âmbito de aplicação processual ............................................................................................. 17
2.5. Valor da Unidade de Conta .................................................................................................... 17
2.5.1. Taxa de justiça............................................................................................................... 17
2.5.2. Taxa sancionatória excecional ..................................................................................... 18
2.5.3. Encargos ........................................................................................................................ 19
2.5.4. Multas e outras penalidades ........................................................................................ 19
3. Isenções e suas modalidades ......................................................................................................... 20
3.1. Isenções subjetivas ................................................................................................................. 21
3.2. Isenções objetivas .................................................................................................................. 31
3.3. Limitações às isenções ........................................................................................................... 33
4. Fixação da base tributável .............................................................................................................. 36
4.1. Regra geral ............................................................................................................................. 36
4.2. Regra especial ........................................................................................................................ 38
4.3. Recursos jurisdicionais ........................................................................................................... 40
5. Taxa de justiça e as suas variantes ................................................................................................. 42
5.1. Regra geral ............................................................................................................................. 44
5.2. Meios eletrónicos ................................................................................................................... 44
5.3. Causas de valor superior a € 275.000,00 ............................................................................... 45
5.3.1. Disposições gerais ........................................................................................................ 45
5.3.2. Cálculo do remanescente ............................................................................................. 46
5.4. Regra especial ........................................................................................................................ 47
5.4.1. Sociedades comerciais (grandes litigantes) ............................................................... 49
5.4.2. Taxa de justiça variável ................................................................................................ 50
5.4.3. Reconvenção ................................................................................................................. 50

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5.5. Pagamento da taxa de justiça ................................................................................................ 51
5.5.1. Pagamento prévio em prestação única ....................................................................... 51
5.5.2. Pagamento prévio em duas prestações ...................................................................... 52
5.5.3. Oportunidade do pagamento da primeira ou única prestação ................................. 52
5.5.4. Oportunidade do pagamento da segunda prestação ................................................. 54
5.5.5. Não pagamento da segunda prestação ....................................................................... 54
5.5.6. Erro no pagamento ....................................................................................................... 56
5.5.7. Omissão do pagamento da taxa de justiça .................................................................. 56
5.6. Dispensa do pagamento prévio de taxa de justiça ................................................................ 61
5.7. Taxa de justiça em processo penal e contraordenacional ..................................................... 63
5.7.1. Processo Penal .............................................................................................................. 63
5.7.2. Processo de impugnação das decisões de autoridades administrativas
(Recurso de contraordenação) .................................................................................................... 64
5.7.3. Taxa sancionatória excecional ..................................................................................... 65
5.7.4. Outras disposições ........................................................................................................ 65
5.8. Atos avulsos............................................................................................................................ 66
6. Encargos ......................................................................................................................................... 70
6.1. Tipos de encargos ................................................................................................................... 70
6.2. Responsabilidade pelos encargos .......................................................................................... 73
6.2.1. Responsabilidade pela garantia................................................................................... 73
6.2.2. Critérios legais para cálculo dos encargos – Tabela IV .............................................. 74
6.2.3. Pagamento antecipado de encargos ............................................................................ 75
6.2.4. Omissão do pagamento ................................................................................................ 75
6.2.5. Pagamento pela parte contrária .................................................................................. 75
6.2.6. Atos subsequentes de pagamento dos encargos ........................................................ 76
6.2.7. Adiantamento dos encargos ........................................................................................ 76
7. As custas de parte .......................................................................................................................... 78
7.1. Noção ..................................................................................................................................... 78
7.2. Direito ao reembolso.............................................................................................................. 78
7.3. Prazo e conteúdo da interpelação ......................................................................................... 79
7.4. Reembolsos pelo IGFEJ ........................................................................................................... 81
7.5. Reclamação da nota justificativa ............................................................................................ 81

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8. Multas processuais ......................................................................................................................... 82
8.1. Disposições gerais .................................................................................................................. 82
8.2. Prazo de pagamento .............................................................................................................. 83
8.3. Falta de pagamento ............................................................................................................... 84
8.4. Multas autoliquidadas ............................................................................................................ 84
9. Conta de custas .............................................................................................................................. 88
9.1. Disposições gerais .................................................................................................................. 88
9.2. Dispensa do ato de contagem ................................................................................................ 89
9.3. Oportunidade de realização da conta .................................................................................... 90
9.4. Processamento da conta – competência, critério e prazos ................................................... 91
9.5. Dúvidas na elaboração da conta ............................................................................................ 92
9.6. Notificação e prazo de pagamento ........................................................................................ 92
9.7. Reforma e reclamação da conta ............................................................................................ 94
9.7.1. Disposições gerais ........................................................................................................ 94
9.7.2. Legitimidade para reclamar da conta ......................................................................... 94
9.7.3. Pagamento prévio da taxa de justiça ........................................................................... 94
9.7.4. Procedimentos .............................................................................................................. 95
9.7.5. Conta reformada ........................................................................................................... 95
10. Pagamento das custas ................................................................................................................ 98
10.1. Pagamento voluntário ............................................................................................................ 98
10.1.1. Modo de pagamento ..................................................................................................... 98
10.1.2. Custas em prestações ................................................................................................... 98
10.1.3. Pagamentos ou devoluções a efetuar pelo Tribunal ................................................100
10.2. Pagamento coercivo .............................................................................................................101
10.2.1. Incumprimento e direito de retenção .......................................................................101
10.2.2. Prescrição ....................................................................................................................102

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Siglas

CIRE – Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas

CP – Código Penal

CPC - Código de Processo Civil

CPTA - Código de Processo nos Tribunais Administrativos

CPPT - Código de Procedimento e Processo Tributário

CPT – Código de Processo do Trabalho

CPP – Código de Processo Penal

CRP - Constituição da República Portuguesa

DUC - Documento único de cobrança

FMJ – Fundo de Modernização da Justiça

IAS – Indexante dos apoios sociais

IRC - Imposto sobre o rendimento das pessoas coletivas

IRS – Imposto sobre o rendimento das pessoas singulares

IVA – Imposto sobre o valor acrescentado

RADT - Regime de Acesso ao Direito e aos Tribunais

RCP - Regulamento das Custas Processuais

RGCO – Regime Geral de Contraordenações

SCJ - Sistema das custas judiciais

UC - Unidade de conta

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Evolução do RCP
Decreto-lei n.º 34/2008, de 26 de fevereiro (RCP), com as seguintes
alterações:

Retificação n.º 22/2008, de 24 de abril

Lei n.º 43/2008, de 27 de agosto

Decreto-lei n.º 181/2008, de 28 de agosto

Lei n.º 64-A/2008, de 31 de dezembro

Lei n.º 3-B/2010, de 28 de abril

Decreto-lei n.º 52/2011, de 13 de abril

Lei n.º 7/2012, de 13 de fevereiro

Retificação n.º 16/2012, de 26 de março

Lei n.º 66-B/2012, de 31 de dezembro

Decreto-lei n.º 126/2013, de 30 de agosto

Lei n.º 72/2014, de 2 de setembro

Lei n.º 7-A/2016, de 30 de março

Lei n.º 42/2016, de 28 de dezembro

Lei n.º 49/2018, de 14 de agosto

Decreto-Lei n.º 86/2018, de 29 de outubro

Portaria n.º 419-A/2009, de 17 de abril, com as seguintes alterações:

Portaria n.º 179/2011, de 02 de maio

Portaria n.º 200/2011, de 20 de maio

Portaria n.º 1/2012, de 02 de janeiro

Portaria n.º 82/2012, de 29 de março

Portaria n.º 284/2013, de 30 de agosto

Portaria n.º 267/2018, de 20 de setembro

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1. Custas Processuais
1.1. Noção de custas

As custas processuais representam o dispêndio legalmente elegível, resultante


da mobilização da máquina judiciária para resolução de determinado conflito e
inerente à condução do respetivo processo.

São, pois, uma contrapartida devida pelos particulares e pelo Estado e demais
entidades públicas quando recorrem aos serviços judiciais para resolução de
conflitos.

O conceito legal de custas processuais resulta do disposto no n.º 1 do artigo


529.º do CPC conjugado com o n.º 1 do artigo 3.º do RCP “As custas
processuais abrangem a taxa de justiça, os encargos e as custas de parte.”

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1.2. Processo autónomo

O conceito de processo autónomo para efeitos de custas e aplicação do RCP,


é-nos dado pelo n.º 2 do artigo 1.º, que considera como tal cada ação,
execução, incidente, procedimento cautelar ou recurso, independentemente de
integrarem o processo ou serem tramitados por apenso.

A questão de saber se determinada atividade processual pode constituir um


processo autónomo para efeito de custas resulta da possibilidade de dar
origem a uma tributação própria.

Entende-se como tributação própria a possibilidade de a atividade processual


em questão poder gerar taxa de justiça, encargos ou custas de parte.

Por outro lado, e atendendo apenas à forma de processo comum ou especial,


de declaração ou de execução, como incidente nominado ou inominado,
procedimento cautelar ou espécie de recurso, permite pela simples consulta
das tabelas I, II ou III, apurar se há incidência de taxa de justiça (um dos
componentes das custas).

Poderá assim coexistir num mesmo processo vários processos autónomos


para efeitos de custas e do RCP.

Em síntese, há que ter presente que:

I. Um processo pode agregar uma pluralidade de processos de tributação


autónoma;
II. Os vários processos de tributação autónoma podem ter diferente
expressão de valor de unidade de conta.

Tomando como exemplo um processo comum de declaração, em que é


deduzido um incidente de intervenção de terceiros (também um processo
autónomo para efeitos de custas e RCP). Proferida sentença, há interposição

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de recurso ordinário (também este um processo autónomo para efeitos de
custas e RCP).

Temos assim, numa mesma causa do ponto de vista processual (realidade que
congrega todo o processado – o relativo à ação, a modificação subjetiva da
instância decorrente do incidente de intervenção de terceiros e o recurso
ordinário da decisão), três processos autónomos no que respeita à aplicação
do RCP e quanto às custas a final.

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Notas:

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2. Unidade de Conta (UC)
2.1. Introdução

Visando a estabilidade normativa e simultaneamente assegurar a atualidade


económica e financeira dos valores de taxas de justiça, multas e outras
quantias, foi legalmente adotado um padrão de referência pela qual se aferem.
Trata-se da unidade de conta (UC).

2.2. Fixação do valor

O regime de fixação do valor decorre do artigo 22.º do Decreto-lei n.º 34/2008,


de 26 de fevereiro, na redação dada pelo Decreto-lei n.º 181/2008, de 28 de
agosto. A UC passou a corresponder a ¼ do valor do Indexante dos Apoios
Sociais (IAS)1 vigente em dezembro do ano anterior, arredondada à unidade de
euro.

A atualização é anual tendo por base a taxa de atualização do IAS. A primeira


atualização deveria ter ocorrido em janeiro de 2010.

A Portaria n.º 9/2008, de 3 de janeiro, fixou o valor do IAS em € 407,41, para o


ano de 2008.

Assim, após a entrada em vigor do Decreto-lei n.º 34/2008, de 26 de fevereiro,


ou seja, a partir de 20 de abril de 2009, a UC passou a ter o valor de € 102,00
(€ 407,41: 4 = € 101,85, o qual é arredondamento para a unidade de euro mais

1
A Lei n.º 53-B/2006, de 29 de dezembro, instituiu o IAS, em substituição da retribuição
mínima mensal, constitui o referencial determinante da fixação, cálculo e atualização dos
apoios e outras despesas e das receitas da administração central do Estado, das Regiões
Autónomas e das autarquias locais. O IAS é atualizado anualmente com efeitos a partir do dia
1 de janeiro de cada ano, relevando o crescimento real do produto interno bruto, entre outros
indicadores de referência. O Decreto-lei 323/2009, de 24 de dezembro, suspende o regime de
atualização anual do indexante dos apoios sociais (IAS), das pensões e de outras prestações
sociais atribuídas pelo sistema de segurança social.

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próximo, ou seja, €102,00), valor esse aplicado a todos os processos, incluindo
os que se encontravam pendentes à data da entrada em vigor do RCP.

2.3. Atualização

Nos termos do n.º 2 do artigo 5.º do RCP, a UC é atualizada anual e


automaticamente com base na taxa de atualização do IAS. Como referido, a
sua primeira atualização deveria ter ocorrido em janeiro de 2010.

No entanto, as sucessivas Leis do Orçamento - Lei n.º 3-B/2010, de 28 de abril,


Lei n.º 55-A/2010, de 31 de dezembro, Lei n.º 64-B/2011, de 30 de dezembro,
Lei n.º 66-B/2012, de 31 de dezembro, a Lei n.º 83-C/2013, de 31 de
dezembro, a Lei n.º 82-A/2014, de 31 de dezembro, Lei n.º 7-A/2016, de 30 de
março, a Lei n.º 42/2016, de 28 de dezembro, a Lei n.º 114/2017, de 29 de
dezembro e a Lei n.º 71/2018, de 31 de dezembro, referentes aos Orçamentos
de Estado de 2010, 2011, 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017, 2018 e 2019
respetivamente, suspendem a atualização automática da UC.

Relativamente ao Orçamento de Estado para 2019, a regra encontra-se


prevista no artigo 178.º, que se transcreve:

Assim, o valor calculado inicialmente, € 102,00, é o que ainda vigora.

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2.4. Âmbito de aplicação processual

O valor da Unidade de Conta a considerar para os processos pendentes em 20


de abril de 2009, data em que entrou em vigor o Decreto-lei n.º 34/2008, de 26
de fevereiro, é o que resulta do artigo 22.º deste diploma, na redação dada pelo
Decreto-lei n.º 181/2008, de 28 de agosto.

2.5. Valor da Unidade de Conta

2.5.1. Taxa de justiça

O valor da UC para o cálculo da taxa de justiça fixa-se no momento em que se


inicia a ação, execução, incidente, procedimento cautelar ou recurso que possa
dar origem a uma tributação própria, independentemente do momento em que
a taxa deva ser paga, ou seja, o valor da UC é o que vigorar no início do
processo autónomo.

O processo autónomo é assim um conceito de extrema importância. É-nos


dado pelo n.º 2 do artigo 1.º do RCP.

Formalmente, o processo autónomo pode assumir diferentes aspetos, tais


como a ação, execução, incidente, procedimento cautelar ou recurso, entre
outros, independentemente de ser processado nos próprios autos ou por
apenso.

Releva fundamentalmente a possibilidade de poder originar tributação própria.


Podem por isso coexistir num mesmo processo dois ou mais valores diferentes
de UC2, uma vez que, como referido, a referência à data do início do “processo
autónomo” é o elemento temporal que o determina.

2
Tal não se verifica na prática uma vez que o valor da UC - € 102,00, fixado nos termos do
artigo 22.º do Decreto-lei n.º 34/2008, de 26 de fevereiro, se mantém inalterável até ao ano de
2017.

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Exemplo:

Uma ação é proposta em outubro de 2018, momento em que a UC tem o valor de 102,00 €.

A contestação é apresentada em janeiro de 2019.

Para esta ação o valor da UC está fixado em 102€, com base no qual o réu auto liquidará a
sua taxa de justiça, sendo irrelevante uma eventual alteração posterior.

Porém, se um incidente for deduzido em ano posterior, a taxa de justiça do incidente será
determinada em função do valor da UC daquele ano.

A cada ação, execução, procedimento, incidente ou recurso corresponderá uma tributação


autónoma, sendo o valor da UC reportado ao valor vigente à data de início de que cada
um deles.

2.5.2. Taxa sancionatória excecional

A taxa sancionatória excecional constitui um mecanismo de penalização dos


intervenientes processuais, não obstante a designação de taxa. Os critérios de
aplicação resultam da inobservância pelos sujeitos processuais da prudência e
diligência devidas em recursos e requerimentos apresentados e
manifestamente infundados, artigo 531 do CPC.

É aplicada pelo juiz do processo, sempre em decisão fundamentada.

Assim, o valor da UC para cálculo da taxa sancionatória excecional fixa-se no


momento da condenação nesta taxa, conforme determina o n.º 4 do artigo 5.º
do RCP.

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2.5.3. Encargos

Para efeitos de fixação do valor devido em sede de encargos, o valor da UC


fixa-se no momento da prática do ato taxado, de acordo com o n.º 4 do artigo
5.º do RCP.

Exemplo:

No dia 15 de janeiro de 2018, é realizada uma peritagem a um imóvel. O valor da UC a atender


para pagamento aos peritos é o que vigora à data da realização da perícia, portanto o valor da UC
no ano de 2018.
Admitindo que a prática do ato não se esgota num momento (dia) determinado antes se prolonga
no tempo e, no decurso, ocorre a alteração do valor da UC, o valor a considerar é o valor da UC
atual ao momento do pagamento dos honorários ou quantias devidas, por ser o mais atual e o que
releva para efeitos fiscais.

