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INETROS

INSTITUTO EDUCACIONAL TECNÓLOGICO ROSA DE SAROM


CNPJ: 04.439.814/0001-88
Em convênio com GRUPO CONTINENTAL EDUCACIONAL
CONTROLANDO 7 INSTITUIÇÕES DE CREDENCIADA PELO MEC
Credenciado pelo Decreto Federal n° 97.984 de 24/07/1989
D. O. U.: 25/07/1989

Curso: Biologia – 2°° Período


Disciplina: Zoologia Geral
Professor (a): Arethusa
rethusa Coelho
Aluno (a): __________________________

INETROS GRUPO CONTINENTAL


NENTAL EDUCACIONAL
Travessa Sete de Setembro, 102 – Filipinho CLSW 504 Bloco A sala 129, Edifício Paladium Center
Peritoró – MA – CEP 65.418-000
000 Sudoeste – Brasilia – DF – CEP 70.640-000
Cel.: (99) 9135-9460 Telefone: (61) 3542-0923
3542 / 3543-2807
Mateus Barroso Silva Dr. André
ndré Luis
ZOOLOGIA GERAL

PEDREIRAS - MA

2012
Introdução

Considerando a etimologia da palavra Zoologia (do idioma Grego: zoon, animal e logos, estudo), este
ramo da Biologia é um vasto domínio que pode englobar todos os aspectos da biologia animal,
inclusive relações entre animais e ambiente.

Mas o que é mesmo um animal? Durante muito tempo animais eram todos os organismos eucariontes
que utilizam a matéria orgânica existente como alimentos, possuem membranas flexíveis e permeáveis.
Contudo, esta definição cabia, não sem certa dificuldade, na classificação tradicional dos organismos
vivos em plantas e animais.

A descoberta de organismos unicelulares, como a Euglena, com características intermediárias entre os


dois reinos, levou Haeckel, em 1866 a criar um terceiro reino - Protista, restrito a organismos
unicelulares. As bactérias e as algas cianofíceas, seres procariontes, foram incluídos pelo autor no
reino Monera.

O termo Protista, portanto foi criado exclusivamente para organismos unicelulares, mas acredita-se, na
atualidade, que a multicelularidade evoluiu muitas vezes a partir de formas unicelulares. Reinos como
Plantae, Fungi e Metazoa demonstram as diversas origens da multicelularidade. Mesmo nos protistas,
a exemplo de ciliados, ao menos uma espécie forma esporos com estrutura multicelular e as algas
euglenidas e diatomáceas também têm derivados multicelulares.. Assim, o termo Protoctista foi
proposto para acomodar certos organismos multicelulares e os unicelulares (Margulis & Schwartz,
1988).

Geralmente são considerados protozoários os Protoctista ou Protista heterotrófico, portanto


semelhantes neste aspecto aos animais, mas o compartilhamento deste modo de nutrição não é
suficiente para unir seus representantes em uma categoria taxonômica (Lipscomb, 1996).

Diante do exposto, animal é sinônimo de metazoário e estes são compostos de numerosas células, ao
menos parte dessas dispostas em camadas. Diferenciadas em muitos tipos, os quais desempenham
diferentes funções (divisão de trabalho). Com exceção das esponjas, existe sistema nervoso, o qual é
centralizado na parte anterior do corpo da grande maioria dos animais bilaterais. Em geral os gametas,
que constituem a linhagem germinativa, são produzidos em órgãos, assegurando a continuidade da
vida de um soma, cujas células, à exceção das esponjas, não participam da reprodução.

Neste contexto a inclusão de "protozoários" na Zoologia pode estar equivocada, pois estariam melhor
posicionados numa disciplina à parte – Protistologia, por exemplo. Enquanto isto não ocorre no curso
de Ciências Biológicas da UFBA, mantemos o estudo de alguns dos 35 filos de Protoctista ou Protista,
pois além de executarem os mesmos processos básicos de manutenção da vida animal, seu estudo
permite discussão sobre o estabelecimento de padrões básicos da vida no início da evolução.

Neste texto apresentaremos alguns outros tópicos básicos, que implicam na aquisição de conceitos
importantes na compreensão da Zoologia, os quais podem ser agrupados em quatro questões:

 1. O que é Zoologia?
 2. Por que estudar os animais?
 3. Para que estudar os animais?
 4. Como estudar os animais?
1. O que é Zoologia?

Podemos definir Zoologia como " um ramo da Biologia que engloba todos os aspectos da biologia
animal, inclusive relações entre animais e ambiente". Com esta definição, tão ampla, estudamos não
apenas morfologia, sistemática e ecologia, mas também o funcionamento dos animais, constituintes
químicos dos tecidos, formação e desenvolvimento, propriedades e funções celulares. A zoologia
experimental, por exemplo, inclui as subdivisões relativas às alterações experimentais dos padrões dos
animais como genética, morfologia experimental e embriologia.

Do exposto acima ficam ressaltados os vários campos de investigação com animais e a clara inter-
relação de outras disciplinas com a zoologia clássica. À medida que a especialização aumenta ramos
de estudo tornam-se mais e mais restritos: celenterologia - estudo dos cnidários; entomologia - estudo
dos insetos, que se subdivide em sistemática e entomologia econômica; mastozoologia- estudo dos
mamíferos e assim por diante.

Considerando que a diversidade é o principal objeto de estudo da Zoologia e que é importante termos
algumas noções sobre distribuição dos animais nos diversos ambientes e regiões do planeta, tais
tópicos são abordado a seguir.

1.1. Diversidade da vida animal

O contraste entre a unidade química essencial dos seres vivos e a fantástica diversidade da vida na
Terra é um dos grandes paradoxos da natureza. Sobre este tema recomendamos a leitura do
hipertexto Unidade e Diversidade em Sistemas Biológicos, no site Vida: Diversidade e Unidade.

Aproximadamente 2.000.000 de espécies são conhecidas englobando os vários grupos de animais,


mas especialistas estimam que em certos grupos, conhece-se apenas uma pequena fração de
espécies atuais existentes, notadamente de nematódeos, insetos e certos quelicerados,
particularmente os ácaros.

A compreensão da diversidade animal passa pelo entendimento do que é biodiversidade. Um termo,


cujo sinônimo mais freqüente é "variedade da vida", que inclui a variedade de estruturas e funções nos
níveis genéticos, de espécie, de população, de comunidade e de ecossistema, uma definição tão ampla
quanto a própria Biologia.. Mas, tentativas tem sido feitas para revelar as principais características da
biodiversidade, enquanto conceito, e surgem então as três divisões mais citadas na atualidade:
diversidade genética, diversidade taxonômica ou de espécies e diversidade de ecossistema.

O estudo da biodiversidade equivale, portanto, ao estudo da história da vida que começou a


aproximadamente 4,5 bilhões de anos. Para um melhor entendimento da vida animal, nós precisamos
remontar a cerca de 650 milhões de anos, período do surgimento da pluricelularidade. Já os grandes
planos de organização dos metazoários foram definitivamente estabelecidos há 430 milhões de anos. A
Terra é inicialmente conquistada pelos vegetais, depois pelos invertebrados e finalmente pelos
vertebrados. A conquista do ar é realizada pelos insetos há 350 milhões de anos e pelas aves há 130
ma. Dos animais mais primitivos aos milhões de espécies atuais, há nesta história muitas mudanças,
às quais denominamos evolução.

Assim, nos inventários da biodiversidade deve-se buscar padrões que se repetem, entender os
processos que geraram diversas espécies e adaptações através a história evolutiva. Neste contexto a
reconstrução das filogenias é fundamental para que possamos detectar origens da multicelularidade, a
organização celomática e muitos outros aspectos que distinguem a biodiversidade nos tempos atuais.
1.1.1. Diversidade intra-específica e diversidade interespecífica

A diversidade animal revela-se também em aspectos como dimorfismo sexual, diferenças no


desenvolvimento e diferenças individuais, os quais ocorrem dentro de uma mesma espécie, enquanto
variações em tamanho, morfologia, fisiologia, simetria, habitats colonizados, etc., são maiores entre
espécies.

Diversidade intra-específica:

Dimorfismo sexual - as diferenças entre os genitores podem ser claras, como em certos besouros,
certas aves e alguns peixes ou não tão claras, ao menos externamente nos quais é difícil distinguir o
macho da fêmea, a exemplo do que ocorre nos ouriços do mar.

Diferenças no desenvolvimento - uma forma jovem pode ser completamente diferente da adulta,
como por exemplo, girino e sapo, lagarta e borboleta, estádios larvais de muitos animais marinhos
adultos.

Diferenças individuais - devido ao patrimônio genético de cada indivíduo são encontradas diferenças
em tamanho, cor, forma, comportamento, particularidades exploradas pelo homem no desenvolvimento
de variedades de animais domesticados.

Diversidade interespecífica:

Tamanho - a ordem de grandeza é notável entre baleias e animais microscópicos que habitam os
espaços entre grãos de areia.

Morfologia - diferenças na organização são encontradas não apenas na forma externa, mas também
na forma interna. Nos insetos, por exemplo, a maior parte do sistema nervoso é ventral em relação ao
tubo digestivo, enquanto que a relação é invertida nos vertebrados.

Fisiologia - as diferenças nas formas exigiram atividades diferentes, por exemplo, nos modos de
locomoção e ingestão de alimentos.

Simetria - é a divisão imaginária do corpo de um ser em metades opostas, que devem ser simétricas
entre si; basicamente os elementos de simetria são eixos e planos. Eixo é uma reta que atravessa o
centro do corpo, de tal modo que ao longo desta reta as partes do corpo se repetem. Plano é a
superfície que divide o corpo em partes de tal modo que uma é a imagem especular da outra.

A maioria de animais e protozoários possui algum tipo de simetria e a mais simples é a simetria
esférica, rara na natureza, existente apenas em certos protozoários. Nela a forma apresentada é de
uma esfera, com suas partes organizadas concentricamente ao redor de um ponto central. Uma esfera
tem um número indefinido de planos de simetria que podem passar pelo seu centro e dividir o
organismo em metades iguais. Os protozoários com simetria esférica compartilham um importante
atributo funcional com organismos assimétricos: em ambos falta polaridade. Em todos os outros tipos
de simetria algum nível de polaridade foi atingido, a qual vem acompanhada de especializações nas
regiões do corpo.

Um corpo exibindo simetria radial tem a forma de um cilindro, em cuja intersecção dos vários planos
de simetria, dispostos radialmente, há um eixo oral-aboral. Modificações existem neste plano básico,
sendo exemplos as simetrias birradiais, tetra- penta- ou multirradiais. A simetria birradial ocorre em
partes especializadas do corpo e apenas dois planos podem dividir o animal em metades similares. As
anêmonas do mar e os ctenóforos a exemplificam. A simetria tetrarradial existe em muitas água-
vivas, enquanto a maioria das estrelas-do-mar tem simetria pentarradial, mas são conhecidas outras
com vários braços, portanto com simetria multirradial.

Na simetria bilateral, presente dos platelmintos aos vertebrados, existe apenas um plano de simetria -
sagital ou mediano - que divide o corpo do animal em duas metades, lado direito e lado esquerdo,
sendo uma a imagem especular da outra. O plano frontal divide o corpo em duas regiões, dorsal e
ventral, portanto diferentes entre si. Os eixos são o dorso-ventral e o ântero-posterior. Modificações
desta simetria existem em certos grupos de animais, por exemplo, o enrolamento da concha de alguns
moluscos, resultante do deslocamento de certas partes do corpo e em outros grupos de animais devido
ao hábito de fixar-se ao substrato, geralmente pela superfície ventral, ou ainda causada pelo
desenvolvimento desigual de certas estruturas pareadas.

Hábitats - a diversidade animal também é expressa na variedade de habitats que os animais ocupam;
geralmente acredita-se que os animais tenham se originado nos oceanos arqueozóicos, bem antes do
primeiro registro fóssil. Todo filo importante de animais tem pelo menos alguns representantes
marinhos e do ambiente marinho ancestral grupos diferentes invadiram a água doce, enquanto outros
moveram-se para a terra. Cada hábitat diferente - floresta, oceano, deserto, lago, contém sua
diversidade animal característica.

1.1.2. Caracterização dos ambientes e distribuição ecológica dos animais.

Um estudo detalhado revela que todo organismo enfrenta as mesmas necessidades fundamentais de
sobrevivência e os mesmos problemas de alimentação para obter energia, ocupação de espaço vital e
produção de novas gerações. Na solução destes problemas os organismos se diferenciaram em
inúmeras formas, adaptadas à vida de ambientes particulares.

A distribuição dos animais é limitada pela existência de ambientes adequados à sua vida e estando o
ambiente sujeito às alterações naturais ou artificiais ele buscam novos locais para habitarem. A
disponibilidade de alimento é fator muito importante na distribuição dos animais, assim como
temperatura, água, competidores naturais, predadores, entre outros.

Ambientes marinhos, estuários e manguezais:

Comparando com a água doce e a terra, o ambiente marinho é relativamente uniforme, o oxigênio
geralmente é disponível e a salinidade do mar aberto é relativamente constante.

A maioria dos animais que vive no oceano é estenohialina, isto é, não suportam variações bruscas de
salinidade.

As estratégias de sobrevivência são variadas e inúmeras as adaptações dos organismos marinhos,


particularmente daqueles que vivem na fronteira entre terra e água e os animais das regiões
batipelágicas, onde impera a escuridão. Os animais que habitam permanentemente esta zona são
carnívoros ou consumidores de detritos e os que vivem na zona do entremarés suportam longos
períodos de exposição à dessecação.

Os ambientes estuarinos incluem fozes de rios, deltas circundantes, pântanos costeiros, pequenas
enseadas e são geralmente afetados por marés, de onde se origina a palavra estuário (do latim
aestus=maré). Já os manguezais são ambientes estuarinos especiais, caracterizados por
apresentarem densa vegetação de plantas que vivem em condições salinas, denominados mangues.

A salinidade flutuante em muitos estuários restringe a fauna estuarina, característica destes ambientes,
e apenas invasores marinhos eurihalinos e poucas espécies de água doce podem tolerar essa
condição.

Para saber mais sobre o assunto utilize os links Ambientes Marinhos e Ambientes Estuarinos e
Manguezais no site do Projeto Qualibio (IBUFBA)

Ambientes dulciaqüícolas ou límnicos:

Como os ambientes marinhos, o ambiente dulciaqüícolas, particularmente lagos e rios, também


apresentam um zoneamento horizontal e vertical, mas seus menores tamanhos, suas profundidades
relativamente mais rasas e o conteúdo de água doce os tornam ecologicamente diferentes dos
oceanos.

Ao contrário da água salgada que se torna progressivamente mais densa em temperaturas reduzidas, a
água doce alcança a sua maior densidade a 4° C. Ocorre pouca circulação entre os níveis superior e
inferior, de forma que a zona do fundo não é somente escura, mas também é relativamente estagnada
por falta de oxigênio, sustentando uma fauna limitada.

Os animais que habitam a água doce apresentam diversas adaptações, entre as quais destacamos a
supressão do estádio larval, a qual é realizada de várias formas. É freqüente que fêmeas produzam
grandes ovos de desenvolvimento direto que elas guardam até a eclosão. Em outros casos, os ovos
são colocados em casulos, fixos em corpos estranhos ou são meio enterrados no sedimento.

A água pode gelar ou desaparecer por evaporação, em conseqüência disto há uma série de
adaptações que permitem a sobrevivência da fauna, a exemplo de gêmulas de esponjas, cisto ovígero
de planárias, ovos de hidras.

Os diversos ambientes límnicos diferem entre si pela quantidade de água e pela movimentação (águas
lênticas são paradas e águas lóticas são correntes). Entre as diversas facies dos ambientes límnicos -
lagos, rios, fontes, açudes, poços, entre outros, há também miniaturas de aquários que se formam nas
bromélias, plantas epífitas comuns em nossa região e abrigam uma fauna especial.

Complete seu estudo consultando Ambientes Dulciaquícolas no site do Projeto Qualibio.

Ambientes terrestres:

Os ambientes terrestres são extremamente variados e suas condições físicas muito menos estáveis do
que nos ambientes aquáticos. Cada um deles é caracterizado por um conjunto de fatores ecológicos,
como solo, clima, geomorfologia e também bióticos, que permitiu a colonização por flora e fauna
particulares. Os principais tipos de ecossistemas dependem principalmente de fatores climáticos, como
temperatura, luz e precipitação, além dos fatores edáficos, textura do solo, teor de nutrientes e
capacidade de armazenar água, permitindo que haja uma variação periódica regular: sazonal e diária.
(Fonseca & Brazil, 1998).

O problema mais crítico para os animais terrestres é a perda de água pela evaporação. A solução para
este problema tem sido um fator primário na evolução de muitas adaptações para a vida na terra. Para
maiores informações consulte Ambientes Terrestres no site do Projeto Qualibio.
Ambientes biológicos:

Os próprios seres vivos servem de meio para outros organismos, constituindo assim um tipo especial
de ambiente, conhecido como meio biológico. Muitos organismos vivem no interior ou na superfície de
outros em associações íntimas, conjuntamente chamadas de simbiose (sim=juntos; bio=vida). Para
alguns simbiontes, a associação com o seu hospedeiro é imprescindível para sua sobrevivência
(associação obrigatória), mas para outros a associação, apesar de melhorar a condição de vida, não é
obrigatória (associação facultativa). (Madeira, 1998, site do Projeto Qualibio) .

1.1.3. Distribuição geográfica

O estudo dos fatores que influenciam a distribuição, a variedade e a abundância da vida na Terra
constitui a Biogeografia, uma disciplina integradora que une conceitos de biologia evolutiva, ecologia e
geologia com as perspectivas e metodologias da geografia.

A atual distribuição das espécies de água doce ou terrestres é resultado de três fatores principais: (1)
as relações entre as terras e os mares em antigos tempos geológicos que permitiram a extensão de um
grupo a partir do seu centro de origem, ou ao contrário o isolamento definitivo de um certo conjunto
faunístico; (2) o meio de disseminação, se passivo ou ativo; (3) numerosas mudanças no meio
ambiente desde o início dos povoamentos, que levaram à extinção de certas espécies e sobrevivência
de outras.

Ambientes terrestres e límnicos são divididos em regiões que têm fauna distinta. Tais regiões são
baseadas nas relações taxonômicas ou filogenéticas e não sobre adaptações dos animais a ambientes
específicos.

A partir de estudos sobre a distribuição de vertebrados recentes, descobertas paleontológicas,


distribuição dos climas e a teoria de tectônica de placas ( que explica a progressiva separação dos
continentes, pois a superfície da Terra é construída de placas móveis), ambientes terrestres e
dulciaqüícolas foram divididos em seis grandes regiões zoogeográficas: Neártica - América do Norte,
com exceção da extremidade sul; Paleártica - Europa e norte da Ásia, das Ilhas Britânicas ao Japão,
incluindo a África do Norte ao deserto do Saara; Etiópica - África, incluindo o sul do deserto de Saara,
Madagáscar e ilhas adjacentes; Oriental - Índia, Malásia, Filipinas e regiões próximas; Australiana -
Austrália, Tasmânia, Nova Guiné, Nova Zelândia e ilhas oceânicas do Pacífico; Neotropical - Américas
do Sul e Central, Antilhas.

As regiões acima, Neárticas e Paleárticas, são próximas e deste modo a fauna contém muitas espécies
em comum, daí serem freqüentemente reunidas em uma região denominada Holártica.

De acordo com o clima e latitude são delimitadas cinco regiões para as águas marinhas costeiras:
Tropical, Boreal (Atlântico e Pacífico) Antiboreal, Ártica, Antártica, bem como outras menores a
exemplo da região Mediterrânea.

