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4ª Revolução Industrial
A humanidade está ingressando na 4ª revolução industrial, como muito pertinentemente percebeu e
definiu o WEF (World Economic Forum) em 2016, a respeito da onda inovações que estão dissolvendo
as barreiras entre os universos físico, digital e biológico.
Dois fatores são comuns e fundamentais nas revoluções industriais anteriores, a automação e a
conectividade. Ou, colocando de outra forma, desenvolvimentos e inovações que possibilitaram o
aumento de automação e conectividade foram os geradores destas. Na 1ª revolução industrial,
vivenciada no século XVIII, os motores a vapor propiciaram a primeira automação de processos que
até então eram performados por pessoas ou animais. Os teares a vapor e as locomotivas são os
símbolos desta revolução, que também contou com o fator conectividade, já que linhas férreas se
espalharam pelo mundo, ligando produtores, consumidores e trabalhadores. No século XIX, com o
advento da energia elétrica, uma nova onda de automação e conectividade gerou a 2ª revolução
industrial. As linhas de montagem, o fordismo e os grandes conglomerados, que conectavam toda a
cadeia produtiva sob uma mesma organização, desde o setor primário até o terciário, representam
esta época. A 3ª revolução industrial se deu no século XX. O nascimento da tecnologia da informação
propiciou a automação de processos administrativos e, em 1969, por motivos óbvios o ano escolhido
para datar esta revolução, foram trocadas as primeiras mensagens via ARPANET, a rede de
computadores precursora da internet que mais tarde conectaria o mundo todo, gerando
consequências e possibilidade que nem os mais brilhantes futuristas puderam prever na totalidade.
A 4ª revolução industrial também é impulsionada por estes dois fatores. No caso agora, estamos
falando de extrema automação com extrema conectividade. Mas há uma importante particularidade.
Todos os novos desenvolvimentos e tecnologias que viabilizarão a extrema automação e conectividade
se alavancam na digitalização e na tecnologia da informação. Todas as inovações que já despontam
como sinais desta 4ª revolução industrial só foram possíveis através da digitalização de informações e
do acesso a grandes capacidades computacionais.
Uma comissão do WEF, composta por 800 executivos e peritos da tecnologia da informação, foi criada
em 2015 para fazer uma previsão do ponto de inflexão destas inovações tecnológicas (momento em
que as inovações passariam a ser amplamente adotadas pela sociedade), o que resultou na tabela
abaixo com o percentual de probabilidade de cada previsão.
Transformação Digital
Como vimos acima, a tecnologia da informação é o epicentro desta 4ª revolução industrial. Por isto
também está tão em voga atualmente, especialmente no mundo dos negócios, o termo
"Transformação Digital". A digitalização e a informatização geram desdobramentos e consequências
muito além das mais óbvias. Ray Kurzweil, um dos mais influentes futuristas atuais, generalizou o
impacto da transformação digital da seguinte forma: todo negócio que é informatizado, passa a estar
sujeito a lei de Moore. A famosa lei de Gordon Moore, um dos fundadores da Intel, enunciada na
década de 60, dizia que o número de transistores num chip dobraria a cada dois anos. Esta lei se
verifica na prática até hoje. Extrapolando o conceito, o que Kurzweil quis dizer de forma genérica é que
negócios informatizados estarão sujeitos a crescimento exponenciais que levarão sua produção a
dobrar a cada dois anos.