2.5.4. Multas e outras penalidades

No que respeita a multas e outras penalidades, o valor da UC a que deve


atender-se resulta também do n.º 4 do artigo 5.º do RCP, na referência ao
momento da prática do ato penalizado.

Exemplo:

No dia 22 de janeiro de 2019, uma testemunha falta injustificadamente a uma audiência de


julgamento. É condenada por despacho em 2 UC. O valor da UC é o que vigora à data da
decisão que aplica a sanção.

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3. Isenções e suas modalidades

A isenção de custas consiste num benefício que se contrapõe à obrigação do


seu pagamento. A fonte deste benefício é a lei.

As regras de isenções de custas são as previstas no artigo 4.º do RCP.

Existem, todavia, exceções:

- A contemplada no artigo 24.º do Decreto-lei n.º 34/2008, de 26 de


fevereiro, relativamente ao Serviço Nacional de Saúde, seus serviços e
estabelecimentos, que se manterá até à entrada em funcionamento do
Tribunal Arbitral do Centro de Informação, Mediação e Arbitragem de
Dívidas Hospitalares, mas apenas relativamente às “(…) custas
processuais na cobrança de dívidas em virtude dos cuidados de saúde
prestados a utentes ao abrigo do Decreto-lei n.º 218/99, de 15 de Junho
(…)”, e;

- A resultante do artigo 84.º da Lei n.º 27/2008, de 30 de junho, que


respeita à gratuitidade quer na fase administrativa quer na judicial, dos
processos de concessão ou de perda do direito de asilo ou de
proteção subsidiária e de expulsão.

As isenções apresentam-se em duas categorias:

As isenções subjetivas ou pessoais e as isenções objetivas ou processuais.

As isenções subjetivas ou pessoais têm como base de incidência a especial


qualidade do interveniente processual ou ainda a qualidade relativa do
interveniente processual.

As isenções objetivas ou processuais respeitam ao tipo de processo.

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Podem, também, as isenções resultar da combinação das duas categorias,
configurando assim um modelo misto.

Algumas isenções estão, porém, sujeitas a limites. Resultam em regra da


sorte do processo ou de condição que se não verificou, consistindo por
exemplo na manifesta improcedência do pedido ou na atuação dolosa ou com
culpa grave.

Estas limitações encontram-se previstas nos n.ºs 3, 4, 5, 6 e 7 do artigo 4.º do


RCP e determinam o pagamento de custas nos termos gerais ou apenas os
encargos gerados no processo.

Passamos de seguida à sua análise, identificando as categorias subjetiva e


objetiva, a condição de atribuição do benefício e também os limites à isenção,
quando se verifiquem, complementando-se com alguns exemplos.

3.1. Isenções subjetivas

O n.º 1 do artigo 4.º do RCP contém as regras de isenção de pendor subjetivo,


comportando, porém, muitas delas, condicionantes de natureza objetiva.

Significam a isenção de custas das pessoas e entidades litigantes, em regra


independentemente da qualidade em que o façam (autores, requerentes,
exequentes, réus, requeridos e executados).

 alínea a)

Componente subjetiva: “O Ministério Público (…)”;

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Componente objetiva: “(…) nos processos em que age em nome próprio na
defesa dos direitos e interesses que lhe são confiados por lei, mesmo quando
intervenha como parte acessória3, e nas execuções por custas e multas
processuais, coimas ou multas criminais.”

Exemplos: O Ministério Público beneficia da isenção da alínea a) nas ações de investigação de


paternidade/maternidade e nas ações de interdição por dever de ofício.

 alínea b)

Componente subjetiva: “Qualquer pessoa, fundação ou associação (…)”;

Componente objetiva: “(…) em ação popular4 nos termos do n.º 3 do artigo


52.º da Constituição da República Portuguesa e de legislação ordinária que
preveja ou regulamente o exercício da acção popular.”.

Limites à isenção: Perdem no entanto, a isenção de custas em caso de


manifesta improcedência do pedido – n.º 5, ou serão responsáveis pelos
encargos se, a final, ficarem vencidas – n.º 6.

 alínea c)

Componente subjetiva: “Os magistrados e os vogais do Conselho Superior da


Magistratura, do Conselho Superior do Ministério Público ou do Conselho
Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais, que não sejam magistrados,
(…)”

Componente objetiva: “(…) em quaisquer ações em que sejam parte (…)”

Condição de atribuição do benefício: “(…) por via do exercício das suas


funções.”.
3
Cfr. artigo 5º do Estatuto do Ministério Público e artigo 325.º do CPC.
4
Cfr. Artigo 52.º da CRP e Lei n.º 83/85, de 31 de agosto.

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Limites à isenção: Perdem a isenção de custas se, a final, se concluir que os
atos não foram praticados em virtude do exercício das suas funções ou quando
tenham atuado dolosamente ou com culpa grave – n.º 3.

 alínea d)

Componente subjetiva: “Os membros do Governo, os eleitos locais, os


diretores-gerais, os secretários-gerais, os inspetores-gerais e equiparados para
todos os efeitos legais e os demais dirigentes e funcionários, agentes e
trabalhadores do Estado, bem como os responsáveis das estruturas de missão,
das comissões, grupos de trabalho e de projeto a que se refere o artigo 28.º da
Lei n.º 4/2004, de 15 de janeiro; (…)”

Componente objetiva: “(…) qualquer que seja a forma do processo, (…)”

Condição de atribuição do benefício: “(…) quando pessoalmente


demandados em virtude do exercício das suas funções.”.

Limites à isenção: Perdem a isenção de custas se, a final, se concluir que os


atos não foram praticados em virtude do exercício das suas funções ou quando
tenha atuado dolosamente ou com culpa grave – n.º 3.

 alínea e)

Componente subjetiva: “Os partidos políticos, (…)”

Componente objetiva: “(…) no contencioso previsto nas leis eleitorais.”.

Condição de atribuição do benefício: “(…) cujos benefícios não estejam


suspensos, (…)”

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 alínea f)

Componente subjetiva: “As pessoas coletivas privadas sem fins lucrativos


(…)”

Condição de atribuição do benefício: “(…) quando atuem exclusivamente no


âmbito das suas especiais atribuições ou para defender os interesses que lhe
estão especialmente conferidos pelo respetivo estatuto ou nos termos de
legislação que lhes seja aplicável.”.

Limites à isenção: Perdem a isenção de custas em caso de manifesta


improcedência do pedido – n.º 5, ou serão responsáveis pelos encargos se, a
final, ficarem vencidas – n.º 6.

 alínea g)

Componente subjetiva: “As entidades públicas (…)”

Condição de atribuição do benefício: “(…) quando atuem exclusivamente no


âmbito das suas especiais atribuições para defesa de direitos fundamentais
dos cidadãos ou de interesses difusos que lhe estão especialmente conferidos
pelo respetivo estatuto, e a quem a lei especialmente atribua legitimidade
processual nestas matérias.”.

Limites à isenção: Serão responsáveis pelos encargos se, a final, ficarem


vencidas – n.º 6.

 alínea h)

Componente subjetiva: “Os trabalhadores ou familiares (…)”

Condição de atribuição do benefício: “(…) em matéria de direito do trabalho,


quando sejam representados pelo Ministério Público ou pelos serviços jurídicos
do sindicato, quando sejam gratuitos para o trabalhador, desde que o respetivo

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rendimento ilíquido à data da proposição da ação ou incidente ou, quando seja
aplicável, à data do despedimento, não seja superior a 200 UC.”.

Limites à isenção: Serão responsáveis pelos encargos se, a final, ficarem


vencidas – n.º 6.

Assim, em síntese, os trabalhadores ou os familiares estão isento de custas,


quando cumulativamente:

- Sejam representados, pelo Ministério Público ou pelos serviços jurídicos do


sindicato, gratuitos para o trabalhador;

- Tenham à data da proposição da ação ou incidente ou, quando seja aplicável,


à data do despedimento, um rendimento anual ilíquido não superior a 200 UC.

 alínea i)

Componente subjetiva: “Os menores ou respetivos representantes legais (…)”

Componente objetiva: “(…) nos recursos de decisões relativas à aplicação,


alteração ou cessação de medidas tutelares, aplicadas em processos de
jurisdição de menores”.

Limites à isenção: Esta isenção encontra-se limitada à fase de recurso, não


abrangendo pois, os menores ou os respetivos representantes legais na 1ª
instância5.

 alínea j)

Componente subjetiva: “Os arguidos (…)”

5
Relativamente à questão da responsabilidade pelo pagamento das custas nos processos
tutelares educativos, a mesma encontra-se prevista no n.º 2 do artigo 11.º da Portaria n.º 419-
A/20009, de 17 de abril.

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Componente objetiva: “(…) em quaisquer requerimentos ou oposições, nos
habeas corpus e nos recursos interpostos em qualquer instância (…)”

Condição de atribuição do benefício: “(…) quando detidos, sujeitos a prisão


preventiva ou em cumprimento de pena de prisão efetiva, em estabelecimento
prisional, quando a secretaria do Tribunal tenha concluído pela insuficiência
económica nos termos da lei do acesso ao direito e aos tribunais, desde que a
situação de prisão ou detenção se mantenha no momento do devido
pagamento”.

 alínea l)6

Componente subjetiva: “Os menores, maiores acompanhados, ausentes e


incertos (…)”

Condição de atribuição do benefício: “(…) quando representados pelo


Ministério Público ou por defensor oficioso”

Componente objetiva: “(…) mesmo que os processos decorram nas


conservatórias de registo civil (…)”.

 alínea m)

Componente subjetiva: “Os agentes das forças e serviços de segurança (…)”

Componente objetiva: “(…) em processo penal (…)”

Condição de atribuição do benefício: “(…) por ofensa sofrida no exercício


das suas funções, ou por causa delas.”.

6
A presente redação foi introduzida pelo artigo 13.º da Lei n.º 49/2018 e entrou em vigor a
10/02/2019.

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 alínea n)

Componente subjetiva: “O demandante e o arguido demandado (…)”

Componente objetiva: “(…) no pedido de indemnização civil apresentado em


processo penal (…)”

Condição de atribuição do benefício: “(…) quando o respetivo valor seja


inferior a 20 UC.”.

De notar que a isenção não se estende a quaisquer outros demandados,


mesmo que no pedido de indemnização civil o valor seja inferior a 20 UC.

 alínea o)

Componente subjetiva: “O Fundo de Garantia Automóvel (…)”

Condição de atribuição do benefício: “(…) no exercício do direito de sub-


rogação previsto no regime jurídico do seguro obrigatório de responsabilidade
civil automóvel”.

 alínea p)7

Componente subjetiva: “O Fundo de Garantia Salarial (…)”

Componente objetiva: “(…) nas ações em que tenha de intervir”.

 alínea q)

Componente subjetiva: “O Fundo de Estabilização Financeira da Segurança


Social (…)”

Componente objetiva: “(…) nos processos em que intervenha (…)”

7
Anterior alínea l), alterada pelo Decreto-lei n.º 126/2013, de 30/8.

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Condição de atribuição do benefício: “(…) na defesa dos direitos dos
trabalhadores, dos contribuintes e do património do Fundo”.

 alínea r)

Componente subjetiva: “O Fundo dos Certificados de Reforma (…)”

Componente objetiva: “(…) nos processos em que intervenha (…)”

Condição de atribuição do benefício: “(…) na defesa dos direitos dos


aderentes, dos beneficiários e do património do Fundo”.

 alínea s)

Componente subjetiva: “Os municípios (…)”

Componente objetiva: “(…) quando proponham a declaração judicial de


anulação (…)”

Condição de atribuição do benefício: “(…) quando prevista no regime jurídico


de reconversão das áreas urbanas de génese ilegal, e em substituição do
Ministério Público”.

Limites à isenção: No entanto, serão responsáveis pelos encargos se, a final,


ficarem vencidas – n.º 6.

 alínea t)

Componente subjetiva: “O exequente e os reclamantes (…)”

Componente objetiva: “(…) quando tenham que deduzir reclamação de


créditos junto da execução fiscal (…)”

Condição de atribuição do benefício: “(…) e demonstrem já ter pago a taxa


de justiça em processo de execução cível relativo aos mesmos créditos”.

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Limites à isenção: No entanto, serão responsáveis pelos encargos se, a final,
ficarem vencidas – n.º 6.

 alínea u)

Componente subjetiva: “As sociedades civis ou comerciais, as cooperativas e


os estabelecimentos individuais de responsabilidade limitada (…)”

Condição de atribuição do benefício: “(…) que estejam em situação de


insolvência ou em processo de recuperação de empresa, nos termos da lei
(…)”

Exceção: “(…) salvo no que respeita às ações que tenham por objeto litígios
relativos ao direito do trabalho”.

Limites à isenção: Serão, no entanto, responsáveis pelo pagamento das


custas, caso ocorra a desistência do pedido de insolvência ou quando este seja
indeferido liminarmente ou por sentença – n.º 4.8

 alínea v)9

Componente subjetiva: “O Instituto de Gestão Financeira da Segurança


Social (…)”

Componente objetiva: “(…) nas ações em que tenha de intervir (…)”

Condição de atribuição do benefício: “(…) na qualidade de gestor do Fundo


de Garantia de Alimentos Devidos a Menores”.

 alínea x)10

8
cfr. artigos 21.º, 27.º e 44.º, todos do CIRE
9
Alínea introduzida pelo artigo 185.º da Lei n.º 66-B/2012, de 31 de dezembro.

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Componente subjetiva: “Os compartes, os órgãos dos baldios e o Ministério
Público, (…)”

Componente objetiva: “(…) nos litígios (…)”

Condição de atribuição do benefício: “(…) que, direta ou indiretamente,


tenham por objeto terrenos baldios”.

Limites à isenção: No entanto, perdem a isenção de custas em caso de


manifesta improcedência do pedido – n.º 5, ou serão responsáveis pelos
encargos se, a final, ficarem vencidas – n.º 6.

 alínea z) 11

Componente subjetiva: “As pessoas a quem tenha sido atribuído o estatuto


de vítimas de crime de violência doméstica, (…)”

Componente objetiva: “(…) quando intervenham no respetivo processo penal


(…)”

Condição de atribuição do benefício: “(…) em qualquer das qualidades


referidas nos artigos 67.º-A a 84.º do Código de Processo Penal”.

 alínea aa) 12

Componente subjetiva: “As vítimas dos crimes de mutilação genital feminina,


escravidão, tráfico de pessoas, coação sexual e violação, (…)”

Componente objetiva: “(…) quando intervenham no respetivo processo penal


(…)”

10
Alínea introduzida pelo artigo 6.º da Lei n.º 72/2014, de 2 de setembro.
11
Alínea introduzida pelo artigo 207.º da Lei n.º 7-A/2016, de 30 de março.
12
Alínea introduzida pelo artigo 265.º da Lei n.º 42/2016, de 28 de dezembro.

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Condição de atribuição do benefício: “(…) em qualquer das qualidades
referidas nos artigos 67.º-A a 84.º do Código de Processo Penal”.

3.2. Isenções objetivas

O n.º 2 do artigo 4.º do RCP contém as regras de isenção de pendor objetivo,


significando que a isenção concedida deriva da natureza do processo.

 alínea a)

Componente objetiva: “As remissões obrigatórias de pensões”.

 alínea b)

Componente objetiva: “Os processos administrativos urgentes relativos ao


pré-contencioso eleitoral e a intimação para proteção de direitos, liberdades e
garantias (…)”

Condição de atribuição do benefício13: Apenas no pré-contencioso eleitoral


“(…) quando se trate de eleições para órgãos de soberania e órgãos do poder
regional ou local”.

Limites à isenção: No entanto, perdem a isenção de custas em caso de


manifesta improcedência do pedido – n.º 5, ou serão responsáveis pelos
encargos se, a final, ficarem vencidas – n.º 6.

 alínea c)

13
Esta condição de atribuição do benefício de isenção objetiva reporta-se unicamente aos
processos administrativos urgentes relativos ao pré-contencioso eleitoral.

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Componente objetiva: “Todos os processos que devam correr no Tribunal de
Execução de Penas14, (…)”

Condição de atribuição do benefício: “(…) quando o recluso esteja em


situação de insuficiência económica, comprovada pela secretaria do tribunal,
nos termos da lei de acesso ao direito e aos tribunais”.

 alínea d)

Componente objetiva: “Os processos de liquidação e partilha de bens de


instituições de previdência social e associações sindicais e de classe”.15

 [alínea e)] suprimida pela Declaração de Retificação n.º 22/2008, de 24 de abril.

 alínea f)

Componente objetiva: “Os processos de confiança judicial de menor, tutela,


adoção e outros de natureza análoga (…)”

Condição de atribuição do benefício: “(…) que visem a entrega do menor a


pessoa idónea, em alternativa à institucionalização do mesmo”.