Ainda que as espécies pelágicas possam apresentar maior dispersão, as diferenças entre os
povoamentos bentônicos nos oceanos conduzem a divisão das zonas mais profundas em apenas três
regiões: Indopacífica, Atlântica e Antártica (ou Antártida).

Costuma-se também classificar os padrões de distribuição em endêmico, alopátrido, simpátrido,


circumboreal, circumpolar, cosmopolita e pantropical. Endêmica refere-se à distribuição restrita de um
táxon, nativo de uma área particular; por exemplo, o coral Mussismilia braziliensis só ocorre no
nordeste brasileiro; alopátrida, cujo significado é "outro país" refere-se às diferentes áreas de
distribuição de um táxon, que não se superpõem; simpátrida, cujo significado literal é "mesmo país" ,
refere-se à distribuição de diferentes espécies na mesma área; circumboreal – distribuição nas altas
latitudes do hemisfério norte; circumpolar – distribuição restrita aos pólos norte e sul; cosmopolita –
uma distribuição por todo o mundo, ou quase; pantropical – refere-se à área de distribuição entre os
trópicos.

2. Por que estudar os animais?

O homem é um produto do processo evolutivo, deste modo a aquisição de conhecimentos sobre os


animais é necessária como parte da incessante busca de compreensão da natureza e da posição que o
próprio homem nela ocupa.

3. Para que estudar os animais?

Em primeiro lugar para conhecer a estrutura e o funcionamento dos mesmos, buscando entender suas
relações evolutivas. Grande parte do que hoje sabemos sobre os seres humanos conseguiu-se
estudando outros animais.

Compreender as relações entre animais, destes com as plantas e com o ambiente para possibilitar a
detecção do equilíbrio e de perturbações naturais ou provocadas pela cegueira humana.

Buscar soluções para problemas relacionados à saúde dos humanos e de outros animais pesquisando
parasitos, vetores de doenças, inclusive as que causam destruição de frutos e cereais.

Aplicar conhecimentos adquiridos na produção de alimentos, vestuário e medicamentos. As indústrias


que lidam com animais domésticos, a pesca comercial, a apicultura e o comércio de peles criam um
mercado de trabalho para inúmeras pessoas.

Disponibilizar meios de contemplação aos homens em áreas de lazer, uma excelente forma de
descarregar tensões da sociedade. O fiel companheiro de nossa existência terrestre, o animal e sua
imagem habitam nosso ser, mesmo que o mundo da consciência quotidiana os tenham eliminado.

4. Como estudar os animais?

As informações sobre animais provêm de conhecimentos populares, baseados na observação e de


conhecimentos técnico-científicos baseados em observações e experimentos controlados.

Em Biologia costuma-se agrupar as disciplinas em dois campos, Biologia geral e Biologia comparada. A
Biologia geral com base em métodos experimentais estuda os mecanismos e os processos que
governam os seres vivos. A Biologia comparada estuda a biodiversidade usando o método
comparativo, mais que o experimental, para descobrir padrões bióticos.

O conhecimento técnico-científico sobre animais, portanto, é adquirido pelos métodos comparativo e


experimental. No primeiro, a finalidade é a descrição de padrões e no segundo a formulação de
conceitos que tenham ampla aplicação no campo de estudo considerado. Bons cientistas formulam
hipóteses a partir de fatos acumulados, testam suas teorias, repetem seus experimentos e não hesitam
em buscar o parecer de outros especialistas. Suas descobertas devem ser divulgadas, pois assim
estarão contribuindo para a ampliação do seu campo de investigação.
Nomenclatura Zoológica Quando falamos em nomenclatura, taxonomia, classificação e sistemática
devemos saber que estes são conceitos, que, apesar de terem alguma relação entre si, se referem a
matérias distintas, muitas vezes confundidas.

A sistemática é o estudo das relações de parentesco entre os organismos. Desta maneira quando
comparamos espécies diferentes, por exemplo, e hipotetizamos uma filogenia, que representa as
relações de parentesco entre estas espécies, estamos fazendo um estudo de sistemática. Podemos
comparar tais espécies pelas suas características morfológicas, moleculares e etc.

A taxonomia diz respeito às regras de nomenclatura, tais como: dar nomes às espécies, gêneros e
famílias. As regras para formar coleções taxonômicas, para coletas em campo, rotulagem e
publicações taxonômicas, também dizem respeito à taxonomia.

A classificação está no âmbito da taxonomia e se refere à prática de se agrupar os táxons em


categorias hierárquicas como: filo, classe, ordem, família, gênero e espécie. A classificação ideal deve
refletir a sistemática de determinado grupo, ou seja, deve representar as relações de parentesco
daquele grupo. Por outro lado à classificação é, de certa maneira, independente da nomenclatura, já
que, um autor, de acordo com certas regras, poderá alterar o nome de uma espécie ou gênero, quando
ele achar necessário.

A importância da nomenclatura A comunicação entre os diversos campos da ciência biológica se dá


principalmente pelo nome científico das espécies estudadas. Por exemplo, num estudo interdisciplinar
em que existe a cooperação de profissionais de diversas áreas da biologia, um ecólogo poderá fazer o
levantamento da fauna de determinada região, um geneticista fará a caracterização do cariótipo
daquela fauna, um morfologista descreverá as características morfológicas, e, assim por diante. Sem
um nome científico universal, ditado segundo regras aceitas por toda a comunidade científica, que
caracteriza cada espécie estudada e catalogada, ficaria difícil a comunicação entre os diversos campos
da biologia. Quem dita tais regras é o código de nomenclatura zoológica. Tal código é universal, ele
rejeita nomes que possam causar confusão ou ambigüidade, o que garante a universalidade dos
nomes científicos, fazendo com que estes sejam reconhecidos por cientistas de qualquer
nacionalidade.

A importância prática da taxonomia, cujas regras de nomenclatura disciplinam a nomeação das várias
categorias taxonômicas, pode ser vista, por exemplo, nos estudos sobre o controle de vetores de
doenças que atingem humanos. Se a espécie a qual pertence o vetor estiver mal classificada, a ponto
de englobar uma variedade de outras espécies do mesmo gênero, que não hospedam determinado
vírus ou protozoário causador da doença, os esforços no combate à mesma podem malograr. Este foi o
caso do combate ao mosquito transmissor da malária (Anopheles maculipennis). De 1895 até 1934
várias foram às tentativas para a erradicação do mosquito. A partir desta última data o problema
começou a ser solucionado pelos entomólogos da época, que descobriram que Anopheles
maculipennis, na verdade, formava um complexo de pelo menos sete espécies, das quais apenas
algumas eram transmissoras da malária.

Porque devemos nomear as espécies com dois nomes? Desde Aristóteles a nomenclatura binomial já
era praticada. Foi ele quem sistematizou esta maneira de classificar os organismos, em duas
categorias. No entanto foi Linnaeus (1707-1778) quem começou a usar um sistema binomial de forma
mais coerente e organizada. Assim cada espécie animal ou vegetal teria dois nomes: o primeiro, o
gênero, deveria refletir as características mais genéricas ou coletivas; o segundo, a espécie, refletiria
as características mais específicas, aquelas mais peculiares. O código de nomenclatura zoológica que
vigora hoje foi publicado em 1964, e de acordo com o mesmo, existem regras para a formação dos
nomes dos táxons do grupo da família, do grupo do gênero e do grupo da espécie.

Como se nomeiam os táxons do grupo família? Este grupo inclui quatro categorias, a saber: tribo,
subfamília, família e superfamília. O nome da categoria família é formado pela adição da desinência-
idae ao radical do gênero tipo da família, o gênero que é o tipo padrão para determinada família. Por
exemplo, o gênero Felis é o tipo padrão para toda a sua família, o radical deste termo é fel; portanto,
adicionando-se a desinência - idae a este radical, o nome da família fica felidae. O mesmo para Canis;
cujo radical é can, portanto canidae. No caso da categoria subfamília vale o mesmo raciocínio, porém a
desinência é -inae. Para as categorias superfamília e tribo, as desinências são -oidea e –ini,
respectivamente

Como se nomeiam os táxons do grupo gênero e espécie? Como já dissemos geralmente o nome da
espécie é composto por dois termos (binomial). O primeiro designa o gênero, categoria que pode
englobar uma ou mais espécies; é um termo mais amplo, que diz respeito às características mais
genéricas comuns a este táxon. O segundo termo designa a espécie, diz respeito ás características
próprias de cada espécie pertencente àquele mesmo gênero. Por exemplo, Panthera leo (leão),
Panthera tigris (tigre), Panthera onça (onça) são três espécies da família Felidae, pertencentes ao
mesmo gênero, Panthera. Cada uma delas tem as suas particularidades, daí serem classificadas em
três espécies distintas; todas as três, porém, compartilham certas características, daí pertencerem ao
mesmo gênero. De acordo com o código o nome do gênero e da espécie deve ser escritos em latim,
ou, então, numa formas latinizadas, com caracteres itálicos ou grifadas separadamente. Apenas a
primeira letra que forma o nome do gênero deve estar em maiúscula; o nome da espécie deve estar
todo em letras minúsculas.

Segundo o código, quando num artigo, mencionamos o nome de uma espécie pela primeira vez, este
deve ser escrito por completo, por exemplo: Drosophila melanogaster. A partir daí, durante o
desenvolvimento do artigo, o nome pode ser escrito numa forma abreviada, não precisamos escrever o
nome do gênero, apenas a sua inicial, em maiúscula seguida de ponto, e, depois, o termo que
caracteriza a espécie. Assim, no mesmo artigo, se o nome desta espécie fosse mencionado novamente
ficaria: D. melanogaster

Algumas vezes encontramos o nome científico de uma espécie escrito com três termos (nomes de
táxons ditos trinomiais). Quando encontramos, por exemplo, Glenea (Paraglenea) tigrinata, significa
uma espécie do gênero Glenea e do subgênero Paraglenea, termo que se escreve entre parênteses e
com a primeira letra em maiúscula. O subgênero, como o nome diz, é uma categoria abaixo de gênero
e acima de espécie. Seriam grupos de espécies de um mesmo gênero, mas que apresentam certas
características que permitem agrupá-los numa categoria intermediária entre gênero e espécie, o
subgênero. Assim um gênero pode ter vários subgêneros, e cada subgênero, várias espécies.
Se encontrarmos, por exemplo, Homo sapiens neanderthalensis interpretamos como uma subespécie
da espécie Homo sapiens. O termo que caracteriza a subespécie vem em seguida ao termo da
espécie. Neste exemplo é o termo neanderthalensis, também escrito em minúscula. A subespécie é
uma categoria abaixo da espécie, definida por características ainda mais peculiares. Deste modo uma
espécie pode ter várias subespécies. No exemplo dado a espécie H. sapiens apresenta duas
subespécies: H. sapiens neanderthalensis (o homem de Neandertal) e H. sapiens (homem moderno).

Nome dos autores e data da publicação Muitas vezes encontramos um nome próprio, logo após ao
nome da espécie, Tupinambis teguixim Linnaeus. Linnaeus é nome do autor que publicou o nome do
táxon pela primeira vez. Seguido ao nome do autor podemos encontrar uma data, Tupinambis teguixim
Linnaeus, 1758. Isto significa que o nome da espécie, T. teguixim foi publicada pela primeira vez por
Linnaeus num trabalho datado de 1758. De acordo com o código a data deve vir em seguida ao nome
do autor, separada deste por vírgula. Também podemos encontrar a seguinte situação: Trichomys
apereoides (Lund, 1841). Neste caso, tanto o nome do autor como a data aparecem entre parênteses,
separados por vírgula; o que significa que a espécie em questão foi primeiramente descrita num outro
gênero que não o atual. No exemplo citado, T. apereoides foi primeiramente incluída no gênero
Cercomys, pelo próprio Lund em 1841. Posteriormente, outro autor, no caso Peter, cujo nome não
aparece, concluiu que todas as formas referidas ao gênero Cercomys deveriam constar como
Trichomys. Nota-se daí que o nome próprio que vigora é sempre o do primeiro autor, e não o do autor
que reconheceu aquele táxon como outro gênero.

CATEGORIA TÁXON
Reino Metazoa
Filo Chordata
Classe Mammalia
Ordem Primata
Família Canidae
Gênero Canis
Espécie Canis familiaris
Regras de Nomenclatura (Código internacional de nomeclatura zoológica, versão 2000)

O nome dos animais deve ser escrito em latim ou idioma latinizado. Canis familiaris Todo animal deve
ter, pelo menos, dois nomes, o primeiro referente ao gênero e o segundo à espécie. É o sistema
binominal criado por Linnaeu. Musca domestica O nome do gênero deve ser escrito com inicial
maiúscula e o nome da espécie deve ser escrito com inicial minúscula. Geodia papyracea. O nome dos
animais deve ser em destaque (itálico ou negrito)

Em trabalhos científicos, depois do nome da espécie, coloca-se o nome do autor que o descreveu
seguido de vírgula e data; se houve modificação na descrição original de uma espécie, autor e ano
aparecem entre parênteses.

Problema de existência nos animais Todos os animais devem resolver os mesmos problemas de
existência: - procura de alimento e oxigênio, manutenção de equilíbrio hídrico e salino, remoção de
detritos metabólicos e perpetuação da espécie. O “design”de corpo necessário para responder a esses
problemas está correlacionado em grande parte a quatro fatores: 1. O tipo de ambiente – marinho, de
água doce ou terrestre – no qual o animal vive; 2. O tamanho do animal; 3. O modo de existência do
animal; e 4. as restrições do genoma do animal. O número 4 refere-se às limitações impostas pelo
“design” ancestral controlado pela composição genética do animal. Por exemplo, ocorre uma
diversidade incrível no “design” do caramujo, mas o próprio “design” impõe determinadas limitações
nas possibilidades do mesmo; por exemplo, não há caramujos voadores.

PROTOCTISTA - Do grego protos, primeiro; Ktistos, estabelecer O reino protoctista compreende os


microorganismos eucarióticos e seus descendentes imediatos: todas as algas, protozoários e outros
organismos aquáticos ainda obscuros. Seus membros não são animais (que se desenvolvem de uma
blástula), nem plantas (que se desenvolvem de um embrião), nem fungos (que se desenvolvem de
esporos). Todos os protoctistas se desenvolveram por simbiose dentre pelo menos dois tipos diferentes
de bactérias – em alguns casos, dentre muito mais do que dois. À medida que os simbiontes se
integraram, um novo nível de individualidade surgiu.

Ninguém sabe o número de espécies de protoctistas. Embora somente 40.0 foraminíferos extintos
estejam documentados na literatura paleontológica, e mais de 10.0 protoctistas vivos estejam descritos
na literatura biológica, alguns autores estimam que haja mais de 65.0 espécies sobreviventes, e outros,
sugerem mais do que 250.0. Mofos-de-água e parasitas de plantas são descritos na literatura de
fungos, de protozoários parasitas na literatura médica, de algas por botânicos e de protozoários de vida
livre por zoólogos. Práticas contraditórias na descrição e denominação de espécies têm conduzido a
confusões sobre este reino. De acordo com alguns livros, existem hoje 30 filos protoctistas, divididos
entre mofos-de-água (conhecidos como fungos), protozoários e algumas algas. Em zoologia
estudamos os Protozoários, sabendo que não são mais considerados como pertencentes ao reino
animal.

OS PROTOZOÁRIOS (PROTOZOA) Especializações celulares Os protozoários são organismos


eucarióticos unicelulares. Todos os organismos multicelulares, incluindo os animais multicelulares,
evoluíram a partir de vários ancestrais de protozoários. Os protozoários permaneceram no nível de
organização multicelular, mas evoluíram ao longo de numerosas linhas através da especialização de
partes do citoplasma (organelas) ou das estruturas esqueléticas. As células dos protozoários são mais
complexas que as células dos metazoários, pois as adaptações para a sobrevivência só podem ocorrer
no nível de organização celular.

Costuma-se dizer que protozoários incluem organismos amebóides, flagelados, ciliados e produtores
de esporos que são capazes de nutrição heterotrófica, tenham ou não cloroplastos. O nível de
organização unicelular é a única característica pela qual os protozoários podem ser descritos como um
todo; em muitos outros aspectos, eles exibem uma diversidade extrema. Os Protozoa exibem uma
grande variedade de complexidade estrutural e adaptações para todos os tipos de condições
ambientais. Cada espécie vive em determinado habitat úmido – na água do mar ou no fundo do
oceano; na água doce, salobra ou poluída, na terra, no solo ou matéria orgânica em decomposição.

Características Gerais Pequenos, geralmente unicelulares, alguns em colônias de poucos a muitos


indivíduos semelhantes.
Forma da célula geralmente constante, oval, alongada, esférica ou outras. Núcleo distinto, único ou
múltiplo; outras partes estruturais como organelas; sem órgãos ou tecidos.

Locomoção por flagelos, cílios, pseudópodos ou movimentos da própria célula. Algumas espécies com
envoltórios protetores ou teças; muitas espécies produzem cistos ou esporos resistentes para
sobreviver a condições desfavoráveis e para dispersão.

Modos de vida: livres, comensais, mutualísticos ou parasitos. Nutrição variada: (a) holozóica,
subsistindo de outros organismos (bactérias, fermentos, algas, vários protozoários etc); (b) saprofítica,
vivendo de substâncias dissolvidas nos seus arredores; (c) saprozóica, subsistindo de matéria animal
morta; (d) holofítica ou autotrófica, produzindo alimento pela fotossíntese como as plantas. Alguns
combinam dois métodos.

Reprodução assexual por divisão binária, divisão múltipla ou brotamento; alguns com reprodução
sexual pela fusão de gametas ou por conjugação.

Protozoários Amebóides (antiga Classe Sarcodina). Hoje podem ser incluídas no Filo Rhizopoda.

A amoeba comum (Amoeba proteus), de água doce limpa, que contenha vegetação verde, serve para
uma introdução aos Protozoa. A ameba parece ser a forma de vida mais simples do Reino Protoctista,
uma célula independente com núcleo e citoplasma, mas com poucas organelas. A despeito de sua
aparente simplicidade ela pode mover-se, capturar, digerir e assimilar alimento complexo, eliminar
resíduos não digeridos, respirar, produzir secreções e excreções, responder a mudanças (estímulos)
de vários tipos, tanto no ambiente interno como do externo, crescer e reproduzir-se.

Estrutura. A ameba viva é uma massa de protoplasma claro, incolor, gelatinoso, flexível que passa por
várias mudanças de forma. Consiste de (1) uma membrana celular externa ou plasmalena, elástica e
muito fina e abaixo desta (2) uma zona estreita de ectoplasma claro, não granular, circundando (3) a
massa principal do corpo de endoplasma granular. Este consiste de (a) um plasmagel externo, mais
duro e (b) um plasmassol interno, no qual movimentos de correnteza (ciclose) são visíveis. Dentro do
endoplasma há (4) um núcleo disciforme, não facilmente visível no animal vivo; (5) um vacúolo contrátil
esférico, preenchido de líquido, o qual periodicamente se move para a superfície, contrai-se,
descarrega seu conteúdo na água circundante e então se refaz; (6) um ou mais vacúolos digestivos de
vários tamanhos, contendo pequenas porções de alimento em digestão; e (7) vários outros vacúolos,
cristais, glóbulos de óleo e outras inclusões celulares.