Um caso bastante emblemático ajuda a corroborar a tese de Kurzweil. Em 1990, o projeto Genoma
Humano foi lançado com o objetivo de sequenciar o genoma de uma pessoa. A estimativa inicial era
de que o projeto levaria 15 anos para ser concluído ao custo de 6 bilhões de dólares. Em 1997 no
entanto, com metade do tempo total estimado do projeto já decorrido, apenas 1% do genoma tinha
sido sequenciado. Os cientistas envolvidos estavam então sob intensa pressão para cancelar o projeto
imediatamente. A julgar pelo progresso até ali, o projeto levaria 700 anos para ser concluído e incorreria
em custos incalculáveis. Kurzweil, quando consultado sobre o caso, surpreendentemente apresentou
uma perspectiva muito diferente: 1%, disse ele, ótimo, isto quer dizer mais de 50% do trabalho já está
feito. O que Kurzweil viu que os outros não viram foi que, com a crescente capacidade computacional,
a velocidade de sequenciamento dobraria a cada ano. 1% dobrando a cada ano, sete anos seguidos,
é mais que 100%. A realidade se mostrou ainda melhor que esta previsão, considerada otimista na
época: o projeto foi concluído em 2001, antes do prazo e abaixo do budget.
Estas empresas criaram um novo paradigma no mercado: a economia sob demanda. Salim Ismail as
descreve como Organizações Exponenciais e dá um exemplo que ilustra perfeitamente este novo
paradigma: Em 2007, mesmo ano em que Steve Jobs lançou o IPhone, a Nokia, procurando se
diferenciar da concorrência, comprou a Navteq por 8.1 bilhões de dólares. O valor se justificava pelo
fato da Navteq possuir quase o monopólio dos sensores de trânsito na época. Somente na Europa os
sensores da Navteq já cobriam mais de 250 mil milhas, incluindo 35 das principais cidades europeias e
13 países. A estratégia da Nokia era clara – com os mapas e as informações online das condições de
trânsito, a Nokia poderia oferecer um serviço exclusivo de navegação que a diferenciaria dos
concorrentes. No ano seguinte uma pequena empresa de Israel de nome Waze começava a
desenvolver uma aplicação de navegação que, ao invés de usar sensores proprietários, se valia das
informações enviadas pelos smartphones de terceiros que eram munidos de GPS e tinham a aplicação
instalada. Em dois anos o Waze tinha o mesmo número de sensores de trânsito que a Naviteq levou
22 anos para atingir. Em quatro anos tinha 10 vezes mais sensores que a Navteq.
A Nokia pensou de acordo com o paradigma de crescimento então usual - para crescer mais é preciso
ter mais ativos e mais funcionários. Para me destacar da concorrência eu preciso de ativos diferenciais.
Neste modelo o crescimento é dependente e proporcional ao investimento feito. Como investimentos
são limitados, também é o crescimento.
O Waze utilizou o paradigma da economia sob demanda. Se for possível, ao invés de adquirir,
simplesmente engajar ativos que já estão disponíveis, uma vez criado o mecanismo ou a plataforma
para isto, o custo marginal de engajar mais uma unidade deste ativo é virtualmente zero e o potencial
de crescimento é virtualmente ilimitado.
A respeito disto, Tom Goodwin, estrategista de media, escreveu num artigo da TechCrunch em 2015:
“Uber, a maior companhia de taxis do mundo, não possui sequer um veículo. Facebook, a empresa
proprietária de media mais popular do mundo, não produz qualquer conteúdo. Alibaba, o varejista
mais valorizado do mundo, não possui estoque. E o Airbnb, o maior provedor de acomodações do
mundo, não possui sequer um imóvel. “
Segundo o formidável estudo de Ismail, todas estas organizações exponenciais têm características em
comum. Todas se valem de staff sob demanda, se alavancam em comunidades e crowdsourcing,
implementam extensa automação de processos e indicadores de performance, fazem alavancagem de
ativos sob demanda e possuem métodos modernos de engajamento de funcionários, como
"gamification" por exemplo.
Olhando por um outro ângulo, o que estas plataformas digitais fazem é aumentar a eficiência do
ecossistema como um todo ao possibilitar a utilização de ativos e serviços que, de outra forma, ficariam
ociosos. Elas fazem isto através da drástica redução dos custos de transação e da fricção que ocorre
quando indivíduos ou organizações querem compartilhar o uso de um bem ou serviço, com ganhos
financeiros para todos. Adicionalmente, para a empresa que detém a plataforma, o custo marginal
para disponibilizar mais bens ou serviços tende a zero, logo, considerando-se que estes recursos são
suficientemente abundantes no mercado, não há limites para o crescimento, pelo menos não do lado
da oferta.