A presente isenção apenas se verifica, quando nos processos aí referidos,


estiver em causa a aplicação das medidas de promoção e proteção indicadas,
ou seja, a entrega do menor a pessoa idónea em alternativa à
institucionalização.

Assim, são devidas custas nos processos promoção e proteção sempre que a
medida aplicada não constituir uma alternativa a medida de acolhimento
institucional.

14
Cfr. Lei n.º 115/2009, de 12 de outubro.
15
Cfr. artigos 173.º e seguintes do Código de Processo do Trabalho.

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 alínea g) revogada pelo artigo 6.º da Lei n.º 7/2012, de 13 de fevereiro).

 alínea h)16

Componente subjetiva: “Os maiores acompanhados ou respetivos


acompanhantes (…)”

Componente objetiva: “(…) nos processos de instauração, revisão e


levantamento de acompanhamento.”

Não obstante este normativo integrar o n.º 2 do artigo 4.º, trata-se


indiscutivelmente de uma isenção de cariz subjetivo.

3.3. Limitações às isenções

Finalmente e no que respeita a regras limitadoras do benefício de isenção de custas


importa destacar o n.º 7 do artigo 4.º do RCP, o que se justifica pela sua
transversalidade.

É um limite que incide sobre todas as isenções, exceto a prevista na alínea a) do n.º 1
do mesmo artigo.

Esta limitação consiste na sujeição ao pagamento de custas de parte pelo isento, em


caso de decaimento total ou parcial.

Verifica-se assim a obrigatoriedade de reembolso à parte vencedora, de custas de


parte, caso as exija.

“(…) a isenção de custas não abrange os reembolsos à parte


vencedora a título de custas de parte, que, naqueles casos, as
suportará.” – n.º 7 do artigo 4.º do RCP.

16
A presente redação foi introduzida pelo artigo 13.º da Lei n.º 49/2018 e entrou em vigor a
10/02/2019.

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Notas:

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4. Fixação da base tributável

A fixação da base tributável tem especial relevância para a determinação do


valor da taxa de justiça.

4.1. Regra geral

O princípio é o de que, de acordo com o n.º 1 do artigo 296.º do CPC, a toda a


causa deve ser atribuído um valor certo, que representa a utilidade económica
imediata do pedido, expresso em moeda legal (€).

No processo civil, o valor da causa (valor processual) é determinado segundo


as regras que integram o capítulo II do título III do Livro II – artigos 296.º a
310.º do CPC.

Processualmente, o valor releva nos termos do n.º 2 do artigo 296.º do CPC,


para determinar a competência do tribunal, a forma do processo de execução
comum, a relação da causa com a alçada do tribunal e para efeitos de recurso
jurisdicional ordinário, n.º 1 do artigo 629.º do CPC, exceto nos casos previstos
nos n.ºs 2 e 3 do citado artigo.

A regra geral para fixação da base tributável resulta do artigo 11.º do RCP, que
remete para as regras previstas na lei de processo respetivo, n.º 3 do artigo
296.º do CPC.

Quanto ao momento atendível para determinar o valor da ação, a lei aponta


para aquele em que a ação é proposta, n.º 1 do artigo 299.º do CPC, exceto
nos casos em que haja reconvenção ou intervenção principal, nos termos do
número 3 do artigo 530.º do mesmo diploma, quando os pedidos
(reconvencional e de intervenção) forem distintos do apresentado pelo autor.

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O valor do pedido formulado pelo réu ou pelo interveniente é somado ao valor
do pedido formulado pelo autor – número 2 do artigo 299.º do CPC.

O valor da alçada do Tribunal da Relação acrescido de um cêntimo de euro, €


30.000,01, é o valor legalmente indicado para as causas sobre o estado das
pessoas, sobre interesses imateriais, ações para atribuição da casa de morada
de família, constituição ou transmissão do direito de arrendamento, nos termos
do artigo 303.º do CPC, indicando o número 3 deste normativo que, para tutela
de interesses difusos, o valor é o corresponde ao do dano invocado, tendo
porém como limite máximo € 60.000,00, o dobro da alçada do Tribunal da
Relação.

Nos casos em que na ação se peçam prestações vincendas e periódicas,


dever-se-á considerar as regras contidas no artigo 300.º do CPC.

Já no que ao valor da ação determinado pelo valor do ato jurídico diz respeito -
artigo 301.º do CPC - atende-se ao valor do ato, relevando o estipulado pelas
partes ou o preço.

O valor da ação pode ainda ser determinado pelo valor da coisa, nos termos do
artigo 302.º do CPC, e nestes casos atende-se em regra ao valor da mesma.

Nos incidentes, o valor é o da causa a que respeitam, n.º 1 do artigo 304.º do


CPC, exceto os casos em que o incidente tiver valor diverso, observando-se,
com as necessárias adaptações, o disposto nos artigos 306.º, 308.º e 309.º,
todos do CPC.

A determinação do valor nos procedimentos cautelares é feita nos termos das


alíneas a) a f) do n.º 3 do artigo 304.º do CPC.

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Determinado o valor processual nos termos acima descritos, está encontrado o
valor da base tributável (para efeito de custas) do processo, artigo 11.º do
RCP.

A indicação do valor é um ónus do autor, alínea f) do n.º 1 do artigo 552.º e


alínea g) do n.º 1 do artigo 724.º, ambos do CPC, fazendo-se notar que pode
ser objeto de impugnação, artigo 305.º, do mesmo diploma.

Cabe, todavia, ao juiz a sua fixação, nos termos do n.º 1 do artigo 306.º do
CPC, devendo, em regra, ser fixado no despacho saneador ou, nos casos em
que não haja lugar a despacho saneador, na sentença, nos termos do n.º 2 do
artigo 306.º CPC.

Havendo recurso, sem que esteja fixado o valor, o Juiz fixa-o no despacho
referido no artigo 641.º do CPC, conforme dispõe o n.º 3 do artigo 306.º do
CPC.

Existem, ainda, situações em que a fixação do valor da causa deve ser


efetuada em momento anterior ao do despacho saneador ou da sentença, ou
seja, sempre que a alteração do valor da causa implique a incompetência
relativa do tribunal. Nestes casos deverá o juiz fixá-lo – artigos 104.º e 308.º do
CPC.

4.2. Regra especial

A regra especial na fixação da base tributária constante na linha 1 da tabela I–


B, que é de até € 2.000,00, resulta do artigo 12.º do RCP, que elenca no seu
n.º 1 o conjunto de processos aos quais a mesma se aplica.

A consequência imediata desta regra é a de que para o universo de processos


em questão, a taxa de justiça devida pelo impulso processual é de 0,5 UC, de
acordo com a referida tabela.

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Nos processos relativos à impugnação judicial da decisão sobre a
concessão do apoio judiciário, alínea a) do número 1, quando o impugnante
não é o requerente de proteção jurídica;

Nas intimações para prestação de informação, consulta de processos ou


passagem de certidões, alínea b) do número 1, processos da competência da
jurisdição administrativa e fiscal;

Nos processos de contencioso das instituições de segurança social ou de


previdência social e dos organismos sindicais, nos processos para
convocação de assembleia geral ou de órgão equivalente, nos processos
para declaração de invalidade das respetivas deliberações e nas
reclamações de decisões disciplinares, alínea c) do número 1. Os critérios
do sujeito e o critério material, são os adequados para apurar se a determinado
caso concreto é aplicável esta regra. Por exemplo, se o caso é configurado
como contencioso da segurança social, o critério do sujeito implica que nele
intervenham instituições de segurança social. O critério material implica que à
questão controvertida em discussão seja regulada por normativos em matéria
de segurança social.

Nos recursos dos atos de conservadores, notários e outros funcionários,


alínea d) do número 1;

Sempre que for impossível determinar o valor da causa, sem prejuízo de


posteriores acertos se o juiz vier a fixar um valor certo, alínea e) do número 1,
aplicável por exemplo à ação de impugnação judicial da regularidade e licitude
do despedimento, de acordo com o disposto no número 1 do artigo 98.º-P do
CPT;

Nos processos cujo valor é fixado pelo juiz da causa com recurso a critérios
indeterminados e não esteja indicado um valor fixo, sem prejuízo de
posteriores acertos quando for definitivamente fixado o valor, alínea f) do
número 1.

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4.3. Recursos jurisdicionais

Quanto aos recursos jurisdicionais, o valor da base tributável obedece ao


disposto no n.º 2 do artigo 12.º do RCP. Assim, o ónus de indicação do valor
cabe ao recorrente sendo que há a considerar as seguintes situações:

 O valor da sucumbência é determinável e o recorrente indica o


respetivo valor no requerimento de interposição do recurso – o valor da
base tributável do recurso é o indicado no requerimento;

 O valor da sucumbência é determinável e o recorrente não indica o


respetivo valor no requerimento de interposição do recurso – o valor da
base tributável do recurso é o valor da ação;

 O valor da sucumbência não é determinável – o valor da base


tributável do recurso é o valor da ação.

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Notas:

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5. Taxa de justiça e as suas variantes

O que é a taxa de justiça?

A taxa de justiça consiste numa espécie tributária (n.º 2 do artigo 3.º e n.º 2 do
artigo 4.º, ambos da L.G.T.) cujo pressuposto assenta na concreta prestação
de um serviço público, no caso o serviço público de justiça a cargo dos
tribunais, no exercício da função jurisdicional - artigo 202.º da CRP.

Caracteriza-se assim pelo seu caráter bilateral.

Quem é o sujeito passivo da taxa de justiça?

O sujeito passivo da taxa de justiça é aquele sobre quem impende o ónus do


seu pagamento ou, dito de outra forma, é aquele que a lei define como o
sujeito responsável pelo pagamento, n.º 2 do artigo 529.º e artigos 530.º,
531.º, todos do CPC, e ainda artigos 6.º e 13.º, ambos do RCP.

De acordo com os referidos normativos, são sujeitos passivos da taxa de


justiça previamente paga os que detenham qualidade de autor ou réu,
exequente ou executado, requerente ou requerido, recorrente ou recorrido,
reconvinte, litisconsorte que figure como parte primeira, partes coligadas,
intervenientes, assistentes, desde que impulsionem o processo.

São ainda sujeitos passivos de taxa de justiça, aqueles que, por decisão
judicial assim sejam considerados. Nestes casos, a taxa de justiça não é
objeto de pagamento prévio pelo responsável.

A que corresponde a taxa de justiça?

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Corresponde ao montante devido pelo impulso processual do interveniente, n.º
2 do artigo 529.º do CPC e n.º 1 do artigo 6.º do RCP, isto é, o valor que cada
sujeito processual deve pagar, por cada processo autónomo.

Como é fixada a taxa de justiça?

O valor da taxa de justiça é fixado em função do valor e complexidade da


causa de acordo com número 2 do artigo 529.º do CPC e número 1 do artigo
6.º do RCP.

São, portanto, dois os critérios a atender: o valor da ação e a complexidade da


causa.

O montante da taxa de justiça atendendo ao critério do valor da causa é


determinável, ab initio17, de acordo com as tabelas I e II anexas ao RCP.

O valor apurado de taxa de justiça é, porém, suscetível de alteração, agora na


decisão final, em função da eventual aplicação do critério da complexidade da
causa.

A classificação da ação ou providência cautelar à luz do critério da especial


complexidade resulta da aplicação pelo juiz do disposto nas alíneas a), b) e c)
do número 7 do artigo 530.º do CPC, nos casos de articulados ou alegações
prolixas, questões a decidir de elevada especialização jurídica, especificidade
técnica ou que importem a análise combinada de questões jurídicas de âmbito
muito diverso ou a audição de um elevado número de testemunhas, a análise
de meios de prova complexos ou a realização de várias diligências de
produção de prova morosas.

Tem como consequência a atualização da taxa paga pelo impulso, nos casos
da Tabela I-A e Tabela I-B, para os valores da Tabela I-C (número 5 do artigo
6.º do RCP), e nos casos de incidentes ou procedimentos, Tabela II-B, o valor
determinado pelo juiz, dentro dos limites ali estabelecidos, número 7 do artigo
7.º do RCP.

17
desde o início

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5.1. Regra geral

Como regra geral e na falta de disposição especial, para determinação do


montante de taxa de justiça aplicável em função do valor da ação, atende-se
aos valores constantes da Tabela I-A, nos termos do n.º 1 do artigo 6.º do RCP.

Nos recursos jurisdicionais, atende-se aos valores constantes da Tabela I-B,


n.º 2 do artigo 6.º do RCP.

5.2. Meios eletrónicos

O recurso aos meios eletrónicos quando tal não seja obrigatório determina uma
redução de 10% ao valor da taxa de justiça resultante da tabela, n.º 3 do artigo
6.º do RCP, devendo a parte entregar todas as peças processuais através dos
meios eletrónicos disponíveis.

Releva assim, saber quais os casos em que o recurso aos meios eletrónicos é
obrigatório.

Determina o n.º 1 do artigo 144.º do CPC que os atos processuais que devam
ser praticados por escrito pelas partes são apresentados a juízo por
transmissão eletrónica de dados, remetendo os termos para portaria, no caso a
Portaria n.º 280/2013, de 26 de agosto.

Este diploma, que regula alguns dos aspetos da tramitação eletrónica dos
processos judiciais nos tribunais de 1.ª instância, n.º 1 do artigo 1.º, exclui de
imediato os tribunais superiores e os tribunais da jurisdição administrativa e
fiscal, delimitando, por seu turno, o artigo 2.º o âmbito de aplicação da
obrigatoriedade da prática de atos por meios eletrónicos.

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O capítulo II regula a apresentação de peças processuais e documentos por via
eletrónica.

5.3. Causas de valor superior a € 275.000,00

5.3.1. Disposições gerais

Nas causas de valor superior a € 275 000,00, à taxa de justiça previamente


autoliquidada pelas partes, apenas é exigível o montante de taxa relativo à
linha 13 da Tabela I, ou seja, independentemente do valor da ação, pagarão o
valor balizado entre [250.000,01€ e 275.000,00€].

A final poderá o juiz, de forma fundamentada, dispensar o pagamento do


remanescente, atendendo aos critérios constantes do n.º 7 do artigo 530.º do
CPC e n.º 7 do artigo 6.º do RCP.

Caso não exista a dispensa acima referida, as partes terão de proceder ao


pagamento do remanescente e ter-se-á então, de conjugar o n.º 7 do artigo 6.º
com o n.º 9 do artigo 14.º, ambos do RCP, nas situações em que uma das
partes não seja condenada a final.

Assim, no tocante à parte não condenada a final e uma vez que não será
elaborada conta da sua responsabilidade, deverá a secretaria, notificar aquela
parte para pagar o remanescente devido, no prazo de 10 dias após o trânsito
em julgado da decisão que ponha termo ao processo.

Relativamente ao responsável por custas, este pagará o remanescente da taxa


de justiça, imputando o valor remanescente na conta de custas.

Tendo o processo terminado antes de concluída a fase de instrução, não há


lugar ao pagamento do remanescente – n.º 8 do artigo 6.º do RCP.

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5.3.2. Cálculo do remanescente

Para calcular a taxa de justiça remanescente, deve atender-se ao comando da


Tabela I:

“Além dos € 275.000,00, ao valor da taxa de justiça acresce, a final, por cada €
25.000,00 ou fração (…)”

Seguindo as operações aritméticas seguintes:

Valor do pedido – 275.000,00 = Valor remanescente

Valor remanescente/25.000,00 = (resultado caso comporte décimas


(frações) deve ser considerado para o n.º inteiro seguinte)

Resultado x (3UC; 1,5UC ou 4,5 UC – consoante a coluna aplicável = Taxa de


justiça remanescente.

Complementando a informação e para melhor verificação do exposto,


apresenta-se um pequeno exemplo:

O Autor intentou uma ação comum contra Réu, no montante de € 355.000,00. Aquando do
pagamento do impulso processual, ambos liquidam a taxa tendo por referência o valor no
montante de € 275.000,00.

A final, considerando que apenas o Réu foi o responsável por custas (100%), a secretaria
imputará na conta de custas o valor da taxa de justiça referente ao cálculo do remanescente,
ou seja:

1º Verifica-se qual o valor do remanescente que ainda não foi alvo de tributação;

€ 355.000,00 - € 275.000,00 = € 80.000,00

2º Após, e tendo apenas em consideração o valor dos € 80.000,00, calcula-se quantas vezes €
25.000,00 ou fração cabe em € 80.000,00;

€ 80.000,00 : € 25.000,00 = 3,2

O resultado deverá ser lido da seguinte forma, 3 (€ 25.000,00) mais 0,2 (fração de €
25.000,00).