As funções destas partes são as seguintes: (1) a membrana celular retém o protoplasma dentro da
célula, mas permite a passagem de água, oxigênio e dióxido de carbono; (2) o ectoplasma contém as
outras estruturas e serve para a locomoção; (4) o núcleo controla os processos vitais do organismo; (5)
o vacúolo contrátil regula o conteúdo de água; (6) os vacúolos digestivos contêm alimento em digestão;
e (7) as outras inclusões celulares são reservas alimentares ou outros materiais essenciais ao
metabolismo. Se a ameba for cortada em duas, a membrana celular logo circunda cada pedaço e
impede a perda de protoplasma. A parte sem núcleo pode ainda se mover e ingerir alimento, mas é
incapaz de digeri-lo ou assimilá-lo e logo morre, enquanto que a parte com o núcleo continuará a
crescer e reproduzir-se. Um núcleo isolado, contudo, não pode sobreviver. Assim o núcleo e o
citoplasma são interdependentes.

DOENÇAS CAUSADAS POR PROTOZOÁRIOS - Doença de Chagas

A doença de Chagas ou tripanossomíase é uma infecção generalizada, de natureza endêmica e


evolução essencialmente crônica, causada por um protozoário flagelado – o Trypanosoma cruzi
(Chagas, 1909), transmitida ao homem e a outros animais habitualmente através de triatomíneos.
Possui ampla distribuição geográfica por todo o continente americano, desde o Sul dos Estados Unidos
até a Argentina. Fora das Américas nenhum caso de infecção humana pelo T. cruzi foi identificado.
Devido a sua grande difusão e pela gravidade das manifestações que pode acarretar, por não ter
tratamento específico definido, e ainda, pela complexidade de sua profilaxia, a doença de Chagas
representa grave e alarmante problema sanitário. Ocupa lugar primordial entre as endemias rurais,
ponderadas sua prevalência e sua patogenicidade, inutilizando muitas vidas em idade produtiva.
Embora eminentemente rural, representa problema também para centros urbanos dada a corrente
migratória de rurícolas em busca de melhores condições de vida; haja vista a prevalência das infecções
pelo T. cruzi em candidatos à doação de sangue, às vezes bastante elevada em várias cidades, com a
conseqüente possibilidade de transmissão da doença por transfusão. O transmissor é um inseto da
ordem Hemiptera, família Reduviidae, subfamília Triatominae. Já foram descritas cerca de 100
espécies de triatomíneos silvestres e domiciliares (América do Sul: Triatoma infestans, Rhodnius
prolixus, Panstrongylus megistus – América Central: Triatoma protacta, Triatoma pallidipennis, Triatoma
phyllosoma – Cosmopolita: Triatoma rubrofasciata) encontrado em todos os países do continente
americano, desde o sul dos Estados Unidos até o sul da Argentina; fora das Américas foram
assinaladas cerca de 10 espécies, porém nenhum triatomíneo naturalmente infectado. Vulgarmente
são chamados de barbeiro (pelo hábito de sugarem o indivíduo no rosto, que é a parte mais
comumente descoberta durante o sono), chupança, chupão, fincão, bicudo e procotó no Brasil;
vinchuca e chinche nos países de língua espanhola; e Kissing bug e cone nosed bug nos Estados
Unidos.

O inseto adquire os tripanossomos ao sugar o sangue de pessoas ou de animais silvestres


contaminados, entre os quais se destaca o tatu, em cujas tocas o mosquito costuma se abrigar. Ao
picar uma pessoa, geralmente no rosto (por isso o nome de barbeiro), o inseto defeca; se estiver
contaminado, ele elimina tripanossomos junto com suas fezes. Ao coçar o local da picada, a própria
pessoa se contamina com os protozoários, que penetram através do ferimento da picada, e pela
corrente sanguínea atingem diversos órgãos e tecidos. O ciclo do T. cruzi nos triatomíneos é
constituído de três fases, as quais sofrem modificações ao longo do tubo digestivo: estomacal (fase de
regressão), intestinal ou duodenal (fase de multiplicação) e intestinal posterior ou retal (fase de
evolução). No período inicial da infecção o parasita já foi encontrado em quase todos os órgãos e
tecido; entretanto a musculatura (cardíaca, lisa e estriada) é que constitui o tecido preferencial. A
presença dos parasitas causa lesões que prejudicam o funcionamento do coração, o que leva à morte
do doente geralmente antes dos 50 anos de idade.

A profilaxia baseia-se principalmente no combate direto ao inseto transmissor, substituição ou melhora


das habitações, educação sanitária, rejeição do sangue de doadores com sorologia positiva.
Tripanossomíase Africana ou Doença do sono Os tripanossomas agentes da doença humana são do
grupo Salivaria, gênero Trypanosoma, subgênero Trypanosoon, atualmente designados Trypanosoma
gambiense e T. rhodesiense (mais virulento para o homem), morfologicamente indistinguíveis um do
outro e do Trypanosoma brucei, um dos agentes das tripanossomíases animais, sendo sugestivo que
todos derivam de uma estirpe ancestral comum. Estes são polimórficos, exibindo 3 tipos morfológicos:
curtos e grossos, longos e delgados, e intermédiários. A doença está confinada ao continente africano,
sendo transmitida ao homem pela mosca Glossina palpalis, popularmente conhecida como tse-tsé.

A pessoa contaminada por T. gambiensis apresenta febre, fraqueza e anemia, casadas por substâncias
tóxicas liberadas pelos protozoários parasitas. No último estágio da doença os tripanossomos atingem
o líquido raquidiano, que banha o sistema nervoso, e a pessoa contaminada começa a se tornar
sonolenta, até que perde a consciência e morre.

Nos últimos 50 anos a terapêutica da tripanossomíase humana africana, embora não consiga resolver
integralmente todos os casos, teve um progresso substancial que permite obter uma maior capacidade
funcional dos doentes a uma sensível redução da mortalidade.

Leishmaniose Visceral (Calazar) É uma protozoose (Leishmania donovani) largamente espalhada pelas
regiões tropicais e subtropicais do globo terrestre. Caracteriza-se clinicamente por febre irregular de
longa duração, emagrecimento, queda dos pêlos, anemia. Epidemiologicamente caracteriza-se por ser
uma zoonose de canídeos e roedores, transmitindo-se ao homem por intermédio de flebótomos.
Geralmente tem cura, se tratada. Se não, evolui para o óbito dentro de 1 a 2 anos. Na índia é
conhecida como kala-azar (febre negra) ou febre Dum-Dum. No mediterrâneo intitula-se leishmaniose
visceral ou leishmaniose infantil. No Brasil chamam-se leishmaniose visceral ou calazar. É conhecida
ainda como esplenomegalia tropical.

O agente etiológico é um protozoário da família Trypanosomatidae, a Leishmania donavani (Laveran e


Mesnil, 1903). É uma das diversas espécies do gênero Leishmania. As demais espécies (L.
brasiliensis, L mexicana, L. tropica) são agentes etiológicos da leishmaniose tegumentar americana e
do botão-do-oriente.

Leishmaniose Tegumentar Americana (Leishmaniose Cutâneo-Mucosa) A leishmaniose tegumentar


americana ou cutâneo-mucosa, ou úlcera de Bauru é uma moléstia infecciosa crônica, não-contagiosa,
caracterizada pelo comprometimento cutâneo constante, mucoso em grande proporção dos casos, e
ganglionar mais raramente. É causada pela Leishmania brasiliensis (Gaspar Vianna, 1911) e por
algumas outras espécies e subespécies, e transmitida por insetos da família Phlebotominae, o
mosquito birigui ou mosquito-palha. No estado de São Paulo tem sido detectado casos isolados,
autóctones, em regiões onde há muitos anos a doença não era assinalada.

O mosquito se contamina ao sugar o sangue de pessoas doentes. Ao picar uma pessoa sadia, o
mosquito injeta sua secreção salivar anticoagulante e, com ela, as leishmânias. Pelo sangue, os
protozoários atingem a pele e as mucosas, causando feridas e lesões graves.

Malária A malária ou impaludismo é uma doença infecciosa, não contagiosa, de evolução crônica, com
manifestações episódicas de caráter agudo e períodos de latência que podem simular a cura. É a mais
antiga, a mais distribuída, e a mais conhecida das doenças produzidas por parasitas animais. Seus
agentes etiológicos são protozoários do gênero Plasmodium, que pertencem a quatro espécies:
Plasmodium vivax, P. falciparum, P. malariaea e P. ovale. As infecções do homem e dos mamíferos
são transmitidas por mosquitos do gênero Anopheles e as das aves, por culicíneos.

Toxoplasmose Infecção, algumas vezes doença, causada pelo Toxoplasma gondii (Nicolle e
Manceaux, 1908). O gato é o hospedeiro definitivo, enquanto o homem, outros mamíferos e as aves
são hospedeiros incompletos ou intermediários. O Toxoplasma gondii é o único membro conhecido do
gênero. Existem 3 estágios principais de desenvolvimento: 1. Taquizoítos (organismos de rápida
multiplicação da infecção aguda, também chamados formas proliferativas e trofozoítos); 2. Bradizoítos
(organismos de multiplicação lenta ou de repouso nos cistos do toxoplasma e se desenvolvem durante
a infecção crônica no cérebro, retina, músculo esquelético e cardíaco e em qualquer outra parte; 3.
Esporozoítos (desenvolvem-se nos esporocistos, dentro de oocistos que são eliminados pelas fezes
dos gatos). A infecção toxoplásmica ocorre em todo o mundo, segundo os resultados dos inquéritos
sorológicos. A maior parte das infecções é assintomática, sendo a doença uma exceção no homem. A
doença resulta de um grande número de células destruídas seja pelo microrganismo, seja pela
hipersensibilidade, seja por ambos. As recomendações preventivas podem ser esquematizadas da
seguinte maneira:

1. Alimentar o gato somente com carne seca, cozida ou enlatada. 2. Evitar que o gato se alimente fora
de casa. 3. Trocar os panos que servem de cama ao animais; desinfete-os com água fervente. 4.
Durante a gravidez, usar luvas plásticas ou pedir a outra pessoa que cuide do gato. 5. Cobrir os
tanques de areia das crianças quando não estiverem em uso. 6. Manter controle sobre os gatos de rua.
7. Manter controle sobre as moscas e baratas. 8. Não comer carne crua; cozinhar bem toda carne a
pelo menos 66ºC. 9. Lavar as mãos antes das refeições e antes de com elas tocar o rosto.

Amebíase A amebíase ou disenteria amebiana é causado pelo protozoário amebóide Entamoeba


histolytica pertence a família Entamoebidae, cujos representantes se compõem quase só de parasitas.
Embora o intestino do homem possa ser parasitado por diferentes espécies de amebas, a palavra
amebíase é reservada apenas para designar o parasitismo por uma dessas espécies, a Entamoeba
histolytica, única, de acordo com o consenso geral dos pesquisadores, capaz de desenvolver atividade
patogênica. As demais amebas podem ser encontradas no intestino, a Entamoeba hartmanni, a
Entamoeba coli, a Endolimax nana, a Entadamoeba bütschlii e a Dientamoeba fragilis, são destituídas
de atividade patogênica. Seu conhecimento, porém, é muito importante, pela possibilidade de serem
confundidas com a E. histolytica em exames de fezes.

A maneira mais comum de as pessoas adquirirem amebíase é através da ingestão de água ou


alimentos contaminados por cistos de E. histolytica. A entamoeba invade glândulas da parede
intestinal, onde se alimentam de sangue e de células dos tecidos. Os locais invadidos formam
abscessos que, que ao se romper, liberam sangue, muco e milhares de entamebas, muitas já
encistadas. Os cistos são eliminados com as fezes e, se contaminarem água e alimentos (como
verduras, por exemplo), poderão ser transmitidos a outras pessoas. A E. histolytica apresenta duas
fases no seu ciclo evolutivo: 1. Fase trofozoítica ou vegetativa (vive no intestino grosso ou nas últimas
porções do íleo, movimentando-se, fagocitando e digerindo seu alimento e multiplicando-se por divisão
binária); 2. Fase cística (ela se imobiliza, deixa de fagocitar, rodeia-se de uma membrana resistente –
membrana cística – e vive à custas de substâncias de reserva acumulada durante a fase anterior,
sobretudo substâncias protéicas e hidrocarbonadas). As lesões produzidas pela E. histolytica
localizam-se na mucosa e submucosa do intestino grosso.

Os sintomas agudos da amebíase são dores abdominais, acompanhadas por fortes diarréias.

Os abscessos intestinais têm cicatrização lenta, e mesmo depois de os sintomas melhorarem, a pessoa
pode continuar a ser portadora, eliminando cistos que podem propagar a doença. São numerosos os
medicamentos atualmente disponíveis para o tratamento da amebíase. A profilaxia da amebíase
comporta medidas gerais e individuais. As gerais objetivam o saneamento do meio e incluem
providências como a adequada remoção de dejetos humanos e fornecimento de água não
contaminada à população; uso de instalações sanitárias para remoção das fezes; proibição de fezes
humanas como adubo; educação sanitária da população; inquéritos epidemiológicos para descoberta
das fontes de infecção; tratamento dos indivíduos parasitados, doentes ou portadores sãos, mormente
se forem manipuladores de alimentos. As medidas individuais são representadas pela filtração ou
fervura da água usada na alimentação; lavagem dos vegetais com água não contaminada ou água
fervida; não ingestão de vegetais crus, procedentes de focos de infecção; proteção dos alimentos
contra moscas e baratas; lavagem cuidadosa das mãos após a defecação e antes das refeições.

Giardíase A Giardia lamblia foi observada pela primeira vez por Leeuwenhoek, em 1681, em suas
próprias fezes. Durante muitos anos esse protozoário teve denominações diversas, até que, em 1915,
Stiles criou a designação Giardia lamblia em homenagem ao Prof. A. Giard, de Paris e Dr. Lambl, de
Praga. Atualmente, muitos parasitologistas, principalmente os europeus, preferem a denominação
Giardia intestinalis. Giardíase ou lamblíase é a infecção causada por Giardia lamblia, cujos sintomas se
caracterizam por perturbações intestinais com a eliminação de fezes pastosas ou diarréicas e dores
abdominais discretas.

A disseminação da giardíase deve estar condicionada aos seguintes fatores epidemiológicos: 1. Água
de bebida ou de uso doméstico. 2. Alimentos vegetais comidos crus, tais como saladas, verduras e
frutas, ou alimentos servidos frios, como leite, refrescos, cremes, etc. 3. Contato direto por
manipuladores de alimentos. 4. Contato direto de pessoa a pessoa ou como conseqüência de fezes
expostas. 5. Contato indireto, através de artrópodes domésticos (moscas, baratas). A baixa prevalência
de sintomas atribuídos a este protozoário tem sido a causa pela qual muitos autores duvidam da sua
patogenicidade. No entanto, a ação patogência da Giardia lamblia tem sido confirmada por outros
pesquisadores, que obtiveram o desaparecimento de sintomas grastrointestinais após tratamento
específico. Para que os sintomas observados possam ser realmente atribuídos a parasitose é preciso
não só encontrar o parasito, mas também que o tratamento adequado faça desaparecer a
sintomatologia ao mesmo tampo que erradique a parasitose. Assim, podemos resumir os seguintes
itens relacionados com o quadro clínico de giardíase: 1. As condições são pouco comprometidas. 2.
apetite é conservado. 3. sintoma mais freqüente é uma diarréia crônica, persistindo por meses e
refratária ao tratamento sintomático usual. 4. As fezes são amolecidas e, de regra, expelidas sem dor
ou cólica; geralmente são fezes sem sangue ou muco. Outras vezes existe constipação crônica. São
também descritas distensão e dores abdominais.
A profilaxia da giardíase é de difícil execução, uma vez que depende não só do tratamento da matéria
fecal e do lixo, mas também do combate aos insetos responsabilizados pela transmissão. Outro
cuidado necessário, a fim de ser impedida a disseminação da parasitose, diz respeito à proteção da
água potável e dos alimentos, evitando a contaminação dos mesmos com os cistos dos protozoários.
Medida profilática importante é também a observação dos postulados da educação sanitária e da
higiene pessoal.

Balantidíase Denomina-se balantidíase a infecção do homem e de animais pelo Balantidium coli


(cosmopolita). A infecção humana quase sempre está ligada à atividade do indivíduo, no contato com
porcos, criadores, trabalhadores em matadouros, açougueiros, etc., que tem maior possibilidade de
ingerir os cistos do protozoário, em bebidas ou alimentos contaminados. O homem é muito resistente à
infecção e o número de casos descritos na literatura alcança umas poucas centenas, se bem que o
número de portadores assintomáticos pode atingir alguns milhares. No homem o Balantidium coli pode
viver no intestino grosso sem causar dano algum, mas algumas vezes, o ciliado penetra pela mucosa,
coloniza-se na submucosa que se mostra espessada. Ao exame microscópico dos tecidos é muito fácil
identificar-se o parasita, não só pelo tamanho, mas também pela cor escura do macronúcleo, em forma
de rim.

A sintomatologia é pouco significativa. Comumente, porém, existe diarréia, com 5 ou 6 evacuações


diárias, dores abdominais, cefaléia,; este quadro clínico superpõe-se àquela da amebíase, devendo o
clínico incluir sempre a balantidíase no diagnóstico diferencial com a amebíase.

Na profilaxia recomendam-se os mesmos processos em amebíases, pois são os mesmos mecanismos


de transmissão, lembrando porém que os suínos, como hospedeiro natural, são as principais fontes de
infecção da coletividade.

Os platyhelminthes são representados atualmente por mais de 45.0 espécies de animais terrestres, de
água doce ou marinha, de vida livre ou simbionte. O aspecto do corpo achatado dorsoventralmente deu
o nome comum de vermes achatados a este grupo. O grupo foi, até recentemente, subdividido em três
classes: Turbellaria, Trematoda e Cestoda. Entretanto, reconstruções filogenéticas sugerem que essa
classificação é inadequada. Desta forma, o grupo é hoje dividido em “Turbelária” (colocado entre aspas
por se acreditar que esse agrupamento é artificial) e Neodermata. Os Neodermata são divididos em
três classes: Trematoda, Monogenoidea e Cestoda.

Os Turbelários são de vida livre, incluindo as conhecidas planárias de água doce. Os Trematoda são
caracterizados como organismos endoparasitos, na forma adulta encontrados principalmente no trato
digestivo de hospedeiros vertebrados. O ciclo vital dos trematódeos é, em geral, complexo, envolvendo
mais de um hospedeiro. Desse grupo, fazem parte espécies de importância médico-veterinário em todo
mundo, incluindo espécies de Schistosoma, Fasciola e Opisthorchis, dentre outros gêneros. Os
Monogenoidea são principalmente parasitos da superfície corporal e brânquias de peixes de água doce
e marinhos, caracterizados por apresentar uma estrutura de fixação denominada haptor, localizada na
porção posterior do corpo. Os Cestoda são Neodermata que carecem de trato digestivo, apresentando
o corpo geralmente estrobilizado (segmentado). Todos os Cestóides são endoparasitos, sendo a
enorme maioria de suas espécies parasita do trato digestivo de vertebrados. As tênias são
pertencentes à classe Cestoda.
Os Platyhelmintes são animais triploblásticos acelomados. Durante o desenvolvimento embrionário, a
blastocele é preenchida por um tecido frouxo de origem mesodérmica, denominado mesênquima ou
parênquima. De uma forma geral, os Platyhelmintes são animais que tendem a apresentar uma
simetria bilateral acentuada, cefalização e clara distinção entre superfície ventral e dorsal. O
revestimento corporal é uma epiderme celular, ciliada ou não. A locomoção das espécies do grupo
ocorre por meio de batimento ciliar ou contração muscular do corpo.