Engajamento com clientes, pacientes, cidadãos ou qualquer entidade externa a qual a sua organização
sirva, se tornou um desafio considerável. Atualmente temos que nos engajar de forma inteligente,
consistente, personalizada e fácil com estes clientes. A personalização pressupõe conhecimento do
cliente. É preciso ter uma visão 360º deste. Ter as informações dos ciclos de pré-venda, venda e pós-
venda relativas a cada cliente. Saber o que ele já comprou ou consumiu, porque o fez e se está satisfeito
ou não com a experiência que teve. Visão 360º do cliente não é fácil de se obter, e muito menos fácil
de se colocar em uso, quando a organização tem plataformas informatizadas não integradas para cada
fase do ciclo de vida de um cliente. Visão 360º requer um modelo de dados consistente e único para
todas as plataformas. E personalização em massa requer sistemas de inteligência artificial que permitam
automatiza-la. A partir do conhecimento do cliente, é preciso que se leve esta informação em conta
para que o engajamento seja inteligente. O engajamento também tem que ser consistente por
qualquer canal de comunicação que este cliente prefira utilizar - contato pessoal, por telefone, através
do site ou da app móvel, via SMS ou outro tipo de app de mensagens instantâneas, via chat ou via
redes sociais. E o engajamento tem que ser prático e fácil para o cliente - sem burocracia e sem
demoras, de preferência online, 24x7 e que permita autosserviço. Este último ponto, o da facilidade,
costuma ser subestimado pela maioria das organizações, embora talvez seja o mais relevante de todos.
Um estudo realizado pelo Forrester com 350 empresas globais aponta que a facilidade de
relacionamento é o mais forte fator determinante de lealdade e satisfação dos clientes. Há 91% de
chance de um cliente continuar a se relacionar com a sua organização caso este considere que o
relacionamento é prático e fácil. Do contrário a probabilidade cai para apenas 4%. Paradoxalmente,
apenas 11% dos executivos destas mesmas 350 empresas declararam que a experiência do cliente era
um fator prioritário nas decisões que tomavam.
E na transformação de produtos e serviços é onde a inovação mais visível ao cliente ocorre. O melhor
engajamento com estes e o empoderamento dos colaboradores deve gerar inteligência de mercado
que ajude nesta inovação, que pode ir desde uma otimização do portfólio já existente até a criação de
novos produtos e serviços. Comunidades e crowdsourcing podem ser alternativas interessantes neste
pilar. Salim Ismail dá alguns exemplos reais bem interessantes disto. A DIY Drones é uma comunidade
de 55 mil membros aficionados por drones. Esta comunidade, em regime de colaboração, projetou e
construiu um drone que apresenta 98% das funcionalidades do drone militar americano Predator, com
a diferença que cada unidade do Predator custa 4 milhões de dólares e o drone similar da DIY custa
300 dólares. Outro exemplo interessante é o da GE, que fez uma parceria com a Quirky, site de
crowdsourcing especializado em desenvolvimento de novos produtos que conta com 900 mil
colaboradores cadastrados, e compartilhou várias de suas patentes com esta organização com o
objetivo de criar produtos inovadores, um objetivo que a GE entendeu que seria mais facilmente
atingido através desta parceria.