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O valor de 3,2 é transformado em 4, não por arredondamento, mas antes porque é essa a
previsão da Tabela I “(…) acresce, a final, por cada € 25.000,00 ou fracção.”

3º Por fim, e neste caso em concreto, se o processo pertencer à:


Coluna I-A, acresce 4 x 3 UC = 12 UC;
Coluna I-B, acresce 4 x 1,5 UC = 6 UC;
Coluna I-C, acresce 4 x 4,5 UC = 18 UC.

A estes valores acrescem os já anteriormente liquidados, para efeitos da taxa de justiça na


conta de custas.

Nos casos em que a decisão classifica a ação ou o recurso como de especial


complexidade, atende-se aos valores constantes da Tabela I-C, n.º 5 do artigo
6.º do RCP.

5.4. Regra especial

A fixação de taxa de justiça nos processos especiais determina-se nos


termos da tabela II quando ali expressamente referidos, por exemplo, o caso
dos incidentes e procedimentos cautelares, procedimentos de injunção,
procedimentos europeus de injunção de pagamento, execuções e
procedimentos anómalos, execuções por custas, multas ou coimas, n.ºs 1, 4 e
5 do artigo 7.º do RCP.

Nos demais casos aplica-se a tabela I, nos termos do n.º 1 do artigo 7.º do
RCP, aqui se incluindo o recurso da decisão arbitral ou o recurso subordinado
nos processos de expropriação, n.º 3 do artigo 7.º do RCP.

Nos casos em que a decisão classifica o incidente ou procedimento como de


especial complexidade, o juiz pode determinar, a final, o pagamento de um
valor superior, dentro dos limites estabelecidos na tabela II, n.º 7 do artigo 7.º
do RCP.

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Atende-se, porém e como acima referido, ao valor indicado na linha 1 da tabela
I–B nos casos e termos das alíneas a) a f) do n.º 1 artigo 12.º do RCP, regra
especial no que concerne à fixação do valor tributável. O valor da base
tributável é aqui considerado até € 2.000,00, sendo que o da taxa de justiça a
que corresponde é de 0,5 UC. Em causa estão os processos relativos à
impugnação judicial da decisão sobre a concessão do apoio judiciário,
intimações para prestação de informação, consulta de processos ou passagem
de certidões, processos de contencioso das instituições de segurança social ou
de previdência social, ou dos organismos sindicais, nos processos para
convocação de assembleia geral ou de órgão equivalente, nos processos para
declaração de invalidade das respetivas deliberações e nas reclamações de
decisões disciplinares, recursos dos atos de conservadores, notários e outros
funcionários.

Finalmente há a referir as situações de litisconsórcio, artigos 32.º a 35.º do


CPC, em que, nos termos do n.º 4 do artigo 530.º do CPC, o litisconsorte que
figurar como parte primeira na petição inicial, reconvenção ou requerimento
deve proceder ao pagamento da totalidade da taxa de justiça, salvaguardando-
se o direito de regresso sobre os litisconsortes.

No que concerne à coligação, artigo 36.º do CPC, a taxa de justiça é fixada


face ao n.º 5 do artigo 530.º do CPC, nos termos da tabela I–B para as partes
coligadas, estendendo-se ao interveniente que faça seus os articulados da
parte a que se associe e, ainda para os assistentes em processo civil,
administrativo e tributário, de acordo com o n.º 7 do artigo 13.º do RCP.

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5.4.1. Sociedades comerciais (grandes litigantes)

O n.º 6 do artigo 530.º do CPC determina que, sempre que uma sociedade
comercial seja parte ativa em providências cautelares, ações, procedimentos
ou execuções, e tenha dado entrada em qualquer tribunal, secretaria judicial ou
balcão, no ano anterior, a 200 ou mais ações, a taxa de justiça18 obedece aos
critérios fixados no n.º 3 do artigo 13.º do RCP.

De acordo com este normativo, a determinação da taxa de justiça é, para a


sociedade comercial quando parte ativa e apenas para ela, calculada de
acordo com a Tabela I-C ou II-B, conforme o adequado ao caso.

18
O Fundo de Modernização da justiça (FMJ) foi criado pelo decreto-lei n.º 14/2011, de 25 de
janeiro. Constitui receita do FMJ, designadamente as decorrentes do produto do agravamento
da taxa de justiça aos grandes litigantes, conforme dispõe a alínea a) do n.º 1 do artigo 5.º. O
ato de conciliação do DUC ao processo e os atos de realização da conta de custas, são os
procedimentos adotados no SCJ para a adequada afetação das verbas.

De acordo com as disposições conjugadas do n.º 6 do artigo 530.º do CPC e n.º 3 do artigo
13.º do RCP, a taxa de justiça obedece aos montantes previstos nas tabelas I-C ou II-B,
atendendo ao caso concreto e sempre que a parte ativa (autor, requerente, exequente), seja
uma sociedade comercial que tenha dado entrada num tribunal, secretaria judicial ou balcão,
no ano anterior, a 200 ou mais providências cautelares, ações, procedimentos ou execuções.
Conforme dispõe a alínea a) do n.º 1 do artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 14/2011, de 25 de janeiro,
50 % do produto do agravamento da taxa de justiça aos grandes litigantes, constituem receita
do Fundo. É por isso essencial assegurar o adequado tratamento contabilístico destas receitas
que constituem parte do financiamento do Fundo. Em causa estão operações no SCJ
relacionadas com o ato de conciliação do DUC ao processo e, em certas circunstâncias, os
atos de realização da conta de custas.

No que concerne à conciliação do DUC ao processo, o SCJ assegura e informa


detalhadamente a repartição e afetação dos montantes - 50 % do produto do agravamento da
taxa de justiça receita do FMJ e os restantes 50% receita do IGFEJ, IP.

Já no que respeita ao ato de contagem, o SCJ disponibiliza um conjunto de operações simples,


que asseguram a afetação dos montantes em causa, nos temos legais. Este conjunto de
operações tem lugar, quando se verifique que o DUC de taxa de justiça pago pelo grande
litigante não foi objeto de prévio tratamento no momento da conciliação do mesmo ao
processo.

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5.4.2. Taxa de justiça variável

A taxa de justiça pode ser variável, por força classificação da ação pelo juiz
como especial complexidade, ou por expressa previsão na Tabela.

No primeiro caso estão as situações a que seja aplicável a Tabela I-A, que
venham a ser consideradas de especial complexidade.

No segundo caso estão as causas de valor superior a € 275 000,00. Tal como
já anteriormente se explanou, apenas é exigível o montante de taxa de justiça
relativo àquele valor, n.º 7 do artigo 6.º do RCP e tabela I.

Também aqui é possível a classificação da ação como de especial


complexidade.

Já na Tabela II se preveem situações de taxa de justiça variável,


nomeadamente, nos incidentes e procedimentos anómalos, outros incidentes,
reclamações, pedidos de retificação, de esclarecimento e reforma da sentença.

Nos identificados casos de taxa variável, apenas é exigida a autoliquidação do


valor mínimo, n.º 6 do artigo 6.º do RCP.

Já quanto aos procedimentos cautelares de especial complexidade e nos


incidentes de especial complexidade, estes são fixados apenas a final pelo juiz,
dentro dos limites referidos.

5.4.3. Reconvenção

Nos casos de reconvenção com um pedido distinto do autor, conforme n.ºs 2 e


3 do artigo 530.º do CPC, é devida taxa suplementar, conferir n.ºs 1, 2 e 3 do
artigo 299.º do CPC.

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5.5. Pagamento da taxa de justiça

A taxa de justiça, de acordo com o previsto no n.º 1 do artigo 530.º do CPC e


n.º 1 do artigo 6.º do RCP, é apenas paga pela parte que demande ou que
impulsione o processo, quer integre a parte ativa ou passiva. Assim, quando a
prática de um ato processual exija o pagamento prévio de taxa de justiça, deve
nos termos do n.º 1 do artigo 145.º do CPC ser junto o documento
comprovativo de que o pagamento foi realizado, tendo, no entanto, em atenção
o n.º 1 do artigo 9.º da Portaria n.º 280/2013, de 26 de agosto.

Devem ainda ser salvaguardados os casos de benefício de apoio judiciário,


situação que, de resto, é também documentalmente demonstrada, n.º 1 do
artigo 145.º, alínea f) do artigo 558.º, n.ºs 1 e 2 do artigo 570.º, n.º 1 do artigo
642.º, todos do CPC e n.º 3 do artigo 14.º do RCP.

5.5.1. Pagamento prévio em prestação única

O pagamento prévio da taxa de justiça numa única prestação ocorre nas


situações em que a lei não disponha de modo diverso, ou seja, em todas as
situações à exceção das previstas no n.º 2 do artigo 13.º do RCP.

E quais são essas situações?

Como acima oportunamente referimos, nos termos das disposições conjugadas


dos n.ºs 1 e 2 do artigo 6.º e n.ºs 1 e 2 do artigo 7.º, ambos do RCP, o
pagamento numa única prestação aplica-se a todos os processos e incidentes
(portanto processos autónomos para efeito de custas) que encontrem previsão
expressa na Tabela II. Por outro lado, os casos especialmente previstos no n.º
1 do artigo 12.º do RCP remetem para a linha 1.1 da Tabela I-B, bem como os
recursos e os casos expressamente previstos no n.º 7 do artigo 13.º do RCP,
em que se aplica a Tabela I-B.

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Concluindo, o pagamento prévio da taxa de justiça apenas numa prestação tem
lugar sempre que ao caso seja aplicável a Tabela I-B ou a Tabela II e ainda no
âmbito do processo penal nos casos dos n.ºs 1 e 2 do artigo 8.º do RCP.

5.5.2. Pagamento prévio em duas prestações

Já atrás referimos que o pagamento prévio da taxa de justiça em duas


prestações apenas ocorre nas causas a que seja aplicável a Tabela I-A ou a
Tabela I-C, nos termos do n.º 2 do artigo 13.º do RCP.

Relativamente à Tabela I-A, a mesma aplica-se às ações declarativas, aos


pedidos civis deduzidos em processo penal, e aos processos especiais (não
penais) que não se encontram incluídos na Tabela II.

Quanto à Tabela I-C é aplicável aos casos em que o responsável passivo da


taxa de justiça seja uma sociedade comercial que tenha dado entrada num
tribunal, secretaria judicial ou balcão, no ano anterior, a 200 ou mais
providências cautelares, ações, procedimentos ou execuções, mas só quando
o sujeito passivo da taxa seja parte ativa no processo.

5.5.3. Oportunidade do pagamento da primeira ou única prestação

O pagamento da taxa de justiça deve ser realizado até ao momento da prática


do ato processual a ela sujeito, conforme indicação do n.º 1 do artigo 14.º do
RCP.

Há que distinguir duas situações, em razão da diferenciação legalmente


prevista: entregas eletrónicas por um lado e entregas em suporte de papel na
secretaria, pelo correio, telecópia (fax), ou correio eletrónico, por outro.

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5.5.3.1. Entregas eletrónicas (Portaria n.º 280/2013, de 26 de agosto)

No que concerne às entregas eletrónicas, o pagamento é comprovado por


verificação eletrónica - alínea a) do n.º 1 do artigo 14.º do RCP - nos termos
definidos na Portaria n.º 280/2013, de 26 de agosto, prevista no n.º 1 do artigo
132.º do CPC, conforme n.º 4 do artigo 145.º do CPC.

Note-se que a citação só é efetuada após ter sido comprovado19 o pagamento


da taxa de justiça, conforme determina o n.º 6 do artigo 145.º do CPC.

Refira-se ainda que nas situações relativas aos procedimentos de injunção,


ainda que europeus e que sigam como ação, é devido o pagamento de taxa de
justiça, pelo autor e pelo réu, que dispõem do prazo de 10 dias a contar da data
da distribuição para o seu pagamento.

No caso do autor, o valor pago nos termos do disposto no n.º 4 do artigo 7.º do
RCP, aquando da propositura do procedimento, é descontado ao valor da
primeira prestação, conforme o referido no n.º 6 do mencionado artigo.

5.5.3.2. Outros modos de entrega

Já no que respeita às entregas em suporte de papel na secretaria ou pelo


correio, telecópia (fax), ou correio eletrónico (admissível em processo penal,
nos termos da Portaria n.º 642/2004, de 16 de junho e, na jurisdição

19
Assim, a comprovação do pagamento prévio é efetuada automaticamente por comunicação
entre o sistema de cobranças do Estado (IGCP), o sistema informático de registo das custas
judiciais (SCJ) e o sistema informático de suporte à atividade dos tribunais (Citius ou SITAF),
através da indicação em campo próprio nos formulários de apresentação de peça processual
constantes do sistema informático de suporte à atividade dos tribunais, a referência que consta
do documento único de cobrança (DUC), encontrando-se, nos termos do n.º 1 do artigo 9.º da
Portaria n.º 280/2013, de 26 de agosto, na redação dada pela Portaria n.º 170/2017, de 25 de
maio, e n.º 1 do artigo 8.º da Portaria n.º 380/2017, de 19 de dezembro, com as alterações
introduzidas pela Portaria n.º 267/2018, de 20 de setembro, dispensado de juntar ao processo
o respetivo documento comprovativo do pagamento.

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administrativa e fiscal, nos termos do n.º 1 e 5 do artigo 24º do Código de
Processo nos Tribunais Administrativos, o documento comprovativo do
pagamento da taxa deve ser junto à peça processual entregue.

Observe-se que, nos termos do n.º 5 do artigo 145.º do CPC, sempre que se
trate de causa que não importe a constituição de mandatário e o ato tenha sido
praticado diretamente pela parte, a secretaria deve remeter a notificação para
que a parte proceda ao pagamento ou à apresentação da concessão de apoio
judiciário, sob pena de ficar sujeita às cominações legais, observando o n.º 1
do artigo 21.º da Portaria n.º 419-A/2009, de 17 de abril.

5.5.4. Oportunidade do pagamento da segunda prestação

A segunda prestação da taxa de justiça deve ser paga no prazo de 10 dias a


contar da notificação para a audiência final, conforme indicação do n.º 2 do
artigo 14.º do RCP. Aconselha a boa prática que seja enviada a Guia DUC
juntamente com a referida notificação, na observância do n.º 1 do artigo 21.º da
Portaria n.º 419-A/2009, de 17 de abril.

Ocorrem situações em que, por vicissitudes várias, não há lugar a audiência


final. Caso a lei não dispense o pagamento nos termos do artigo 14.º-A do
RCP, a segunda prestação da taxa de justiça é incluída na conta de custas, n.º
5 do artigo 14.º do RCP.

5.5.5. Não pagamento da segunda prestação

A lei prevê casos que, quer por se verificarem certas situações na tramitação
processual, quer pela natureza do processo, não há lugar ao pagamento da
segunda prestação da taxa de justiça, dispensando-a. Trata-se do artigo 14.º-A
do RCP.

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Determina o referido normativo que, nos casos elencados nas alíneas b) a j),
não há lugar ao pagamento da segunda prestação da taxa de justiça.

Assim, em razão do não cumprimento de todo o itinerário processualmente


previsto, temos:

 Ações que não comportem citação do réu, oposição ou audiência de


julgamento;
 Ações que terminem antes de oferecida a oposição ou em que, devido à
sua falta, seja proferida sentença, ainda que precedida de alegações;
 Ações que terminem antes da designação da data da audiência final.

Já a dispensa em razão da natureza do processo, temos:

 Processos de jurisdição de menores;


 Processos de jurisdição voluntária, em matéria de direito da família.

Finalmente, a verificação das duas condições:

 Ações administrativas em que não haja lugar a audiência final;20


 Ações administrativas que tenham sido suspensas no âmbito da seleção
de processos com andamento prioritário, salvo se o autor requerer a
continuação do seu próprio processo;21
 Processos tributários, no que respeita à taxa paga pelo impugnante, em
caso de desistência no prazo legal após a revogação parcial do ato
tributário impugnado;
 Processos emergentes de acidente de trabalho ou de doença
profissional terminados na fase contenciosa por decisão condenatória
imediata ao exame médico.

20
Alínea alterada pelo Decreto-Lei n.º 86/2018, de 29 de outubro.
21
Alínea alterada pelo Decreto-Lei n.º 86/2018, de 29 de outubro.

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5.5.6. Erro no pagamento

Ocorre erro no pagamento quando o montante liquidado pela parte excede ou


fica aquém do montante legalmente devido. O erro no pagamento é tratado
desde logo no artigo 23.º da Portaria 419-A/2009, de 17 de abril, que propõe
soluções diferenciadas.

O pagamento em montante que exceda o legalmente devido não tem


qualquer consequência processual, devendo a secretaria proceder ao registo
do DUC no sistema de informação das custas judiciais.