Platyhelmintes carecem de sistemas diferenciados para respiração e circulação. A osmoregulação é


realizada por meio de um sistema proto nefridial composto por um conjunto de canais e células flama.
A célula flama tem a forma de um tubo, cujo interior há uma cavidade. Dentro da cavidade há um grupo
de flagelos, cujo movimento lembra a chama de uma vela (daí o nome célula flama). As excreções são
recolhidas pelas células flama e, movidas pelo batimento dos flagelos que existem em seu interior,
chegam aos tubos longitudinais de onde são lançadas para o meio exterior. O sistema digestivo,
quando presente, é composto por um intestino cego, sem ânus, uma faringe muscular e uma boca, que
pode ou não ser provida de ventosa. A digestão é extra e intracelular. A sucção faringeana quebra o
alimento em pequenos pedaços. Estes, uma vez no intestino, são fagocitados pelas células da parede
intestinal, em cujo interior ocorre a digestão intracelular. Os produtos da digestão são distribuídos as
demais células através do parênquima ou mesênquima. O material não digerido é expulso pela própria
boca.

O sistema nervoso é do tipo centralizado. Na região cefálica existem dois gânglios cerebróides
interligados, dos quais partem dois cordões longitudinais. Estes possuem conexões transversais e
ramos periféricos. Como estruturas sensoriais existem as manchas ocelares que são sensíveis a luz,
mas são incapazes de formar imagens. As células tácteis possuem prolongamentos que se estendem a
superfície do corpo. Os quimiorreceptores localizam-se nas regiões laterais da cabeça e dotam o
animal de sensibilidade olfativa e gustativa, particularmente úteis na procura de alimento. Essas
características são especialmente desenvolvidas nos turbelários de vida livre.

As espécies de Platyhelminthes são, na sua maioria, hermafroditas, apresentando cópula cruzada. O


sistema reprodutor masculino e feminino é bastante variável. Nos platielmintos chamados de Arcóforos
(alguns “Turbellaria”), a gônada feminina é representada por um ovário que produz ovócitos contendo
vitelo em seu citoplasma. Ao longo do processo de evolução do grupo esse ovário sofreu modificações
estruturais e funcionais, dividindo-se em duas estruturas denominadas germânio e vitelário nos
platielmintos chamados Neóforos (o restante dos “Turbellaria” e os Neodermata) (então os platielmintos
podem ser dividios em Arcóforos e Neóforos de acordo com suas estruturas reprodutivas). O germário
é a porção do antigo ovário que continua a produzir ovócitos fertilizáveis, mas seu citoplasma carece de
grânulos de vitelo. A vitelária por sua vez, representa a porção remanescente do antigo ovário, que não
mais produz ovócitos fertilizáveis, mas células vitelínicas que representam óvulos abortivos contendo
vitelo em seu citoplasma. Como conseqüência dessas modificações o sistema reprodutor feminino dos
platielmintes neóforos apresenta um sistema complexo de ductos, cuja função é unir o zigoto e as
células vitelínicas que contém o alimento para o seu desenvolvimento, envolvendo-os em uma casca
rígida.

Enquanto os grupos parasitos dos Platyhelminthes apresentam fases larvais bem definidas, muitos
turbelários apresentam desenvolvimento direto. As larvas de Platyhelminthes têm denominações
distintas, mas todas têm células ciliadas na sua superfície para locomoção. As larvas recebem a
denominação “larva de Muller” e larva de Goethe “em Turbelários; miracídio nos Trematoda Digenea;
oncomiracídio nos Monogenoidea; e hexacanto, decacanto e coracídio, dentre outras, nos Cestoda.
ciliar da epiderme.

“TURBELLARIA” Os turbelários são tradicionalmente conhecidos como os Platyhelminthes de vida


livre, mas muitos são simbiontes de diversos outros grupos de animais, como equinodermos,
crustáceos e peixes. As espécies de vida livre são principalmente carnívoras e locomovem-se pelo
batimento

Planárias apresentam o corpo com grande achatamento dorso ventral, simetria bilateral acentuada e
cefalização conspícua. A cabeça é facilmente identificável pela presença dos olhos e das aurículas. Os
olhos, em número de dois, são do tipo cálice pigmentar. As aurículas são projeções laterais na cabeça
com função quimiorrecepetora e fornecem ao animal uma morfologia semelhante a uma flecha. O
intestino é composto por três ramos principais, um anterior e dois posteriores. Os cecos intestinais,
como são denominados esses ramos, são providos de divertículos, que facilitam o transporte de
alimento a todas as células do corpo. O mesênquima envolve todos os órgãos internos desse animal
considerados como um tecido frouxo com grandes espaços intercelulares. A epiderme possui rabditos,
estruturas cilíndricas associadas com a produção do muco para proteção do animal contra a
dessecação e predadores. Em algumas espécies, os rabditos aparecem associados à liberação de
substâncias tóxicas pelo turbelário.

A planária apresenta ao mesmo tempo genital masculino e feminino sendo, portanto, monóica ou
hermafrodita. Na parte posterior da superfície ventral do corpo há um átrio genital comum onde
desembocam os genitais masculinos e femininos. O átrio comunica-se com o meio externo através do
poro genital.

O genital feminino é constituído por dois ovários, situados na parte anterior do corpo, que se prolongam
por dois canais, os ovidutos, os quais se abrem no átrio. Os ovários produzem os óvulos, que, ao
descerem pelos ovidutos, recebem material nutritivo produzido por glândulas vitelínicas (neóforos).

O genital masculino é constituído por centenas de testículos localizados nas partes laterais do corpo.
Estes se ligam a dutos deferentes de grande tamanho, que se estendem ao longo de cada lado do
corpo do animal. Os dutos deferentes se unem para formar um pênis muscular situado no átrio genital.
A fecundação é interna e cruzada. Duas planárias justapõem seus poros genitais, realizando copulação
mútua, ou seja, o pênis de uma entra no poro genital da outra e vice-versa. Após a troca de
espermatozóides os animais se separam.

A planária também pode reproduzir-se assexuadamente. Por um processo denominado fissão


transversal ou fragmentação espontânea o animal divide-se transversalmente, na região anterior a
faringe, formando duas metades desiguais. Estas se desenvolvem em novas planárias. A planária
possui ainda grande poder de regeneração. Um animal cortado em três pedaços origina três animais
completos.
TREMATODA Os trematódeos são todos parasitas. Seu corpo é revestido por uma cutícula, estando
ausentes a epiderme e os cílios. A boca é anterior e o intestino bifurca-se em dois ramos. Apresentam
ventosas para fixação, localizadas ao redor da boca e da superfície ventral do corpo. Praticamente
todos os trematódeos apresentam alguma fase do seu ciclo vital envolvendo hospedeiros moluscos.
São hermafroditas. São exemplos a Fasciola hepática, parasita das vias biliares do carneiro e o
Schistosoma mansoni, que causa a esquistossomose ou barriga d’água.

Esquistossomose O Schistosoma mansoni é um verme que possui sexos separados, ou dióicos. O


macho mede cerca de 12 m de comprimento por 0,4 m de largura. No meio do corpo ele possui um
canal denominado genecóforo onde se aloja a fêmea no momento da reprodução. A fêmea é um pouco
mais comprida que o macho, mas tem o corpo mais fino.

Para compreender como a esquistossomose é adquirida é necessário conhecer o ciclo do S. mansoni.


As larvas do verme, chamadas de cercarias, penetram no organismo humano através da pele. Essas
larvas são encontradas principalmente em águas paradas, de forma que o principal meio de
contaminação são os banhos em lagoas infestadas. Após atravessarem a pele, as cercarias caem na
circulação sangüínea e são levadas até a veia porta, onde se instalam e se desenvolvem, dando
origem aos vermes adultos. Na época da reprodução, as fêmeas grávidas se dirigem até as veias
próximas do ânus. Nesse local depositam os ovos, que chegam ao interior do intestino e são
eliminados em meio às fezes. Se chegarem as águas de lagoas e rios, os ovos defecados se abrirão e
darão origem a larvas denominadas miracídios. Os miracídios nadam até encontrar caramujos do
gênero Biomphalaria. Quando isso acontece, penetram em seu corpo e aí se reproduzem
assexuadamente, dando origem a larvas chamadas esporocistos. Os esporocistos são sacos muito
ramificados, preenchidos por estágios iniciais de desenvolvimento do próximo estágio larval, que
geralmente é uma rédia. A rédia se diferecia do esporocisto por ser móvel e apresentar boca e um
intestino rudimentar. A rédia produz no interior de seu corpo, inúmeros indivíduos do próximo estágio
larval, a cercaria. As cercarias são eliminadas pelo caramujo e ficam na água, onde infectam quem nela
penetrar. Esse processo de reprodução assexuada é denominado poliembrionia seqüenciada. Essa
forma de reprodução permite que, de um único ovo miracídio, seja potencialmente produzido um
grande número de adultos. Essa é considerada uma estratégia desse grupo de animais parasitos que
parece compensar a baixa taxa de sucesso na transmissão das fases larvais de um hospedeiro para
outro.

MONOGENOIDEA Monogenoidea são Platyhelminthes Neodermata exclusivamente parasitos de


animais intimamente associados com o ambiente aquático. Eles são, na maioria, parasitos de peixes
sendo encontrada com freqüência sobre os filamentos branquiais, superfície corporal, cavidades
associados ao trato digestivo e narinas. O ciclo vital das espécies é monogênico, isto é, realizado entre
os hospedeiros definitivos, sem intervenção de outros tipos ou espécies de hospedeiros. Devido a essa
característica de seu ciclo os monogenóideos são considerados como pragas na aqüicultura. O número
de animais aumenta rapidamente em situação de cativeiro, quando os seus hospedeiros definitivos são
cultivados em altas densidades.

Os monogenoidea apresentam uma enorme diversidade morfológica, mas a grande maioria de suas
espécies pode ser identificada pela presença de uma estrutura de fixação em forma de ganchos,
âncoras, grampos ou ventosas, denominadas haptor.
CESTODA A grande maioria das espécies de cestóides é parasita intestinal de animais vertebrados.

Todas carecem de trato digestivo e sua nutrição, portanto, é possível apenas pela absorção, através da
superfície corporal, de moléculas nutritivas disponíveis no trato digestivo do hospedeiro. A neoderme
dos cestóides é provida de microvilosidades, denominadas microtríquios, que aumentam a superfície
de absorção e parecem envolvidas também na inibição das enzimas proteolíticas do hospedeiro.

A cabeça dos cestóides possui uma escólice, que é responsável pela fixação no hospedeiro.

A morfologia do escólice é bastante variável, podendo apresentar inúmeras estruturas de fixação, tais
como ganchos, espinhos, ventosos. O corpo é dividido em segmentos denominados proglotes. Em
cada proglote há aparelhos reprodutivos hermafroditos completos, músculos, célula flama e nervos. Os
vermes desse grupo mais conhecidos são a Taenia solium e a T. saginata.
Características gerais

1. Sistema digestivo completo (com boca, faringe, intestino e ânus) 2. Ausência de órgãos circulatórios
e respiratórios 3. Pseudocele 4. Sistema excretor com protonefrídeos 5. Normalmente dióicos 6.
Ocorrência de Eutelia 7. Animais microscópicos a vários centímetros 8. Ocupam todos os tipos de
ambientes 9. De vida livre e parasita

Filos representantes

• Rotifera • Gastrotricha

• Kinorhyncha

• NEMATODA • Nematomorpha

• Loricifera

• Priapulida

• Acanthocephala

• Entoprocta
Filo Nematoda (nematóides)

Cerca de 12.0 sp descritas. Podem ser encontrados no mar ou água doce, das regiões polares aos
trópicos, de picos de montanha ao fundo mar. Podem ser de vida livre ou parasita. Praticamente todas
as espécies de vertebrados podem ser parasitadas por nematóides. Podem causar sérios problemas
de saúde nos humanos e animais domésticos, além de perdas econômicas em plantações ou criações.
Os nematóides são vermes de corpo cilíndrico, trata-se de animais triblásticos, de simetria bilateral,
pseudocelomados e não segmentados. Tem o corpo revestido por uma cutícula espessa e contínua e
apresentam sistema digestivo completo; sua digestão é exclusivamente extracelular. A existência de
uma cavidade do corpo, o pseudoceloma, representa uma vantagem dos pseudocelomados em relação
aos platelmintos. Essa cavidade aumenta o espaço interno, permitindo maior desenvolvimento dos
órgãos.

Forma do corpo

• Corpo cilíndrico • Cutícula flexível não-viva

• Ausência de cílios ou flagelos

• Maioria menor que 5 cm

Parede corporal

• Superfície externa do corpo espessa com presença de cutícula, secretada por uma hipoderme
sincicial

• Músculos da parede do corpo disposto longitudinalmente (sem músculos circulares)

• Pseudocele preenchida por fluído, que funciona como esqueleto hidrostático

Sistema nervoso

• Presença de um anel de tecido nervoso e gânglios ao redor da faringe • Dos gânglios partem dois
cordões nervosos (dorsal e ventral)

• Presença de papílas sensitivas ao redor da cabeça

• Presença de anfídeos e fasmídeos

Sistema digestivo e excretor

Sistema digestivo composto por boca, faringe muscular, intestino não muscular, reto curto e ânus.
Intestino da espessura de uma camada celular. Sistema excretor composto por células glandulares que
se abrem num poro excretor.

Sistema reprodutivo

1. Maioria é dióica. 2. Machos normalmente menores que as fêmeas 3. Presença um par de espículas
copulatórias no machos 4. Fertilização interna 5. Dos ovos eclodem vermes juvenis, que podem ser de
vida livre ou parasitas

Apesar de grande diversidade de espécies de nematóides, pode-se dizer que todos são
estruturalmente semelhantes. Por isso, as características observadas no estudo do Ascaris
lumbricoides darão uma boa idéia de todo o grupo.

O Ascaris lumbricoides, popularmente conhecido como lombriga, é um verme parasita. Habita o


intestino de porcos e homens, onde se nutre de alimentos já digeridos. Dá-se o nome de ascaridíase a
doença causada pela Ascaris lumbricoides. As fêmeas da Ascaris eliminam grande quantidade de
ovos, que chegam ao meio exterior com as fezes do hospedeiro, contaminando a água e os alimentos.
A ascaridiáse é adquirida pela ingestão desses ovos. Esses ovos chegam até os pulmões, as larvas
rompem os alvéolos e chegam à faringe, onde são deglutidas. Ao chegar ao intestino delgado,
transforma-se em vermes adultos.

Raramente as larvas migratórias causam problemas no fígado e nos pulmões. No intestino delgado, os
vermes adultos expoliam o organismo, nutrindo-se de alimentos já digeridos. O doente apresenta
sintomas variados, como fome, dores vagas no abdômen, digestão difícil, diarréia ou prisão de ventre,
náuseas e, as vezes, vômitos. Um número excessivo de vermes apresenta o perigo de obstrução
intestinal.

O filo Annelida (do latim annellus, anel) reúne cerca de 15.0 espécies de animais de corpo delgado e
cilíndrico, formado por anéis dispostos em seqüência. Os anelídeos mais conhecidos são as minhocas
(oligoquetos) e as sanguessugas (hirudíneos). Os anelídeos são animais vermiformes, caracterizados
por apresentarem uma nítida segmentação ou metamerização externa e interna, incluindo músculos,
nervos, órgãos circulatórios, excretores e reprodutores.

A metamerização é tipicamente homônima, apenas os dois primeiros e últimos segmentos aparecem


com estruturas diferenciadas, os restantes são todos iguais. Ocorrem na água doce, salgada e solo
úmido; podendo ser de vida livre, habitando galerias ou tubos. Também podem ser ectoparasitas de
vertebrados. Como estrutura de locomoção apresenta cerdas (eixos quitinosos denominados
parapódios). A epiderme é constituída por epitélio simples, cilíndrico contendo células glandulares e
sensoriais. Recobrindo-a encontramos uma cutícula permeável e não quitinosa. Logo abaixo da
epiderme aparecem duas camadas de células musculares: uma externa circular e outra interna
longitudinal. Os anelídeos são os primeiros animais a apresentarem celoma.

O sistema digestivo é completo e apresenta forma tubular. Os poliquetos são carnívoros e possuem
mandíbulas para a captura de alimentos, que muitas vezes são outros poliquetos. As minhocas nutrem-
se de vegetais em decomposição no solo. Apresentam tiflossolis (prega intestinal) que tem como
função, aumentar a área de absorção do intestino. As sanguessugas possuem ventosas por onde
sugam o sangue de vertebrados, sendo ainda necrófagas e predadoras de minhocas.

O sistema circulatório consiste de uma série de tubos ou vasos sangüíneos (sistema circulatório
fechado). O sangue é bombeado através de vasos sangüíneos para outros órgãos do corpo por cinco
pares de arcos aórticos ou corações. O sangue é constituído por placas que contém amebócitos livres
e hemoglobina dissolvida.

A respiração pode ser por meio de brânquias em alguns habitantes de tubos, ou pela epiderme onde o
oxigênio penetra e é transportado pelo sangue para outras partes do corpo. de maneira semelhante o
dióxido de carbono e é eliminado através da cutícula. O sistema excretor é constituído por unidades
denominadas nefrídeos, que removem excreta do celoma e corrente sangüínea diretamente para o
exterior. Cada segmento ou metâmero possui um par de nefrídeos.

O sistema nervoso é do tipo ganglionar e em cada metâmero aparece um par de gânglios ligados entre
si por uma comissura, e, com os metâmeros adjacentes, através de conectivos. Os dois gânglios do
primeiro metâmero são mais desenvolvidos e constituem o cérebro; os demais gânglios aparecem
dispostos centralmente, formando a cadeia nervosa central. Como elementos sensoriais aparecem
células e órgãos sensitivos para o tato paladar e percepção de luz.

Apresentam seres dióicos com os sexos separados e desenvolvimento indireto na classse polychaeta,
ou seres hermafroditos nas classes oligochaeta e hirudina.

Classificação dos Anelídeos

• Classe OLIGOCHAETA • Classe POLYCHAETA

• Classe HIRUDINEA

A principal característica para esta classificação é a presença e quantidade de cerdas, projeções


corporais curtas e rígidas, constituídas por quitina.

Características gerais dos Anelídeos

• Celoma verdadeiro • Simetria bilateral

• Aparecimento do metamerismo (segmentação)

• Especialização da região cefálica

• Sistema nervoso com gânglio cerebróide


• Sistema digestivo completo

• Trocas gasosas pela pele, brânquias ou parapódios

• Sistema circulatório fechado

• Monóicos ou dióicos

• Alta capacidade de regeneração

• Cosmopolitas (cerca de dois terços marinhos)

Organização geral

• Normalmente um prostômio, corpo segmentado e pigídio • Parede do corpo com músculos


longitudinais e circulares

• Presença de um peritônio formando mesentérios (dorsal e ventral)

• Peritônios de segmentos adjacentes formam os septos

• Celoma preenchido por líquido (exceto sanguessugas) e funciona como esqueleto hidrostático

Metameria

• Corpo formato por metâmeros ( também chamado segmento ou somito), do grego, meta, que
expressa a idéia de participação e sucessão, e meros, parte.

• Metâmeros são compartimentos contíguos, revestidos internamente por mesoderme, e separados uns
dos outros por paredes (septos) mesodérmicas.

• Ou seja, o corpo é dividido em segmentos, arranjado em série linear, com repetição de alguns
sistemas em cada metâmero

• Cada metâmero tem sua própria musculatura, capaz de se contrair independentemente, além de
possuir seu próprio par de gânglios nervosos e um par de estruturas excretoras.

• A metameria também confere grande flexibilidade corporal e variedade de movimentos, uma vez que
a musculatura de cada segmento pode atuar independentemente

Celoma
• A cavidade interna de cada metâmero é totalmente revestida por um tecido de origem mesodérmica.
Ou seja, cada metâmero apresenta seu próprio CELOMA.

• O aparecimento do celoma permite que os órgãos internos se desenvolvam e se acomodem na


cavidade celômica, com melhor aproveitamento do espaço interno do corpo.