Esta plataforma começa por oferecer um modelo comum de dados que suporta várias aplicações de
negócio, próprias e de terceiros, eliminando assim os silos de informação. Este modelo comum suporta
do pacote Office até os serviços em nuvem Azure, passando pelas aplicações de negócio Dynamics,
tais como as aplicações de CRM e ERP. O modelo comum de dados também é utilizado por uma gama
de soluções de negócios de terceiros que são homologadas para tanto e publicadas no AppSource, a
loja de aplicativos da Microsoft. O modelo comum de dados automaticamente permite que se tenha a
visão 360º do cliente, sem que sejam necessários os trabalhosos processos de extração, transformação
e carregamento de dados para compatibilizar informações de várias fontes distintas.
Este modelo comum de dados vem equipado com duas outras capacidades cruciais. Através do
PowerApps e Microsoft Flow, qualquer conjunto de dados do modelo comum, ou de outros
repositórios de dados, pode ser exposto e automatizado através de uma aplicação para dispositivos
móveis. A aplicação para dispositivos móveis pode ser criada sem a necessidade de codificação. Basta
escolher os dados e modelos de telas para publicar a app para o sistema operacional desejado, seja
este Androide, IOS ou Windows. Trata-se da capacidade de disponibilizar a informação certa, para a
pessoa correta na hora propícia, empoderando seus colaboradores a serem mais eficientes. A outra
capacidade crucial é a de se conectar de forma fácil com sistemas legados. Não é razoável supor que,
para promover a transformação digital, as organizações terão que substituir todos os seus sistemas
legados por novos. Isto provavelmente não seria viável tanto em termos de custos quanto de prazo,
sem falar no risco para as operações. Através da funcionalidade chamada USD, as organizações podem
criar uma interface única de navegação para todos os processos de negócio, evitando retrabalho,
reduzindo tempo de treinamento e aumentando a eficiência dos colaboradores. O USD trata de operar
os sistemas legados na retaguarda, alimentando-os e transferindo informações entre eles, de forma
transparente para o usuário que trabalha com uma única interface, com a vantagem de que todas as
transações são também alimentadas no modelo comum de dados da plataforma Microsoft, permitindo
assim a visão 360º de clientes e facilitando a análise dos dados.
A plataforma Microsoft também traz todas as modernas tecnologias digitais integradas às aplicações
de negócio. Funcionalidades de inteligência artificial, internet das coisas, análise de dados, engajamento
com redes sociais, portais, gamification e base de conhecimento permeiam todas as aplicações.
Diversos algoritmos de aprendizagem de máquina já veem configurados para trabalhar com o modelo
comum de dados da plataforma, tais como para determinar a probabilidade de oportunidades,
apresentar a próxima melhor oferta ou identificar a necessidade de manutenção preditiva. A Cortana
Intelligence Suite permite a automação de atendimento via chatbots e o PowerBI permite a análise de
dados e a criação de indicadores de desempenho atualizados em tempo real. Via Azure IoT sua
organização pode monitorar sensores de campo e enviar instruções a estes. Além disto a plataforma
traz, integrada à sua suíte Office de produtividade pessoal, a aplicação de negócios de gestão de
operações (ERP) e as aplicações de negócio de engajamento com clientes (CRM) - automação de
vendas, automação de atendimento, automação de marketing, automação de serviços de campo e
automação de serviços de projetos.
Com isto a Microsoft disponibiliza, numa única plataforma, todas as tecnologias que uma organização
pode precisar para promover sua transformação digital, facilitando o domínio e a adoção destas.
Aproveitem a 4a revolução industrial e boa transformação digital a todos!
Fabio Azevedo
Microsoft
Referências
1. Schwab, Klaus. The Fourth Industrial Revolution (p. 20). The Crown Publishing Group.
2. Ismail, Salim; Malone, Michael S.; van Geest, Yuri. Exponential Organizations: Why new
organizations are ten times better, faster, and cheaper than yours (and what to do about it).
Diversion Books.
3. Evans, David S.; Schmalensee, Richard (2016-05-03). Matchmakers: The New Economics of
Multisided Platforms. Harvard Business Review Press. Kindle Edition.
4. Bostrom, Nick. Superintelligence: Paths, Dangers, Strategies. OUP Oxford.