É da parte que pagou em erro o ónus de solicitar a restituição do excesso.

Caso o pagamento ocorra em montante inferior ao legalmente devido, cabe à


parte proceder ao pagamento do montante remanescente, por autoliquidação,
de modo autónomo, através da emissão de novo DUC, dispondo para o efeito
do período de vinte e quatro horas. Deve comprovar o pagamento do montante
remanescente nesse mesmo prazo.

Não sendo liquidado o remanescente, equivale à falta de junção, devendo o


pagamento previamente realizado, mas de valor inferior, ser devolvido ao
apresentante, conforme prevê o n.º 2 do artigo 145.º do CPC.

5.5.7. Omissão do pagamento da taxa de justiça

Na análise e deteção de eventuais omissões de pagamento de taxa de justiça,


devem ser tidas em conta, porque prejudiciais, as situações de benefício de
isenção, quer seja de cariz subjetivo ou objetivo, de dispensa de pagamento ou
de apoio judiciário, ainda que superveniente, nas modalidades de dispensa de
taxa de justiça e demais encargos com o processo ou pagamento faseado de
taxa de justiça e demais encargos com o processo, alínea a) e alínea d)

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respetivamente, do n.º 1 do artigo 16.º da Lei n.º 34/2004, de 29 de julho, com
as alterações introduzidas pela Lei n.º 47/2007, de 28 de agosto.

5.5.7.1. Omissão do pagamento da primeira ou única prestação

A omissão de pagamento prévio da primeira ou única prestação da taxa de


justiça encontra-se prevista no CPC. Todavia, adota a lei diferentes soluções
atendendo à posição do sujeito enquanto integrando a parte ativa (autor), ou a
parte passiva (réu). De resto, o segmento inicial do n.º 3 do artigo 145.º do
CPC, dá nota do tratamento diferenciado quando afirma “Sem prejuízo das
disposições relativas à petição inicial, (…)”.

Vejamos então quais as soluções legalmente adotadas para o sujeito passivo


da taxa de justiça na posição de autor que omita o pagamento prévio da
mesma.

5.5.7.1.1. Atos processuais sujeitos a distribuição – entrega eletrónica

Na prática do ato processual de entrega da petição inicial por meios


eletrónicos, vimos já que o prévio pagamento da taxa de justiça é comprovado
nos termos definidos na Portaria n.º 280/2013, de 26 de agosto, prevista no n.º
1 do artigo 132.º do CPC, conforme n.º 4 do artigo 145.º do CPC. Já na
jurisdição administrativa e fiscal (TAF), com aplicação subsidiária do regime
processual civil, artigo 23.º, do CPTA, a comprovação do pagamento prévio da
taxa de justiça vem regulado no artigo 8.º da Portaria n.º 380/2017, de 19 de
dezembro, com as alterações introduzidas pela Portaria n.º 267/2018, de 20 de
setembro.

Perante a omissão, tendo em conta que a distribuição do processo ocorre


automaticamente, artigo 208.º do CPC, n.ºs 1 e 2 do artigo 16.º da Portaria n.º
280/2013, de 26 de agosto, determina o n.º 1 do artigo 17.º daquele diploma
que o controlo e verificação dos factos constantes das alíneas f) e h) do artigo

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558.º do CPC cabe à secretaria. Aqui, interessa particularmente a alínea f),
pois que prevê justamente os casos em que não tenha sido “comprovado” o
prévio pagamento da taxa de justiça devida, omissão que é cominada com a
recusa do recebimento da petição inicial, por parte da secretaria (secção de
processos), que deve indicar por escrito o fundamento da rejeição, artigo 558.º
do CPC, e efetuar a notificação da mesma por via eletrónica, para efeitos de
reclamação, n.º 1 do artigo 559.º do CPC, e n.º 2 do artigo 17.º da Portaria n.º
280/2013, de 26 de agosto.

Realizada a notificação, a petição é oficiosamente desentranhada quando se


mostre esgotado o prazo para reclamação ou, havendo-a, após trânsito em
julgado da decisão confirmativa da recusa, n.º 3 do artigo 17.º da Portaria n.º
280/2013, de 26 de agosto.

Salvaguardado fica, porém, o benefício concedido pelo artigo 560.º do CPC,


que permite a apresentação de outra petição ou a comprovação do pagamento
da taxa de justiça devida no decêndio subsequente à recusa de recebimento ou
de distribuição da petição, ou à notificação da decisão judicial que a haja
confirmado.

Na jurisdição administrativa e fiscal, a tramitação da recusa de atos


processuais vem regulada no artigo 14.º da Portaria n.º 380/2017, de 19 de
dezembro, com as alterações introduzidas pela Portaria n.º 267/2018, de 20 de
setembro.

5.5.7.1.2. Atos processuais sujeitos a distribuição – entrega em suporte de


papel na secretaria ou pelo correio, telecópia (fax) ou correio eletrónico
(quando admissíveis)

Nos termos do artigo 558.º do CPC, quando não tenha sido comprovado o
prévio pagamento da taxa de justiça, alínea f) do citado preceito, a unidade
central recusa o recebimento da petição inicial, indicando por escrito o

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fundamento da rejeição, para efeitos de reclamação, n.º 1 do artigo 559.º do
CPC, sem prejuízo do benefício concedido e previsto no artigo 560.º do CPC.

5.5.7.1.3. Exceções

Constituem exceções os casos em que é requerida citação urgente (artigo


561.º do CPC) e a parte apenas junta o comprovativo do pedido de apoio
judiciário, nos termos do n.º 5 do artigo 552.º do CPC.

Em caso de indeferimento, o pagamento da taxa de justiça deve ser realizado e


comprovado no prazo de 10 dias a contar da data da notificação da decisão
definitiva de indeferimento, sob a cominação de desentranhamento da petição
que, não se verificará se a citação já tiver, entretanto ocorrido, n.º 6 do artigo
552.º do CPC.

Há ainda a considerar as situações de isenção, dispensa ou de benefício de


apoio judiciário.

É relevante referir agora que, sempre que se trate de causa que não importe
a constituição de mandatário e o ato tenha sido praticado diretamente
pela parte, a secretaria notifica oficiosamente, nos termos do n.º 5 do artigo n.º
145.º do CPC, para que proceda ao pagamento ou, em alternativa, à junção de
comprovativo da concessão de apoio judiciário, sob pena de ficar sujeita às
cominações legais.

Claro está que é aqui especialmente importante a observância pela secretaria


do n.º 1 do artigo 21.º da Portaria n.º 419-A/2009, de 17 de abril, ou seja, enviar
a Guia DUC juntamente com a referida notificação.

5.5.7.1.4. Outros atos processuais

Determina o n.º 3 do artigo 145.º do CPC que a falta de junção do documento


comprovativo do pagamento da taxa de justiça não implica a recusa da peça

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processual, cabendo à parte o dever de proceder à sua junção nos 10 dias
subsequentes à prática do ato.

Caso o não faça, importa a aplicação das cominações previstas nos artigos
570.º e 642.º, ambos do CPC.

 Artigo 570.º do CPC

Assim, na contestação, verificada a omissão de pagamento, a secretaria


oficiosamente notifica o interessado para, em 10 dias, efetuar o pagamento
omitido acrescendo multa de igual montante, balizada, entre 1 UC como
montante mínimo e 5 UC como montante máximo exigíveis (n.ºs 3 e 4 do artigo
570.º do CPC), devendo dar cumprimento ao disposto no n.º 1 do artigo 21.º da
Portaria n.º 419-A/2009, de 17 de abril, ou seja, enviada a pertinente Guia DUC
juntamente com a referida notificação.

Persistindo a omissão e após decurso do prazo legalmente concedido, o


processo é concluso quando findos os articulados. O juiz profere então
despacho convidando o réu a proceder, no prazo de 10 dias, ao pagamento da
taxa de justiça e da multa em falta, acrescida de multa de valor igual ao da taxa
de justiça inicial, com o limite mínimo de 5 UC e máximo de 15 UC (n.º 5 do
artigo 570.º do CPC). Também, aqui deverá ser remetida a Guia DUC.

Decorrido o prazo e mantendo-se a omissão, o processo é concluso


determinando o tribunal, se nada obstar, o desentranhamento da contestação,
n.º 6 do artigo 570.º do CPC, não sendo devida qualquer multa, n.º 7 do artigo
570.º do CPC.

 Artigo 642.º do CPC

Considerando as disposições conjugadas do n.º 2 do artigo 7.º, n.º 1 do artigo


14.º, ambos do RCP, e n.º 1 do artigo 642.º do CPC, perante a omissão do

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pagamento da taxa de justiça nos recursos, a secretaria oficiosamente notifica
o interessado para no prazo de 10 dias efetuar o pagamento omitido a que
acresce multa de igual montante, porém não inferior a 1 UC nem superior a 5
UC. Reafirma-se o envio da pertinente Guia DUC com a notificação, nos
termos do n.º 1 do artigo 21.º da Portaria n.º 419-A/2009, de 17 de abril.

Persistindo a omissão, decorrido que seja o prazo legalmente concedido, o


processo é concluso. O tribunal, nada obstando, determina o
desentranhamento da alegação, do requerimento ou da resposta apresentada
pela parte em falta, n.º 2 do artigo 642.º do CPC.

5.5.7.2. Omissão do pagamento da segunda prestação

A omissão do pagamento da segunda prestação da taxa de justiça é tratada no


RCP. Com efeito, dispõe o n.º 3 do artigo 14.º, que na omissão a secretaria
notifica oficiosamente o interessado para no prazo de 10 dias, efetuar o
pagamento da taxa com acréscimo de multa de igual montante, que não
poderá ser inferior a 1 UC nem superior a 10 UC. Conjuntamente com a
notificação, deverá ser remetida a pertinente Guia DUC, nos termos do n.º 1 do
artigo 21.º da Portaria n.º 419-A/2009, de 17 de abril.

Mantendo-se a omissão de pagamento agora da taxa de justiça e da multa, no


dia da audiência final ou da realização de qualquer outra diligência probatória,
o tribunal, nada obstando, determina a impossibilidade de realização das
diligências de prova que tenham sido ou venham a ser requeridas pela parte
em falta.

5.6. Dispensa do pagamento prévio de taxa de justiça

A dispensa do pagamento prévio não se confunde com a isenção. Trata-se


antes da faculdade da parte não proceder à liquidação antecipada da taxa de

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justiça (quer se trate da única, primeira ou segunda prestações), diferindo o seu
pagamento, que deverá sempre ocorrer, para momento ulterior.

Estão dispensados do pagamento prévio de taxa de justiça:

a) O Estado, incluindo os seus serviços e organismos ainda que


personalizados, as Regiões Autónomas e as autarquias locais, quando
demandem ou sejam demandados nos tribunais administrativos ou
tributários, salvo em matéria administrativa contratual e pré-contratual e
relativas às relações laborais com os funcionários, agentes e
trabalhadores do Estado;
b) (Revogada);
c) (Revogada);
d) O demandante e o arguido demandado, no pedido de indemnização civil
apresentado em processo penal, quando o respetivo valor seja igual ou
superior a 20 UC;
e) As partes nas ações sobre o estado das pessoas;
f) As partes nos processos de jurisdição de menores.

Esse pagamento é efetuado no prazo de 10 dias a contar da notificação da


decisão da causa principal, em regra a sentença, saneador sentença, acórdão,
decisão sumária, nos termos do n.º 2 do artigo 15.º do RCP, devendo com a
mesma ser remetida a Guia DUC.

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5.7. Taxa de justiça em processo penal e contraordenacional

5.7.1. Processo Penal

6. 5.7.1.1. Pagamento de taxa de justiça

Em processo penal o pagamento prévio da taxa de justiça só tem lugar nos


casos de constituição de assistente, n.º 1 do artigo 8.º do RCP, e pelo pedido
de abertura de instrução pelo assistente, n.º 2 do artigo 8.º do RCP. O valor é
de 1 (uma) UC.

A apresentação do requerimento para constituição de assistente ou de abertura


de instrução pelo assistente na secretaria deve ser acompanhado do
documento comprovativo do pagamento da taxa; nos casos em que a
formulação dos pedidos de constituição de assistente ou de abertura de
instrução pelo assistente é feita no âmbito de diligência no processo, dispõe o
interessado do prazo de 10 dias para proceder ao pagamento, sendo
notificado, no ato, para esse efeito, n.º 3 do artigo 8.º do RCP.

Em qualquer caso, o valor liquidado é suscetível de correção pelo juiz, a final,


para um valor entre 1 UC e 10 UC, n.ºs 1 e 2 do artigo 8.º do RCP.

Nos demais casos, a taxa de justiça é fixada a final pelo juiz, n.º 9 do artigo 8.º
do RCP, tendo por referência a Tabela III. Quando o juiz não fixe a taxa de
justiça, considera-se a mesma fixada no dobro do seu limite mínimo, n.º 10 do
artigo 8.º do RCP.

Note-se que a condenação em taxa de justiça é sempre individual e fixada pelo


juiz, a final, artigo 513.º do CPP, n.º 9 do artigo 8.º do RCP e Tabela III.

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7. 5.7.1.2. Omissão do pagamento prévio da taxa de justiça

Em caso de omissão de pagamento prévio da taxa de justiça, incumbe à


secretaria a notificação do interessado para proceder ao seu pagamento no
prazo de 10 dias, com acréscimo de taxa de justiça de igual montante, n.º 4 do
artigo 8.º do RCP, remetendo-se para o efeito, a respetiva Guia DUC.

Persistindo a omissão de pagamento, o requerimento para constituição de


assistente ou abertura de instrução, deverá o processo ser concluso a fim de o
requerido ser considerado sem efeito, n.º 5 do artigo 8.º do RCP.

5.7.2. Processo de impugnação das decisões de autoridades


administrativas (Recurso de contraordenação)

5.7.2.1. Pagamento de taxa de justiça

Nos processos de impugnação das decisões de autoridades administrativas –


recurso de contraordenação – é devida taxa de justiça apenas quando a coima
não tenha sido previamente liquidada, n.º 7 do artigo 8.º do RCP. O valor é de
1 (uma) UC, podendo, dentro dos limites da Tabela III, ser objeto de correção
pelo juiz a final.

Esta taxa é liquidada pelo arguido no prazo de 10 dias subsequentes à


notificação da data de marcação da audiência de julgamento ou do despacho
que a considere desnecessária, n.º 8 do artigo 8.º do RCP e artigos 64.º e 65.º
do RGCO. Esta notificação deve indicar expressamente ao arguido o prazo e
os modos de pagamento da taxa, com observância do n.º 1 do artigo 21.º da
Portaria n.º 419-A/2009, de 17 de abril.

5.7.2.2. Omissão do pagamento

A consequência da omissão do pagamento da taxa de justiça resulta da


aplicação analógica do artigo 642.º do CPC. A secretaria notifica oficiosamente

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o interessado para no prazo de 10 dias efetuar o pagamento omitido, a que
acresce multa de igual montante, remetendo-se a respetiva Guia DUC.

Mantendo-se a omissão de pagamento, o processo deverá ser concluso, para


que o tribunal, nada obstando, determine o desentranhamento do recurso de
impugnação apresentado pelo arguido.

5.7.3. Taxa sancionatória excecional

A aplicação de uma taxa sancionatória excecional resulta de decisão


fundamentada do juiz, quando verificadas as condutas e circunstâncias
descritas nas alíneas a) e b) do artigo 531.º do CPC.

É suscetível de ser aplicada às ações, oposições, aos requerimentos, recursos,


reclamações, pedidos de retificação, reforma ou de esclarecimento, quando
manifestamente improcedentes e resultem de imprudência ou falta de diligência
da parte.

Também no processo penal, à prática de quaisquer atos, é aplicável o disposto


no CPC relativamente à condenação no pagamento de taxa sancionatória
excecional, nos termos do n.º 1 do artigo 521.º do CPP.

A fixação da taxa sancionatória excecional varia entre 2 e 15 UC, nos termos


do artigo 10.º do RCP.

5.7.4. Outras disposições

Em processo penal e estando em causa atos praticados por pessoa que não
seja sujeito processual penal, as condutas que entorpeçam o andamento do
processo ou impliquem a disposição substancial de tempo e meios são
suscetíveis de tributação em taxa, nos termos do n.º 2 do artigo 521.º do CPP.
Esta tributação é sempre fixada pelo juiz e varia entre 1 e 3 UC.

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O artigo 520.º do C.P.P. determina a responsabilidade por custas de
denunciante que aja de má-fé ou com negligência grave. O número 6 do artigo
8.º do RCP, determina para estes casos a fixação pelo juiz de um valor entre 1
UC e 5 UC. Não obstante a referência literal seja custas, a inserção sistemática
no RCP admite a qualificação das quantias fixadas pelo juiz como taxa.