• Atua como esqueleto hidrostático. Quando a musculatura da parede do corpo se contrai, exerce
pressão sobre o fluido celômico que, por ser incompressível, serve de apoio para ação muscular.

Classe Polychaeta

São vermes marinhos distintamente segmentados, apresentando na porção anterior do corpo uma
cabeça nítida com apêndice sensitiva (tentáculos), e ao longo dos metâmeros numerosa cerdas
implantadas em um par de parapódios laterais.

Os sexos são separados, com fecundação externa fundindo-se óvulos e espermatozóides na água do
mar. A evolução é indireta com um estágio larval trocóforo de natação livre.

Características gerais:

• Os poliquetos têm uma cabeça diferenciada, onde há vários apêndices (palpos, tentáculos e cerdas)
sensoriais.

• Diferem dos oligoquetos, que não tem cabeça diferenciada.

• O nome da classe, Polychaeta (do grego polys, muito) refere-se à presença de numerosas cerdas
corporais.

• Cerdas estão implantadas em expansões laterais de cada segmento do corpo, os parápodos ou


parapódios (do grego, para, semelhante, e podos, pés, patas). Como o próprio nome indica, os
parápodos auxiliam a locomoção do animal, atuando como patas.

• A maioria dos poliquetos vive no mar.

• Algumas espécies são predadoras e rastejam ativamente pelos fundos marinhos à procura de animais
que lhes sirvam de alimento.

• Outras vivem enterradas, principalmente nas praias, no interior de tubos feitos de grãos de areia ou
calcário.

• A alimentação dos poliquetos tubícolas consiste de organismos microscópicos (larvas,


microcrustáceos), filtrados da água do mar.
Classe Hirudínea

São vermes de água doce, mais conhecido como sanguessugas. Vivem principalmente em brejos,
sendo ectoparasitas hematófagos ocasionalmente do homem e dos animais domésticos. Na medicina
foram antigamente usados para pequenas sangrias, pois contém um anticoagulante nas glândulas
salivares, produzindo assim hemorragias de difícil hemóstase.

O animal apresenta o corpo alongado ou oval é geralmente achatado dorsoventralmente. Nas duas
extremidades do corpo notam-se as ventosas, a posterior é maior e arredondada. Locomovem-se por
movimentos sinuosos do corpo como uma lagarta mede-palmos, isto é, ela fixa-se pela ventosa
posterior, distende o corpo no máximo, fixando a ventosa anterior, deslocando a posterior,
aproximando-a e fixando-a logo atrás da anterior, repetindo-se seguidamente o processo.

Características gerais:

• Os hirudíneos não têm cerdas nem parápodos, e seu corpo é ligeiramente achatado
dorsoventralmente.

• São conhecidos popularmente como sanguessugas, pois a maioria se alimenta de sangue de animais
vertebrados.

• Muitas espécies de hirudíneos vivem em água doce, mas há algumas espécies que vivem em
ambientes terrestre de alta umidade, como brejos e pântanos.

• As sanguessugas possuem duas ventosas para fixação, uma ao redor da boca e outra na
extremidade oposta.

• Ao encontrar um hospedeiro, o animal se fixa com o auxílio das ventosas e perfura a pele sem
provocar dor.

• Pela ação da musculatura da faringe, ela chupa sangue, que não coagula em virtude de uma
substância anticoagulante produzida pelas glândulas salivares.

• Um dos representantes mais conhecidos da classe Hirudinea é Hirudo medicinalis, uma sanguessuga
que parasita animais vertebrados tais como peixes, anfíbios, répteis e mamíferos.

• Este verme mede cerca de 10 cm de comprimento, mas pode dobrar de tamanho quando ingere
muito sangue

Classe Oligochaeta

• A maioria dos oligoquetos vive em solos úmidos ou em ambientes de água doce. • Representantes
terrestres mais conhecidos são as minhocas
• O nome OLIGOCHAETA (do grego oligos, pouco, e chaite, pêlo cerda), refere-se ao fato do animal
possuir poucas cerdas corporais.

• Oligoquetos aquáticos vivem nas margens de rios e lagos. Vermes do gênero Tubifex, pequenas
minhocas avermelhadas, vivem em tubos construídos junto ao lodo do fundo, em lagos e rios de águas
poluídas, e alimentam-se de detritos. Sua presença indica poluição da água por detritos orgânicos.

Organização corporal

• Na minhoca adulta, o corpo é formado por 85 a 95 segmentos (metâmeros), todos aproximadamente


do mesmo tamanho.

• Segmentos 14, 15 e 16 são mais dilatados e mais claros que o restante do corpo – formando o clitelo.

• Clitelo é importante para a formação do casulo para a fecundação dos ovos.

Musculatura

• A parede de cada metâmero apresenta uma camada de musculatura externa, com fibras contráteis
dispostas circularmente ao corpo, e uma camada de musculatura interna, com fibras dispostas em
sentido longitudinal.

Cerdas e movimentação

• No segmento distendido as cerdas corporais se retraem, enquanto no segmento contraído elas se


eriçam.

• As cerdas eriçadas se apóiam no solo, seja no interior dos túneis, seja na superfície.

• Graças às ondas coordenadas de contração e distensão, as minhocas podem rastejar e penetrar em


seus túneis com grande rapidez.

Sistema digestório

• Boca – faringe curta – moela – intestino – anus • Moela como moedor – digestão mecânica

• Digestão extracelular, os nutrientes são absorvidos pelas células da parede intestinal.

• Alimentação: detritos vegetais em decomposição, larvas, microorganismos e pequenos animais, vivos


ou mortos.

• O alimento, juntamente com terra, é ingerido pela forte sucção da faringe.


Sistema circulatório

• Sistema circulatório fechado – o sangue nunca sai dos vasos sanguíneos. • Grandes vasos
sanguíneos longitudinais, que percorrem todo o comprimento do corpo.

• Grande vaso dorsal, que conduz o sangue em direção à região anterior do corpo, e dois vasos
ventrais, que conduzem o sangue em sentido inverso.

• O sangue é impulsionado por contrações rítmicas da parede dos grandes vasos, que é dotada de
células musculares.

• Ao passar pela superfície do corpo, o sangue dos vasos capilares absorve gás oxigênio e libera gás
carbônico.

• Ao passar pelos diversos órgãos e tecidos internos, libera o oxigênio para as células e recolhe gás
carbônico e excreções.

• Ao passar pelos vasos que recobrem o intestino, o sangue recolhe nutrientes absorvidos pelas células
intestinais, distribuindo-os, em seguida, para todas as partes do corpo.

Respiração

• Não possuem aparelho respiratório

• Absorção de oxigênio e a eliminação de gás carbônico são efetuadas diretamente pela superfície
corporal.

• Umidade da pele permite difusão dos gases respiratórios.

• Sangue de cor vermelha.

• Presença de hemoglobina, uma proteína que apresenta ferro em sua estrutura.

• Hemoglobina tem capacidade de se combinar com o gás oxigênio facilitando seu transporte pelo
sangue.

Excreção

• A excreção é efetuada pelos nefrídios

• Cada nefrídio é um túbulo fino e enovelado, com funil ciliado em uma extremidade, o nefróstoma, o
qual se abre na cavidade celomática.
• A outra extremidade, o nefridióporo (poro excretor) se abre na superfície do corpo do animal.

• O nefróstoma remove as excreções que as células lançam no fluido celômico, enquanto o túbulo
enovelado retira as excreções diretamente do sangue que circula nos capilares ao seu redor.

Sistema nervoso

• Um par de gânglios cerebrais localizados dorsalmente sobre a faringe (gânglios sufrafaríngeos) e dois
pares de cordões nervosos ventrais, com um par de gânglios por metâmeros.

• Dos gânglios partes nervos, que vão aos músculos e às células sensoriais.

Reprodução

• A maioria dos poliquetas marinhos é dióica, com fecundação externa e desenvolvimento indireto. Do
ovo desenvolve-se uma forma larval denominada trocófora, que mais tarde se transformara no adulto.

• Os oligoquetos e hirudíneos são monóicos e tem desenvolvimento direto, sem estágio larval.

• A minhoca Pheretima hawayana possui na face ventral dos segmentos 6, 7 e 8, três pares de
orifícios.

Aparelho reprodutor feminino

• Cada orifício é a abertura de uma bolsa musculosa denominada receptáculo seminal.

• Os receptáculos seminais armazenam os espermatozóides recebidos de uma parceira durante o ato


sexual.

• Na região do clitelo existe um orifício, o poro genital feminino, que se conectam, internamente, a um
tubo através de duas estruturas em forma de funil, os ovidutos.

• Os ovidutos captam os óvulos produzidos por um par de ovários e os conduzem até o poro genital
feminino.

Aparelho reprodutor masculino

• Dois pares de testículos, • Dois pares de vesículas seminais,

• Um par de tubos seminíferos,

• Um par de glândulas prostáticas


• Um par de poros genitais masculinos.

• Junto aos poros genitais, na parte externa do corpo, existem duas ou três estruturas semelhantes a
ventosas, as papilas genitais, cuja função é manter as minhocas durante o acasalamento.

Fecundação

Os dois vermes colocam-se ventre a ventre em posição inversa, isto é a extremidade anterior de um,
oposta a do outro. Cada um dos poros masculinos nos dois animais eleva-se formando uma papila
genital temporária muito saliente, que o animal ajusta no orifício da espermateca do conjugante. Assim
os espermatozóides de um verme penetram diretamente na espermateca do outro.

• Depois da separação, cada minhoca secreta um tubo mucoso em torno do clitelo • Alguns ovos são
eliminados nesse tubo, que mais tarde formará um casulo protetor

• Quando o tubo passa pelos receptáculos seminais estes esguicham o esperma armazenado sobre os
óvulos

• Desenvolvimento Direto

VERTEBRADO Reino Animal (deuterostomados)

Subfilo Subfilo Subfilo


Filo

Cephalochordata Vertebrata Urochordata Chordata


(anfioxo) (peixes, anfíbios, répteis, (e.g., ascídias)
aves e mamíferos)

? Filo
Chaetognatha?

Filo Filo
Echinodermata Hemichordata
(e.g., estrelas-do-mar, (e.g., Balanoglossus)
ouriços-do-mar, pepinos-do-mar)

Ancestral comum a todos os grupos acima (desconhecido)

Principais características dos cordados: (1) Presença de uma notocorda; (2) tubo nervoso dorsal
(estrutura nervosa oca); (3) presença de fendas branquiais faríngeas em alguma fase do ciclo de vida;
(4) cauda pós-anal muscular.

A simetria de um ancestral hipotético dos vertebrados certamente seria bilateral, com extremidades
definidas em cabeça e cauda. A organização interna básica seria a de um tubo dentro de outro tubo,
com os órgãos principais acomodados dentro da cavidade celomática. Várias hipóteses têm sido
propostas, tentando relacionar diferentes grupos atuais a uma origem comum com os vertebrados.
Vários evolucionistas antigos e alguns atuais acreditam que os vertebrados originaram-se de moluscos
ou artrópodes. Estas hipóteses não são bem aceitas atualmente. Provavelmente os vertebrados
originaram-se em ambientes marinhos e talvez algum animal similar a um tunicado (Urochordata) tenha
originado os vertebrados através de pedomorfose (o animal teria deixado de se fixar no substrato pela
supressão da metamorfose completa, de forma similar ao que se observa hoje nos Larvacea). A fase
séssil dependia de ambientes especiais do mar, que são escassos, o que teria levado a uma pressão
seletiva para a sua supressão.

Outra hipótese seria a de um ancestral comum com os anfioxos (Cephalochordata) atuais.

Uma característica sugestiva do parentesco entre Vertebrata e Cephalochordata é o fato das larvas de
lampréias, vertebrados pertencentes ao grupo considerado primitivo dos Agnatha, serem filtradoras,
muito parecidas ao anfioxo (no entanto, o movimento da água para a filtração se dá por batimentos
ciliares no anfioxo e por bombeamento muscular na larva da lampreia). Além disso, a locomoção do
anfioxo é muito parecida à dos peixes, ocorrendo através de contrações de blocos de fibras musculares
estriadas (miótomos), dispostas serialmente ao longo do corpo. Um aspecto distinto entre o anfioxo e
os vertebrados é o sistema excretor. No anfioxo, alguns autores consideraram este sistema como
similar ao sistema excretor de anelídeos.

Características Gerais dos Vertebrados: - Presença de vértebras arranjadas serialmente, compondo o


esqueleto axial, que protege parte do sistema nervoso central e confere sustentação ao corpo. A
presença de um endoesqueleto nos vertebrados tem pelo menos três funções básicas atuais:
sustentação do corpo reserva de minerais e proteção. -Elementos esqueléticos anteriores formando um
crânio que protege a parte anterior do sistema nervoso central e abriga diversos órgãos sensoriais. A
presença do crânio é mais universal em vertebrados do que as próprias vértebras. -A parte anterior do
sistema nervoso central (encéfalo) é bem desenvolvida e composta por três partes básicas. -Órgãos
dos sentidos concentrados na cabeça.

-Coração com pelo menos três câmaras; circulação sanguínea rápida e trocas gasosas eficientes.

-Presença de hemoglobina, proteína dos glóbulos sanguíneos que possibilita transporte eficiente de
gases respiratórios.

Definição de Vertebrado

Podemos definir resumidamente um vertebrado como um animal cordado que tem endoesqueleto
cartilaginoso ou ósseo, onde os componentes axiais deste endoesqueleto consistem de um crânio,
abrigando um encéfalo dividido em três partes básicas, e de uma coluna vertebral que abriga um tubo
nervoso. Nenhum outro animal possui este conjunto de características fundamentais.

Classe Agnatha (peixes sem mandíbulas) 45 espécies; origem - 550 m.a


Classe Osteichthyes (peixes ósseos) Pisces + 25.0 spp
24.0 espécies; origem - 500 m.a (peixes) (7.0 spp em
(Água doce)

Classe Chondrichthyes (peixes cartilaginosos) 1.0 espécies; origem - 400 m.a.

5.500 espécies; origem - 450 m.a Mandibulados


Classe Amphibia (sapos, rãs)

(Gnathostomata)

Classe Reptilia (répteis) 7.200 espécies; origem - 300 m.a. Tetrápodes 26.500 spp

Classe Mammalia (mamíferos) 5.0 espécies; origem - 200 m.a.

Classe Aves 8.700 espécies; origem 160 m.a.

Ordem Myxiniformes (feiticeiras; 15 espécies)

Subclasse Cyclostomata Ordem Petromyzontiformes (lampréias; 30 espécies)

Primeiros vertebrados no registro fóssil; a sua origem ocorreu há cerca de 550 m.a. Estes peixes
fósseis, conhecidos como ostracodermos, não apresentavam mandíbulas e provavelmente se
alimentavam de detritos e matéria em decomposição do fundo do mar. Morfologicamente lembram
lampréias com armaduras ósseas supostamente usadas como defesa contra os escorpiões-marinhos
(subclasse Eurypterida), muito abundantes nos ambientes marinhos há cerca de 500 m.a.

As formas atuais também não apresentam mandíbulas, mas perderam a armadura óssea; são
considerados os vertebrados mais simples e mais diretamente aparentados aos primeiros vertebrados
conhecidos no registro fóssil. As formas atualmente conhecidas não podem ser consideradas
propriamente como primitivas, pois algumas apresentam hábitos especializados derivados. Podem ser
parasitas, necrófagos ou predadores de pequenos invertebrados. Assim, as lampréias e feiticeiras
devem ser diferentes dos ancestrais dos gnatostomados.

Características Gerais:

-Ectotérmicos. -As larvas, quando presentes, são filtradoras (micrófagas), possuem endóstilo parecido
ao do anfioxo (na metamorfose o endóstilo se transforma na glândula tireóide).

-A corrente de água para a alimentação da larva é gerada por contrações musculares e não por
batimento ciliar, como observado nos outros grupos de invertebrados cordados. A utilização de um
sistema muscular mais eficiente no bombeamento de água do mar para o interior das larvas fez com
que estas pudessem crescer mais do que os invertebrados cordados como o anfioxo. Este sistema, por
bombeamento muscular, sustenta animais de cerca de 20 cm de comprimento e 10g de peso.

-As nadadeiras dos agnatos nunca são pareadas.

-Não apresentam escamas.

-Apresentam corpo alongado.

-Esqueleto catilaginoso, coluna vertebral pouco desenvolvida, notocorda desenvolvida.

Ordem Myxiniformes (feiticeiras) - Marinhos, com geralmente menos de 1 m de comprimento.

-Vivem enterrados no lodo ou areia, alimentando-se de poliquetos e outros invertebrados, assim como
de peixes mortos ou moribundos (escavam galerias na carne dos peixes)

-Apresentam uma série de glândulas secretoras de muco ventro-laterais; o muco é secretado na região
branquial de peixes agonizantes que serão usados como alimento ou secretado ao redor do corpo da
feiticeira, formando um casulo que protege o animal quando ele é atacado por predadores.

-Apresentam tentáculos sensoriais ao redor da boca.

-Não apresentam dentes verdadeiros, mas sim dentes córneos.

-A água entra pelo orifício nasal e é bombeada por músculos para trás até as câmaras branquiais e daí
vai para o exterior através das aberturas branquiais (em número de 1 a 15 pares), ocorrendo as trocas
gasosas.

-Além da respiração branquial, há respiração cutânea.

-Sangue isotônico com a água do mar (característica única dentre os vertebrados).

-Apresentam corações acessórios na região caudal

-Presença de um único canal semicircular no órgão vestibular (percepção da posição da cabeça do


animal e das acelerações angulares).

-Olhos rudimentares e não funcionais cobertos por pele.

-Percebem mudanças de luminosidade através de receptores cutâneos concentrados na cabeça e


região cloacal.

-Apresentam 10 pares de nervos cranianos.


-Rins pronefros persistem no adulto e sua separação dos mesonefros não é marcante (são contíguos)
– característica primitiva.

-Sexos separados, fecundação desconhecida, desenvolvimento direto.

Ordem Petromyzontiformes (lampréias) - Apresentam de 25 cm a 1m de comprimento.

-Apresentam duas fases de vida: larval em água doce, com regime alimentar micrófago, e adulta,
geralmente marinha, parasita de peixes. A larva enterra-se no sedimento e filtra detritos como o
anfioxo; porem o anfioxo é sempre marinho e a larva de lampréia é de água doce. Em algumas
espécies a fase larval é prolongada e a metamorfose se dá na água doce; o adulto não se alimenta,
vive apenas alguns dias na água doce, reproduz e morre. Na maioria das espécies a fase larval é curta
e após a metamorfose origina-se um animal que migra para o mar, cresce e quando adulto volta ao rio
para se reproduzir.

-Apresentam células secretoras de muco na epiderme.

-Apresentam cromatóforos na derme, responsáveis por mudanças de cor no animal.

-Próximo à narina e entre os olhos encontra-se o terceiro olho ou olho pineal.

-Apresentam uma única nadadeira de cada tipo (nunca são pares).

-Nadam com movimentos similares ao da enguia, ondulando o corpo. Este tipo de natação é pouco
eficiente, se comparado ao apresentado por espécies de peixes ósseos com natação ativa.

Respiração

A água entra pela boca e sai pelas fendas branquiais (geralmente 7 pares). Nas fendas branquiais há
brânquias responsáveis pelas trocas gasosas. Quando as lampréias estão presas a rochas através da
ventosa bucal ou quando estão se alimentando, a respiração é feita pela entrada e saída de água pelas
fendas branquiais. Portanto a água não atinge as câmaras branquiais via narinas, como visto em
feiticeiras.

Esqueleto

Apresenta um conjunto de cartilagens responsáveis pela sustenção do corpo. Abaixo da medula


espinhal (= tubo nervoso dorsal) ocorre a notocorda, que evita o encurtamento do corpo quando
ocorrem as contrações musculares para a natação.

Tubo digestivo
Formado por: VENTOSA BUCAL, CAVIDADE BUCAL, ESÔFAGO, INTESTINO, RETO COM
PEQUENOS DIVERTÍCULOS ASSOCIADO A UM FÍGADO COM VESÍCULA BILIAR, ÂNUS. Ventosa
bucal formada por papilas que apresentam terminações nervosas sensoriais, além de ajudarem na
aderência. No interior da ventosa e sobre a língua existem dentes córneos (não são dentes
verdadeiros). A língua funciona como uma lima para desgastar a pele da vítima. Após a ventosa vem a
cavidade bucal. A boca bifurca-se em um esôfago dorsal que conduz os alimentos até o intestino; a
bifurcação ventral comunica-se com a faringe com fendas branquiais e tem função respiratória. Duas
glândulas salivares ocorrem sob a língua e produzem substâncias anticoagulantes. O principal alimento
é o sangue e fluidos corpóreos das presas (=peixes), bem como fibras musculares. Não há pâncreas
definido mas sim células na parede intestinal que desempenham as funções do pâncreas.

Sistema Circulatório

Coração com três câmaras. 1 -Seio venoso (recebe o sangue venoso do corpo); 2 -átrio (ou aurícula); 3
-ventrículo de paredes musculares grossas que impulsiona o sangue para todo o corpo. As hemácias
são nucleadas e há hemoglobina no sangue (= pigmento respiratório muito comum em vertebrados).

Sistema Urogenital e Reprodução

Na água doce ocorre uma tendência osmótica de entrada de água no corpo do animal para diluir a
concentração interna de sais que é maior que a concentração de sais do meio externo. Assim, evoluiu
um órgão para separar a água dos sais, eliminando-a posteriormente. Na larva da lampreia já é
possível observar um conjunto anterior de funís excretores que são os rins pronefros.

A medida que o animal cresce os rins pronefros vão perdendo a função renal e sendo substituídos por
um conjunto mais posterior de funís chamados rins mesonefros, que são mais eficientes na eliminação
de água e excretas. Os rins mesonefros permanecem no adulto.

Nas larvas não há diferenciação sexual, que ocorre tardiamente. Não há gonodutos e os óvulos e
espermatozóides são liberados no celoma por rompimento das gônadas. Daí os gametas saem para o
exterior caindo nos condutos mesonéfricos e sendo conduzidos até a cloaca do animal.

Na época reprodutiva cavam um ninho na areia, retirando as pedras grandes. Os sexos podem ser
separados, mas também pode ocorrer hermafroditismo. A fecundação é externa e a fêmea produz
centenas ou milhares de óvulos. Existem adaptações cloacais que permitem uma fecundação mais
eficiente e uma correta colocação dos ovos no ninho.

Sistema Nervoso e Órgãos dos Sentidos.

Ocorre um encéfalo muito mais desenvolvido que o alargamento presente na porção anterior do tubo
nervoso do anfioxo. O sistema nervoso central (encéfalo mais medula espinhal) está associado à
atividade exploratória da lampréia, bem como de vertebrados em geral. No encéfalo é possível
reconhecer projeções correspondentes aos diferentes órgãos sensoriais concentrados na cabeça.
Apresentam 10 pares de nervos cranianos.
O corpo pineal, também conhecido por terceiro olho, apresenta células fotorreceptoras. A luz incidindo
no corpo pineal faz com que este atue na hipófise, a qual libera um hormônio que expande os
melanóforos.

Órgãos vestibulares: correspondem ao ouvido interno (1 par) formados cada um por dois canais
semicirculares com regiões ciliadas chamadas de máculas. Nas máculas existem otólitos suspensos
sobre os cílios. Com a movimentação da cabeça os otólitos pressionam de forma diferencial as regiões
ciliadas, permitindo ao animal perceber a posição da cabeça em relação à força gravitacional, bem
como as acelareções angulares.

Os olhos pares da lampréia têm estrutura parecida com aquela dos demais vertebrados. A origem
embriológica é similar àquela do olho pineal: evaginações da parede do encéfalo. A movimentação dos
olhos ocorre pela ação de músculos externos.

Fotorreceptores estão presentes na pele da lampréia. Estes fotorreceptores são células sensíveis à luz
e são abundantes na cauda da lampréia.

História Natural e Ciclo Biológico das Lampréias.

São pouco conhecidas na fase marinha do ciclo. Não se sabe ao certo quanto tempo vivem no mar,
mas sabe-se que voltam uma única vez aos rios para desovar e morrer em seguida. Na subida dos rios
são pescadas como alimento. Embora eventualmente usadas como alimento, certas espécies de
lampréia têm causado prejuízos imensos à indústria pesqueira da América do Norte. Certas regiões
foram invadidas pela lampréia como conseqüência de atividades humanas. Nestes locais as
populações de espécies comerciais de peixes, como o salmão, foram dizimadas pelos ataques da
lampréia. Algumas espécies têm todo o seu ciclo de vida em água doce.

A origem das maxilas é considerada um dos principais eventos da história evolutiva dos vertebrados,
pois possibilatou: 1- carnivoria, herbivoria, além de uma série de outras especializações alimentares; 2-
cortar, com o auxílio dos dentes, o alimento em pedaços adequados à ingestão; 3- triturar, com o
auxílio dos dentes, alimentos duros e de difícil assimilação antes da ingestão; 4- defesa contra
predadores, novamente com o auxílio dos dentes (aparentemente, esta nova adaptação defensiva,
considerada como muito eficiente, deve ter possibilitado a redução da carapaça óssea dos peixes
primitivos e aumentado a eficiência de natação); 5- manipulação de objetos (construção de abrigos,
remoção de objetos para localizar presas e construir ninhos, segurar o parceiro durante a reprodução).
A origem das maxilas aumentou a diversidade de ambientes adequados aos peixes.

Embriologicamente, as maxilas são derivadas do primeiro par de arcos branquiais.

Os dentes, presentes nas maxilas e em outros ossos da boca, correspondem a escamas modificadas.

Agnatha atuais Chondrichthyes Osteichthyes (lampréias e feiticeiras) (peixes cartilaginosos) (peixes


ósseos)
Classe Placodermi==== (primeiros peixes mandibulados)

Peixes ostracodermos==== (representantes primitivos da classe Agnatha)

Classe CHONDRICHTHYES (PEIXES CARTILAGINOSOS) tubarões

Subclasse Elasmobranchii raias

Subclasse Holocephali quimeras

Características Gerais: - Esqueleto cartilaginoso.

-Ectotérmicos.

-Grupo relativamente homogêneo de peixes (em morfologia, fisiologia e comportamento), quase todos
marinhos.

-Geralmente predadores de outros peixes (tubarões) ou predadores de invertebrados (raias e


quimeras); algumas formas são filtradoras (tubarão-baleia).

-Variam de 50 cm até 15 m de comprimento. O tubarão-baleia é o maior peixe cartilaginoso com até 15


m. Por ser um consumidor primário (filtrador de plâncton) têm alimento em abundância e
provavelmente esta é a razão pela qual ele pode atingir um grande tamanho (esta tendência é
observada em outros grupos animais).

-Acumulam uréia no sangue como forma de aproximar a concentração do sangue àquela da água do
mar. - As brânquias não estão recobertas por opérculo.

-Não apresentam bexiga natatória; o fígado armazena gorduras que auxiliam na flutuação.

-Intestino com válvula espiral (não nas quimeras).

-Corpo coberto com escamas placóides (dentículos).

-Boca com dentes que são escamas placóides especializadas (exemplos: tubarões com dentes
cortantes para rasgar a carne de presas; raias e quimeras com dentes trituradores para esmagar a
carapaça de invertebrados).

-Nadadeiras peitorais situadas adiante das nadadeiras pélvicas; estas estão providas de órgãos
copuladores nos machos, chamados de cláspers, que possibilitam a fecundação interna. -Os
Chondrichthyes podem ser ovíparos, ovovivíparos e vivíparos.
-Nadadeira caudal geralmente heterocerca.

-Linha lateral presente

-Coração com três câmaras (seio venoso, átrio e ventrículo).

A Origem da Raias:

A forma do corpo dos tubarões é mais primitiva (menos especializada). Durante o Permiano e início do
Triássico (cerca de 250 m.a.) o número de peixes que eram presas dos tubarões declinou por razões
desconhecidas. Isto fez declinar o estoque alimentar dos tubarões. Como a cabeça dos tubarões já era
achatada por razões hidrodinâmicas (para estabilizar o corpo durante a natação) eles apresentavam
pré-adaptações à ocupação do fundo (vida bentônica). Então, no Permo-Triássico eles passaram a se
alimentar de invertebrados de fundo e originaram os ancestrais das raias, já com o corpo bastante
achatado dorso-ventralmente. Quando o número de espécies de peixes presas voltou a crescer alguns
destes elasmobrânquios de fundo voltaram a adquirir um corpo adaptado à vida nectônica, originando
os tubarões modernos.

Natação nos Chondrichthyes:

A natação nos Chondrichthyes é menos especializada que a natação dos peixes ósseos mais
avançados. A natação dos peixes cartilaginosos não tem o mesmo controle preciso como observado
nos peixes ósseos nadadores ativos, o que é aparentemente devido à anatomia das nadadeiras dos
dois grupos.

A natação geralmente é feita por ondas de contração muscular que se propagam pelos músculos do
corpo,dispostos metamericamente.

O tubarão quando nada tende a afundar a cabeça; esta tendência é compensada pelas nadadeiras
peitorais e pela forma achatada da cabeça, que horizontalizam o plano do peixe. As nadadeiras dorsais
impedem que o tubarão gire sobre o seu eixo longitudinal, além de facilitarem mudanças de direção.

Durante as contrações musculares da natação o corpo não se encurta devido a sustentação conferida
pela coluna vertebral. Na maioria das espécies não há notocorda contínua, a qual forma parte das
vértebras. Em quimeras e tubarões primitivos há notocorda contínua, além da coluna vertebral.

Pele:

A pele é resistente, espessa e áspera, subdividida em epiderme e derme. Na epiderme ocorrem


dentículos de origem dérmica chamada escamas placóides. Acredita-se que as escamas placóides
representem resquícios da carapaça óssea dura dos placodermos, que no curso do Esqueleto: O
esqueleto é sempre cartilaginoso. As principais partes do esqueleto dos Chondrichthyes (o que também
é válido para Osteichthyes) correspondem ao condrocrânio, a coluna vertebral, ao esqueleto visceral e
às cinturas escapular e pélvica. O condrocrânio dos peixes cartilaginosos, assim como o de
vertebrados em geral, corresponde à fusão do crânio com as cápsulas nasais, cristas orbitais e
cápsulas auditivas, formando uma estrutura contínua e única. O esqueleto visceral (= esqueleto
branquial), em vertebrados como um todo, corresponde ao conjunto de arcos viscerais localizados na
região da faringe, bem como elementos modificados a partir deles. No caso de Chondrichthyes e
Osteichthyes este esqueleto tem função de sustentação das câmaras branquiais faríngeas, além de
formar as maxilas e proporcionar a sustentação delas. A cintura peitoral (=cintura escapular) é
evolutivamente mais antiga, maior e estruturalmente mais complexa que a cintura pélvica. A cintura
peitoral confere sustentação às nadadeiras peitorais, enquanto a cintura pélvica confere sustentação às
nadadeiras pélvicas. Costelas ocorrem articuladas à coluna vertebral e esta também se articula a
cartilagens (= pterigióforos) que conferem sustentação às nadadeiras dorsal e anal. Em relação à
nadadeira caudal, são elementos da própria coluna (arcos e espinhos neurais modificados) que
conferem sustentação.

Respiração:

A boca do animal se abre e o seu soalho desce, de forma que a cavidade bucal se expande. A água
entra na cavidade bucal; a boca se fecha. A parede da faringe se expande por movimentos musculares;
o soalho da boca sobe e a água é forçada a passar para a faringe. A faringe se contrai e a água é
forçada a passar através das fendas branquiais, onde as brânquias são oxigenadas e eliminam CO2.
Nas raias e tubarões de fundo a entrada da água se dá pelo espiráculo (1 par de aberturas anteriores
que correspondem a fendas branquiais modificadas) para evitar a entrada de sedimentos.

As brânquias estão dispostas em forma de lâmina e o sangue circula nestas lâminas em sentido oposto
ao da água. Assim, o sangue quando sai da região branquial tem máxima concentração de 02 e
mínima de CO2. Este mecanismo circulatório é chamado de fluxo contracorrente e é típico da
respiração branquial de peixes em geral.

Sistema Digestório:

O sistema digestório dos Chondrichthyes é mais complexo que o dos Agnatha.

Formado por: 1- boca com dentes, 2- faringe, 3- esôfago com grossas paredes musculares, 4-
estômago (não há estômago típico nos Agnatha) dividido em região cárdica (descendente) e pilórica
(ascendente), 5- esfíncter pilórico, 6- intestino delgado com válvula espiral, 7- intestino grosso, 8- reto e
9- ânus.

A boca apresenta dentes de origem dérmica (escamas placóides modificadas), voltados para trás e
dentes de reposição. Na faringe existem glândulas mucosas; o muco secretado por estas glândulas
facilita o deslizamento do alimento até o estômago. O estômago corresponde a uma câmara de
armazenamento de grandes pedaços de alimento ou de presas inteiras. No estômago glândulas
secretam ácido clorídrico, para evitar putrefação bacteriana, e pepsina, enzima que digere proteínas
em meio ácido. Após o esfíncter pilórico abrem-se os condutos do fígado e pâncreas. O fígado é
grande e bilobado; recebe sangue venoso pela veia porta que vem diretamente do intestino. Há
armazenamento de glicogênio e gorduras no fígado. Além dessas funções o fígado aparentemente
destrói glóbulos vermelhos velhos e desativa substâncias tóxicas presentes no sangue. A bílis,
produzida pelo fígado, é armazenada na vesícula biliar. Pâncreas diferenciado (nos Agnatha não há
pâncreas diferenciado), com céluas exócrinas (secretam enzimas digestivas) e endócrinas (secretam
insulina). O intestino delgado possui a válvula espiral que é uma prega interna que aumenta a
superfície de absorção. Esta porção do trato digestivo tem pH alcalino e há secreção de enzimas tais
como tripsina, amilase e lipase.

Sistema Circulatório:

O coração possui três câmaras musculares: seio venoso, átrio (aurícula) e ventrículo. O sangue possui
altas concentrações de uréia. Acredita-se que os ancestrais dos Chondrichthyes fossem de água doce;
quando houve a invasão dos mares pelo grupo, passaram a acumular uréia como meio de aproximar a
concentração osmótica interna àquela do mar.

Sistema Urogentital:

Os rins (2) são mesonéfricos. Uma porção dos túbulos dos rins está especializada na absorção da
uréia.

A fecundação é interna; os sexos são separados; geralmente produzem poucos ovos, que são grandes
e ricos em vitelo. As fêmeas possuem um único ovário grande. Os óvulos, após sairem do ovário, são
conduzidos por batimentos ciliares do peritôneo até um par de funís que se encontram atrás do
coração. Os funís estão conectados aos ovidutos e ambos fazem parte dos rins pronefros, que perdem
a função renal nos adultos. Na parte superior do oviduto há glândulas de albumina e na parte inferior
glândulas que secretam a casca córnea, que recobre os ovos nas espécies ovíparas.

Os machos possuem dois testículos. Os espermatozóides são transferidos à fêmea através de um par
de órgãos copuladores chamados de cláspers, que são parte das nadadeiras pélvicas modificadas.
Apresentam ereção e mecanismo injetor, sendo inseridos na cloaca da fêmea.

Podem ser ovíparos, ovovivíparos e vivíparos. A viviparidade é comum no grupo e neste caso o oviduto
se transforma em útero. Podem apresentar um tipo de placenta derivada do saco vitelínico, como forma
de conectar o embrião à mãe. Em algumas espécies ocorre secreção de leite uterino, que é injetado no
espiráculo do filhote.

Sistema Nervoso e Órgãos dos Sentidos:

O encéfalo é grande e possui estruturas com detalhes diferentes quando comparado ao encéfalo de
Agnatha e Osteichthyes. Possuem 10 pares de nervos cranianos.

Os órgãos dos sentidos são os seguintes:

-Sacos nasais (1 par), responsáveis pela olfação. O olfato nos tubarões é muito importante, pois
permite reconhecer a presença de alimento à distância. Os tubarões martelo têm olfação muito
aguçada, pois a distância entre as narinas permite uma triangulação muito eficiente da fonte de
alimento.

-Botões gustativos, reconhecem o tipo de alimento apresado; estão presentes principalmente na


faringe.

-Olhos (1 par), responsáveis pela visão. Os olhos são desenvolvidos (principalmente nas quimeras).
São importantes na detecção de presas e inimigos. Na maioria das espécies a retina apresenta apenas
células visuais do tipo bastonete, responsáveis pela visão em preto e branco; algumas espécies
também possuem cones, que são células visuais responsáveis pela visão de cores. O cristalino,
presente no olho do tubarão, apresenta-se conectado a músculos e acomodado para visão à distância,
pois o tubarão detecta presas ao longe. Quando quer focar um objeto próximo, o cristalino é movido
para frente, afastando-se da retina.

-Ouvidos (1 par), responsáveis pelo equilíbrio e talvez audição. Apresentam apenas ouvido interno.
Cada ouvido é formado por três canais semicirculares. Grãos de areia penetram no ouvido através de
uma abertura para o exterior; os grãos de areia permanecem sobre cílios em três áreas do ouvido
(utrículo, sáculo e lagena), que funcionam como receptores gravitacionais e de aceleração angular.

-Células sensoriais táteis espalhadas pelo tegumento.

-Sistema de linhas laterais (sua origem embriológica está associada àquela dos ouvidos internos),
responsável pela percepção de correntes e movimentos na água, detecção de objetos a distância (tato
a distância, bem como aproximação ou afastamento de objetos). Corresponde a um sistema de canais,
poros e depressões subepidérmicos conectados entre si e distribuídos pela cabeça e corpo, sensíveis a
vibrações mecânicas transmitidas através da água. A unidade básica dos mecanorreceptores são os
neuromastos (conjunto de células sensoriais ciliadas cobertos por uma cúpula gelatinosa). A vibração
mecânica penetra o canal e vibra a cúpula gelatinosa, que por sua vez movimenta os cílios das células
sensoriais. Os órgãos da linha lateral podem servir como um sistema de orientação, pois as
turbulências geradas pelo peixe colidem com objetos e voltam até ele, sendo detectadas pelos órgãos
da linha lateral.

-Eletrorreceptores. As ampolas de Lorenzini são formadas por células eletrorreceptoras alojadas em


canais subepidérmicos preenchidos por uma substância gelatinosa condutora de eletricidade (são
modificações dos órgãos da linha lateral que deixam de ter função mecanorreceptora e passam a ter
função eletrorreceptora). As ampolas de Lorenzini funcionam como voltímetros muito sensíveis (órdem
de percepção de 0,01 microvolt por cm) detectando campos elétricos (= mudanças do potencial elétrico
no espaço). A sensibilidade elétrica é usada para detectar presas e provavelmente para orientar a
natação (casco metálico de barcos e ataques de tubarões).