Pelos procedimentos anómalos, cuja caraterização para efeito de custas


resulta do n.º 8 do artigo 7.º do RCP (como as ocorrências estranhas ao
desenvolvimento normal da lide e que o tribunal determine que devam ser
tributados segundo os princípios que regem a condenação em custas), é
devida taxa de justiça determinada de acordo com a tabela II, n.º 4 do artigo 7.º
do RCP.

A taxa devida nas execuções por custas, multa ou coima, é da


responsabilidade do executado, n.º 5 do artigo 7.º do RCP, e determina-se de
acordo com a tabela II.

5.8. Atos avulsos

Os atos avulsos são objeto de tributação em taxa de justiça e despesas, de


acordo com o n.º 1 do artigo 9.º do RCP. Em causa está a citação ou
notificação mediante contacto pessoal, a afixação de editais ou outra diligência
avulsa, quando praticadas por oficial de justiça, certidões, traslados, cópias e
extratos e, ainda, as fotocópias simples, casos expressamente previstos no
artigo 9.º do RCP.

Estabelece ainda que, para os casos que não estão previstos, não é devido o
pagamento de qualquer taxa, n.º 7 do artigo 9.º do RCP.

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Assim, na citação ou notificação mediante contacto pessoal e na afixação de
editais ou noutra diligência avulsa, é devida, para além das despesas de
transporte legalmente estabelecidas, ½ UC, a título de taxa de justiça. Note-se
que, quando praticadas no mesmo local, contam como uma só, considerando-
se para o efeito a mesma habitação, o mesmo n.º de polícia em determinado
prédio ou o mesmo local de trabalho.

Pela emissão de certidões, traslados, cópias ou extratos em suporte físico,


as taxas devidas são calculadas da seguinte forma:

Pelo conjunto até 50 páginas – 1/5 da UC;

Acima de 50 páginas, ao valor atrás referido, acresce 1/10 da UC por cada


conjunto ou fração de 25 páginas.

Valor da UC = € 102,00

Certidão/traslado/cópia/extratos

N.º páginas Total de taxa a suportar

Até 50 páginas 1/5 UC (€ 20,40)

Acima de 50 páginas 1/5 UC (€ 20,40) + 1/10 (€10,20) por cada 25 páginas ou fração

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Se entregues por via eletrónica, é devida 1/10 UC de taxa. Estas são as
certidões a que se refere a Portaria n.º 209/2017, de 13 de julho - certidão
eletrónica. Estão também incluídas neste âmbito as certidões a que se referem
o artigo 26.º da Portaria 380/2017, de 19 de dezembro e o artigo 29.º da
Portaria n.º 280/2013, de 26 de agosto, que habilitada pelos artigos 132.º e
144.º do CPC, regula a tramitação eletrónica dos processos judiciais,
determinando que as certidões passadas ao abrigo do artigo 170.º do CPC que
se destinem a junção a processo judicial pendente são efetuadas e enviadas
eletronicamente, com a indicação do processo a que se destinam e de quem
requereu a certidão.

Na fotocópia simples, o valor a pagar por página é de 1/500 (um quinhentos


avos) de UC.

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Notas:

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6. Encargos
O que são encargos?

A noção de encargos retira-se do n.º 3 do artigo 529.º do CPC e, em síntese,


constituem o conjunto das despesas que se vão produzindo ao longo do
processo, resultantes da condução do mesmo, requeridas pelas partes ou
ordenadas pelo tribunal.

Os encargos integram o conceito de custas, n.º 1 do artigo 529.º do CPC e n.º


1 do artigo 3.º do RCP.

6.1. Tipos de encargos

Os encargos obedecem aos tipos legais vertidos no artigo 16.º do RCP e são
os seguintes:

 Reembolsos ao Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da


Justiça, I. P., alínea a) do n.º 1 do artigo 16.º do RCP. Neste âmbito, há a
considerar todas as despesas pagas adiantadamente, designadamente os
custos com a concessão de apoio judiciário. Esta referência reporta tanto
aos custos decorrentes do procedimento no âmbito da segurança social
(artigo 19.º e seguintes da Lei n.º 34/2004, de 29 de julho), a quem
incumbe de resto a respetiva indicação, como aos custos relacionados com
honorários, previstos nos artigos 36.º e 39.º da Lei n.º 34/2004, de 29 de
julho, e na Portaria n.º 10/2008, de 3 de janeiro;

 Reembolsos por despesas adiantadas pela Direcção-Geral dos


Impostos, alínea b) do número 1 do artigo 16.º do RCP;

 O custo das diligências efetuadas pelas forças de segurança,


oficiosamente ou a requerimento das partes, alínea c) do n.º 1 do artigo

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16.º do RCP. Não obstante a lei remeter a definição dos termos em que
ocorre para Portaria conjunta dos membros do Governo responsáveis pelas
áreas da administração interna e da justiça, tal diploma não foi até ao
presente publicado. Assim, o custo é apurado por indicação da força de
segurança prestadora;

 Os pagamentos devidos ou pagos a quaisquer entidades previstos


na alínea d) do n.º 1 do artigo 16.º do RCP, em razão da produção ou
entrega de documentos, prestação de serviços ou atos análogos,
requisitados pelo juiz, a requerimento ou oficiosamente. Excecionam-se as
certidões extraídas oficiosamente pelo tribunal. De resto, determina o n.º 1
do artigo 17.º do RCP que as entidades que intervenham nos processos ou
que coadjuvem em quaisquer diligências têm direito às remunerações
previstas no RCP Assim, os liquidatários, os administradores e as
entidades encarregadas da venda extrajudicial recebem a quantia fixada
pelo tribunal, até 5% do valor da causa ou dos bens vendidos ou
administrados, se este for inferior, a que acresce o estabelecido na tabela
IV pelas deslocações, desde que não seja disponibilizado transporte, n.ºs 2
e 7 do artigo 17.º do RCP.
Há ainda a referir a Portaria n.º 175/2011, de 28 de abril, cuja tabela anexa
fixa os preços a cobrar pela Direção-Geral de Reinserção Social, o
Instituto Nacional de Medicina Legal, I. P., e a Polícia Judiciária por
perícias e exames, relatórios, informações sociais, audições e outras
diligências ou documentos que lhes forem requeridos ou que por estes
venham a ser deferidos a entidades públicas ou privadas;

 As compensações devidas a testemunhas, alínea e) do n.º 1 do artigo


16.º do RCP, as testemunhas notificadas para comparecer,
independentemente de residirem ou não na sede do tribunal e tenham ou
não prestado o depoimento, podem requerer, nos termos do artigo 525.º do
CPC, até ao encerramento da audiência, o pagamento das despesas de

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deslocação, n.º 5 do artigo 17.º do RCP e tabela IV, 1/500 UC e ainda a
fixação de uma indemnização equitativa;

No que concerne às testemunhas em processo penal, releva aqui o n.º 4 do


artigo 317.º do CPP. Porém, e em especial nas situações em que as
testemunhas tiverem a qualidade de órgão de polícia criminal (alínea c) do
artigo 1.º do CPP) ou de trabalhador da Administração Pública e forem
convocadas em razão do exercício das suas funções, o encargo é arbitrado
pelo juiz, em quantia correspondente à dos montantes das ajudas de custo
e dos subsídios de viagem e de marcha que no caso forem devidos. Esta
quantia reverte, como receita própria, para o serviço que deve remeter ao
tribunal as informações necessárias, até cinco dias após a realização da
audiência.
Tais montantes constituem custas do processo (n.ºs 2, 3 e 6 do artigo 317.º
do CPP);

 Os pagamentos devidos a quaisquer entidades pela passagem de


certidões exigidas pela lei processual, quando a parte responsável
beneficie de apoio judiciário, alínea f) do n.º 1 do artigo 16.º do RCP. A
referência ao benefício de apoio judiciário compreende apenas as
modalidades previstas nas alíneas a) e d) do n.º 1 do artigo 16.º da RADT,
Lei n.º 34/2004, de 29 de julho, com as alterações introduzidas pela Lei
47/2007, de 28 de agosto;

 As despesas previstas no artigo 30.º da Portaria n.º 282/2013, de 29 de


agosto, resultantes da utilização de depósitos públicos, alínea g) do
número 1 do artigo 16.º do RCP;

 As retribuições devidas a quem interveio acidentalmente no


processo, alínea h) do n.º 1 do artigo 16.º do RCP. Os peritos, tradutores,

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intérpretes, consultores técnicos em qualquer processo é efetuada nos
termos do disposto no n.º 2 do artigo 17.º do RCP e na tabela IV.
Relativamente às perícias médicas, os médicos e respetivos auxiliares são
remunerados por cada exame nos termos fixados na Lei n.º 45/2004, de 19
de agosto, e na tabela de custos anexa à Portaria n.º 685/2005, de 18 de
agosto, para pagamento, pelos tribunais, de exames e perícias médico-
legais e forenses realizados por peritos;

 As despesas de transporte e ajudas de custo para diligências afetas


ao processo em causa, alínea i) do número 1 do artigo 16.º do RCP.
Determina o número 1 do artigo 18.º do RCP que nas diligências realizadas
fora do tribunal são pagas as despesas com a deslocação aos magistrados
e funcionários, com preferência pelos transportes coletivos públicos,
excecionando-se os casos em que seja colocado à sua disposição meio de
transporte. A título excecional e devidamente autorizado, prevê o número 3
do artigo 18.º do RCP a utilização de veículo próprio, sendo a
compensação realizada nos termos gerais previstos no Decreto-lei n.º
106/98, de 24 de abril, que estabelece as normas relativas ao abono de
ajudas de custo e de transporte pelas deslocações em serviço público,
regulamentado pela Portaria n.º 1553-D/2008, de 31 de dezembro22.

6.2. Responsabilidade pelos encargos

6.2.1. Responsabilidade pela garantia

A regra geral é a de que cada parte paga os encargos a que tenha dado
origem, n.º 1 do artigo 532.º do CPC, esclarecendo o n.º 2 do citado preceito
que a responsabilidade pelo adiantamento ou pagamento antecipado é da
parte que requereu a diligência ou, quando tenha sido realizada oficiosamente,

22
A este propósito cfr. com o Decreto-Lei n.º 137/2010, de 28 de dezembro (redução de 10%
nas ajudas de custo).

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da parte que aproveita da mesma, conferir ainda o segmento inicial do n.º 1 do
artigo 20.º do RCP.

Situações há em que as partes têm o mesmo interesse na diligência ou


realização da despesa ou, por outro lado, tiram igual proveito da diligência ou
despesa ou, ainda, se verifique a impossibilidade de determinar e identificar
qual a parte interessada. A solução resulta do n.º 3 do artigo 532.º do CPC que
aponta para a repartição dos encargos de modo igual entre as partes.

As diligências que se venham a revelar manifestamente desnecessárias e de


caráter dilatório, situação que depende sempre de determinação do juiz, são
exclusivamente suportados pela parte requerente, não relevando o vencimento
da ação, nem o teor da condenação em custas. É o que resulta das
disposições conjugadas dos números 4 e 5 do artigo 532.º do CPC.

A responsabilidade objetiva pelo pagamento da remuneração aos peritos e das


despesas realizadas com autópsias ou outras diligências necessárias ao
diagnóstico clínico do efeito do sinistro ou da doença profissional, no âmbito de
ações emergentes de acidente de trabalho ou de doença profissional, é da
pessoa legalmente responsável pelo acidente ou pela doença, ainda que
beneficie de isenção de custas, conforme n.º 8 do artigo 17.º do RCP.

6.2.2. Critérios legais para cálculo dos encargos – Tabela IV

Incumbe à secretaria realizar o cálculo e previsão dos encargos, de modo a dar


cumprimento ao n.º 1 do artigo 20.º do RCP. O essencial dos critérios legais
para o efeito resulta das referências feitas no n.º 3 do artigo 17.º do RCP,
considerando quer o tipo de serviço, quer os usos do mercado e, se possível, a
indicação dos prestadores do serviço em causa, atendendo às modalidades
legais: em função do serviço ou deslocação ou em função do n.º de páginas ou
fração de um parecer ou relatório de peritagem ou ainda em função do n.º de
palavras traduzidas, consoante o adequado ao caso concreto, tendo por
referência os valores previstos na Tabela IV.

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6.2.3. Pagamento antecipado de encargos

Perante despacho que ordene diligências, determine a expedição ou


cumprimento de carta rogatória ou marque a data da audiência de julgamento,
conforme indicação do n.º 1 do artigo 20.º do RCP, a secretaria notifica a parte
requerente ou interessada para efeitos de pagamento antecipado de encargos,
no imediato ou no prazo de 10 dias, tendo por base o cálculo a que
antecipadamente procedeu.

A notificação em causa é acompanhada da Guia DUC a que se refere o artigo


21.º da Portaria n.º 419-A/2009, de 17 de abril.

6.2.4. Omissão do pagamento

A omissão do pagamento antecipado dos encargos, nos termos e prazos


fixados no n.º 1 do artigo 20.º do RCP, implica, para o interessado notificado, a
não realização da diligência, nos termos do n.º 1 do artigo 23.º do referido
regulamento.

Pode, todavia, a isso obstar, se ainda for oportuno, efetuando o pagamento


omitido acrescido de uma sanção de igual valor ao montante em falta, com o
limite máximo de 3 UC, dispondo para tal do prazo de cinco dias contados do
termo do prazo anterior, nos termos do n.º 2 do artigo 23.º do RCP.

Para o efeito, cabe à parte solicitar as guias de pagamento, n.ºs 3 e 4 do artigo


21.º da Portaria n.º 419-A/2009, de 17 de abril.

6.2.5. Pagamento pela parte contrária

Nos termos do n.º 3 do artigo 23.º do RCP, é permitido à parte contrária pagar
o encargo que a parte requerente não realizou, solicitando guias para o

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depósito imediato da quantia nos cinco dias posteriores ao termo do prazo
anteriormente concedido ao requerente da diligência. Note-se que, neste caso,
a quantia não comporta qualquer sanção.

Para o efeito, deverá solicitar as guias de pagamento - n.ºs 3 e 4 do artigo 21.º


da Portaria n.º 419-A/2009, de 17 de abril.

6.2.6. Atos subsequentes de pagamento dos encargos

Fixada pelo juiz a quantia objeto de pagamento, deve a secretaria proceder no


sistema de custas (SCJ) à emissão de nota de despesas para pessoas, nos
termos do artigo 42.º da Portaria n.º 419-A/2009, de 17 de abril, de modo a
efetuar o pagamento ao prestador do serviço, certificando-se previamente de
que está de posse de todos os elementos, nomeadamente, o NIF, o IBAN e a
categoria de rendimento, que permitam observar a incidência de impostos ou
contribuições legalmente exigidas, designadamente IRS, IRC, IVA.

A nota, após emitida verificada e validada, é objeto de confirmação por parte do


Secretário de Justiça, habilitando assim o IGFEJ, IP a concretizar o
pagamento, artigos 40.º e 41.º da Portaria n.º 419-A/2009, de 17 de abril.

6.2.7. Adiantamento dos encargos

6.2.7.1. Isenção e apoio judiciário

No que concerne ao adiantamento dos encargos, importa destacar os casos de


isenção e de benefício de apoio judiciário, mas apenas nas modalidades de
dispensa de taxa de justiça e demais encargos com o processo e pagamento
faseado de taxa de justiça e demais encargos com o processo, previstas nas
alíneas a) e d) respetivamente, do n.º 1 do artigo 16.º da RADT, Lei n.º
34/2004, de 29 de julho.

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Nestes casos, o pagamento dos encargos é sempre adiantado pelo Instituto de
Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça, IP, nos termos do n.º 1 do artigo
19.º e n.º 2 do artigo 20.º, ambos do RCP, sem prejuízo de reembolso.

6.2.7.2. Atos subsequentes de pagamento dos encargos

Para operacionalizar o pagamento e após a fixação do montante pelo juiz, a


secretaria procede à emissão no sistema de custas (SCJ) de nota de
adiantamento pelo IGFEJ, IP, nos termos do artigo 42.º da Portaria n.º 419-
A/2009, de 17 de abril, certificando-se previamente de que está de posse de
todos os elementos, nomeadamente, o NIF, o IBAN e a categoria de
rendimento, que permitam observar a incidência de impostos ou contribuições
legalmente exigidas, designadamente IRS, IRC, IVA.

A nota, após emitida, verificada e validada, é objeto de confirmação por parte


do Secretário de Justiça, habilitando assim o IGFEJ, IP a materializar o
pagamento, artigos 40.º e 41.º da Portaria n.º 419-A/2009, de 17 de abril.