Classe OSTEICHTHYES (PEIXES ÓSSEOS)

Subclasse Sarcopterygii (peixes com nadadeiras carnosas)


Superordem Dipnoi (peixes pulmonados) - 6 espécies Superordem Crossopterygii (peixes com
nadadeiras lobadas)

Ordem Rhipidistia= Ordem Actinistia- 1 espécie (Latimeria chalumnae)

Subclasse Actinopterygii (peixes com nadadeiras raiadas)

Infraclasse Chondrostei (peixes ósseos com esqueleto cartilaginoso) - 25 espécies. Exemplos: esturjão,
peixeespátula.

Infraclasse Neopterygii

Serie Holostei- 8 espécies. Exemplos: Amia, agulhão.

Serie Teleostei - mais de 20 mil espécies. (Exemplos: enguias, bagres, cascudos, atum, sardinha,
lambari, cavalo-marinho, etc.)

Características Gerais dos Peixes Ósseos: - Ectotérmicos.

-Maior grupo de vertebrados (cerca de 24 mil espécies conhecidas, mas deve haver um número muito
grande de espécies ainda não descritas).

-O grupo é considerado como de grande sucesso evolutivo, o que é confirmado pelo grande número de
espécies atuais.

-Habitam praticamente todos os tipos de águas: mares, rios, lagos, poças d’água, corpos aquáticos no
interior de cavernas ou no subsolo; ocorrem desde as fossas oceânicas até as montanhas.

-Corpo freqüentemente curto e comprimido lateralmente, sendo geralmente mais hidrodinâmicos que
os Chondrichthyes (no entanto, há muitas exceções).

-Bexiga natatória (origina-se como um divertículo do esôfago). A bexiga natatória é considerada um


órgão derivado dos pulmões dos peixes primitivos. A bexiga natatória apresenta diversas funções,
dependendo do grupo ou espécie de peixe analisada. Talvez a sua função original tenha sido a de um
órgão hidrostático, regulando a posição do peixe na coluna d’água pela liberação ou absorção de
gases no interior do órgão. Esta função é a mais difundida nos diferentes grupos de peixes ósseos. No
entanto, outras funções importantes também são desempenhadas pela bexiga natatória: órgão
respiratório, receptor de sons, amplificador de sons. Certos grupos de peixes perderam
secundariamente esta estrutura; este é o caso de diversos peixes de fundo, que não mais precisam
regular sua posição na coluna d’água.

-Boca protrátil. Uma boca que se projeta adiante do corpo é observada em muitas espécies mais
avançadas de peixes ósseos. A boca protrátil é considerada o aparelho bucal mais complexo dos
vertebrados. Corresponde a um conjunto de ossos articulados, movidos por um conjunto de músculos.

-Respiram geralmente por brânquias, mas algumas espécies podem respirar pelo trato digestivo (e.g.,
boca, intestino), por pulmões, tegumento.

Nadadeiras:

A nadadeira caudal é, na grande maioria das vezes, do tipo homocerca, mas há espécies com
nadadeiras do tipo dificerca e heterocerca. A nadadeira homocerca, ao contrário da heterocerca,
apresenta simetria bilateral externa. No entanto, internamente a coluna vertebral diverge para cima,
penetrando no lobo superior da nadadeira.

Dentre as inúmeras funções desempenhadas pelas nadadeiras, podemos destacar as seguintes:


Natação (atuando no impulso, manobras e equilíbrio), andar (no fundo dos mares, rios, lagos ou na
terra), planar (peixe-voador), reprodução (nadadeiras coloridas com função de defesa territorial;
sinalização do estado reprodutivo às fêmeas; órgão copulador), produção de sons, defesa (espinhos),
aderir como ventosa, função sensorial (tátil, quimiorrecepção), pegar alimento, funcionar como isca
para atrair presas.

Alimentação:

Os hábitos alimentares dos peixes ósseos são muito variáveis, dependendo da espécie analisada.
Podem ser: - Herbívoros; trituradores (dentes achatados) -carnívoros; laceradores (dentes cortantes)
tragadores (boca grande)

-onívoros; de brânquias, - limpadores do corpo;

-filtradores de lodo ou plâncton (podem ter rastros branquiais desenvolvidos); lepidófagos - parasitas
comedores de nadadeiras comedores de muco parasitas de brânquias comedores de brânquias.

Tegumento:

Epiderme delgada sobre uma derme mais grossa. A epiderme possui glândulas mucosas. A derme
possui fibras conjuntivas, musculares, nervos, cromatóforos e pode possuir escamas (peixes de
escama) ou não (peixes de couro).

Escamas são placas ósseas de origem dérmicas, geralmente delgadas e imbricadas e recobertas pela
epiderme. As escamas são homólogas à armadura presente nos peixes placodermos. Com o
surgimento das maxilas neste grupo de peixes houve, no curso da evolução dos peixes ósseos e
cartilaginosos, uma redução desta armadura defensiva e um concomitante aumento no controle e na
eficiência de natação.

Reprodução (ler sobre reprodução e reversão de sexo em Actinopterygii, no livro “A Vida dos
Vertebrados”):

-Comumente a fêmea libera óvulos que são fecundados pelo macho (fecundação externa); geralmente
os sexos são separados. No entanto, pode haver fecundação interna, hermafroditismo e reversão
sexual em algumas espécies.

-A temporada reprodutiva pode ser estacional ou ao longo do ano.

-O número de ovos produzidos varia de milhares, quando não há cuidado parental, até um pequeno
número, quando há proteção da prole pelos pais.

-Os peixes ósseos podem ser ovíparos (mais comum), ovovivíparos e vivíparos (um caso peculiar é o
cavalo-marinho).

Dentre as espécies ovíparas algumas simplesmente liberam os ovos para serem carregados pela
correnteza, não conferindo cuidado parental. Outras espécies utilizam locais específicos para a
oviposição, tais como: ninhos no fundo de rios, lagos e mar (pela remoção de areia e seixos); ninhos
em plantas submersas; ninhos sobre folhas em ambiente aéreo; ninhos em balsas de espuma flutuante
na superfície da água; ovos no interior de mexilhões, anêmonas, caranguejos e tunicados ou em partes
externas do corpo dos pais (boca, nadadeiras, brânquias).

Analisando-se os vertebrados como um todo, observa-se que a oviparidade é mais comum no meio
aquático, pois neste ambiente os ovos não ressecam e são dispersos pelas correntes. Além disso, no
meio aquático geralmente há alimento em abundância.

A territorialidade é comum em diversas espécies de peixes ósseos e está relacionada à obtenção de


recursos alimentares, abrigos e reprodução (a definição mais ampla de território é a seguinte: “Território
é qualquer área defendida.”). No caso da reprodução o território é usado para atrair o sexo oposto e
como local de cuidado à prole. Na maioria das espécies territoriais é o macho que defende o território.
A fêmea seleciona o macho com base nas características do território ou nas características do próprio
macho.

Na estação reprodutiva geralmente há o desenvolvimento de dimorfismos sexuais, importantes no


reconhecimento específico e sexual. Como dimorfismos sexuais comuns podemos citar o
desenvolvimento de colorações vistosas (geralmente nos machos) e o desenvolvimento de certas
nadadeiras e de calosidades relacionadas ao comportamento reprodutivo.

A existência de corte reprodutiva é muito comum em peixes ósseos. Na corte podem ocorrer exibições
visuais (coloração e estruturas hipertrofiadas, como nadadeiras), toques para estimular o parceiro a se
reproduzir (muitas vezes feito com estruturas especiais, como calosidades na cabeça) e possivelmente
liberação de substâncias químicas. É possível que algumas espécies também utilizem sons como meio
de comunicação durante a corte. A corte é muito importante como meio de sincronização na liberação
de gametas, em espécies de fertilização externa.
Em espécies abissais o encontro entre os sexos é difícil (populações com densidades baixíssimas e
ausência de luz). Algumas espécies resolveram este problema através da bioluminescência. Um caso
mais extremo é observado em espécies em que a fêmea carrega um pequeno macho parasita, em uma
estrutura que se desenvolve para esta finalidade. Este macho parasita (suga o sangue da fêmea) é um
mero produtor de espermatozóides para fertilizar os óvulos da fêmea.

Diversas espécies de peixes ósseos realizam migrações reprodutivas que podem envolver milhares de
quilômetros ou apenas algumas centenas de metros. Neste último caso podemos pensar, por exemplo,
na migração de peixes a partir de uma área de alimentação de um lago para um local de desova
particular dentro deste lago. Algumas das maiores migrações marinhas são feitas por atuns, peixes
pelágicos que procriam nos mares tropicais. Os filhotes podem viajar milhares de quilômetros, em
busca de alimento, antes de atingirem a maturidade e voltarem para procriar. Os peixes migratórios
mais conhecidos são os salmonídeos. Estes peixes anádromos (= peixe marinho que procria na água
doce) procriam em ribeirões de água doce ou lagos; os filhotes migram para o mar logo que nascem ou
até dois anos de idade, dependendo da espécie. Atingem a maturidade no mar entre dois e quatro
anos e, então, retornam ao ribeirão onde nasceram para desovar. Nas espécies do gênero
Oncorhyncus os indivíduos morrem após a desova e em espécies do gênero Salmo não
necessariamente morrem, podendo retornar ao mar e desovar novamente no ano seguinte. Espécies
de enguias catádromas (que vivem em água doce e procriam no mar) do hemisfério Norte (gênero
Anguilla) também realizam grandes migrações reprodutivas até o Mar de Sargaço. Diversas espécies
de peixes brasileiros realizam grandes migrações reprodutivas nos rios continentais; tal processo é
conhecido popularmente como piracema.

Esqueleto:

Na maioria das espécies é ósseo. É cartilaginoso nos peixes ósseos mais primitivos, como os
Chondrostei. Os peixes ósseos têm geralmente um grande número de ossos (exceção são os peixes
de águas profundas, que apresentam reduções esqueléticas). As porções esqueléticas mais antigas
em vertebrados correspondem à notocorda e ao esqueleto visceral (= esqueleto branquial). Nos peixes
ósseos mais primitivos, como esturjões (Chondrostei), a notocorda persiste. Quanto ao esqueleto
visceral, a situação é similar àquela vista para Chondrichthyes.

O crânio tem função de proteção do encéfalo, proteção dos órgãos dos sentidos e sustentação da
língua, dentes e do aparelho respiratório. Os ossos de origem dérmica são importantes na constituição
do crânio de vertebrados em geral. No caso dos peixes ósseos destaca-se a presença de um opérculo
móvel formado por ossos dérmicos.

A coluna vertebral evita encurtamentos do corpo durante as contrações musculares envolvidas nos
movimentos de natação. As costelas, que se articulam à coluna vertebral, impedem deformações do
corpo durante os movimentos rápidos, além de protegerem os órgãos contidos na cavidade interna do
peixe. As nadadeiras apresentam raios ou ossos de sustentação, que estão articulados a outros ossos
do corpo, de forma similar a Chondrichthyes.

Respiração Branquial:
A água é 800 vezes mais densa que o ar, contendo 30 vezes menos oxigênio (O2). Isto indica que o
custo energético do bombeamento de fluidos para a respiração é muito maior na água do que no
ambiente terrestre.

A respiração branquial ocorre através de uma corrente de água de direção única, como nos
Chondrichthyes: a água entra pela boca saindo pelas fendas branquiais, sendo bombeada por
movimentos laterais do opérculo, que dilatam a cavidade bucal.

A superfície branquial varia, sendo maior em espécies mais ativas, menor em espécies mais
sedentárias e reduzidas em espécies que apresentam outras formas de respiração.

A circulação branquail é do tipo fluxo contra-corrente, como já descrito para Chondrichthyes.

Sistema Circulatório:

Semelhante ao dos Chondrichthyes. Coração com um seio venoso, um átrio e um ventrículo. Alguns
autores consideram o cone arterioso, que conecta o coração com a aorta ventral, como uma quarta
câmara cardíaca.

Dos ciclóstomos aos teleósteos, com exceção dos peixes dipnóicos, o sistema circulatório é um
sistema simples onde apenas sangue não oxigenado passa pelo coração. Do coração ele é bombeado
para as brânquias, é oxigenado nas brânquias e daí é distribuído para o restante do corpo.

O baço é grande e apresenta funções hematopoiéticas (produz glóbulos vermelhos), o que também
pode ocorrer nos rins.

Aparelho Digestório:

O alimento é geralmente deglutido inteiro; a boca secreta muco que facilita a ingestão. Nas espécies
predadoras, os dentes são voltados para trás, o que dificulta a fuga das presas. Os dentes podem ser
implantados nos maxilares, nos palatinos e na faringe. A válvula espiral está presente em formas
primitivas de peixes ósseos como os Chondrostei (esturjões, peixe-espátula), mas está ausente na
grande maioria das espécies.

O fígado varia pouco entre as classes de vertebrados. É o maior órgão da cavidade do corpo e suas
funções são muitas e variadas. É um depósito de estocagem de carboidratos e gorduras. Converte
proteínas em carboidratos e gorduras com a liberação de resíduos nitrogenados tóxicos que serão
expelidos pelas brânquias ou rins. Elabora parcela significativa do vitelo que a mãe transfere para os
óvulos. O fígado embrionário de tetrápodes e também o fígado adulto de peixes produz células
sanguíneas. Quando velhos os glóbulos sanguíneos vermelhos são destruídos no fígado. O fígado
desativa e remove substâncias tóxicas presentes na circulação e libera substâncias necessárias à
coagulação sanguínea. Muitas vitaminas são produzidas ou estocadas neste órgão. A função que
relaciona o fígado à digestão é a secreção de bile no duodeno; a bile emulsifica as gorduras tornando-
as digeríveis para as enzimas pancreáticas.

O pâncreas, assim como nos Chondrichthyes, têm funções exócrinas e endócrina. As funções
exócrinas são desempenhadas por numerosas glândulas pequenas e dispersas, que secretam enzimas
digestivas que são despejadas no trato digestivo. O pâncreas endócrino corresponde a uma massa
celular maior que secreta insulina na circulação (metabolismo da glicose).

Sistema Urogenital:

Os rins são do tipo mesonéfrico. Os condutos que partem dos rins formam uma bexiga urinária. O
conduto urinário abre-se independentemente atrás do ânus, faltando uma cloaca comum.

A excreção de amônia e uréia é feita principalmente pelas brânquias (seis vezes maior que pelos rins).
A excreção de ácido úrico e creatina são feita principalmente pelos rins.

Muitos autores acreditam que a origem dos peixes ósseos se deu na água doce porque a concentração
de sais no sangue destes peixes é menor que a concentração de sais da água do mar (1,4% de NaCl
no sangue contra 3,5% de NaCl na água do mar). Assim, os rins devem ter evoluído tanto para filtrar o
sangue (nos glomérulos), eliminando o excesso de água que tende a entrar no corpo do peixe, quanto
para reabsorver sais (nos túbulos), que são limitantes em ambientes de água doce. Além disso, os
peixes de água doce são capazes de absorver sais pela superfície branquial. Por outro lado, nos peixes
de água salgada os rins são menos desenvolvidos quanto à função de filtração, pois não há tendência
à entrada de água no corpo e, além disso, nas brânquias ocorrem células especiais que eliminam o
excesso de sais.

Nos machos ocorre um par de testículos, que se abrem na base dos condutos urinários. Nas fêmeas
ocorre um par de ovários; os óvulos podem ser liberados no celoma e daí atingir o exterior através de
poros genitais ou podem ser transportados pelo oviduto até o exterior, dependendo da espécie. A
fecundação é externa na maioria das espécies; quando interna geralmente há um órgão copulador que
corresponde à nadadeira anal modificada. O embrião pode carregar um saco vitelínico do qual se nutre.

Encéfalo e Órgãos dos Sentidos:

O encéfalo é muito variável, considerando-se a grande diversidade de peixes ósseos e a grande


variedade de modos de vida. De uma maneira geral está disposto de forma similar ao encéfalo dos
Chondrichthyes.

O mesencéfalo é a parte mais volumosa do encéfalo e recebe tratos ópticos (visão), tratos procedentes
da medula espinhal (sensitivos), da lininha lateral, de centros gustativos e do cerebelo. Além disso,
envia tratos motores até a medula espinhal.

O cerebelo é bem desenvolvido e é importante na produção de movimentos precisos e coordenada (é


mais desenvolvido nos peixes que são nadadores ativos)
De forma genérica podemos dizer que a audição, o tato e a quimiorrecepção são muito importantes no
ambiente aquático e a visão teria importância secundária.

Os olhos (1 par) são muito variáveis dentre as 24 mil espécies de peixes ósseos. Os olhos podem ser
vestigiais e não funcionais em peixes de caverna ou abissais até muito desenvolvidos e plenamente
funcionais como em diversas espécies, incluindo certas formas abissais. Apresentam bastonetes
(responsáveis pela visão em preto e branco) e cones (responsáveis pela visão a cores) na retina. A
pupila pouco muda o seu diâmetro e o controle da sensibilidade visual se faz por migração de
pigmentos visuais e alterações nas posições relativas entre cones e bastonetes. Nos peixes ósseos, ao
contrário do que se observa em tubarões, geralmente o cristalino está acomodado para a visão de
objetos próximos, de modo que o cristalino precisa ser movido para trás, em direção à retina, quando a
visão à distância é necessária (em vertebrados amniotas o cristalino não é movido para focar objetos; o
mecanismo usado é a alteração da forma do cristalino).

Até recentemente acreditava-se que o olho dos vertebrados correspondia a uma câmera que recebia e
transmitia imagens passivamente. No entanto, (de acordo com artigo publicado na revista Nature de 25
de março de 1999) o olho também pode processar imagens, sendo capaz de prever a trajetória de
objetos em movimento, antecipando suas posições futuras. Esta antecipação ocorre na retina (tecido
fotorreceptor nervoso que reveste o interior do globo ocular), pela ação das células ganglionares, e não
no cérebro, como se pensava anteriormente.

O ouvido interno (1 par) é responsável pelo correto posicionamento do corpo em relação à gravidade,
pela percepção de acelerações angulares e audição. Cada ouvido possui três canais semicirculares
mais três câmaras (utrículo, sáculo e lagena). Em cada uma das três câmaras há um otólito.

As ampolas possuem os neuromastos, que são células com prolongamentos filamentosos envoltos por
uma cúpula gelatinosa flexível. Quando o peixe gira o corpo o encurvamento da cúpula estimula os
prolongamentos filamentosos das células, o que gera a percepção do movimento. Quando o peixe está
em repouso, os otólitos funcionam como gravirreceptores estáticos (indicam a posição do peixe em
relação à força de gravidade, determinando a posição adequada das nadadeiras e dos olhos). Quando
o peixe está em movimento, os otólitos atuam em conjunto com os canais semicirculares na
determinação das acelerações angulares.

As câmaras (utrículo, sáculo e lagena) auxiliam na audição. Nos peixes que ouvem há uma conexão
entre o ouvido e a bexiga natatória. A bexiga natatória funcionaria como uma grande superfície de
captação de sons. A conexão entre a bexiga natatória e o ouvido pode ser direta ou indireta. Nos
Ostariophysi (Characoidei, Cypriniformes e Siluriformes) a conexão é indireta, feita por uma cadeia de
vértebras modificadas chamadas ossículos de Weber (são as quatro primeiras vértebras e seus
processos). Quando a bexiga natatória capta o som, as suas paredes vibram. As vibrações propagam-
se pelos ossículos e, no final da cadeia de ossículos, dois deles comprimem uma parte sensorial do
ouvido interno (labirinto membranoso).

Produção de sons em peixes ósseos


Serve para: -agrupar os peixes em cardumes e possibilitar o deslocamento do cardume;

-atração do sexo oposto;

-alertar membros da espécie sobre a aproximação de um predador;

-assustar um predador potencial que se aproxime;

-advertir um predador (e.g., bagres com espinhos venenosos);

-localizar objetos por meio de sonar.