6.2.7.3. Atos subsequentes de pagamento dos encargos

Sem esperar que o processo termine e independentemente de posterior


decisão quanto a custas, os titulares de créditos derivados de atuações
processuais realizadas podem reclamar o pagamento pela parte que os deva
satisfazer, nos termos do número 4 do artigo 20.º do RCP.

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7. As custas de parte
7.1. Noção

As custas de parte integram o conceito das custas processuais - n.º 1 do artigo


529.º do CPC e n.º 1 do artigo 3.º do RCP.

Nos termos do n.º 4 do artigo 529.º do CPC, as custas de parte compreendem


o que cada parte haja despendido com o processo e tenha direito a ser
compensada em virtude da condenação da parte contrária, nos termos do
RCP.

Nos termos do n.º 2 do artigo 533.º do CPC, compreendem-se nas custas de


parte, designadamente, as seguintes despesas:

a) As taxas de justiça pagas;


b) Os encargos efetivamente suportados pela parte;
c) As remunerações pagas ao agente de execução e as despesas por este
efetuadas;
d) Os honorários do mandatário e as despesas por este efetuadas.

As custas de parte não se incluem na conta de custas, conforme se extrai do


n.º 1 do artigo 30.º da Portaria n.º 419-A/2009, de 17 de abril.

7.2. Direito ao reembolso

A parte vencedora tem direito a receber custas de parte da parte vencida, na


proporção do vencimento (número 1 do artigo 533.º do CPC).

Existem, no entanto, exceções, nomeadamente:

 No caso de repartição de custas previsto no artigo 536.º do CPC;

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 No caso de litigância de má-fé previsto no número 2 do artigo 542.º
do CPC (número 1 do artigo 26.º do RCP).

As custas de parte são pagas direta e extrajudicialmente pela parte vencida à


parte vencedora, salvo nos casos previstos no artigo 540.º do CPC (pagamento
dos honorários pelas custas), sendo disso notificado o agente de execução,
quando aplicável – número 2 do artigo 26.º do RCP.

A parte que não tiver constituído mandatário ou quando não tenha intervindo
agente de execução, não tem direito àquele montante, nos termos do número 5
do artigo 26.º do RCP.

7.3. Prazo e conteúdo da interpelação

A parte vencedora, até 10 dias23 após o trânsito em julgado da decisão no


processo declarativo, ou após a notificação de que foi obtida a totalidade do
pagamento ou do produto da penhora em processo executivo, remete ao
Tribunal, à parte vencida e ao agente de execução, quando aplicável, uma nota
discriminativa e justificativa, com os seguintes elementos:

 Indicação da parte;
 Indicação do processo;
 Indicação do mandatário;
 Indicação do agente de execução, se for o caso;
 Indicação das taxas pagas a título de taxa de justiça;
 Indicação dos encargos efetivamente pagos e das despesas
suportadas pelo agente de execução;
 Indicação das quantias pagas a título de honorários de mandatário ou
de agente de execução;
 Indicação do valor a receber.

23
Alterado pelo Decreto-Lei n.º 86/2018, de 29 de outubro.

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A parte vencedora pode ainda, retificar a nota discriminativa e justificativa, para
todos os efeitos legais, até 10 dias após a notificação da conta de custas.

A parte vencedora, nos termos do número 3 do artigo 26.º do RCP, tem direito,
na proporção do vencimento, ao pagamento dos seguintes montantes:

a) Os valores das taxas de justiça pagas, sendo que nestas se incluirão


as taxas de justiça pagas nos procedimentos e nos incidentes. Não
serão considerados os valores pagos pelas multas, penalidades e
taxas sancionatórias, bem como o valor do agravamento pago pela
sociedade comercial nos termos do número 6 do artigo 530.º do CPC
e número 3 do artigo 13.º do RCP;
b) Os valores pagos a título de encargos, incluindo as despesas do
agente de execução;
c) O montante correspondente a honorários do mandatário até ao limite
de 50% do somatório das taxas de justiça pagas pela parte vencida e
pela parte vencedora. No entanto, este valor é reduzido ao valor
indicado no número 2 do artigo 25.º do RCP quando este seja inferior
àquele;
d) Os valores pagos a título de honorários do agente de execução;

Na indicação em rúbrica autónoma das quantias pagas a título de honorários e


despesas do mandatário judicial só são consideradas até ao limite previsto na
alínea c) do número 3 do artigo 26.º do RCP e número 1 do artigo 32.º da
Portaria n.º 419-A/2009, de 17 de abril.

Havendo pluralidade de sujeitos na parte ou partes vencedoras, para


apuramento dos montantes que cada um deverá receber, divide-se o limite
previsto no número 1 do artigo 32.º da Portaria n.º 419-A/2009 de 17 de abril,
por cada um deles, de acordo com a proporção do respetivo vencimento
(número 2 do artigo 32.º da Portaria n.º 419-A/2009, de 17de abril).

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7.4. Reembolsos pelo IGFEJ

Se a parte vencida for o Ministério Público ou gozar do benefício de apoio


judiciário na modalidade de dispensa de taxa de justiça e demais encargos com
o processo, o reembolso das taxas de justiça pagas pelo vencedor é suportado
pelo Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça, IP (IGFEJ, IP) –
n.º 6 do artigo 26.º do RCP.

Assim, a restituição à parte que pagou a taxa de justiça é suportada pelo


IGFEJ, IP, não podendo a parte vencedora exigir à parte vencida o referido
pagamento, sendo-lhe apenas devolvidas as taxas de justiça nos termos da
alínea a) do n.º 3 do artigo 26.º do RCP.

7.5. Reclamação da nota justificativa

A reclamação da nota justificativa é apresentada no prazo de 10 dias, após


notificação à contraparte – n.º 1 do artigo 33.º da Portaria n.º 419-A/2009, de
17 de abril.

Após a pronúncia do funcionário e do parecer do Ministério Público, o juiz deve


decidir no prazo de 10 dias, sendo que a decisão será notificada às partes.

O parecer do funcionário apenas deverá incidir sobre aspetos relacionados


com a tempestividade da nota, regularidade dos elementos constantes da nota
nas vertentes da discriminação e justificação da despesa apresentada.

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8. Multas processuais
8.1. Disposições gerais

As multas processuais e outras penalidades são sempre fixadas pelo juiz de


forma autónoma das custas.

Estão previstas, no CPC, designadamente, o número 3 do artigo 148.º, o


número 2 do artigo 166.º, o número 2 do artigo 417.º, o número 2 do artigo
423.º, o artigo 437.º, o número 2 do artigo 438.º, o número 4 do artigo 508.º, o
artigo 570.º, o número 1 do artigo 931.º e o número 2 do artigo 1084.º.

Estão previstas, no CPP, várias penalidades, designadamente as estatuídas no


número 5 do artigo 38.º, o número 7 do artigo 45.º, o artigo 110.º, o número 1
do artigo 116.º, o número 4 do artigo 153.º, o número 4 do artigo 212.º, o
número 4 do artigo 221.º, o número 6 do artigo 223.º, o número 5 do artigo
277.º, o número 3 do artigo 420.º e o artigo 456.º.

Nos termos do número 4 do artigo 27.º do RCP, o montante da multa ou


penalidade é sempre fixado pelo juiz, tendo em consideração:

 Os reflexos da violação da lei na regular tramitação do processo e na


correta decisão da causa;
 A situação económica do agente; e,
 A repercussão da condenação no património deste.

As multas, penalidades e a taxa sancionatória excecional são devidas pela


parte que as motivou, ainda que o condenado esteja isento de custas, goze do
benefício do apoio judiciário ou tenha tido vencimento na causa (n.º 4 do artigo
28.º do RCP).

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Do despacho que condena em multa, penalidade ou taxa sancionatória
excecional cabe sempre recurso, nos termos do disposto no n.º 6 do artigo 27.º
do RCP.

O recurso pode ser deduzido, quando legalmente admissível, observando-se


os prazos consignados na respetiva lei, ou fora desses casos, autonomamente,
dispondo o recorrente para o efeito do prazo de 15 dias após a notificação.

Nos casos legalmente previstos de pagamento imediato de multa, consentâneo


com a prática de ato processual, o montante devido deve ser autoliquidado
juntamente com a taxa de justiça devida, utilizando para cada um dos
pagamentos o correspondente DUC (n.º 1 do artigo 25.º da Portaria n.º 419-
A/2009, de 17 de abril).

Incumbe ao apresentante, quando representado por mandatário, o pagamento


por autoliquidação, de modo autónomo, das multas previstas no número 5 e
seguintes do artigo 139.º do CPC, número 5 do artigo 107.º e artigo 107.º-A do
C.P.P. (número 2 do artigo 25.º da Portaria n.º 419-A/2009, de 17 de abril).

Nos restantes casos de aplicação de multas e penalidades, são emitidas guias


pelo tribunal e remetidas à parte ou partes responsáveis (artigo 21.º e n.º 3 do
artigo 25.º da Portaria n.º 419-A/2009, de 17 de abril).

8.2. Prazo de pagamento

Após o trânsito em julgado do despacho de condenação, e nos casos em que a


parte que não tenha constituído mandatário ou em que o condenado seja um
mero interveniente no processo, deverá a secretaria proceder à notificação por
escrito, fazendo constar o prazo de pagamento e as cominações devidas para
a falta do mesmo (n.º 2 do artigo 28.º do RCP).

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O prazo de pagamento das multas e das penalidades é de 10 dias após o
trânsito em julgado do despacho que as fixou, salvo disposição legal em
contrário (n.º 1 do artigo 28.º do RCP), remetendo-se as guias respetivas nos
termos do n.º 3 do artigo 25.º da Portaria n.º 419-A/2009, de 17 de abril.

A taxa sancionatória é notificada à parte responsável pelo pagamento,


dispondo do prazo de 20 dias, após o trânsito em julgado da decisão que a
fixou, remetendo-se as guias respetivas, nos termos do artigo 26.º da Portaria
n.º 419-A/2009, de 17 de abril.

8.3. Falta de pagamento

No caso em que se verifique a omissão do pagamento de multas e


penalidades, determina o n.º 3 do artigo 28.º do RCP que transitam para a
conta de custas do responsável com um acréscimo de 50%.

Na prática de ato realizada diretamente pela parte, em ação que não importe a
constituição de mandatário, e cumprido o formalismo previsto no n.º 7 do artigo
139.º do CPC, a omissão do pagamento conduz à impossibilidade da prática do
referido ato.

8.4. Multas autoliquidadas

Incumbe ao apresentante, quando representado por mandatário, o pagamento


por autoliquidação, de modo autónomo, das multas previstas no n.º 5 e
seguintes do artigo 139.º do CPC, n.º 5 do artigo 107.º e artigo 107.º-A do CPP
(n.º 2 do artigo 25.º da Portaria n.º 419-A/2009, de 17 de abril).

Em consonância com o n.º 5 do artigo 139.º do CPC, o ato pode ser praticado
dentro dos três primeiros dias úteis subsequentes ao termo do prazo, ficando a

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sua validade dependente do pagamento imediato de uma multa. Se o ato for
praticado no 1º dia, a multa é fixada em 10% da taxa de justiça correspondente
ao processo ou ato, com o limite máximo de ½ UC; já o ato praticado no 2º dia,
a multa é fixada em 25% da taxa de justiça correspondente ao processo ou ato,
com o limite máximo de 3 UC; finalmente caso o ato seja praticado no 3º dia, a
multa é fixada em 40% da taxa de justiça correspondente ao processo ou ato,
com o limite máximo de 7 UC.

No entanto, praticado o ato dentro dos três primeiros dias subsequentes ao


termo do prazo, sem que tenha sido efetuado o pagamento imediato da multa
deverá a secretaria, logo que a falta seja verificada, independentemente de
despacho, notificar o interessado para pagar a multa, acrescida de uma
penalização de 25% do valor da mesma (multa), desde que se trate de ato
praticado por mandatário (n.º 6 do artigo 139.º do CPC).

Dispõe o artigo 107.º-A do CPP que à prática extemporânea de atos


processuais penais é aplicável o disposto nos n.ºs 5 a 7 do artigo 139.º do
CPC, com as alterações constantes nas alíneas a), b), e c) ou seja:
a) Se o ato for praticado no 1.º dia, a multa é equivalente a 0,5 UC;
b) Se o ato for praticado no 2.º dia, a multa é equivalente a 1 UC;
c) Se o ato for praticado no 3.º dia, a multa é equivalente a 2 UC.

Assim, quando ao processo é aplicável a Tabela I-A ou a Tabela I-C, a multa


afere-se pelo valor da taxa devida pelo ato (por exemplo, a contestação);

Quando ao processo é aplicável a Tabela I-A ou a Tabela I-C, e o artigo 14.º-A,


unicamente em razão da natureza do processo, a multa afere-se pelo valor da
taxa devida pelo ato, que é igual à taxa do processo, que é ainda igual à taxa
de impulso processual;

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Quando ao processo é aplicável a Tabela II-A ou a Tabela II-B, a multa afere-
se pelo valor da taxa devida pelo processo (que é igual à taxa devida pelo ato e
pelo impulso processual).

Note-se que, nos casos legalmente previstos de pagamento imediato de multa


consentâneo com a prática de ato processual, cumprido que seja o formalismo
previsto no n.º 6 do artigo 139.º do CPC, a omissão do pagamento conduz à
impossibilidade da prática do ato.

Em qualquer caso, a excecional redução ou dispensa da multa nos casos de


manifesta carência económica ou quando o respetivo montante se revele
manifestamente desproporcionado, pode ser determinada pelo juiz, cfr. n.º 7 do
artigo 139.º do CPC, aplicável também no processo penal nos termos do n.º 1
do artigo 107.º-A do CPP.

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Notas:

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9. Conta de custas
9.1. Disposições gerais

A conta de custas constitui a síntese da responsabilidade processual tributária


fixada na condenação em custas.

No caso especifico das execuções, as custas são da responsabilidade do


executado e saem precípuas do produto dos bens penhorados, artigo 541.º do
CPC.

A conta de custas é elaborada pela secretaria do tribunal que funcionou em


primeira instância (n.º 1 do artigo 29.º do RCP), de modo autónomo para cada
responsável por custas, tal como se encontra definido no n.º 2 do artigo 1.º do
RCP, e em harmonia com o julgado em última instância (n.º 1 do artigo 30.º do
RCP).

Nos termos do artigo 2.º da Portaria n.º 419-A/2009, de 17 de abril e em regra,


a conta é elaborada pela secção de processos, podendo, no entanto, por
despacho do diretor-geral da Administração da Justiça, ser fixado de modo
diferente.

Nos termos do artigo 3.º da Portaria n.º 419-A/2009, de 17 de abril, as contas


deverão ser realizadas por recurso a sistema informático que, no caso em
concreto é o Sistema de Informação das Custas Judiciais – SCJ:

o Contém toda a informação relevante para a identificação do processo


e das partes ou sujeitos processuais, podendo ser estabelecido um
mecanismo de importação ou partilha de informação com outros
sistemas informáticos de gestão processual (número 3 do artigo 30.º
do RCP e artigo 3.º da Portaria n.º 419-A/2009, de 17 de abril);

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o Findo o processo e registados todos os movimentos contabilísticos, é
elaborada a conta no sistema informático, obtendo-se o valor a pagar
ou a receber pelas partes, encerrando com a menção da data e
identificação do funcionário que a elaborou (número 1 do artigo 7.º
da Portaria n.º 419-A/2009, de 17 de abril).

Sempre que se mostre necessário, a secção de processos procede aos


pagamentos de harmonia com a ordem de preferência referida no número 2 do
artigo 34.º do RCP (número 2 do artigo 7.º da Portaria n.º 419-A/2009, de 17 de
abril).

Os processos cujas contas apenas impliquem estornos são lançados nos cinco
dias posteriores ao termo do prazo para a reclamação da conta (número 5 do
artigo 7.º da Portaria n.º 419-A/2009, de 17 de abril).

9.2. Dispensa do ato de contagem

A dispensa da realização do ato de contagem expressa no conjunto de regras


das alíneas a) a d) do n.º 1 do artigo 29.º do RCP, foi introduzida pela Lei n.º
7/2012, de 13 de fevereiro.

Dispensa-se a elaboração da conta sempre que:

a) Não haja quaisquer quantias em dívida;


b) Nos processos de insolvência não exista qualquer verba na massa
insolvente para processamento do pagamento das custas;
c) Nos processos de execução cujo agente de execução não seja oficial de
justiça e nada exista para contar, e;
d) O responsável por custas beneficie de apoio judiciário na modalidade de
dispensa do pagamento de taxa de justiça e demais encargos.

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No figurino legal proposto pelo RCP quanto aos modos e momentos
processuais de pagamento da taxa de justiça (pelo impulso processual) e de
encargos (pelo pagamento antecipado), tendem a residuais os atos de
contagem tais como os casos de condenação em taxa pela especial
complexidade, condenação em incidentes anómalos e/ou casos de
adiantamento do pagamento de encargos pelo IGFEJ, IP.