Nos peixes ósseos os sons são produzidos por: - vértebras;

-opérculos;

-cintura escapular;

-dentes;

-bexiga natatória (produção ou amplificação de sons).

Órgão da linha lateral:

Estão presentes por todo o corpo, principalmente ao lado do corpo e cabeça, onde geralmente
distribuem-se em fileiras. Sua constituição e suas funções são similares àquelas já apresentadas para
os Chondrichthyes.

Quimiorreceptores:

Os receptores gustativos (= botões gustativos) servem para a quimiorrecepção de contato; estão


concentrados na língua e na faringe, mas podem estar presentes por todo o corpo. Percebem sabores
salgado, ácido, amargo e doce.

Os receptores olfativos localizam-se nas narinas (1 ou dois pares) e servem para a quimiorrecepção à
distância. O olfato é importante na localização de alimentos, na percepção de ambientes inadequados,
no reconhecimento específico (e.g., reconhecimento do sexo oposto e estágio reprodutivo) e como
forma de defesa (e.g., reconhecimento de substâncias de alarme liberadas pela pele destruída de
membros da mesma espécie). O desenvolvimento do órgão olfativo varia de acordo com os hábitos de
cada espécie. Em espécies caçadoras é muito desenvolvido para farejar as presas. No caso de peixes
migradores, como o salmão, os indivíduos retornam do mar para se reproduzir no rio onde nasceram.
Isto é possível graças a uma memória olfativa (o peixe “lembra” do odor da água do riacho onde
nasceu e localiza estas partículas odoríferas diluídas no oceano).

Tato:

O tato é bem desenvolvido nos peixes ósseos. Muitas espécies apresentam filamentos táteis especiais,
geralmente ao redor da boca ou estruturas modificadas a partir dos raios das nadadeiras (que também
podem conter células quimiorreceptoras).

Defesa em peixes ósseos (meio de evitar a predação):

-Fugir (quando o perigo é percebido podem fugir nadando, saltando da água, planando, escondendo-se
em abrigos. Quando o peixe é capturado ele ainda pode fugir com o auxílio do muco escorregadio,
secretado pelo tegumento).

-Morder (morde o predador como forma de retaliação, o que permite o escape).

-Descargas elétricas.

-Presença de carapaça óssea externa.

-Presença de espinhos que machucam e/ou envenenam o predador (defesa ativa).

-Veneno no corpo (certas espécies apresentam órgãos tóxicos e quando ingeridas causam desconforto
ou até a morte do predador, o que caracteriza uma defesa passiva).

-Camuflagem (o animal apresenta coloração e/ou forma que o confunde com o ambiente onde ele
vive).

-Coloração aposemática (o animal apresenta coloração contrastante como meio de avisar a possíveis
predadores que ele possuem alguma característica desagradável).

-Mimetismo (o peixe imita outro animal ou parte de outro animal, como meio de evitar predadores).

-Formação de cardumes (o cardume 1- dificulta a seleção, pelo predador, de uma presa específica do
grupo; 2- engana o predador que percebe o cardume como uma presa grande; 3- potencializa o poder
de percepção das presas, pois vários olhos, várias linhas laterais, etc., percebem com mais eficiência a
aproximação de um inimigo; 4- reduz a área de vulnerabilidade de cada indivíduo).

Importância Ecológica dos Peixes Ósseos:

A importância ecológica dos peixes ósseos é imensa, pois este é o grupo dominante dos ambientes
aquáticos. Apresentam elevado número de espécies e elevado número absoluto de indivíduos.
Correspondem a uma parte significativa da biomassa dos ambientes aquáticos. A importância dos
peixes ósseos pode ser confirmada pela sua participação na teia alimentar.

Invertebrados Anfíbios Répteis Aves Mamíferos

Peixes Consumidores Secundários

Peixes

Zooplâncton Peixes Consumidores Primários


Algas e Fitoplâncton Produtores

No final do Siluriano e início do Devoniano (± 408 m.a.) houve uma radiação explosiva de peixes, os
quais passaram a ocupar praticamente todos os ambientes aquáticos conhecidos. Neste período as
terras eram mais altas e o clima nas regiões próximas ao Equador era tropical e úmido. Bacias de água
doce já haviam se desenvolvido em adição aos mares rasos, formando áreas brejosas e pantanosas, e
a vegetação (abundante nos hábitats de águas rasas) já havia ocupado os ambientes terrestres. A
partir do Devoniano médio as primeiras florestas já haviam se desenvolvido e os primeiros artrópodes
(crustáceos, insetos, diplópodos, aracnídeos, etc.) já haviam invadido estes ambientes, tornando-se
abundantes durante o Devoniano Superior (± 350 milhões). Neste cenário surgiram os primeiros
tetrápodes (= vertebrados terrestres com quatro membros e dígitos).

A Origem dos Tetrápodes: A origem dos primeiros tetrápodes é ainda hoje assunto de muita polêmica e
de debates efusivos. O fóssil mais antigo conhecido (Ichthyostega) data do Devoniano Médio e
Superior (± 350 milhões de anos atrás), encontrado na Groenlândia e Austrália. Embora haja um
consenso que a origem dos vertebrados tetrápodes tenha ocorrido a partir dos peixes Sarcopterygii,
não há acordo sobre qual o grupo sarcopterígeo seria o “grupo-irmão” dos tetrápodes. Há autores que
defendem a origem dos Tetrápodes a partir de um ancestral comum com os peixes pulmonados
(Dipnoi). Outros acreditam que os tetrápodes tenham se originado a partir de algum ancestral com os
peixes Osteolepiformes (Rhipidistia). Esta última hipótese tem ganhado força em trabalhos mais
recentes (para discussão ver Pough et. al.1993. pg. 315-321).

Evidências de relacionamento entre os peixes Osteolepiformes e os primeiros vertebrados terrestres:

tetrápodes são muito semelhantes


consideram este animal dentro do táxon TETRAPODA)
1) Osteológicas: a forma do crânio e dos ossos dos membros dos Osteolepiformes e dos 2) Estrutura
dos dentes: tanto os Osteolepiformes quanto os primeiros tetrápodes apresentavam dentes fortes e
agudos que, em corte transversal, mostravam-se com invaginações complexas da parede da polpa
(padrão labiríntico). 3) Provável presença de pulmões: a presença de pulmões (ou derivados destes)
ocorre em todos os grupos relacionados como os Dipnoi; Actinistia e Amphibia. 4) Semelhança dos
peixes Osteolepiformes com Ichthyostega ( alguns autores não

Pré-adaptações dos Osteolepiformes à ocupação do ambiente terrestre:


- Nadadeiras carnosas com músculos fortes e sustentadas por esqueleto ósseo. Imagina-se que estas
nadadeiras serviam como membros locomotores que permitiria ao animal vagar no fundo de lagos ou
estuários de água estagnada, ou mesmo para deslocarem-se de um lago seco em busca de outro
ainda com água.

- A provável existência de pulmões permitiria a estes animais ocuparem os ambientes alagados e


quentes (áreas brejosas) com baixo nível de oxigênio, ou mesmo deslocarem-se de uma lagoa para
outra durante uma estiagem.

Vantagens da vida na Terra

Embora os Peixes Osteolepiformes apresentassem características pré-adaptativas para a ocupação do


ambiente terrestre, estas pré-adapatações não explicam porque um animal de características aquáticas
teria dado este passo. O que teria levado a evolução deste grupo no sentido de sair de um meio ao
qual já estava adaptado, para invadir um meio totalmente diferente?

Acredita-se que no Devoniano os ambientes aquáticos estavam repletos de diferentes espécies de


peixes, de todos os níveis tróficos conhecidos. Assim a competição e predação teriam exercido forte
pressão sobre os Osteolepiformes conduzindo-os a um ambiente repleto de novos recursos a serem
explorados, praticamente sem competição e sem predadores.

Problemas enfrentados na conquista dos ambientes terrestres pelos vertebrados

1) Sustentação: - O peso de um animal aquático é parcialmente suportado pela água, assim na terra o
animal é mais pesado.

- Os membros precisam ser fortes para poder sustentar o peso do animal. - Todo o esqueleto precisou
ser mais sólido.

2) Dessecação: - No ambiente terrestre a perda de água é um sério problema. - Os anfíbios são o


primeiro grupo com glândulas lacrimais e pálpebras.

- Alguns anfíbios apresentam glândulas na pele que secretam substâncias (muco) que reduzem a
perda de água por evaporação. Outros vertebrados provavelmente evoluíram no sentido de queratinizar
suas escamas com o mesmo propósito (ex. serpentes, lagartos, crocodilianos, etc.).

3) Órgãos sensoriais: - O mundo sensorial de um animal aquático é diferente de um animal terrestre. O


som, a luz, o odor, etc, são percebidos de forma diferente na água e na terra. Os vertebrados tiveram
que se adaptar a este novo mundo sensorial.

4) Respiração: Embora a respiração pulmonar supostamente já fosse uma característica dos


sarcopterígeos, a respiração no ambiente terrestre enfrentou modificações no sentido de manter os
animais mais independentes da água. Nos anfíbios atuais a respiração pulmonar foi auxiliada com
respiração branquial (nas larvas) e cutânea. Em outros vertebrados os pulmões se especializaram para
poder garantir maior eficiência nas trocas gasosas.

5) Alimentação: Para tornar eficiente a alimentação no meio terrestre algumas modificações foram
importantes, como as especializações nos órgãos sensoriais (já mencionadas) para a percepção da
presa; o aumento de glândulas salivares para umedecer o alimento agora seco; o alongamento do
crânio proporcionando o aumento da cavidade bucal e o surgimento de um “pescoço”, através do
desligamento da cintura peitoral da base do crânio, facilitaram a captura do alimento.

CLASSE AMPHIBIA do grego amphi = ambas bios = vida

Ordem ANURA - rãs, sapos e pererecas Ordem URODELA ou CAUDATA - salamandras Ordem
GYMNOPHIONA (APODA) - cobras-cegas

CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS ANFÍBIOS ATUAIS (Lissamphibia = anfíbios de pele nua)

1) Ectotérmicos (temperatura corpórea varia com o ambiente). 2) Coração com três câmaras (2 átrios e
1 ventrículo) 3) Respiração branquial (larvas e algumas salamandras pedomórficas), pulmonar e
cutânea. 4*) Estrutura glandular da pele. Os Lissamphibia apresentam a pele sem escamas (presentes
em alguns ápodos) e com dois tipos de glândulas: granulares (produzem veneno) e mucosas
(umedecem a pele e facilitam as trocas gasosas através da respiração cutânea). 5) Hábitats. Aquáticos
(água doce) ou terrestres. 6) Alimentação. Os adultos são basicamente carnívoros e as larvas, quando
presentes, podem ser detritívoras, carnívoras e herbívoras. 7*) Dentes pedicelados. Quase todos os
anfíbios possuem dentes divididos em uma parte basal (pedicelo) e uma parte distal (coroa). Ambas as
partes são compostas por dentina e estão separadas por uma estreita faixa de dentina não calcificada
ou tecido conjuntivo fibroso. 8*) Complexo opérculo-plectro. A maioria dos anfíbios apresenta dois
ossos envolvidos na transmissão de sons para o ouvido interno: a columela (plectro) e o opérculo. 9*)
Papila amphibiorum. Todos os anfíbios possuem uma área no ouvido interno sensível a sinais
acústicos de freqüências abaixo de 1000 Hz. 10) Dois côndilos occipitais (Côndilo = articulação do
crânio com a 1ª vértebra da coluna). 1*) Bastonetes verdes. Os Urodelos e os Anuros apresentam um
tipo especial de células na retina de função desconhecida. Estas células não são encontradas em
Gymnophiona, mas estes animais têm olhos extremamente reduzidos e estas células podem ter sido
perdidas. 12*) Presença do músculo levator bulbi, responsável pelo erguimento dos olhos, tornando-os
salientes. 13*) Corpos gordurosos associados às gônadas, provavelmente utilizados como reserva de
energia para períodos de estiagem ou inverno. 14*) Deglutição auxiliada pela entrada dos globos
oculares na cavidade bucal

- Nomes populares: Cobra-cega, cobra-de duas-cabeças, cecílias - Cerca de


Ordem Gymnophiona (Apoda) 170 espécies conhecidas nos ambientes pantropicais. - No Brasil são
registradas pouco mais de 30 espécies.

- Apresentam o corpo alongado, geralmente segmentado por dobras na pele em forma de anéis. -
Ausência de membros locomotores e cintura; cauda, quando presente, extremamente reduzida (3-4
vértebras).
- O crânio é compacto e maciço com fusão de vários ossos (adaptação para cavar galerias: vida
fossória). - Os olhos são pequenos e recobertos por pele ou ossos do crânio.

- Algumas espécies podem apresentar escamas dérmicas localizadas nos anéis corporais.

- Hábito escavador (fossório) ou aquático (podem escavar no lodo ou no solo).

- Apresentam um par de tentáculos sensoriais protráteis entre o olho e a narina.

- Os machos apresentam um órgão copulatório protrusível (phallodeum). A fecundação é interna.

- Ovíparos ou vivíparos. Em ambos os casos podem ocorrer desenvolvimento direto ou larvas


aquáticas. - O pulmão esquerdo geralmente é rudimentar.

Três Famílias são encontradas no Brasil: - Caeciliidae

- Rhinatrematidae

- Typhlonectidae

Ordem Caudata (Urodela)

- Nomes populares: Salamandras, tritões, axolotle - Cerca de 415 espécies conhecidas, com
distribuição principal na América do Norte e nordeste da Eurásia, uma única Família (Plethodontidae)
ocorre na América Central e do Sul. - No Brasil é registrada apenas uma espécie Bolitoglossa
altamazonica (Plethodontidae).

- Apresentam o corpo alongado geralmente com 4 membros curtos (algumas espécies tem perda
secundária dos membros traseiros) e cauda longa.

- Locomoção pouco especializada: movimentos ondulatórios do corpo somado ao movimento dos


membros. - O crânio é reduzido com perdas de muitos ossos.

- Muitas espécies apresentam pedomorfose (retenção de caracteres larvais em adultos como: ausência
de pálpebras, presença de brânquias externas e linha lateral). - Hábito aquático, terrestre e cavernícola.

- A fertilização é externa ou interna por meio de espermatóforo (na maioria das espécies).

- A maioria das espécies é ovípara, mas algumas são ovovivíparas ou vivíparas. Apresentam
desenvolvimento direto, ou por meio de larvas aquáticas ou terrestres. - Algumas espécies de
Plethodontidae não apresentam pulmões (respiração apenas cutânea).
Ordem Anura

- Nomes populares: Sapos, rãs e pererecas - Cerca de 4100 espécies conhecidas. São cosmopolitas,
com exceção das regiões árticas e antárticas, algumas ilhas oceânicas e desertos extremamente
xéricos.

- No Brasil são registradas pouco mais de 500 espécies, considerada a maior diversidade de espécies
de anfíbios do mundo, juntamente com a Colômbia.

- Apresentam o corpo curto, com extrema redução de vértebras pré-sacrais (5-9) e ausência de cauda.
- Os membros posteriores são, em geral, alongados e adaptados para o salto.

- O crânio é reduzido com perda de vários ossos. Os dentes estão ausentes no dentário (osso da
mandíbula). - Os machos produzem uma variedade de sons (vocalização ou coaxo), normalmente com
função reprodutiva.

- A fertilização é geralmente externa e a maioria das espécies é ovípara, porém a ovoviviparidade e


viviparidade estão presentes em alguns gêneros. - Hábitos aquáticos e terrestres, com extensa
ocupação de nichos terrestres.

Diferenças entre sapo, rã e perereca (denominação popular): sapos - Glândula de veneno (paratóide)
logo atrás dos olhos, pele verrugosa, pés com dedos curtos e presença de membrana interdigital pouco
desenvolvida. rãs - Apresentam linhas dorsais que correspondem a pregas glandulares, pele lisa, pés
com dedos longos e membrana interdigital pouco desenvolvida. Pererecas - Pele lisa, dedos curtos
com discos adesivos e membrana interdigital desenvolvida.

A pele dos anfíbios é nua; sem escamas (presentes em alguns ápodos), pêlos ou penas para proteção.
Possui apenas glândulas (mucosa e granular). Podem ser encontrados também alguns receptores de
calor, frio, pressão e tatéis.

A pele é úmida, permeável e ricamente vascularizada para facilitar a respiração e a osmoregulação..

1) Crânio: Os anfíbios têm um crânio mais largo e achatado com órbitas maiores que as existentes em
peixes, possuindo também um menor número de ossos dérmicos representados principalmente por um
par de pré-maxilares, maxilares, nasais, frontais, parientais e esquamosais. Não existe palato
secundário em anfíbios, as coanas se abrem na região anterior do teto da boca.

Existe um número reduzido de ossos na mandíbula em alguns anfíbios, podendo ou não haver dentes
inseridos nela.

O crânio aloja o Sistema Nervoso Central e os órgãos dos sentidos da visão, olfação, audição e
equilíbrio.
O Crânio diverge em forma nas várias ordens, normalmente associado ao modo de vida de cada um.
Nos ápodos (gymnophiona) o crânio é compacto e sólido com fusão de vários ossos (adaptação à vida
fossorial); os anura (na sua maioria) apresentam um crânio leve, pouco ossificado, com redução e
perda de vários ossos (hábito saltatorial); os caudada (urodela) apresentam crânios intermediários e
são menos especializados quanto a locomoção.

Nos anfíbios pela primeira vez aparece o esterno; mas, as costelas ainda são pouco desenvolvidas e
em nenhum caso encontram-se em contato com o esterno (na maioria dos anuros as costelas estão
ausentes). A maioria dos anfíbios apresenta dois pares de membros, nos anteriores existem quatro
dedos e nos posteriores, cinco artelhos (= dedos dos pés). A cintura pélvica liga-se ao esqueleto axial
por intermédio de uma vértebra sacral única, exceto em Apoda.

Anuros → sistema esquelético e muscular especializado para o salto; Ápodos → sistema esquelético e
muscular especializado para escavação;

Urodelos → Sistema esquelético e muscular pouco especializado, adaptado para caminhar.

O aparelho digestório em anfíbios é formado pela cavidade bucal, faringe, esôfago, estômago, intestino
e glândulas associadas (pâncreas e fígado). A cavidade bucal pode possuir dentes mandibulares,
maxilares ou vomerianos (localizados no céu da boca), que são importantes na defesa, captura e
ingestão de alimentos. A língua possui glândulas mucosas e botões gustativos. Nos sapos rãs e
pererecas a língua é presa anteriormente e livre posteriormente, sendo projetada para fora da boca
para capturar o alimento (geralmente invertebrados vivos). A superfície pegajosa da língua, graças à
secreção de um muco viscoso, ajuda a aderir à presa. A língua está ausente nos anuros da Família
Pipidae.

A faringe é formada por um epitélio ciliado com células secretoras de muco e amilase. Nela encontra-se
a glote, que controla a entrada de substancias para o esôfago. O esôfago é igualmente formado por
epitélio ciliado com células secretoras de muco e pespsinogêneo. No esôfago encontramos um
esfíncter muscular em cada extremidade que impede o refluxo do alimento.

O estômago é curto e largo, o epitélio não é ciliado, mas há produção de muco. Na porção final existe
um esfíncter pilórico, separando-o do intestino. No piloro o pepsinogêneo torna-se pepsina (devido a
diminuição do pH) que atua na degradação das proteínas. No estômago há produção de HCl (ácido
clorídrico) que torna o pH baixo o que auxilia na morte da presa, inibe bactérias e descalcifica os ossos.

O intestino é curto (são animais carnívoros) com inúmeras dobras internas (microvilosidades), que
aumentam a área de absorção do alimento, terminando numa cloaca.

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Fontes de consulta:

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