Todavia, verificando-se os pressupostos de dispensa da conta, é necessário


que tal seja documentado nos autos. Cabe à secretaria a realização deste ato
nos termos do artigo 7.º-A da Portaria n.º 419-A/2009, de 17 de abril.

As informações relativas à dispensa da elaboração da conta de custas devem


ser fundamentadas e notificadas às partes e ao Ministério Público, podendo
haver reclamação para o juiz.

9.3. Oportunidade de realização da conta

A oportunidade de realização da conta de custas é de acordo com o número 1


do artigo 29.º do RCP, em regra, após o trânsito em julgado da decisão
condenatória (esquema desenhado para as ações de caráter declarativo), ou
da comunicação do agente de execução da verificação de facto que determine
a liquidação da responsabilidade do executado (esquema desenhado
naturalmente para as ações de cariz executivo).

Por outro lado, é também permitida a realização do ato de contagem em


momento processual diverso dos anteriores, quando por determinação do juiz,
e de modo a abarcar outras eventuais situações processuais, a realização da
conta se mostre adequada.

Finalmente, o número 6 do artigo 7.º da Portaria n.º 419-A/2009, de 17 de abril,


atribui às partes a possibilidade de solicitar a realização do ato de contagem,
quando ocorra a deserção da instância.

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9.4. Processamento da conta – competência, critério e prazos

A regra é que o processamento da conta de custas é da competência da


secretaria (secção de processos) do tribunal de primeira instância (da causa),
número 3 do artigo 30.º do RCP e artigo 2.º da Portaria n.º 419-A/2009, de 17
de abril.

Os critérios a observar no processamento da conta resultam do disposto nas


alíneas a) a g) do número 3 do artigo 30.º do RCP e ainda, quando aplicáveis,
os números 3 e 4 do artigo 6.º e artigo 7.º, ambos da Portaria n.º 419-A/2009,
de 17 de abril. Para a realização do ato de contagem e observância destes
critérios é disponibilizado o sistema de informação de custas judiciais (SCJ),
conforme o artigo 3.º da Portaria n.º 419-A/2009, de 17 de abril.

O artigo 30.º da Portaria n.º 419-A/2009, de 17 de abril, determina que as


custas de parte não integram a conta de custas, sendo estas pagas
diretamente pela parte vencida à parte que delas seja credora, nos termos
número 2 do artigo 26.º do RCP.

A sucumbência é um fator relevante para a conta na medida em que impõe a


determinação da proporção da responsabilidade nas custas. Tem especial
importância no que respeita aos encargos (número 2 do artigo 24.º do RCP)
que hajam de integrar a conta (os adiantados pelo IGFEJ, IP, nos termos do
número 1 do artigo 19.º e número 2 do artigo 20.º, ambos do RCP).

O mesmo já não se pode dizer do pagamento prévio da taxa de justiça, uma


vez que o critério é o do impulso processual (número 2 do artigo 529.º e artigo
530.º, ambos do CPC e número 1 do artigo 6.º do RCP).

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A conta é também o instrumento adequado nos casos em que, regularmente
notificada (nos termos do número 2 do artigo 15.º do RCP), pessoa ou entidade
dispensada do pagamento prévio de taxa pelo impulso processual o não
efetue. Devem, nestes casos, ser contabilizados os juros de mora.

9.5. Dúvidas na elaboração da conta

Os números 4 e 5 do artigo 29.º do RCP resgatam um mecanismo do revogado


código das custas judiciais visando obstar a atos de contagem desconformes
ao decidido e às regras a observar, propiciando um esclarecimento prévio das
dúvidas do funcionário encarregue da realização da conta de custas.

Sempre que o funcionário tenha dúvidas sobre a elaboração da conta deve


expô-las, indicando o modo tido como correto para as superar, sendo o
processo continuado com Vista ao Ministério Público, após o que o juiz decidirá
(número 4 do artigo 29.º do RCP).

A decisão considera-se notificada ao Ministério Público com o exame da conta


e aos interessados com a notificação a que se refere o número 1 do artigo 31.º
do RCP (n.º 5 do artigo 29.º do RCP).

9.6. Notificação e prazo de pagamento

Nos termos do n.º 1 do artigo 31.º do RCP, a conta é sempre notificada:

 Ao Ministério Público;
 Aos mandatários;
 Ao agente de execução;
 Ao administrador da insolvência;

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 À parte responsável pelo pagamento;
 Às partes que não tenham mandatário.

Elaborada a conta, são emitidas Guias DUC e remetidas às partes - artigo 27.º
da Portaria n.º 419-A/2009, de 17 de abril.

O prazo de pagamento das custas é de 10 dias, acrescido da dilação prevista


no n.º 1 do artigo 28.º da Portaria n.º 419-A/2009, de 17 de abril,
nomeadamente:

 5 dias, se o responsável residir no continente ou numa das ilhas das


Regiões Autónomas e naquele ou nestas correr o processo;
 15 dias, se residir no continente e o processo correr numa das ilhas
das Regiões Autónomas, ou se residir numa destas e o processo
correr noutra ilha ou no continente;
 30 dias, se residir no estrangeiro.

Nos termos do n.º 2 do artigo 28.º da Portaria n.º 419-A/2009, de 17 de abril, o


prazo de pagamento voluntário da conta por parte das entidades públicas
referidas na alínea a) do n.º 1 do artigo 15.º do RCP termina no último dia do
mês seguinte àquele em que foi feita a notificação da conta.

O responsável pelas custas ou multas pode requerer, dentro do prazo de


pagamento voluntário, que o pagamento da sua responsabilidade seja efetuado
por levantamento da quantia necessária de algum depósito que tenha à ordem
de qualquer tribunal, depositando o montante em falta, se necessário, números
4 e 5 do artigo 32.º do RCP.

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No último dia do prazo de pagamento das custas, ou posteriormente, qualquer
pessoa pode realizar o referido pagamento, nas condições em que ao devedor
é lícito fazê-lo.

9.7. Reforma e reclamação da conta

9.7.1. Disposições gerais

Oficiosamente, a requerimento do Ministério Público ou dos interessados, o juiz


mandará reformar a conta se esta não estiver de harmonia com as disposições
legais – n.º 2 do artigo 31.º do RCP.

9.7.2. Legitimidade para reclamar da conta

Podem apresentar a reclamação da conta de custas:

 O responsável pelas custas, no prazo de pagamento voluntário,


enquanto não o realizar;
 Qualquer interveniente processual, até 10 dias após o recebimento
de quaisquer quantias;
 O Ministério Público, no prazo de 10 dias a contar da notificação
prevista no n.º 1 do artigo 31.º do RCP.

9.7.3. Pagamento prévio da taxa de justiça

O n.º 6 do artigo 31.º do RCP, considera a reclamação da conta de custas, um


incidente, sendo devida a taxa de justiça prevista na Tabela II (Outros
incidentes) que varia entre 0,5 UC e 5 UC.

Deve por isso ser paga a quantia de 0,5 UC, nos termos do n.º 6 do artigo 6.º
do RCP, aquando do impulso processual do incidente de reclamação.

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9.7.4. Procedimentos

Apresentada a reclamação da conta, o funcionário judicial que tiver efetuado a


mesma pronuncia-se no prazo de 5 dias.

Em seguida, o processo vai com Vista ao Ministério Público (caso não seja este
o reclamante), após o que o juiz decide (n.º 4 do artigo 31.º do RCP).

Não é admitida segunda reclamação dos interessados sem o depósito das


custas em dívida (n.º 5 do artigo 31.º do RCP).

Da decisão do incidente de reclamação e da proferida sobre as dúvidas do


funcionário judicial que tiver efetuado a conta cabe recurso em um grau, se o
montante exceder o valor de 50 UC (n.º 6 do artigo 31.º do RCP).

Caso a parte tenha interposto recurso da decisão do incidente de reclamação e


da proferida sobre as dúvidas do funcionário judicial e o tribunal superior tenha
indeferido o mesmo, o responsável é notificado para o pagamento das custas
quando o processo baixar ao tribunal que funcionou em 1ª instância (n.º 4 do
artigo 28.º da Portaria n.º 419-A/2009, de 17 de abril).

9.7.5. Conta reformada

Caso a reclamação tenha sido deferida, a secretaria procede à reforma da


conta nos moldes e termos do competente despacho, sendo as partes
interessadas notificadas da conta reformada.

Nestes casos, o prazo de pagamento inicia-se com:

- a notificação da nova conta ou,

- da decisão definitiva que não atendeu a reclamação,

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nos termos do número 3 do artigo 28.º da Portaria n.º 419-A/2009, de 17 de
abril.

Se da reforma da conta resultar a necessidade de qualquer reposição por parte


do Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça, I.P. (IGFEJ, IP)
ou de outras entidades que já tenham recebido as custas, é a importância da
reposição descontada nas quantias que no mês seguinte caibam à entidade
devedora, sendo-lhe comunicado o facto por nota de estorno (número 8 do
artigo 31.º do RCP).

No caso de não ser possível tal reposição, as entidades devedoras procedem à


devolução da importância em causa no prazo de 10 dias após a respetiva
notificação (número 9 do artigo 31.º do RCP).

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10. Pagamento das custas

10.1. Pagamento voluntário

10.1.1. Modo de pagamento

Nos termos do n.º 1 do artigo 32.º do RCP, os pagamentos são efetuados,


preferencialmente, através dos meios eletrónicos disponíveis.

São, porém, obrigatórios, por via eletrónica sempre que se trate de pessoas
coletivas ou, em qualquer caso, quando se trate de quantias superiores a 10
UC.

Os pagamentos feitos por via eletrónica consideram-se realizados quando for


efetuada comprovação no processo, que ateste a transferência de valor igual
ou superior ao valor em dívida (n.º 2 do artigo 32.º do RCP).

10.1.2. Custas em prestações

Sempre que a dívida de custas for de valor igual ou superior a 3 UC, o seu
responsável poderá apresentar um requerimento, dentro do prazo do
pagamento voluntário, ao qual deverá ser junto um plano de pagamentos, em
que solicitará o pagamento faseado das custas em dívida, acrescido de um
agravamento de 5%24 do seu montante, desde que obedeça às seguintes
regras (n.º 1 do artigo 33.º do RCP):

O pagamento em prestações encontra-se limitado no n.º máximo de


prestações, de acordo com os pressupostos a seguir enunciados:

24
Nos termos da alínea f) do n.º 1 do artigo 36.º da Portaria n.º 419-A/2009, de 17 de abril, o
agravamento é receita do Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça, I.P.
(IGFEJ, IP).

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Pessoas Singulares Pessoas Coletivas

De 3 a 12 UC Superior a 12 De 3 a 20 UC Superior a 20
UC UC

N.º de Prestações Até 6 Até 12 Até 6 Até 12

Montante mínimo de
cada prestação ½ UC 1 UC ½ UC 1 UC

Sendo deferido o pagamento faseado, a primeira prestação é paga no prazo


de 10 dias a contar da notificação do despacho de deferimento e as seguintes
são pagas mensalmente no dia correspondente ao do pagamento da primeira
(n.º 3 do artigo 33.º do RCP).

Note-se que, o plano de pagamento das custas em prestações a apresentar


pelo responsável pode considerar diferentes valores para aquelas, desde que
respeitem o n.º máximo de prestações admissível ao caso e montante mínimo
legalmente consignado.

Nos termos do n.º 4 do artigo 33.º do RCP, a falta de pagamento de uma


prestação implica o vencimento das restantes, sendo que, quanto ao valor do
montante já pago, dever-se-á proceder de acordo com o previsto no n.º 2 do
artigo 34.º do RCP.

As multas processuais não podem ser pagas em prestações, dado que, aquela
regra apenas possibilita o pagamento faseado das custas, ao contrário do que
acontece com as multas criminais (n.º 3 do artigo 47.º do CP), que podem ser
pagas em prestações.

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10.1.3. Pagamentos ou devoluções a efetuar pelo Tribunal

Os pagamentos ou devoluções a efetuar pelo tribunal, estão previstos no


número 3 do artigo 32.º do RCP e:

 Operam-se por transferência bancária sempre que a parte, sujeito


processual ou outro interveniente indicar o respetivo número de
identificação bancária (NIB), sendo que,
 Este procedimento é obrigatório para as pessoas coletivas.

Nos casos em que haja lugar à devolução de valores pagos, esta é efetuada
apenas após o trânsito em julgado e depois de saldadas todas as dívidas da
parte ao processo, nos termos do número 1 do artigo 29.º da Portaria n.º 419-
A/2009, de 17 de abril, nomeadamente:

a) Multas, taxa sancionatória excecional e outras penalidades;


b) Pagamentos a terceiras entidades;
c) Custas de parte.

Dentro do prazo de pagamento voluntário, a parte ou sujeito processual


responsável pelo pagamento das custas ou multa pode requerer que o
pagamento da sua responsabilidade seja feito por levantamento da quantia
necessária de algum depósito que tenha à ordem de qualquer tribunal (número
4 do artigo 32.º do RCP).

O número 5 do supra citado artigo refere que, quando a quantia depositada não
se afigure suficiente para pagamento integral das custas ou multa em dívida, o
responsável pode apresentar o mencionado requerimento desde que, no
mesmo prazo, proceda ao pagamento do montante em falta.

Pode ainda requerer ao tribunal que, nos termos do número 6 do artigo 32.º do
RCP, seja levantada a quantia necessária para pagamento da mencionada

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dívida, de conta que tenha sido constituída nos serviços prisionais, desde que
não seja a referente ao fundo de apoio à reinserção social.

Terminado o prazo do pagamento das custas sem que o mesmo tenha sido
efetuado ou sem que o responsável que se encontre em cumprimento de pena
ou medida privativa da liberdade tenha requerido, nos termos do n.º 6, o
levantamento da quantia necessária para o efeito, de conta que detenha nos
serviços prisionais, o juiz colhe, junto dos serviços prisionais, informação sobre
as importâncias de que o recluso seja titular e que possam ser destinadas ao
pagamento das custas e ordena a sua afetação, devendo as guias ser
remetidas aos serviços prisionais que diligenciam o seu pagamento (número 7
artigo 32.º do RCP).

10.2. Pagamento coercivo

10.2.1. Incumprimento e direito de retenção

Passado o prazo para o pagamento voluntário (custas, multas ou outras


quantias contadas) sem que o mesmo se encontre efetuado, o tribunal pode
reter qualquer bem na sua posse ou quantia depositada à sua ordem, desde
que:

a) Provenha de caução depositada pelo responsável pelas custas;


b) Provenha de arresto, consignação em depósito ou mecanismo similar,
relativos a bens ou quantias de que seja titular o responsável pelas
custas;
c) Provenha da consignação, venda ou remição relativa a bens penhorados
que fossem propriedade do responsável pelas custas;
d) Deva ser entregue ao responsável pelas custas.

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Quando se verifique o incumprimento, havendo no processo quantias
depositadas à ordem do tribunal, insuficientes para pagamento integral da
quantia em dívida, tem este a faculdade de se fazer pagar diretamente pelas
mesmas, de acordo com a seguinte ordem de prioridade, salvo disposição em
contrário:

a) Taxa de justiça;
b) Outros créditos do Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da
Justiça, I.P. (IGFEJ, I.P.);
c) Créditos do Estado;
d) Reembolsos a outras entidades por força de colaboração ou intervenção
no processo, incluindo os honorários e despesas suportadas pelo agente
de execução que não seja oficial de justiça.

Nos termos do número 3 do artigo 34.º do RCP, com exceção das multas e
penalidades, sobre a totalidade das quantias contadas, incidem juros de mora à
taxa legal mínima.

Realizados os pagamentos referidos nas alíneas a) a c) do número 2 do artigo


34.º do RCP, e sendo as quantias disponíveis para o pagamento das custas
insuficientes, o remanescente é rateado pelos restantes credores aí referidos e,
sendo caso disso, pelos outros credores que sejam reconhecidos em sentença,
conforme número 4 do citado artigo.

10.2.2. Prescrição

O crédito por custas e o direito à devolução de quantias depositadas à ordem


de quaisquer processos (por exemplo, as rendas, as tornas e outras quantias
depositadas) prescreve no prazo de cinco anos a contar da data em que o

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titular foi notificado do direito a requerer a respetiva devolução, salvo se houver
disposição em contrário em lei especial (número 1 do artigo 37.º do RCP).

No caso das custas, o prazo de prescrição só começa a correr depois de terem


sido liquidadas e de ter corrido o prazo para o seu pagamento voluntário.

Arquivada a execução por não existirem bens do executado, o prazo de


prescrição conta-se a partir da data do arquivamento (número 2 do artigo 37.º
do RCP).

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